DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO

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1 DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO ANO XLIV - VITÓRIA-ES, SEGUNDA-FEIRA, 05 DE ABRIL DE Nº PÁGINAS SMCS Composição, Diagramação, Arte Final. REPROGRAFIA Impressão 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 16ª LEGISLATURA MARCELO COELHO (PDT) 1º Secretário DARY PAGUNG (PRP) 3º Secretário GABINETE DAS LIDERANÇAS MESA DIRETORA ELCIO ALVARES (DEM) Presidente RODRIGO CHAMOUN (PSB) 1ª Vice-Presidente DA VITÓRIA (PDT) 2º Vice-Presidente GIVALDO VIEIRA (PT) 2 o Secretário WANILDO SARNÁGLIA (PT do B) 4º Secretário REPRESENTAÇÃO PARTIDÁRIA DEM Atayde Armani PT Claudio Vereza DEM Atayde Armani, Robson Vaillant, Elcio Alvares, Theodorico Ferraço, Giulianno dos Anjos e Luciano Pereira. PT Claudio Vereza e Givaldo Vieira. PSB PR Doutor Rafael Favatto PDT Aparecida Denadai PSDB César Colnago PMDB Sérgio Borges PMN Janete de Sá PSC Reginaldo Almeida PP Cacau Lorenzoni PRP Dary Pagung PT do B Wanildo Sarnáglia Líder do Governo Paulo Roberto Vice-Líder do Governo Sérgio Borges PSB Paulo Foletto, Freitas e Rodrigo Chamoun. PR Vandinho Leite e Doutor Rafael Favatto. PDT Aparecida Denadai, Da Vitória, Doutor Wolmar Campostrini, Euclério Sampaio e Marcelo Coelho. PSDB César Colnago. PMDB - Doutor Hércules, Luiz Carlos Moreira, Sérgio Borges, Marcelo Santos e Luzia Toledo. PMN Janete de Sá e Paulo Roberto. PSC Reginaldo Almeida. PP Cacau Lorenzoni. PRP Dary Pagung. PT do B Wanildo Sarnáglia. Sem Partido Esta edição está disponível no site da Assembleia Legislativa Editoração: Simone Silvares Itala Rizk (027) (027) dpl@al.es.gov.br

2 COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, SERVIÇO PÚBLICO E REDAÇÃO Presidente: Theodorico Ferraço Vice-Presidente: Claudio Vereza Efetivos: Doutor Wolmar Campostrini, Luzia Toledo, Luiz Carlos Moreira, Dary Pagung e Janete de Sá. Suplentes: Atayde Armani, Da Vitória, Rodrigo Chamoun, Freitas, Doutor Hércules, Vandinho Leite e Cacau Lorenzoni. COMISSÃO DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE Presidente: Reginaldo Almeida VicePresidente: Luciano Pereira Efetivos: Paulo Roberto, Da Vitória, Doutor Rafael Favatto. Suplentes: Marcelo Santos, Rodrigo Chamoun, Doutor Wolmar Campostrini e Doutor Hércules. COMISSÃO DE CULTURA E COMUNICAÇÃO SOCIAL Presidente: Claudio Vereza Vice-Presidente: Cacau Lorenzoni Efetivos: Janete de Sá. Suplentes: Vandinho Leite, Freitas, Paulo Roberto, Doutor Rafael Favatto e Marcelo Santos. COMISSÃO DE EDUCAÇÃO Presidente: Vandinho Leite Vice-Presidente: Doutor Wolmar Campostrini Efetivos: Luzia Toledo, Sérgio Borges e Atayde Armani. Suplentes: Robson Vaillant, Da Vitória, Paulo Roberto e Rodrigo Chamoun. COMISSÃO DE DEFESA DA CIDADANIA E DOS DIREITOS HUMANOS Presidente: Janete de Sá Vice-Presidente: Doutor Wolmar Campostrini Efetivos: Sargento Valter de Paula e Luzia Toledo. Suplentes: Paulo Roberto, Euclério Sampaio, Reginaldo Almeida. COMISSÃO DE SAÚDE, SANEAMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL Presidente: Doutor Hércules Vice-Presidente: Freitas Efetivos: Luiz Carlos Moreira, Rodrigo Chamoun e Doutor Rafael Favatto. Suplentes: Sargento Valter de Paula, Doutor Wolmar Campostrini, Janete de Sá, Sérgio Borges e Paulo Roberto. COMISSÃO DE AGRICULTURA, DE SILVICULTURA, DE AQUICULTURA E PESCA, DE ABASTECIMENTO E DE REFORMA AGRÁRIA Presidente: Atayde Armani Vice-Presidente: Luciano Pereira Efetivos: Cacau Lorenzoni, Dary Pagung, César Colnago e Freitas. Suplentes: Robson Vaillant, Doutor Rafael Favatto, Janete de Sá e Da Vitória. COMISSÕES PERMANENTES COMISSÃO DE FINANÇAS, ECONOMIA, ORÇAMENTO, FISCALIZAÇÃO, CONTROLE E TOMADA DE CONTAS Presidente: Sérgio Borges Vice-Presidente: Atayde Armani Efetivos: Paulo Roberto, Euclério Sampaio, Doutor Rafael Favatto, Reginaldo Almeida e Wanildo Sarnáglia. Suplentes: Doutor Hércules, Robson Vaillant, Janete de Sá, Da Vitória, Luzia Toledo, Vandinho Leite e Theodorico Ferraço. COMISSÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR Presidente: Aparecida Denadai Vice-Presidente: Theodorico Ferraço Efetivos: Luiz Carlos Moreira. Suplentes: Da Vitória, Robson Vaillant, Doutor Hércules, Cacau Lorenzoni. COMISSÃO DE SEGURANÇA Presidente: Da Vitória Vice-Presidente: Euclério Sampaio Efetivos: Sargento Valter de Paula, Marcelo Santos e Luciano Pereira. Suplentes: Doutor Wolmar Campostrini, Theodorico Ferraço, Doutor Hércules, Paulo Roberto e Rodrigo Chamoun. COMISSÃO DE TURISMO E DESPORTO Presidente: Luzia Toledo Vice Presidente: Freitas Efetivos: Sargento Valter de Paula, Robson Vaillant e Doutor Hércules. Suplentes: Wanildo Sarnaglia, Cacau Lorenzoni e Sérgio Borges. COMISSÃO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO, INCLUSÃO DIGITAL, BIOSSEGURANÇA E PETRÓLEO E SEUS DERIVADOS Presidente: Paulo Roberto Vice-Presidente: Wanildo Sarnáglia Efetivos: Sérgio Borges. Suplentes: Luciano Pereira, Vandinho Leite e Doutor Hércules. COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA, DE DESENVOLVIMENTO URBANO E REGIONAL, DE MOBILIDADE URBANA E DE LOGÍSTICA Presidente: Marcelo Santos Vice-Presidente: Theodorico Ferraço Efetivos: Robson Vaillant e Doutor Hércules. Suplentes : Luzia Toledo, Atayde Armani, Luciano Pereira, Freitas e Luiz Carlos Moreira. DEPUTADO CORREGEDOR: CACAU LORENZONI Atas das Sessões...pág a 8045 DEPUTADO OUVIDOR: Publicação Autorizada LIGUE OUVIDORIA Atos do Presidente...pág Atos Legislativos...pág. 01 a Atos Administrativos...pág. 14 a 20 ouvidoria@al.es.gov.br

3 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo ATAS DAS SESSÕES QUARTA SESSÃO ESPECIAL DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, REALIZADA EM 17 DE MARÇO DE ÀS DEZESSETE HORAS E OITO MINUTOS O SENHOR DEPUTADO EUCLÉRIO SAMPAIO OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) Senhoras e senhores, Senhores Deputados, telespectadores da TV Assembleia, boatarde. É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para esta sessão especial com a finalidade de debater a utilização dos recursos hídricos em face da instalação da usina siderúrgica no Município de Anchieta. Passo a palavra ao Senhor Deputado Euclério Sampaio, proponente desta sessão especial, para os procedimentos regimentais de abertura dos trabalhos. (Palmas) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e procederei à leitura de um versículo da Bíblia. (O Senhor Deputado Euclério Sampaio lê Salmos, 46:2-3) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Dispenso a leitura da ata da sessão anterior. Informo aos Senhores Deputados e demais presentes que esta sessão é especial, conforme requerimento de minha autoria, aprovado em Plenário, para debater a utilização dos recursos hídricos em face da instalação da usina siderúrgica no Município de Anchieta. Devolvo a palavra ao cerimonialista, Senhor Sérgio Sarkis Filho, para que dê continuidade ao rito da sessão. (Pausa) O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) - Convido para compor a Mesa o Senhor Nelson Aguiar, palestrante desta sessão, exdeputado estadual de 1979 a 1982 e ex-deputado federal de 1982 a 1990; o Senhor Almir Neres de Souza, vereador pelo Município de Vila Velha; o Senhor Álvaro Oliveira Lima, pastor e presidente da Convenção dos Ministros da Assembleia de Deus do Estado do Espírito Santo; o Senhor José Marques Porto, conselheiro titular da Federação dos Moradores Populares do Estado do Espírito Santo; a Senhora Onêmia Beatriz, representando o Conselho Regional de Meio Ambiente, Centro-Vitória; o Senhor Bruno Fernandes da Silva, presidente do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente GAMA, do Município de Anchieta; e a Senhora Maria Helena Rauta Ramos, professora da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória - Emescam. (Pausa) (Tomam assento à Mesa os referidos convidados) O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) - Convido todos para, de pé, e voltados para as Bandeiras, ouvirmos a execução do Hino Nacional e o do Espírito Santo. (Pausa) (É executado o Hino Nacional e o do Espírito Santo) O SR. CERIMONIALISTA - (SÉRGIO SARKIS FILHO) Convido para fazer uso da palavra o Senhor Deputado Euclério Sampaio, proponente desta sessão especial. O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) Saúdo todos os presentes nesta Casa de Leis. Informo que concederei a palavra primeiramente aos palestrantes, pois o assunto a ser falado aqui, hoje, é muito relevante e preocupante. Farei meu pronunciamento no final da sessão. Antes de conceder a palavra aos palestrantes, registro o recebimento de um ofício da Vale comunicando o não comparecimento a esta sessão, o que é lamentável. O Legislativo é um Poder cujos membros são eleitos pelo povo, portanto, esta Casa é do povo. E a Vale se recusa a comparecer para discutir assunto de interesse do povo. A Secretaria de Meio Ambiente também enviou ofício informando que a responsável pela Pasta, Senhora Maria da Glória Brito Abaurre, está em Brasília, entretanto não mandou nenhum representante. É sintomático isso. Registramos, com satisfação, a presença do Senhor Mário Dantas, vereador licenciado e Secretário de Turismo de Piúma; e do Senhor Adriano Pavesi, Secretário Adjunto do Meio Ambiente do Município de Guarapari. Concedo a palavra ao Doutor Nelson Aguiar. O SR. NELSON AGUIAR (Sem revisão do orador) Senhor Presidente, saúdo V. Ex.ª e em seu nome todos os componentes da Mesa a fim de abreviar o tempo, que é curto, e outras pessoas naturalmente gostarão de fazer uso da palavra. Sabemos que a sessão é protocolar, mas estamos com o povo e quebraremos o protocolo lembrando a passagem de um político que, ao se encontrar em uma área muito congestionada devido ao número de pessoas, subiu em um caixote de um garotinho que engraxava sapato e começou a discursar: falou, falou e o povo foi saindo, saindo. Quando se deu conta, só estava ele e o garotinho: ele em cima do caixote e o garotinho no chão. Então, disse ao garotinho: - Muito obrigado, menino, pois só você ficou ouvindo o meu discurso até o fim. O menino disse: - Não estou ouvindo porcaria de

4 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 discurso coisa nenhuma; quero que desça do meu caixotinho, porque quero ir embora. Então, vocês farão conosco a mesma coisa, ou seja, se acharem que estamos falando demais, dirão que está na hora de descer do caixote. Daqui vejo duas frases em faixas colocadas nas galerias desta Casa, confeccionadas pelo povo do Município de Anchieta. Em uma delas está escrito: Hartung, Imperador, assim não Vale, corrupção é estrutural. A frase é séria! E na outra: Vale-CSU igual à Baosteel igual à morte. Água, ar, natureza igual à vida. Todos contra a siderúrgica, a siderurgia, a ganância e a poluição. Minha querida gente, essa questão toda para mim teve início com o convite que recebi da professora Maria Helena Rauta Ramos, que faz parte da Mesa, para que comparecesse ao Município de Anchieta ou viriam até aqui para uma conversa a respeito do que estava ocorrendo lá. Ou seja, sobre a intenção de a Vale implantar na área urbana daquela cidade praticamente uma empresa equivalente a dois terços da Companhia Siderúrgica de Tubarão CST. Imaginem apanhar dois terços da CST e colocá-los dentro da área urbana do Município de Anchieta. Fui e assumi o compromisso como cidadão e advogado de acompanhar esse caso, colocando meus serviços profissionais à disposição daquela gente, até se necessário ir ao Supremo Tribunal Federal. Ali ocorreu uma coisa muito séria e todo mundo está perguntando nas ruas do que se trata. Já perguntei ao Governador do Estado, através de carta, e ninguém a respondeu. Primeiro era uma empresa chinesa, denominada Baosteel, que pedia licença ao Governo para instalar ali um projeto siderúrgico como esse que a Vale instalará. S. Ex.ª negou a licença àquele grupo alegando, entre outras coisas, impactos ambientais. Dois impactos ambientais básicos e fundamentais: o primeiro, a poluição desencadeada pela Samarco na água do mar, na água da Lagoa Maimbá e na atmosfera - S. Ex.ª dizia que aquela poluição tinha alcançado o limite máximo previsto em lei -; e o segundo, a ausência de água suficiente para atender às necessidades daquele grande projeto siderúrgico. Negou a licença. Todo mundo compreendeu, pois as duas razões eram fundamentais, muito sérias e a empresa chinesa foi embora resmungando. De repente a Vale entrou no circuito, pediu licença ao Instituto Estadual de Meio Ambiente - IEMA, o pedido foi recebido, se encontra em estudos e agora o Governo está empenhado em que a Vale se instale ali. O povo está perguntando, com toda razão, por que a Baosteel chinesa não pôde instalar ali a sua usina e agora a Vale pode? Sei a resposta. O Governo sabe que sei a resposta; não a direi agora. Sei também que vem aí uma campanha eleitoral e venho advertindo todo mundo que muita gente sairá arranhada desse processo eleitoral, pois mostrarei, com provas colhidas no Tribunal Regional Eleitoral - TRE, por que, agora, a Vale pode receber a licença. Ingressarei no Poder Judiciário quando a lesividade do ato for praticada; ainda não foi porque a licença ainda não foi concedida. O direito do povo daquela região é tão sagrado e essa questão é tão séria que não dá para defendê-la só no Poder Judiciário não. Hoje, está acontecendo um seminário e amanhã estará presente o Governador e naturalmente todo seu time. Para quê? Para tentar enganar o povo daquela região de que as novas tecnologias empregadas por aquele grupo serão capazes de resolver o problema do meio ambiente e o da água do Rio Benevente. Prestem atenção a esse fato e em sua gravidade: Alfredo Chaves, de Anchieta, de Piúma e de Guarapari dependem exclusivamente da água do Rio Benevente como fonte, como manancial, para abastecimento desses municípios. Quem acompanhou o noticiário sabe que já faltou água em Guarapari e muita gente teve de dançar o samba Lata d água na cabeça porque faltou água nas torneiras. Ora, se aquela empresa retirar do Rio Benevente, como seus técnicos dizem, trinta e três por cento da água teremos um desastre ambiental naquela região com consequências que ninguém hoje é capaz de prever. A empresa diria: Não, eu estou licenciada; estou dentro da lei. Pedi licença e me deram. O povo de Vitória não sabe, mas revelarei agora: a Cesan capta do Rio Santa Maria e do Rio Jucu milhões de metros cúbicos de água para servir a duas empresas no complexo de Tubarão. Se faltar água na cidade, o que muitas vezes acontece, nos morros e nos bairros distantes, como recentemente faltou em Nova Almeida, não pode faltar nas duas empresas. Por que não pode faltar água nas duas empresas? Porque o maquinário trabalha numa temperatura tal que se faltar água para a refrigeração queima tudo. Imaginem um automóvel sem água no refrigerador subindo uma montanha e o motorista acelerando bastante, o que acontecerá? Logo, logo, o motorista estará na beira da estrada com a máquina do carro fundida. Portanto, imaginem o que acontecerá com a população. Por hora estou colocando a letra ene na palavra fundida; depois serei obrigado a retirar a letra ene. Tornar-se-á muito grave a situação do Município de Anchieta, como também se tornará intolerável e insuperável se o Governador Paulo Hartung, por causa dos compromissos que assumiu no passado, der licença à Vale para instalar a siderurgia naquela região. Não tem lógica, não tem sentido, até porque os cidadãos e as cidadãs de Anchieta, presentes a esta Casa, nunca disseram que são contra o projeto; nunca disseram que são contra o Governador Paulo Hartung transformar o Espírito Santo num polo siderúrgico nacional, mesmo não possuindo jazidas de minério de ferro. Por que instalar uma empresa como aquela dentro da cidade de Anchieta? Porque esses grupos econômicos multinacionais e transnacionais quando vêm querem o filé-mignon; querem a garantia máxima de que lucrarão muito com baixo custo de produção, pois a mão de obra é barata e o deslocamento de pessoal para o trabalho é fácil. Por isso que querem colocar a empresa lá, sem se importar com o que poderá acontecer com os moradores. Estou encerrando porque o Senhor Presidente Euclério Sampaio está olhando para mim. E, quando o presidente começa a olhar assim está querendo duas cosias: que o som desligue ou que você saia do

5 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo microfone. Pois bem, quero perguntar uma coisa aos que moram em Vitória: há quanto tempo vêm lutando contra a poluição da Vale e da ArcelorMittal Brasil, antiga Companhia Siderúrgica de Tubarão? Qual tem sido o preço dessa luta? Recentemente uma reportagem do jornal A Gazeta dizia que quinhentas mil pessoas na Grande Vitória sofrem de doenças pulmonares e respiratórias, algumas em estado grave, e mais de setecentos trabalhadores da CST e da Vale têm leucopenia, doença que mata os glóbulos brancos e pode levar a pessoa à morte. E nada tem acontecido contra essas empresas. A Vale recebeu licença para construir a oitava usina e ampliar a atividade de cinco das sete usinas que já estão em atividade no complexo de Tubarão. E a ex- Companhia Siderúrgica de Tubarão, hoje ArcelorMittal Brasil, recebeu licença do Governo do Estado para produzir mais aço. Sua produção passará de cinco milhões de toneladas para sete milhões e meio de toneladas de aço por ano. Como isso pode acontecer em uma cidade que há anos o povo grita contra a poluição, que suja tudo em seu entorno, e denuncia o número de pessoas que por causa dela adoece? Toda propaganda veiculada na imprensa, principalmente na televisão, de que milhões serão gastos para a solução do problema causado pela poluição e que modernas tecnologias serão aplicadas é enganosa, é enrolo, é conversa mole. Amigos, nesta tribuna está um homem que, modestamente, conhece um pouco de direito ambiental. Depois de velho me apaixonei por essa área do Direito e tenho estudado e lido tudo o que está ao meu alcance. Posso afirmar: não existe nenhuma tecnologia capaz de impedir que o poluente de uma siderúrgica vá para o espaço, para as águas ou para o solo, apenas pode-se amenizar um pouco. Em uma nação civilizada como a da Alemanha há áreas reservadas para essas indústrias. A Alemanha tem tomado o máximo de cuidado e evitado a poluição. Mas no Brasil, terra onde os grupos econômicos mandam e não pedem, financiam campanhas eleitorais e cala a classe política, isso não acontece. À Mesa está um homem que não pode se calar; mas não sei nesta Assembleia Legislativa quantos estão na mesma situação. Talvez por isso haja um grupo deles fazendo um grande barulho contra a partilha dos royalties do pré-sal em frente deste Poder. Mas ninguém veio a este Plenário participar desta sessão especial sobre a falta d água, o que neste momento é muito mais grave, pois está nos machucando agora. Com o crescimento da atividade agrícola e pecuária nas bacias dos Rios Jucu e Santa Maria o consumo de água aumentou muito, principalmente pela utilização do processo de irrigação por aspersão, ou seja, um sistema composto por tubulações, aspersores e um conjunto de motobomba que capta água dos rios, dos lagos, das represas e de outros mananciais para irrigar plantas e que leva a água até onde é necessário. Com o crescimento da população da Grande Vitória o consumo de água aumentou extraordinariamente. Agora o Governo autoriza essas duas empresas a aumentarem suas atividades, o que aumentará o consumo de água captada pela Cesan, empresa do Governo, pela qual não pagam. Quando um cidadão por qualquer motivo não pode pagar sua conta de água, a distribuição de água para sua residência é simplesmente cortada. Isso é muito grave e muito sujo. Esta a verdade. Está na hora de abrir o jogo. Prometi à população do Município de Anchieta que me esforçarei ao máximo nesse caso e por isso comecei a estudar um novo capítulo da História do Estado do Espírito Santo com o apoio do Senhor Deputado Euclério Sampaio entre outros. Estabeleceremos uma política de oposição a essa velha política ambiental. Existe gente do Ministério Público, até fiscais da legalidade, assinando termos de compromisso ambiental para favorecer empresas como a Vale, a CST e a Suco Mais, instalada no Município de Linhares, que acabou de praticar um desastre ecológico no Rio das Pedras e em uma represa naquela região e mesmo assim recebeu licença do IEMA. Estão falando em reparação de danos, quando na verdade só ela é a beneficiária do termo de compromisso ambiental assinado também pelo Ministério Público. Temos que abrir uma discussão séria. Prometo a vocês que este velho enxadeiro da liberdade o resto da vida se dedicará a essa questão. Acho que posso fazer muito pelo conhecimento que tenho das escrituras Sagradas e pelo que sei sobre os motivos pelos quais Deus criou a natureza. Sei quais as razões por que Deus criou a Terra e nela colocou o homem. Agora, o homem está destruindo a Terra pelas mãos do Diabo. Essa é a verdade. O Diabo está usando os seres humanos para destruir a natureza que Deus criou. Ainda vêm com manobras, com jeitinhos, com conversa mole, com conversa fiada. Quanto dinheiro gordo corre por debaixo dos tapetes e dos lençóis por causa dessa maracutaia em prejuízo do Estado e do povo? Senhor Deputado Euclério Sampaio, encerrarei prestando uma homenagem a V. Ex.ª pelo que tem dito nesta tribuna, isolado e solitariamente, trincheira de defesa dos direitos do povo. O Brasil está passando pelo constrangimento e pela vergonha que nenhum estado brasileiro jamais passou, ou seja, de estar sentado como réu na Corte Internacional dos Direitos Humanos, na Convenção de Genebra, por imposição da ONU por causa do que fizeram com os presos. Colocaram-nos em contêineres, onde foram fritados, e deixaram que os esquartejassem nas nossas cadeias. As entidades querem que o preso, por maior que seja o seu crime, fique guardado sob os cuidados do Estado, inclusive para poder ter a possibilidade de se recuperar; e não fazerem o que foi feito. O que fizeram e ainda continua sendo feito com os presos não se faz nem com bicho. É uma violação dos direitos humanos dos presos. Isso não se faz. O nosso Estado é réu perante a Corte Internacional dos Direitos Humanos, na Convenção de Genebra, por imposição das Organizações das Nações Unidas - ONU. Quero falar para que o povo ouça: já tenho adeptos para começar essa luta em defesa do meio ambiente. Se necessário levarei o fato, como ocorreu com os direitos humanos dos presos, à ONU para

6 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 que tome conhecimento dessa agressão ao meio ambiente, que precisa estar ecologicamente equilibrado de acordo com o art. 225 da Constituição Federal, de 1988, que diz: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Um direito que começa pela defesa do que é mais sagrado para o ser humano: sua dignidade. Quem não tem dignidade não existe, é vento, é poeira. E para garantir a dignidade humana, a lei ambiental estabelece dois princípios fundamentais que, infelizmente, devido à velha política ambiental do Governo não estão sendo observados na hora de conceder licenças. Quais sejam: o princípio da precaução e o princípio da prevenção. São dois princípios parecidos, mas com aplicabilidade diferente. O princípio da precaução é nunca dar licença quando a natureza está em perigo, prestes a sofrer danos; e o princípio da prevenção é dar licença com o máximo de cuidado para que a natureza não seja violentada. Ao invés de aplicar esses dois princípios do direito ambiental, estão simplesmente aplicando o princípio do poluidor-pagador. O que quer dizer o princípio do poluidor-pagador em Direito? O princípio do poluidor-pagador quer dizer que aquele que pratica dano ambiental fica responsável pela sua reparação. O que aconteceu com a Companhia Siderúrgica de Tubarão? A Companhia Siderúrgica de Tubarão ganhou o direito de produzir aço, que gera fumaça e é jogada no espaço, num percentual de mais da metade da sua produção. Deram esse direito à antiga CST, hoje ArcellorMittal Brasil, que antecipou, para reparação dos danos causados pela poluição, cinco milhões de reais à Prefeitura Municipal de Serra, cinco milhões de reais à Prefeitura Municipal de Vitória e cinco milhões de reais à Prefeitura Municipal de Vila Velha, e ainda ajudará a estabelecer o cronograma da aplicação desse dinheiro. Vejam bem, o poluidor-pagador antecipou o pagamento, para garantir o direito de continuar poluindo. O Ministério Público assinou esse termo de compromisso ambiental à custa do meu pulmão, do pulmão do cidadão serrano e do pulmão do povo do Município de Vitória, que é obrigado a viver debaixo dessa nuvem de fumaça infernal que vemos sair todos os dias do complexo de Tubarão, advinda da produção de minério de ferro, que emporcalha tudo, penetra nos nossos lares e não há quem consiga acabar com essa poluição. E ainda obtiveram licença para duplicar essa atividade. Isso precisa ser revisto. Não temos nada contra o Governador, S. Ex.ª realizou um bom Governo em muitos aspectos; mas é um bom governador para quem não precisa do Governo. S. Ex.ª é um excelente governador para quem usa o Governo a fim de levar vantagens escusas. Senhor Deputado Euclério Sampaio, vamos falar sobre o que V. Ex.ª já falou muitas vezes nesta tribuna. É só olharmos como está a saúde pública. A toda hora é exibido na televisão maravilhas do nosso Estado com a vinheta: O novo Espírito Santo. Mas ninguém do Governo ou de sua assessoria deixa de trazer no bolso o cartão de algum plano de saúde, pois não querem enfrentar os serviços dos órgãos que oferecem saúde pública, que o Senhor Anselmo Tozi, Secretário de Saúde, diz serem excelentes. S. Ex. ª e a sua família carregam no bolso o cartão de algum plano de saúde. O que dizer da Educação?! Contrataram meninos para fazerem propaganda, eles aparecem sorrindo, veiculada na Rede Globo, de escolas e de hospitais em construção. Pois bem, quem do Governo tem filhos estudando em escola pública? Se os filhos dos agentes públicos estudam em escolas particulares, como o Governo pode ser bom se está dando ao povo uma escola que não serve para os filhos dos agentes públicos? Já falamos sobre a Segurança Pública. Ninguém do Governo, nem o Secretário de Estado da Segurança, Senhor Rodney Rocha Miranda, tem coragem de ficar com sua esposa em uma pracinha qualquer da Grande Vitória, às 21h, batendo papo. Falo isso para mostrar que a segurança também é uma grande piada e o povo está sujeito a todo tipo de sorte porque não há alternativa. Um abraço a todos e agradeço ao Senhor Deputado Euclério Sampaio. Tenho certeza de que teremos uma luta muito grande, que começa agora, em defesa do Rio Benevente. Aquele rio garante muito mal, num momento de seca pela ausência de chuva como ocorreu recentemente, o abastecimento dos Municípios de Alfredo Chaves, de Piúma, de Anchieta e de Guarapari. Se no Município de Anchieta for instalado aquele monstro fumegante - repito: é como se pegassem dois terços da CST e os implantasse na área urbana do Município de Anchieta - será uma irresponsabilidade sem tamanho por parte do Governo. Precisamos dizer, como agora, a plenos pulmões e sem medo de nenhuma represália, pois a lei é para ser cumprida e a verdade para ser dita, que estamos discutindo interesses da Nação, dos municípios e do Estado, e junto conosco está o povo. Muito obrigado. (Muito bem!) (Palmas) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Convido para compor a Mesa o Senhor Sebastião Moura, coordenador-geral da Federação das Associações de Movimentos Populares do Espírito Santo - Famopes. (Pausa) (Toma assento à Mesa o referido convidado) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) Concedo a palavra ao Senhor Almir Neres de Souza, vereador pelo Município de Vila Velha. O SR. ALMIR NERES DE SOUZA (Sem revisão do orador) Saúdo o Senhor Deputado Euclério Sampaio, os membros da Mesa e as lideranças políticas, religiosas e do terceiro setor da nossa sociedade.

7 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo Assomamos a esta tribuna, nesta tarde, para manifestar meu apoio a este debate como representante da Câmara Municipal de Vila Velha na luta a favor da vida. Vivemos quadro semelhante no nosso município, com grandes usinas querendo lá se instalar, mas a Câmara de Vereadores de Vila Velha está vigilante, pois valorizamos a vida, mais importante que qualquer coisa. Percebo agora, diante desse quadro estadual, como todos são vítimas das grandes siderúrgicas instaladas no nosso Estado. Moro em Vila Velha e minha casa é limpa três, quatro vezes por dia devido ao pó de mineiro, fonte de poluentes, que penetram nas casas e nos pulmões das pessoas, prejudicando-lhes a saúde e tirando-lhes a alegria e o direito de viver e ser feliz. A Bíblia diz que João era uma voz que clamava no deserto, pois pregava a verdade e o direito. E há tempos se ouve uma voz que clama neste deserto - aqui representado por esta Casa de Leis - a de V. Ex. a, Senhor Deputado Euclério Sampaio, de um representante legítimo do povo. Percebo que essa voz não está mais sozinha; está acompanhada de milhares de vozes que anseiam por uma vida melhor. Compartilho, nesta tarde, com V. Ex. a esse brilhante trabalho que tem feito em favor da população deste Estado. Recentemente estive no norte fluminense e o que me chamou atenção foi o início das obras de instalação de uma grande usina, Doutor Nelson Aguiar, no Município de Campos. A Prefeita Rosinha Garotinho e o Governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, convenceram o povo de que a implantação daquela usina seria bom para o desenvolvimento do município, pois geraria renda, emprego e qualidade de vida. A população foi enganada. Passados doze anos, retornamos àquela região, não vimos usina nenhuma e a população saiu prejudicada, pois o rio secou, as residências ficaram sem água e o povo teve de mudar de lugar, pois perdeu espaço ambiental, onde poderia viver. Quando olho para Anchieta e vejo essa monstruosidade que estão tentando fazer com aquele município fico triste, pois vejo que a história do povo do Município de Campos, município do Estado do Rio de Janeiro, que teve de abandonar seus lares depois de um ano, poderá se repetir aqui. Vejo, como muitas pessoas também, que se essa usina se instalar no Município de Anchieta ela provocará destruição e o meio ambiente será degradado, para não dizer destruído, e o povo futuramente vai chorar. Antes que isso aconteça, organizaremos no Município de Vila Vela um movimento em favor do povo daquela região. Convocaremos nossos Pares da Câmara de Vereadores, pois graças a Deus ali temos um diferencial em relação à Assembleia Legislativa, Senhor Deputado Euclério Sampaio: somos vereadores independentes. Nesta Casa vejo deputados subservientes, que se abaixam e se curvam às ordens que vêm de cima. No Município de Vila Vela os vereadores são independentes porque temos um prefeito também independente que honra seus companheiros. Estamos vigilantes. A Câmara Municipal está à disposição para plenárias e audiências para que importantes debates como este aconteçam. Então, antes que a usina seja instalada em nosso Estado, principalmente no Município de Anchieta, temos de realizar esse grande debate. Pode contar com os vereadores Do Município de Vila Velha, Senhor Deputado Euclério Sampaio. Senhor Deputado Euclério Sampaio e demais lideranças do Município de Vila Velha, estamos passando por um problema semelhante e queremos contar com a ajuda dos deputados. Instalarão naquele município três portos na região da Prainha da Glória, o que prejudicará muito a população daquele bairro. Temos feito algumas audiências públicas, debatendo com a sociedade e o povo está revoltado. Não permitiremos que essas obras aconteçam. Não adianta ter dinheiro no bolso e não ter saúde. Quantas pessoas venderiam seus bens para ter saúde? Estamos vigilantes para que o povo tenha qualidade de vida. Um abraço a todos. Que Deus continue abençoando todos vocês que saíram dos seus lares para comparecerem a esta sessão especial. Continuaremos vigilantes em relação a essas obras, pois a nossa vida, a vida das gerações futuras, dos nossos filhos, dos nossos netos e dos nossos bisnetos está em risco. Queremos que o governo e os deputados federais lutem em defesa das riquezas do nosso Estado, como o pré-sal, sem covardia, para que os recursos não saiam do nosso Estado. Mas nos entristece ver destruída a vida de várias famílias. Portanto, estaremos juntos nessa luta. Muito obrigado. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Registramos a presença do Senhor Leandro Machado, mais conhecido como Lelê, presidente do Sindilegis; do Senhor José Nilton, vicepresidente da CUT; do Senhor Miguel Sabarense, jornalista e proprietário do jornal O Despertar; do representante do jornal Século Diário e do Tempo Novo, jornalista Eci Scardini, mais conhecido como Gerereu. Convido para compor a Mesa o Senhor Vitor Benizorio, representante da Prefeitura de Piúma. (Pausa) (Toma assento à Mesa o referido convidado) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Concedo a palavra ao Senhor José Marques Porto, conselheiro da Federação das Associações de Movimentos Populares do Espírito Santo - Famopes. O SR. JOSÉ MARQUES PORTO (Sem revisão do orador) Ex. mo Senhor Deputado Euclério Sampaio, presidente desta sessão; exdeputado Nelson Aguiar; Vereador Almir Neres; Pastor Álvaro Oliveira Lima; Senhora Onêmia Beatriz, companheira de movimento popular e da Famopes; companheiro Sebastião Moura;

8 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 coordenador-geral da Famopes; Bruno Fernandes da Silva, do Grupo de Ação Ambiental de Anchieta; professora Maria Helena Rauta Ramos; telespectadores da TV Assembleia; funcionários desta Casa de Leis, onde tivemos a honra de trabalhar como funcionário lotado na Comissão de Proteção ao Meio Ambiente, com muita satisfação atendemos ao convite do Senhor Deputado Euclério Sampaio para participar desta sessão. Seria muito bom para a democracia brasileira que mais deputados desta Casa de Leis, acho que no futuro isso acontecerá, desempenhassem o papel que o Senhor Deputado Euclério Sampaio cumpre nesta Assembleia Legislativa, pois o papel preponderante, fundamental do Poder Legislativo é o de fiscalizar o Poder Executivo. Deputado, vereador, senador não faz obras; para isso existe o Poder Executivo. O Poder Legislativo é para legislar, elaborar leis visando à melhoria da condição de vida da população e, sobretudo, para fiscalizar o Poder Executivo. O Senhor Deputado Euclério Sampaio está acabando com o ditado popular Uma andorinha só não faz verão. Pode até não fazer, mas S. Ex.ª esquenta muito o ambiente. E, como andorinha, tem colocado para correr os bem-te-vis, espécie invasora que depreda ninhos das espécies nativas. Gostamos muito da atuação de S. Ex.ª. Queríamos que os deputados do nosso Partido agissem, pelo menos um pouco, dessa forma. Dito isso, falarei da importância desta Casa de Leis. No passado, na época da ditadura militar, quando o atual Presidente desta Casa era governador biônico, indicado pelo ex-presidente Ernesto Geisel - ditador de plantão - para ocupar o Palácio Anchieta, os deputados, à época, desta Assembleia Legislativa tiveram visão e uma coragem histórica ao votar projeto de lei que impedia o plantio de eucalipto em terras planas e agricultáveis do Estado do Espírito Santo, nas quais era possível fazer uma agricultura mecanizada para produzir feijão, milho, arroz, enfim, alimentos para o povo. O nosso Estado importa quase cem por cento dos alimentos consumidos. Existe somente uma pequena produção na região de montanha, feita com muita dificuldade pelos agricultores descendentes de italianos, pomeranos, etc. De propósito não trouxe o número da lei, porque é interessante que as pessoas pesquisem a história. Quem não conhece a história não terá condições de produzir um bom futuro. Esta Casa de Leis foi altiva ao impedir um desastre ecológico: o surgimento de um deserto verde no Estado do Espírito Santo causado pelos eucaliptais, a que farei referência em momento oportuno. Só que o governador biônico, que ocupou o Palácio Anchieta sem o voto do povo, vetou esse projeto de lei e nas terras planas e agricultáveis do nosso Estado temos eucaliptos no lugar de alimentos, que só é bom para os acionistas da grande corporação produtora de celulose. Agora, entraremos no enorme passivo ecológico, social, econômico e ambiental que temos no Espírito Santo em função de todos os arranjos produtivos. Como exemplo, temos o arranjo produtivo do mármore e do granito, que é altamente poluente, altamente dependente de água. Não se corta uma pedra de granito sem gastar grandes quantidades de água. O consumo dessa água não é embutido no custo final do produto exportado - a commodity vagabunda e barata. O nosso granito e o nosso mármore embelezam palácios de Dubai, já que os Estados Unidos nos últimos tempos têm comprado pouco em razão da crise econômica derivada da falta de regulamentação do mercado laissez faire, laissez passer, deixai fazer o que quiserem. Sendo bastante objetivo, não poderíamos deixar de citar esse fato, pois, como falar em liberação de mais licenças sem levantar esse imenso passivo? Sempre fazemos esse contraponto no Conselho Estadual do Meio Ambiente. Pode parecer que no conselho não tem pessoas que questionam esse modelo econômico, mas tem sim; são representantes da Famopes, da CUT e de outras entidades ambientalistas. É minoria? É minoria porque o governo fez uma coisa que a nosso ver é completamente ilegal: a constituição de uma comissão tripartite no Consema, em que os empresários e o governo têm maioria. Isso faz com que sempre estejamos em minoria no plenário. A sociedade civil é tudo que não é estado. No Espírito Santo a sociedade civil é dividida entre empresários e ONGs ambientalistas. Mas está começando a mudar. Foram licenciar o estaleiro da Jurong no Conrema porque sabiam da dificuldade que seria aprovar uma licença ambiental que não contava nem com o apoio da área técnica do Instituto Estadual do Meio Ambiente - IEMA, coisa raríssima, impressionante, que nunca vi na minha vida. A área técnica diz que não é para licenciar, a diretoria do órgão atropela a área técnica e empurra goela abaixo essa decisão para o Conrema, para que a aprove com mais facilidade. Como esquecer que para se produzir outro arranjo muito produtivo, muito importante para a economia do Espírito Santo, a celulose, é preciso gastar muita água. Para se produzir os atuais dois milhões e cem mil toneladas de placas de celulose por ano a ex- Aracruz, hoje Fibria, gasta o equivalente a duzentos e cinquenta mil metros cúbicos de água por dia. Essa quantidade de água é suficiente para abastecer uma cidade com dois milhões e meio de habitantes. A Grande Vitória tem apenas um milhão e meio de habitantes. A Cesan, em seu planejamento estratégico, diz que captará água do Rio Doce em Tememos não ter, em 2030, água suficiente para abastecer a Grande Vitória, porque por meio do ilegal canal Caboclo Bernardo - deram o nome de um herói popular a uma obra ilegal capta-se água do Rio Doce, que é levada para a Fibria, uma grande multinacional, produzir celulose. Achamos que no Estado do Espírito Santo passaremos por mutação genética, já que no futuro teremos de beber petróleo e comer rejeitos de eucalipto, pois água não existirá. Falo como sociólogo, curso que graças a Deus minha mãe me proporcionou. Estudei Sociologia para ser um intelectual, uma pessoa que estuda para defender os interesses do povo. Não sou

9 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo intelectual das classes dominantes e sim das classes dominadas. Para isso que serve meu pensamento e meu raciocínio. Gostaríamos de saber que sustentabilidade ambiental existe na produção de celulose, que precisa de duzentos e cinquenta mil metros cúbicos de água por dia? Estamos falando em água, mas há outros problemas nesse arranjo produtivo causados pela produção do mármore, do granito e da celulose. Não comemos rejeito de mármore e de granito. Para cortar a pedra é preciso muita água, como é preciso muita água para a produção de celulose. O que aconteceu com o plantio de eucalipto em larga escala? Acabou com a mata atlântica que existia no Estado do Espírito Santo, a mais rica e exuberante floresta já existente no planeta. Durante trinta milhões de anos no planeta existia floresta que ia de Buenos Aires, capital da Argentina, a Cachoeiro de Itapemirim, município do Espírito Santo, Brasil. O resto era gelo ou deserto. Essa floresta resistiu há trinta milhões de anos, e em menos de quinhentos anos foi quase toda destruída no Estado do Espírito Santo. A floresta garante a nossa água. Nos eucaliptais não há vida; neles não sobrevive espécie nenhuma. Desafiamos os defensores da plantação de eucalipto a nos mostrarem uma espécie de cobra que sobreviva num eucaliptal. Não tem; como também não há nenhuma espécie de passarinho. Nada sobrevive naquele deserto verde. Outro deserto está se formando no Estado do Espírito Santo devido ao clima, em função do aquecimento global. Vamos chegar a essa conclusão muito em breve, mas também em função do plantio de eucalipto e de como é produzida a celulose, secando as nascentes dos nossos rios e dos nossos mananciais. Não vou falar da poluição na Grande Vitória porque o ex-deputado estadual e também federal Nelson Aguiar já o fez com muita propriedade. Fiz cinquenta anos no dia 09 de março. Sou do bairro Santo Antônio, tomava banho de cachoeira do outro lado da Fonte Grande, hoje bairro Bela Vista, aos oito, nove, dez anos de idade, portanto, há menos de cinquenta anos. Não aceito, portanto, ser chamado de saudosista. Acabei de completar meio século de vida; se tivesse completado cem anos podiam dizer que era saudosista. Não aceito ser chamado de saudosista quando falo da destruição ambiental. Pescava robalo no rio Santa Maria, hoje um imenso esgoto, onde não há mais peixe, pois está destruído, detonado. Quando chove muito na cabeceira do rio Santa Maria a Cesan tem que cessar a captação de água que serve à população de Serra porque desce lama por não ter mais mata ciliar à margem do rio. Por isso que não aceito a pecha de saudosista como costumam chamar os neoambientalistas como eu. Os neoambientalistas não são saudosistas, só não aceitam que a natureza seja o principal componente e alvo desse capitalismo selvagem que não tem eira nem beira, cujo compromisso é a reprodução do capital a todo custo para satisfazer meia dúzia de acionistas de grandes corporações que compram o processo eleitoral. Essas grandes corporações pagam, financiam campanhas de políticos e depois vão servi-las. É contra esse modelo econômico que nós, povo, temos que nos insurgir. A Federação das Associações de Movimentos Populares do Espírito Santo é composta por mais de novecentos líderes comunitários, por novecentas associações de moradores, por movimentos comunitários e por várias outras entidades. É a instituição que desenvolve a maior ação ambiental no Espírito Santo, pois atua em diversos setores e se insurge contra esse modelo econômico de capitalismo tardio existente no nosso Estado, predador, destruidor dos recursos naturais para locupletar uma minoria. Vejam bem o arranjo produtivo da ex-aracruz Celulose, hoje ArcellorMittal Brasil, que diz ter cem mil trabalhadores diretos e indiretos. Se subtrairmos cem mil, de três milhões e quatrocentos mil habitantes, sobrarão três milhões e trezentos mil habitantes, que não se beneficiam em nada, pois essa empresa não paga nem ICMS, é isenta, como também são isentas grandes empresas poluidoras da Grande Vitória, como a Samarco, instalada no Sul do Estado. Para concluir a minha fala, fazemos questão de participar desses debates, pois foi aqui que começamos a derrotar a empresa chinesa Baosteel, quando pedimos às pessoas que acessassem o Google Word para pesquisar como era a atuação dessa empresa na China. Se olharem em um plano fechado, não verão nada na cidade de Naijing, em Xangai, só fumaça, vinda de um tipo de empreendimento altamente poluidor. Falando um pouco do Município de Anchieta, quando eu e meu pai saíamos da cidade de Vitória, no início da década de 60, e íamos ao Município de Anchieta, a viagem de automóvel durava de quatro a cinco horas. Íamos serpenteando a Lagoa de Maimbá, que já foi a segunda maior lagoa do Espírito Santo, e uma das maiores do Brasil. Ali víamos jacarés de papo amarelo, milhares de garças e várias espécies de pássaros. O primeiro crime ambiental cometido naquela região aconteceu com a construção da Rodovia do Sol, pois acabou com a comunicação da Lagoa de Maimbá com o mar, iniciando-se o processo de morte da lagoa, que depois foi acelerado pelos metais pesados que a Samarco Mineração lança naquele santuário outrora maravilhoso. Como o ex-deputado Nelson Aguiar disse, não existe direito mais importante, hoje, que o direito ecológico, o direito ambiental. A natureza está sendo destruída em todo o planeta. Em consequência disso temos o aquecimento global, e quem mais sofre com ele são os pobres. Temos dados sobre o número de pessoas beneficiadas com o aquecimento global: em torno de quinhentos milhões de habitantes do planeta, sete por cento da população mundial. Os mais ricos respondem por cerca de cinquenta por cento das emissões de gases que provocam o aquecimento global, enquanto os 50% dos mais pobres (3,4 bilhões da população) são responsáveis por apenas 7% das emissões, diz o New Scientist, Fred Pierce, novembro de Os mais pobres são os que mais sofrem e os que mais sofrerão com o aquecimento global. Temos, hoje, mais que a

10 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 população brasileira, ou seja, trezentos milhões de refugiados ambientais no planeta. O capitalismo predador dos recursos naturais tem produzido fome, miséria e insegurança. Muito obrigado. (Muito bem!) (Palmas) O SR. PRESIDENTE - (EUCLÉRIO SAMPAIO) Concedo a palavra ao Pastor Álvaro Oliveira Lima, presidente da Cemades - Assembleia de Deus. O SR. ÁLVARO OLIVEIRA LIMA (Sem revisão do orador) - Ex. mo Senhor Deputado Euclério Sampaio; Doutor Nelson Aguiar, bom tribuno; Almir Neves de Souza, fidalgo companheiro da Câmara Municipal de Vila Velha; demais componentes da Mesa; Plenário seleto e consciente, que a Graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja abundante sobre a vida de V. S. as. Louvamos a atitude do Senhor Deputado Euclério Sampaio em fazer esta proposição para discutir um tema tão importante e pertinente na atualidade, pois, queridos, vivemos um tempo escatológico e também apocalíptico. Por que dizemos isso? Basta olharmos o que acontece no mundo e à nossa volta: maremotos, ciclones, terremotos, tsunamis e enchentes por todos os lados ceifando vidas. O que é isso? Isso é o clamor da natureza. A reação da natureza por mau uso, ou uso irresponsável, do solo pelo homem. A Bíblia diz que a natureza geme; e geme por causa do pecado. Mas que pecado é esse? O mau uso da natureza em nome do capitalismo selvagem, como bem disse o orador que nos antecedeu, para o enriquecimento a qualquer custo. Faz-se de tudo sem escrúpulo, ceifando vidas. A coisa vai piorar muito. A atitude dos senhores de deixar os seus lares, os seus trabalhos para estarem numa sessão como esta é salutar, é inteligente porque estão enxergando um pouquinho mais ao longe. A água do planeta está acabando. Alguns pensam: mas há tanta água! Mas está acabando. Sim, queridos, está acabando. Para nós, até o fim das nossas vidas provavelmente haverá água. E para os nossos netos e bisnetos, como será? O diabo não é tão feio como parece. Às vezes a pessoa figura o diabo com chifre, tridente e rabo, mas não é assim que ele é. Ele é charmoso, elegante e chega fazendo boas propostas: na cidade terá emprego para todo mundo; correrá muito dinheiro nessa cidade e alavancará a sua economia. A proposta é muito bonita a priori; o que ocorrerá a posteriori não é falado. O que está latente não é manifesto. Aí está o grande problema. Louvamos a atitude dos moradores de Anchieta quando tomaram uma posição e procuraram os legisladores para fazerem alguma coisa. É dessa forma que trabalhamos. Elegemos os deputados para, quando precisarmos, recorrermos a S. Ex. as. Poucos fazem como o Senhor Deputado Euclério Sampaio, que ouve o povo, dizendo: Não, vamos parar; sentar, ouvir e também nos pronunciar fazendo um ato público, um manifesto público. Propomos ao Senhor Deputado Euclério Sampaio que deste debate seja elaborado um artigo ou um manifesto para ser publicado, pois esse assunto é algo muito sério. O progresso é necessário, mas com responsabilidade. Deve-se pensar no dia de hoje, mas também no dia de amanhã, daqui a cem anos, duzentos anos. Assim devem pensar os grandes estadistas, pois essa loucura acontece em todos os países do nosso planeta. É a falta de compromisso com a vida. Vemos que os grandes poluidores como a China e os Estados Unidos não estão preocupados com a poluição. A mentalidade dele é: Vamos poluir.. Deixamos um voto de apoio à comunidade de Anchieta. Trabalharemos para ajudá-la. Representamos pelo menos quarenta mil membros da Convenção das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo Cemades, que conscientiza nossos pastores, estes os membros da igreja, no sentido de que todos devem fazer alguma coisa pela sociedade, pela natureza e para o bem do povo. Que o Senhor Deus abençoe poderosamente e coloque misericórdia no coração daqueles que têm destruído nosso planeta. Que Deus nos abençoe. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) Convidamos para compor a Mesa o Vereador João Bosco Costa, presidente da Câmara Municipal de Alfredo Chaves. (Pausa) (Toma assento à Mesa a referida autoridade) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) Registramos a presença dos pastores da Cemades, Senhores Ronaldo Dutra, Josemir Ramos e Silas Sepulchro; da Senhora Beatrice Aguiar; do Senhor Cleres Fernandes Ferreira, mais conhecido como Quequinho; dos Senhores João Luiz Caramuru e Everton Ferreira Melo. (Pausa) Concedo a palavra ao Senhor Bruno Fernandes, presidente do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente GAMA, do Município de Anchieta. O SR. BRUNO FERNANDES (Sem revisão do orador) Boa noite a todos. Meu agradecimento especial aos moradores do Município de Anchieta a oportunidade de representá-los, principalmente os da Chapada do A, pois se esse infame empreendimento se concretizar - o que não acredito - aquela comunidade com aproximadamente trezentos descendentes indígenas terá de sair de lá. Uma pesquisa feita pela Emescam constatou que a grande maioria, mais de noventa e nove por cento dos moradores, não quer sair de lá. O meu agradecimento mais uma vez ao pessoal de Chapada do A, que está presente. Agradeço também ao Senhor Deputado Euclério Sampaio a realização desta sessão especial por se tratar de um momento democrático e aberto ao

11 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo diálogo. Milito na área ambiental há alguns anos e durante oito anos participei do Comitê da Bacia do Rio Benevente, que trata especificamente do uso adequado da água. Farei uma introdução rápida para entenderem o processo, depois serei um pouco mais específico e falarei em números. Talvez dará um nó na cabeça de vocês, mas como esta sessão especial é para isso, vou citar os números. Como vocês observaram, os convidados da Cesan, do IEMA e de outras instituições do Governo do Estado não vieram. Nós, que conhecemos o Governador Imperador já esperávamos por isso. Inclusive esperávamos a realização de outro evento para tentar atrapalhar este. O Governador Imperador induziu a realização de um seminário, no Município de Anchieta, e ele está ocorrendo. Sabendo disso, não devemos nos furtar de dizer o que está acontecendo na realidade, mesmo que doa. Dói chamar um governador de Imperador? Dói. Mas está na ONU um relatório de uma organização não governamental de direitos humanos, o Conectas, no qual está bem claro, resumidamente, que o Governador do Estado do Espírito Santo tem em suas mãos vários poderes. Isso é triste, pois a democracia está arranhada. O Espírito Santo aparece em nível nacional e internacional como um Estado antidemocrático. Mas em Anchieta o imperador não manda, apesar de lá ter um braço direito: o prefeito, envolvido em diversas corrupções; e um primo, que lá presta serviço. Não vamos nos furtar em soltar a voz. Somos de uma ONG ambientalista, sempre lutamos em favor da transparência e da democracia; e não será agora, com relação à Vale, avaliada hoje em cento e sessenta e nove bilhões de dólares, que vamos nos furtar, pelo contrário, vamos enfrentar. Podemos resumir que até este momento a vitória está em nossas mãos. Precisamos de cada um de vocês para alcançar a glória. Uma das grandes questões a serem debatidas é sobre a água. O ponto de captação que consta no projeto siderúrgico da CSU fica na comunidade de Jabaquara. Lá, recentemente a Cesan, responsável pelo tratamento de água que abastece as regiões dos Municípios e Anchieta e de Guarapari, construiu duas barragens. Elaboramos uma nota pública dirigida ao povo capixaba demonstrando esse fato, com fotos. Uma barragem foi construída para atender à comunidade de Guarapari, onde faltou água no verão, e a outra para atender à comunidade de Anchieta. Como tivemos uma estiagem de dois meses, o rio secou bastante. O rio Benevente, em Jabaquara, estava com um volume de água muito baixo, com profundidade máxima de quarenta e três centímetros. Estivemos no local, medimos e constatamos uma situação calamitosa. Isso sem o projeto siderúrgico previsto, pois ainda está no papel. Falaremos nesta sessão só sobre o que eles falam e o que colocam no papel. Muitas vezes quando um ambientalista se pronuncia parece que ele é futurista, radical. Para deixar bem claro que não somos futurista e nem radical falaremos exclusivamente sobre o que está nos estudos e sobre o que foi falado. Na vistoria do Rio Benevente, em Jabaquara, no dia 17 de fevereiro próximo passado, salvo engano, foi feito uma estimativa da quantidade de água que passa por aquela região. Observamos que passa em torno de cinquenta por cento da média da vazão. Hoje, segundo estimativa de estudos, inclusive do estudo simplificado da Vale - está no RIMA - no local de onde eles pretendem realizar a captação de água do rio Benevente passam dezesseis milhões e oitocentos mil litros de água por hora, e o consumo estimado por eles será de oito milhões e cem mil litros de água por hora. Isso representa quase a metade da vazão. No mês de fevereiro último passamos por uma situação muito difícil, pois o rio Benevente secou, praticamente, o povo de Guarapari sentiu na pele e os turistas reclamaram muito. É preciso falar de acontecimentos recentes. Além de ficarmos sem água, se por acaso esse projeto vingar, preocupa-nos também o manguezal de Anchieta, onde ocorre a confluência da água salgada com a água doce. Ali tanto o peixe de água doce quanto o de água salgada se encontram, pois a água é mais quente e por isso existe maior abundância de peixe. É um estuário. Além de peixes têm caranguejos, camarões e diversos outros animais marinhos, além de vegetação própria de manguezais. Se por acaso essa captação de água vier a ocorrer, será na região de Jabaquara. Quando a maré enche a água salgada vai até certo ponto dentro do manguezal, com a captação da água do rio Benevente, quando a maré encher a água salgada entrará além do ponto que está acostumada a chegar dentro do manguezal. É a coisa mais certa, porque é próximo de onde farão a captação e a água salgada, chamada de cunha salina - ela corre por baixo e a água doce por cima - ultrapassará onde hoje é feita a captação da água para ser distribuída à população. O que acontecerá? O povo beberá água salgada?! O Governo sempre dá um jeitinho e mais uma vez o povo perderá. Sem contar que o impacto no manguezal será gigantesco. Imaginem, se não chegar ao manguezal a água doce de que precisa para manter viva toda fauna existente naquele ambiente, o sofrimento que será. E o que acontecerá com o pescador, com o catador de caranguejo, com a população ribeirinha que depende do rio Benevente? Claro que terá que sair daquela área e procurar outro serviço. Para o Governo, para as empresas, isso é feito num piscar de olhos; para eles isso é vanglória. E as consequências disso? Relatarei, também, uma experiência e uma fala do representante da Vale na reunião do Termo de Referência ocorrida no Município de Anchieta. Hoje a população daquele município é de aproximadamente vinte e três mil habitantes se somar a área rural e urbana. Segundo o IBGE setenta por cento da população está na área urbana, o que corresponde a aproximadamente dezessete mil habitantes entre crianças, adultos e idosos. A população ativa é bem menor que dezessete mil. Está no estudo ambiental que no pico da instalação das obras do projeto siderúrgico será contratado o máximo de dezoito mil pessoas; isso no papel. O que acontece na prática? O que está acontecendo no Estado do Rio de Janeiro com a construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico, onde no papel consta a contratação de

12 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 apenas quinze mil pessoas no pico da construção. Fiz uma pergunta bem simples ao representante da siderúrgica e ele caiu como um patinho. Indaguei quantas pessoas estavam empregadas na Companhia Siderúrgica do Atlântico no Estado do Rio de Janeiro. Ele respondeu: tivemos um problema e hoje temos vinte e sete mil pessoas trabalhando. Agora, imaginem vinte e sete mil pessoas contratadas, no pico da construção, num município com dezesseis mil habitantes entre crianças, adultos e idosos. Até chegar ao pico a obra passa por várias fases como terraplenagem e essa fase terminada, demitem inúmeras pessoas. O estudo feito pela Prefeitura Municipal de Anchieta diz - não sou eu quem está falando, mas o Executivo Municipal que publicou vergonhosamente nos jornais - que Anchieta tem aproximadamente vinte e três mil habitantes e pode chegar a ter de oitenta a cem mil habitantes em seis anos. A previsão inicial é que chegue a cem mil em quinze anos. Esse número de habitantes a cidade não comportaria. Hoje a situação no Município de Anchieta é dramática. Os pescadores reclamam que o esgoto que está sendo lançado no manguezal deveria ser tratado, mas está sendo lançado in natura. Para tampar e para que ninguém visse, o prefeito colocou diversas pedras para que o esgoto passasse por baixo. Agora, estão cobrando pelo uso da água. Teremos de ir à Justiça, com diversas testemunhas, e deixar bem claro que não podemos pagar por uma coisa que não existe. Que tratamento é esse que a Cesan está fazendo? Então, a situação hoje está calamitosa. E chega gente de todo lugar. A respeito do emprego, é uma grande mentira. Eles dizem que criarão dezoito mil empregos, três mil e quinhentos empregos. São empregos temporários, depois todos serão demitidos, alguns voltarão para sua terra de origem, outros ficarão em Guarapari, aumentando a violência, que já é esmagadora, em Piúma e em Anchieta. Empregos temporários não queremos não; queremos empregos que venham com sustentabilidade. Isso que a CUT vem discutindo na coordenação dos movimentos sociais. Emprego todo mundo quer, mas emprego com sustentabilidade. Não adianta eu estar empregado se meu filho foi morto por um bandido qualquer que vem atrás de emprego fugindo das favelas de outros Estados? Como não conseguiu emprego, entra na minha casa e mata meu filho. Para que estar empregado ganhando dois, três mil reais se não terei meu filho, minha mulher perto de mim? Precisamos viver com qualidade de vida. Por isso que somos contra o projeto. A cidade de Anchieta já tem a Samarco, que vem errando em algumas coisas, mas no passado errou porque a sua instalação se deu no litoral, um erro. Hoje, em nenhum lugar do mundo se aceita colocar grandes projetos industriais em área litorânea; só no Brasil. Com a localização do projeto siderúrgico no litoral capixaba só um será beneficiado: a empresa, além de acabar com a comunidade, com uma cultura, pois está próxima do porto. Para eles o lucro em primeiro lugar, em segundo lugar, em terceiro lugar; no décimo lugar e no décimo quinto falarão em outra coisa que não seja o lucro. O Governador, está declarado, recebeu um milhão de reais da Vale. Os prefeitos da região que dependem dessas empresas, óbvio que a apoiarão. Permanecem no poder, e o povo como fica? Fica sem água, sem saúde, sem educação. Comentávamos com um representante de Piúma que com a instalação da terceira usina de pelotização da Samarco, o turista que chegava a Anchieta não tinha hotel nem pousada para ficar. Como fica o turismo? Tivemos de brigar para que as pousadas e os hotéis dessem prioridade aos turistas. Com a inauguração da terceira usina de pelotização da Samarco o número de trabalhadores aumentou; quem estava em Anchieta foi para Piúma e infelizmente, segundo os moradores mais críticos, a cidade virou a cidade da prostituição. Hoje, trabalhamos na região, em uma das obras da Petrobras. O estudo ambiental da empresa falava que no pico ela empregaria oitocentas pessoas. O que vemos, hoje? Mais de duas mil pessoas. A Samarco, para a instalação da terceira usina de pelotização, colocou no papel que no pico o número de trabalhadores seria de duas mil e setecentas pessoas. Qual foi a realidade? Quase sete mil pessoas. Fui ao Instituto Estadual de Meio Ambiente - IEMA hoje e constatei que isso não ocorre só em Anchieta. Olhei o estudo ambiental da CST para a expansão da produção de aço, que passará de sete milhões e meio de toneladas por ano, e nele consta uma estimativa de seis mil e setecentos postos de trabalho temporário do começo ao fim da obra. Uma coisa é o pico, outra coisa é do começo ao fim. A estimativa era que seriam gerados seis mil e setecentos empregos temporários. Está no relatório deles, que vocês podem acessar pela internet. Adivinhem quantos empregos temporários foram gerados? Quase vinte mil. De seis mil e setecentos para quase vinte mil. Para uma grande região isso é bom, mas para um lugar que tem dezesseis mil habitantes, incluindo crianças, adultos e idosos, como Anchieta, não. Imagine colocar vinte e sete mil pessoas no momento de pico da obra e em seis anos ter uma população de oitenta a cem mil habitantes. Certamente a Companhia Siderúrgica de Ubu - CSU não se instalará em Anchieta, disso temos certeza. Esse debate é para fazermos uma reflexão e permanecermos unidos, como hoje, Senhor Sebastião Moura, não só com relação à situação do Município de Anchieta, mas contra a criminalização dos movimentos sociais pelo Governo do Estado, e por diversos prefeitos, pela banalização dos pescadores, dos agricultores e dos movimentos quilombolas. Tudo isso vem ocorrendo no Espírito Santo. Se hoje ainda há índios no Espírito Santo é porque pessoas de fora peitaram a Aracruz Celulose, que sempre bancou campanha de políticos. Por causa de doações os políticos ficam agarrados na teta dessas empresas. Temos certeza de que o Espírito Santo um dia mudará. Hoje o Governador é o Imperador. Ontem era José Carlos Gratz. Colocamos isso em uma faixa e já é de reconhecimento internacional. Mas isso mudará, pois os verdadeiros movimentos sociais, representados pela Coordenação dos Movimentos Sociais, não aceitam mais, assim como a direção da Famopes, a CUT e os Fóruns de

13 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo Discussões Independentes. Uma hora a casa cai. A mentira vai até certo ponto, não se mantém para sempre. Temos que mudar o Espírito Santo e mudaremos através do voto e da participação popular. O projeto siderúrgico está viciado. Deixaram de cumprir uma etapa: a do Termo de Referência. Oficializamos ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, se ele não fizer nada, façamos nós por intermédio da Justiça Federal, pois a Estadual é extremamente amiga do Governador. O Ministério Público Estadual tem que ser parceiro do povo. Esse negócio de amizade entre procurador e secretário tem que acabar. Tem que haver profissionalismo. Queremos justiça para todos e não para meia dúzia, como ocorre no Espírito Santo. Não queremos que Guarapari fique sem água e que Anchieta se torne um favelão como aconteceu ao lado da nossa casa no bairro Guanabara. Após o anúncio da construção da siderúrgica, foi criado um bairro chamado Ponta da Lagoa. Denunciamos ao Ministério Público Estadual, foi feito um estudo, mas o bairro está crescendo. Não existe fiscalização por parte do município. Quem perde com isso? A população. Nossa casa já foi arrombada e isso é só o começo. Guarapari em 2008 foi uma das cidades mais violentas do Espírito Santo, noticiado pelo jornal A Gazeta. Guarapari tem aproximadamente cem mil habitantes e teve oitenta homicídios dolosos em Isso devido à expectativa da vinda da empresa chinesa Baosteel, que geraria muito emprego. Fizemos um movimento de resistência e os chineses voltaram para a China. Estão querendo colocar um copo d água num barril de petróleo. O Espírito Santo não pode aceitar esse continuísmo de Governo. Infelizmente o que vemos no Estado são os políticos na teta das grandes empresas. Um dia isso acabará. Não sabemos se estaremos vivos, mas um dia acabará, porque os verdadeiros movimentos sociais do Espírito Santo não aceitam esse tipo de comportamento. Participamos de várias discussões e sabemos de tudo que acontece. Pelo não à siderúrgica em Anchieta que clamamos por justiça e pelas pessoas de bem do Estado, como o Senhor Deputado Euclério Sampaio. S. Ex.ª está enfrentando esta Casa, ou a sua maioria, como também alguns movimentos sociais de Anchieta, pois estão sendo pressionados e o povo está colocando a cara para bater por causa desse imperialismo que vivemos no Espírito Santo. A vitória virá. A vitória é do povo e não dos políticos que depois sobem em palanques e dizem que não foram para Anchieta porque não quiseram, assim como foi conversa fiada a história da Baosteel e do Senhor Paulo Hartung. Daqui a pouco virão a público dizer que a Vale não veio porque causaria muito impacto ambiental. Isso já está bem claro na avaliação ambiental estratégica. Se estamos sem água sem haver captação de água por uma grande siderúrgica, imaginem com a captação de um quarto da vazão atual no verão. Agradeço a todos, especialmente ao Senhor Deputado Euclério Sampaio, que teve a coragem de abrir esta sessão especial à população. Esta é a realidade do Estado do Espírito Santo. Quando se chama o povo para falar de democracia, para debater o imperador, uma marionete fala ao IEMA para não comparecer porque haverá pessoas que perguntarão e desejarão respostas. Fala para a Cesan, que faz o tratamento de água e de esgoto do Estado, para também não comparecer porque nesta Casa existe democracia. São direitos iguais. O que acontece? Não tem ninguém do Governo presente. Óbvio que deve ter um ou outro P2 do Governo investigando, tirando foto, filmando. Deixamos claro que as faixas, onde se lê: Paulo Hartung Imperador, assim não Vale. A corrupção é estrutural. Todos contra a siderúrgica. Vale, CSU, Baosteel é igual à morte. Água, ar, natureza é igual à vida, pertencem aos movimentos sociais de Anchieta. Foram feitas por pessoas do GAMA, que nos ajuda na confecção de algumas faixas. Não foram feitas por uma pessoa só. O Governador é o Imperador. Em Anchieta manda no prefeito, mas nos movimentos sociais independentes não manda; não mandará em Chapada do A e em lugar nenhum de Anchieta. Em breve, S. Ex.ª será desmascarado juntamente com seus fiéis escudeiros: os prefeitos, os vereadores e os deputados, que ficam fazendo joguinho. Clamamos a todos que lutem a cada dia por justiça, não só em relação a ações desenvolvidas no Espírito Santo, mas principalmente quanto à instalação da siderúrgica em nosso Estado. Vamos dar o exemplo. O país precisa mudar. O Espírito Santo está arraigado na corrupção. Os movimentos sociais estão sendo criminalizados, os direitos humanos estão denunciando e ninguém ouve, só quando as denúncias são divulgadas em âmbito internacional que ganha repercussão. Por que a imprensa capixaba não cobre eventos importantes? Porque o Plano Plurianual e o orçamento do Estado estão repletos de dinheiro para a área da comunicação. Para sair uma materiazinha dos movimentos sociais nos meios de comunicação é a maior dificuldade. Os senhores não sabem, mas no Estado do Espírito Santo tem uma ONG chamada Espírito Santo em Ação. A Samarco, a Petrobras, o jornal A Tribuna e o jornal A Gazeta nutrem uma grande amizade entre si e para sair alguma coisa de real nos jornais é a maior dificuldade. Não estou falando que não sai matéria real; sai, mas pouca. Com muita persistência seremos vitoriosos. Digo a todos: siderúrgica, não! Vamos fazer o que deve ser feito, pois apenas falando não seremos vitoriosos. Parabéns por estarem participando desta sessão especial. Muito obrigado. (Muito bem!) (Palmas!) O SR. NELSON AGUIAR Senhor Presidente, pela ordem! A professora Maria Helena Rauta Ramos é uma das líderes desse movimento de luta. Sua atuação é extraordinária pela sua consciência política. Juntamente com o Senhor Bruno Fernandes da Silva teve e tem um papel muito importante na sua organização. Parabenizamo-la, pois

14 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 dispõe de pouco tempo, mas redobra e triplica esse tempo para estar junto com o povo nessa luta. Parabéns, professora Maria Helena Rauta Ramos. (Palmas) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) Concedo a palavra à professora Maria Helena Rauta Ramos. A SR.ª MARIA HELENA RAUTA RAMOS (Sem revisão da oradora) O que está acontecendo no Município de Anchieta tem uma relação direta com a lógica do capital. O capitalismo tem na sua lógica a concentração da riqueza na mão de poucas empresas, e a Vale é uma delas, uma empresa transnacional, e o seu único objetivo é acumular riqueza socialmente produzida. Uma das determinações da crise estrutural pela qual o capitalismo passa, hoje, iniciou-se na década de 70, pois as forças produtivas do capital transformaramse em forças destrutivas dos recursos naturais e da vida humana, com a exploração dos trabalhadores, da vida animal e da vida vegetal. Que desenvolvimento sustentável é esse? O verdadeiro desenvolvimento sustentável em que apostamos só ocorrerá quando todos os trabalhadores forem igualmente proprietários dos meios de produção. Enquanto a sociedade estiver dividida em poucas empresas, donas dos meios de produção, e a massa de trabalhadores só detentora da sua força de trabalho, o resultado será esse que vemos no Município de Anchieta. Nenhuma preocupação com o ser humano, nenhuma preocupação com os manguezais, nenhuma preocupação com os peixes, nenhuma preocupação com as águas dos nossos rios. Fomos surpreendidos no Município de Anchieta. Fui morar naquela cidadezinha no finalzinho da minha vida, porque lá nasci e pensei que tivesse o direito de passar meus últimos dias vendo aquele mar que vi quando menina, quando de lá saí. Fui surpreendida com o pó da Samarco. Conforme todos sabem, porque também vivenciam o mesmo problema, diariamente temos que limpar nossas casas, pois não conseguimos respirar. Depois que fui morar em Anchieta, uso uma bombinha por recomendação médica pela manhã e à noite para poder respirar. Estou nesse movimento não só por conta da Chapada do A, o que já seria suficiente, mas porque a população daquela região não quer sair de lá. Os moradores têm direito assegurado pela Constituição Federal de ali permanecerem. Eles são proprietários e moradores mais antigos do Município de Anchieta. Naquela região só há uma família descendente de índio, com algumas miscigenações fruto de vários casamentos. Portanto, como não ficarem ali? Éramos poucos na briga, hoje já somos muitos, pois estamos nos unindo aos moradores da Chapada do A. Certamente nos uniremos a outras comunidades de Anchieta que não querem a instalação da siderúrgica. O povo de Anchieta foi submisso aos padres; e a submissão agora é à Samarco. Ninguém fala nada, ninguém reage, mas como disse o Senhor Bruno Fernandes da Silva, está chegando o tempo em que Anchieta se tornará uma comunidade livre, uma comunidade que dirá não e saberá dizer não! (Palmas) A presença de representantes da Chapada do A neste evento é um testemunho de uma comunidade livre. Não são noventa e nove por cento não, cem por cento dos proprietários não querem sair. Então, estamos nessa luta em defesa da água; dos manguezais; do Monte Urubu, que será afetado se a companhia for instalada lá; do meio ambiente e da nossa qualidade da vida. Com relação à água, assunto principal desta sessão especial, como disse o Senhor Bruno Fernandes da Silva, em período de vazão elevada, a siderúrgica vai beber um terço da nossa água. Em período de vazão baixa, vai beber mais da metade. Contra isso que estamos dizendo não. Não queremos a siderúrgica no Município de Anchieta. Nós, nascida em Anchieta e moradora de Anchieta, junto com as comunidades ambientalistas e com as comunidades tradicionais do Município de Anchieta, ousamos dizer não a esse projeto. Então, lutaremos, como disse o senhor Nelson Aguiar! A luta é grande. Temos condições de ganhar, mas só ganharemos essa luta se estivermos unidos, porque uma andorinha só não faz verão. Precisamos do apoio dos Municípios de Vitória, de Vila Velha, de Guarapari, de Cariacica, de Viana e de Piúma. Precisamos do Estado do Espírito Santo junto conosco nessa batalha. Convidamos todos para o evento: Encontro Mundial dos Atingidos e Afetados pela Vale, que ocorrerá de 12 a 15 de abril de 2010, no Estado do Rio de Janeiro. Todos sabem que a Vale é uma empresa transnacional. Estarão presente comunidades do Canadá, do Chile, da Argentina, de Guatemala, do Peru, de Moçambique e do território brasileiro atingidas pela empresa. E, certamente, estaremos junto às comunidades da Chapada do A, de Monteiro e de Belo Horizonte. Estendemos o convite a todos que queiram participar dessa luta. Está assinando essa convocação a Companhia de Justiça nos Trilhos; o Movimento pelas Serras e Águas de Minas; o Comitê Mineiro dos Atingidos e Afetados pela Vale; o Fórum Carajás; a Coordenação Nacional de Lutas - Conlutas; o Programa de Agentes Comunitários de Saúde PACS; a Rede Justiça Social de Direitos Humanos; a Rede Brasileira de Justiça Ambiental; o Movimento dos Sem Terra MST; o Movimento dos Atingidos por Barragens MAB; a Cepasp, entidade sem fins lucrativos que atua junto aos movimentos populares e sindicais das regiões Sul e Sudeste; a Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos; a Sociedade Paraense dos Direitos Humanos; o Instituto Madeira

15 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo Vivo; a Comissão Pastoral da Terra CPT, Secretaria Nacional; a Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes; o Movimento Articular de Mulheres da Amazônia; Fóruns de Mulheres da Amazônia Paraense; a entidade Articulação de Mulheres Brasileiras - AMB; o Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté Macaca; o Sindicato Metabase de Inconfidentes e Congonhas, Minas Gerais; Justiça Global; a Assembleia Popular Nacional; Jubileu Sul Brasil; Grito dos Excluídos Brasil; Grito dos Excluídos Continental; a Associação de Favelas de São José dos Campos, São Paulo; o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE; Consulta Popular; o Movimento dos Trabalhadores Desempregados - MTD; a Associação de Pescadores de Pedra de Guaratiba APPG; a Associação de Pescadores Canto dos Rios - Apescari; Fé e Política Sepetiba; o Núcleo Socialista de Campo Grande, Rio de Janeiro; Coletivo Baía de Sepetiba pede Socorro; a Federação de Assistência Social e Educacional FASE; Sindicatos e Federações. Os endereço e telefones. Agradecemos a grande colaboração do Senhor Nelson Aguiar, o apoio do seu companheiro Senhor Miguel Sabarense; do proprietário do jornal Tempo Novo, o Senhor Eci Scardini Gerereu; dos jornalistas Fabrício Ribeiro Pimenta e Bruno Fernandes da Silva, contratados pelo jornal Novo Tempo, que estão colaborando conosco; o jornal Século Diário, que desde quando éramos poucos nessa luta - hoje somos maior número - vem nos apoiando. Muito obrigada. Como diz o ditado: O povo unido jamais será vencido.. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Concedo a palavra ao Senhor Miguel Sabarense. O SR. MIGUEL SABARENSE (Sem revisão do orador) - No tempo da democracia se consultava o povo. Ouvimos atentamente o Senhor Bruno Fernandes da Silva e a professora Maria Helena Rauta Ramos. Até hoje não nasceu uma proposta do governo do Estado e das prefeituras. O Senhor Deputado Euclério Sampaio tem sido um herói por peitar os vinte e nove senhores deputados. A nossa proposta hoje é fazer um desafio à Vale, ao Governo do Estado e ao Prefeito de Anchieta: façam um plebiscito e consultem o povo. Nada mais democrático que uma consulta popular. Pergunte se o povo quer que se instale a usina em Anchieta ou não. A luta continua. (Muito bem!) O SR. PRESIDENTE (EUCLÉRIO SAMPAIO) - Todos já abordaram vários assuntos; mas o que abordaremos é muito grave: sobre o emprego que tanto prometem. Na verdade, a mão de obra especializada que ocupará os melhores cargos virá de fora e a local ficará com os cargos menos significativos, e um verdadeiro bolsão de pobreza, como ocorreu quando da construção da CST, aparecerá. Uma verdadeira favela se formará no entorno da usina, levando muita insegurança à população de Anchieta e aos municípios vizinhos. No dia em que o Governo do Estado do Espírito Santo estava sendo julgado na ONU, acontecia uma morte em um presídio capixaba, conforme foi noticiado no dia de hoje. A falta de água em Piúma, em Iriri, em Anchieta e em Guarapari gerará problemas para o turismo. Não acreditamos que o Governo seja irresponsável a ponto de conceder essa licença ambiental. Será uma mancha muito grande na imagem do Governo Paulo Hartung, assim com relação aos presídios. O Governo diz que a poluição está diminuindo e concede licença ambiental para a instalação de novas usinas. Quem assistiu ao jornal de ontem à noite na TV Capixaba pôde comprovar a poluição ocasionada pelas usinas, sem nenhum controle. A situação é feia e algumas autoridades têm a capacidade de dizer que a poluição está controlada. É horrível! Água é vida. A população de Anchieta beberá o quê? Água do mar? É muito difícil. Finalizando, saudamos e agradecemos a presença dos representantes da Chapada do A, que com carinho se deslocaram de Anchieta para participar desta sessão nesta Casa de Leis, que um dia esperamos seja verdadeiramente a Casa do povo; e só será quando verdadeiramente representar os anseios da população, o que defendemos todos os dias quando assomamos à tribuna desta Assembléia Legislativa. Saudamos o Vereador Almir Neres; o Pastor Álvaro Oliveira Lima; o Senhor Sebastião Moura, representante da Federação das Associações de Movimentos Populares do Espírito Santo - Famopes; o Senhor João Bosco Costa, Presidente da Câmara de Alfredo Chaves; o Senhor Bruno Fernandes da Silva; o Senhor Nelson Aguiar; a Senhora Maria Helena Rauta Ramos e todos os presentes. Que Deus abençoe a vida de cada um e muito obrigado. (Pausa) Nada mais havendo a tratar, vou encerrar a presente sessão. Antes, porém, convoco os Senhores Deputados para a próxima, especial, dia 18 de março de 2010, às 19h, para debater sobre a Ordem DeMolay e suas atividades no Espírito Santo e no Brasil, para a qual designo Expediente: o que ocorrer, e comunico que haverá sessão especial dia 19 de março de 2010, às 15h, para debater a Emenda Ibsen Pinheiro sobre os royalties do petróleo, e sessão ordinária dia 22 de março de 2010, cuja Ordem do Dia foi anunciada na décima quinta sessão ordinária, realizada em 17 de março de Está encerrada a sessão. Encerra-se a sessão às dezenove horas e cinco minutos.

16 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 QUINTA SESSÃO ESPECIAL DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA, REALIZADA EM 18 DE MARÇO DE ÀS DEZENOVE HORAS E TRINTA E DOIS MINUTOS, A SENHORA DEPUTADA JANETE DE SÁ OCUPA A CADEIRA DA PRESIDÊNCIA. O SR. CERIMONIALISTA (SÉRGIO SARKIS FILHO) Senhora Deputada Janete de Sá, telespectadores da TV Assembleia, convidados presentes, boa-noite. É com satisfação que a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo recebe todos para a sessão especial em homenagem à Ordem Demolay e às atividades desenvolvidas por ela no Estado do Espírito Santo e no Brasil. Passo a palavra à Senhora Deputada Janete de Sá, proponente desta sessão especial, para os procedimentos regimentais de abertura dos trabalhos. (Palmas) A SR.ª PRESIDENTA (JANETE DE SÁ) - Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão e procederei à leitura de um versículo da Bíblia. (A Senhora Janete de Sá lê João, 13:34) A SR.ª PRESIDENTA (JANETE DE SÁ) - Dispenso a leitura da ata da sessão anterior. Informo aos convidados e demais presentes que esta sessão é especial, conforme requerimento de minha autoria, aprovado em Plenário, em homenagem à Ordem Demolay e às atividades desenvolvidas por ela no Estado do Espírito Santo. Devolvo a palavra ao cerimonialista, Senhor Sérgio Sarkis Filho, para que dê continuidade ao rito da sessão. (Pausa) O SR. CERIMONIALISTA (SÉRGIO SARKIS FILHO) - Convido para compor a Mesa o Grão-Mestre Aídes Bertoldo da Silva; o eminente Grão-Mestre Adjunto Heraldo Salla Lima; o Past Grão-Mestre Sérgio Gianordoli; o Grande Mestre da Ordem DeMolay Hélio José dos Santos; o Mestre Conselheiro Estadual Laio Verbeno Sathler. (Pausa) (Tomam assento à Mesa os referidos convidados) O SR. CERIMONIALISTA (SÉRGIO SARKIS FILHO) - Convido todos para, de pé, e voltados para as Bandeiras, ouvirmos a execução do Hino Nacional e o do Espírito Santo. (Pausa) (É executado o Hino Nacional e o do Espírito Santo) O SR. CERIMONIALISTA (SÉRGIO SARKIS FILHO) Concedo a palavra à Senhora Deputada Janete de Sá, proponente desta sessão especial. A SR.ª JANETE DE SÁ (Sem revisão da oradora) Boa-noite a todos e a todas. Cumprimento o Senhor Aídes Bertoldo da Silva, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo; o Senhor Heraldo Salla Lima, Grão-Mestre Adjunto; o Senhor Sergio Gianordoli, Past Grão-Mestre; o Senhor Hélio José dos Santos, Grande Mestre Estadual da Ordem DeMolay no Espírito Santo; o Senhor Laio Verbeno Sathler, Mestre Conselheiro Estadual Adjunto; o Senhor João Pedro Motta André, Venerável da Loja Macônica da cidade de Vila Velha, da qual meu marido participa, Senhor Heliosandro Mattos da Silva, grande amigo maçom a quem agradeço por estar conosco esta noite e para quem solicito uma salva de palmas. (Palmas!) Cumprimento todos os DeMolays presentes nesta sessão especial dedicada a vocês, é com muita satisfação que os recebo nesta noite de homenagens. Nesta sessão, os DeMolays poderão explicar à sociedade capixaba o que fazem, para que vieram, o que pretendem, quais trabalhos são realizados, incentivando outros jovens que tenham a mesma formação e envergadura deles a seguirem esse bom caminho. Em nome desta Casa de Leis agradecemos a participação de todos os membros da Ordem DeMolay, da Maçonaria e suas famílias, na pessoa do Senhor Hélio José dos Santos, Grande Mestre Estadual da Ordem DeMolay. De forma especial agradeço ao Senhor Laio Verbeno Sathler, Mestre Conselheiro Estadual, que nos honrará com uma palestra sobre as atividades da Ordem no Estado do Espírito Santo. Todos os presentes poderão conhecer um pouco mais sobre essa instituição de credibilidade, que contribui com compromisso e responsabilidade no fortalecimento da família e na construção de um mundo com mais ética e solidariedade. Reiteramos nosso respeito e admiração pelos jovens DeMolays presentes. Temos a grata satisfação de tê-los conosco neste Plenário. Vocês fazem parte da grande família DeMolay de nosso Estado, do país e de várias partes do mundo. Agradecemos, ainda, a participação das Filhas de Jó, as quais convidamos a se juntarem aos DeMolays, às famílias e aos maçons que estão em Plenário. As Filhas de Jó fazem parte da família maçônica. Para quem não sabe os presentes neste Plenário sabem elas fazem parte da Ordem Paramaçônica que acolhe meninas entre dez e vinte anos que tenham parentesco maçônico. Perguntaram-nos por que fizemos o Dia dos DeMolays e ainda não fizemos o Dia das Filhas de Jó. Comprometemo-nos neste momento a fazermos o Dia das Filhas de Jó. Conforme nos adiantaram a data é 9 de março, pois é o dia do aniversário da fundadora da Ordem, que é Mãe Mick. Caso não possa ser exatamente neste dia, acertaremos com vocês a melhor data. Registro com satisfação a presença do Senhor Luiz Carlos Simões, meu grande amigo desde a época

17 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo da Vale, para quem peço uma salva de palmas. (Palmas) Agradecemos ao Senhor Luiz Carlos Simões que nos procurou para realizarmos esta sessão. S. S.ª considerou importante essa data ser lembrada e comemorada. Hoje não será um dia de homenagens, pois precisamos mostrar à sociedade capixaba o que é a Ordem DeMolay, o que fazem, por quem é formada, a que se propõe. Atendendo ao pedido do Senhor Luiz Carlos Simões, falaremos um pouco sobre a Ordem DeMolay, mas quem falará realmente será o Senhor Laio Verbeno Sathler, que nos dará uma aula. Conhecemos um pouco sobre essa Ordem, por isso nos sentimos motivada a comemorar o Dia do DeMolay por intermédio de uma lei existente nesta Casa. Foi elaborado um projeto de lei e hoje está em vigor, portanto este dia faz parte do calendário oficial do Estado do Espírito Santo. O Senhor Laio Verbeno Sathler explanará não apenas para mim, que sei muito pouco, mas para toda a sociedade capixaba, que certamente nos assiste através da TV Assembleia e terá a oportunidade de saber um pouco mais sobre a Ordem DeMolay no Estado do Espírito Santo. Só adiantamos, para todos que nos assistem saberem, que esses jovens ainda no início de sua vida, de sua juventude, dão-nos um belíssimo exemplo ao dedicarem boa parte de sua juventude ao conhecimento, à firmeza, à consolidação do caráter e à construção de uma sociedade democrática com justiça social, que resgate os valores da família, respeite pai e mãe, os avós, os tios e os irmãos. Por isso parabenizamos cada um desses jovens que são esperança para nós na crença de um futuro melhor. Hoje vivemos um momento difícil para nossa juventude. Os jovens - como todos sabem - conquistaram algumas liberdades individuais. Muitos deles se perderam com o individualismo, com a futilidade, com o vício das drogas. Não estão sabendo usar essa liberdade e muitos caíram na criminalidade. Vemos uma juventude carente de ética e de formação de princípios. A Ordem DeMolay vem mostrar exatamente o inverso disso, ou seja, mostra que temos que resgatar esses princípios; é preciso valorizar a família, dar mais ênfase à solidariedade, à fraternidade, aos princípios e aos valores humanitários. A Ordem DeMolay tem o princípio de fortalecer esses elos, especialmente o familiar e o de solidariedade. Com certeza isso trará benefícios futuros para esses jovens que reservam um bom espaço da sua juventude - poderiam estar se divertindo, brincando, mas não estão - para consolidar o caráter e aprender coisas que realmente resgatarão esses valores importantes. Tudo isso terá um retorno muito bom e promissor para as famílias desses jovens, mas especialmente para cada um dos que estão presentes nesta sessão especial. Sabemos o que é um jovem se tornar um adulto com boa formação, que respeite sua mulher, seus filhos, que tenha carinho e valorize os pais, que tenha amor e respeito pelos avós, que respeite as leis do nosso Estado, que respeite as pessoas, que conheça os seus direitos, porque isso é ser cidadão; mas também cumpra com os seus deveres, dando exemplo que a lei tem que ser cumprida. A lei precisa ser feita em benefício da sociedade e daqueles que precisam dela, que precisam do Poder Público, de ações dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para ter espaço na sociedade. Temos certeza de que a Ordem DeMolay prima por isso: para que toda juventude tenha oportunidade; não apenas aqueles que vêm de boas famílias, de pais zelosos, cuidadosos, que mostram um bom caminho. Mas que haja oportunidade para todos, para o menino pobre, para o jovem que não tem expectativa de vida, ou seja, que os pobres também tenham oportunidades e expectativas de uma vida melhor, tenham bom emprego, boa educação e saúde, para que junto com vocês ajudem a construir uma sociedade melhor, pois é isso que queremos e precisamos. Convidamos todos os jovens presentes para um grande ato que estamos preparando para o Estado do Espírito Santo e certamente acontecerá na Cidade de Vitória. Convidamos toda a Maçonaria Capixaba, toda a Ordem DeMolay e as Filhas de Jó para comparecerem amanhã, às 15h, à grande sessão especial na qual discutiremos os impactos nas finanças dos municípios capixabas em decorrência da emenda de autoria do Deputado Federal Ibsen Pinheiro, que é gaúcho e fez uma emenda que visa dar um tratamento igualitário na partilha dos royalties do petróleo. Não sabemos se todos têm o conhecimento que o Espírito Santo é o segundo Estado que mais produz petróleo no Brasil e o segundo a arrecadar royalties. Teremos uma perda aproximada de quatrocentos milhões por ano, caso a emenda de autoria do Deputado Federal, Senhor Ibsen Pinheiro, seja aprovada no Congresso Nacional. Essa emenda já foi aprovada na Câmara dos Deputados, está em discussão no Senado e se for aprovada o Estado do Espírito Santo terá um grande prejuízo. Hoje estava febril e com muita dor de cabeça porque ontem tomei muita chuva acompanhando o Governador Paulo Hartung, os deputados estaduais e federais no megaevento realizado no Estado do Rio de Janeiro, a passeata contra a redistribuição dos royalties do petróleo. Um evento onde não havia menos de cento e cinquenta mil pessoas. O Rio de Janeiro parou porque as pessoas sabem o que significa perder cinco bilhões do orçamento provenientes dos recursos dos royalties do petróleo, da extração do petróleo. É uma grande perda para a economia do Estado. Havia representantes de todos os municípios do Rio de Janeiro. A passeata saiu da Candelária e foi até a Cinelândia. Chamo a Cinelândia de Amarelinho porque conheço os restaurantes da região da Cinelândia. Aconteceu um megaevento em frente à Câmara de Vereadores, com o povo cantando Cidade Maravilhosa e dizendo que o petróleo era de todos os brasileiros, mas que a maior parte dos royalties deveria ficar nas cidades que realizam a extração. Todas as pessoas presentes neste Plenário devem conhecer o Município de São Mateus. O que esse município deve aportar para receber as pessoas que trabalham na extração do petróleo? É preciso mais escolas; mais investimento na Saúde; em casas populares porque recebem muitos peões. As cidades

18 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 também recebem pessoas com melhor qualificação, como engenheiros, químicos e técnicos que trabalham nas plataformas. É preciso um arcabouço montado para atender às pessoas. É claro que terão mais demanda, mais dispêndio financeiro. Caso uma cidade impactada por uma exploração dessas tenha tratamento igual a uma cidade que está numa região distante, então iremos querer que dividam os recursos provenientes do minério de ferro extraído no Estado de Minas Gerais. Não temos nada contra os mineiros. Trabalhamos na Vale com o Senhor Luis Carlos Simões e sabemos o quanto o Estado do Espírito Santo serviu de barreira para que Minas Gerais não tivesse suas divisas repassadas pelo mar, servindo de escudo. Por isso teve um desenvolvimento bem posterior, comparando-se com outros estados brasileiros da Região Sudeste. Ficamos para trás. E agora que demos um salto de qualidade na área de investimentos, que atraímos para nosso Estado várias empresas, estamos crescendo e desenvolvendo, tendo como comandante no nosso Estado o Governador Paulo Hartung, cai uma bomba dessas que, certamente, sangrará o coração do povo capixaba. Por isso convidamos as pessoas presentes nesta sessão especial porque possuem um compromisso com a sociedade do nosso Estado e com nosso povo para se unirem a nós na reunião que faremos amanhã nesta Casa, às 15h, para darmos também um grito de Salve Espírito Santo! Essa covardia não pode ser feita com nosso povo porque não merecemos o empobrecimento e também queremos para nós a riqueza que este País produz. Agradecemos a descoberta de diversas bacias de petróleo no litoral que dão costas para o Estado do Espírito Santo. Com muita alegria vemos o mar capixaba, mas outros Estados também possuem beleza e não a vemos porque estamos no nosso Estado. O povo do interior do Estado do Espírito Santo nem sempre tem condição de ver o mar. Desta forma, o que o Deputado Federal Ibsen Pinheiro disse é uma ofensa para nós. S. Ex.ª disse que não sabe por que reclamamos, pois temos o mar para ver, temos o litoral, e não há motivos para reclamarmos a perda desse dinheiro. Porém, sabemos que esse dinheiro é muito importante para o desenvolvimento e o crescimento do nosso povo. Convoco os presentes neste Plenário para essa atitude cívica e de patriotismo. Tenho certeza de que posso contar com a Maçonaria Capixaba, com a Ordem DeMolay e com as Filhas de Jó. Muito obrigada a todos que nesta noite estão conosco. Meu profundo agradecimento à Ordem DeMolay. Podem contar comigo para continuar comemorando o dia da Ordem DeMolay, como o fiz por meio da Lei n. o 8.831/2008, e também para outras coisas que julgarem do interesse de todos. Obrigada meninas da Ordem Internacional do Arco-Íris, por estarem conosco. (Palmas) Peço novamente às meninas - nossas convidadas, que estão nas galerias, da Ordem Internacional do Arco-Íris, que desçam e se juntem aos nossos valorosos rapazes DeMolay. Muito obrigada, que a palestra seja bastante esclarecedora tanto para vocês que já conhecem a Ordem DeMolay quanto para nós capixabas, sedentos e ávidos por um conhecimento melhor desta Ordem. Obrigada, um beijo no coração. (Muito bem!) (Palmas) O CERIMONIALISTA (SÉRGIO SARKIS FILHO) A partir deste momento a Senhora Deputada Janete de Sá, proponente desta sessão especial, conduzirá os trabalhos da palestra sobre a Ordem DeMolay. A SR. a PRESIDENTA (JANETE DE SÁ) Por uma decisão da Mesa, primeiramente ouviremos a palestra do Mestre Conselheiro Estadual Laio Verbeno Sathler e, em seguida, o Grão-Mestre Aídes Bertoldo da Silva fará a fala final acerca desta homenagem. Concedo a palavra ao jovem Laio Verbeno Sathler. Pode usar a tribuna, se assim desejar, porque a tribuna desta Casa de Leis, nesta sessão, é da família maçônica, é da Ordem DeMolay. O SR. LAIO VERBENO SATHLER (Sem revisão do orador) - Cumprimento V. Ex. a, Senhora Deputada Janete de Sá, ilustre pessoa que tornou possível esta nobre sessão especial. Cumprimento também os Tios Senhores Eraldo Sala Lima, Grande Mestre Estadual Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo; Aídes Bertoldo da Silva, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo; Sérgio Gianordoli, Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo; Hélio José dos Santos, Grande Mestre Estadual da Ordem DeMolay para o Estado do Espírito Santo, notável pessoa, por meio de quem estendo os cumprimentos a todos os maçons DeMolays e demais presentes nesta sessão. Estado do Espírito Santo, boa-noite. Hoje venho lhes falar de nossa admirável instituição e sua parcela de contribuição para a sociedade. A Ordem DeMolay é uma instituição fraternal, para jovens, do sexo masculino, com idade compreendida entre dois e vinte e um anos de idade. Fundada nos Estados Unidos em 1919, pelo Maçom Frank Sherman Land é patrocinada e apoiada pela Maçonaria oficialmente desde Seu nome e filosofia são inspirados na heróica história de Jacques DeMolay, o último Grão- Mestre da Ordem dos Templários instituição formada por Cavaleiros que protegiam os peregrinos cristãos durante as Cruzadas por seu valioso exemplo de fidelidade e companheirismo. Jacques DeMolay foi perseguido pela Inquisição da Igreja Católica, preso numa sexta-feira, dia 13 de abril de 1307 e queimado vivo publicamente em frente à Igreja de Notre Dame, em Paris, no dia 18 de março de 1314, por ordem do Rei da França, Felipe IV, também conhecido como Felipe, O Belo, após ser injustamente acusado de heresia e infidelidade à Igreja e ao Rei. Felizmente vivemos em tempos de harmonia e tolerância, em que usamos como base a experiência do passado e os ensinamentos filosóficos aprendidos, para que hoje possamos construir uma juventude saudável e livre de dissipações. A Ordem DeMolay é uma instituição que visa lapidar o caráter do jovem para que, ao atingir a maioridade, possa contribuir com o desenvolvimento

19 Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 Diário do Poder Legislativo da comunidade onde esteja inserido. É um ambiente fraternal, seguro e sadio. Foi criada e é mantida pela Maçonaria, sendo o apoio maçônico imprescindível para sua existência e manutenção. A Ordem inspira-se nas sete virtudes cardeais: o Amor Filial, que é o amor de pai para filho; Reverência pelas coisas Sagradas, porque apesar de não sermos uma religião, a Ordem DeMolay respeita qualquer credo religioso; Cortesia, que é o sentimento de amizade e de tranquilidade que passamos a todos os cidadãos, aos jovens e aos idosos; Companheirismo, virtude que faz com que estejamos ligados em todo o mundo; Fidelidade, porque um DeMolay não pode nunca, por motivo justificado ou não, ser falso aos seus votos, às suas promessas, seus amigos e ao seu Deus; Pureza, a pureza de todas as palavras, pensamentos e ações e o Patriotismo, que é o emblema que mais nos orgulha de sermos DeMolay e brasileiros. Guiados por esses ensinamentos, disseminamos na sociedade jovens de bom caráter, que juraram lutar pela manutenção da liberdade civil, da religiosa, da política e intelectual, e ainda pela proteção das escolas e instituições públicas cuja garantia de nossa segurança é fonte única e verdadeira da democracia de um governo do povo, pelo povo e para o povo. O dia 24 de março de 1919 foi a data na história que deu nascimento à Ordem DeMolay, onde inicialmente nove jovens tiveram a ideia de criá-la, juntando-se com outros, reunindo-se num total de trinta e um jovens num Templo Maçônico, onde oficialmente mudaram para sempre a trajetória de milhares de outros jovens, como os que se encontram presentes neste Plenário. Durante os anos seguintes, entretanto, a data de 18 de março, que no passado havia presenciado a morte de Jacques DeMolay, tornou-se significativamente um dia de reverência ao herói, data essa que a Ordem DeMolay tomou também para si. O pequeno clube de amigos cresceu e tornouse a maior organização fraternal juvenil do mundo. Está presente em várias nações como Alemanha, Austrália, Bolívia, Brasil, Canadá, Colômbia, Estados Unidos, Filipinas, Itália, Japão, México, Países Baixos e Panamá. Cerca de quatro milhões de jovens, engenheiros, jornalistas, aeronautas, enfim, profissionais bem sucedidos que dão sua parcela de contribuição à sociedade. Ilustres pessoas, como o ex-presidente americano Bill Clinton, personagens famosos como Walt Disney, o ator John Wayne, o astronauta Frank Borman, atletas brasileiros como o jogador de vôlei Dante e o ex-goleiro da seleção brasileira de futebol Zé Carlos, o famoso cantor Matheus da dupla Jorge e Matheus e muitos outros. Tornamo-nos uma escola de líderes que se preocupa diariamente com a conscientização e a preparação desses jovens, pois num futuro próximo serão eles que governarão e promoverão o desenvolvimento de nosso País Desde 1985 a Ordem DeMolay atua no Brasil. Desde então, mais de duzentos mil brasileiros iniciaram nessa fraternidade. Estão espalhados por todo o território brasileiro e a maioria continua de alguma forma contribuindo para o crescimento e o engrandecimento de nossa nação. Chegou ao Estado do Espírito Santo oficialmente no dia 11 de agosto de 1990, por intermédio da fundação do Capítulo Vitória, e hoje está espalhada por todo Estado, com Capítulos instalados nos Municípios de São Gabriel da Palha, Mantenópolis, Barra de São Francisco, Linhares, Colatina, Aracruz, Santa Teresa, Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Guarapari, Anchieta, Guaçui, Alegre e ainda continua se expandindo. Trabalhar em prol da sociedade é um lema para nós, já dizia o sábio DeMolay e Maçom Wilton Cunha: Para ser útil à sociedade não é necessário ser DeMolay, mas para ser DeMolay é necessário ser útil à sociedade. Por isso a Ordem DeMolay apoia diversos projetos sociais como campanha de doação de sangue e cadastramento de medula óssea; campanha nacional do agasalho; campanha em apoio ao sistema de escolas públicas; campanhas de arrecadação de alimentos, roupas, materiais de limpeza, materiais escolares para doar a instituições de caridade; campanha nacional Papai Noel dos Correios; campanha contra o alcoolismo e o uso de drogas; campanha de conscientização ambiental e projetos ousados, por intermédio do uso de recursos próprios como criação de um fundo nacional para custear bolsas de estudos para DeMolays; criação de uma plataforma para cadastramento de currículos; criação de meios de veiculação de informações como uma rádio e revista de circulação nacional, para que os jovens DeMolays possam ser inseridos no mercado de trabalho. Inúmeros são os projetos que a Ordem promove e participa, pois está presente em todas as regiões do País e cada Capítulo trabalha regionalmente para aplicação desses e de muitos outros projetos. A Ordem DeMolay está consolidada no Brasil e no mundo. Instituições como a Organização das Nações Unidas reconhecem o quão importante é. Em 2007, por intermédio da proposta da ilustre Deputada Janete de Sá, a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, por meio da Lei n.º 8.774, instituiu o Dia Estadual DeMolay, sendo sua redação alterada no dia 14 de março de 2008, pelo então Governador Paulo Hartung, por meio da Lei n.º 8.831, para que se comemore anualmente no dia 18 de março o Dia Estadual DeMolay. No dia 19 de janeiro de 2010 o Senhor Luís Inácio Lula da Silva, então Presidente da República Federativa do Brasil, por intermédio da Lei n.º , instituiu o dia 18 de março como o Dia Nacional do DeMolay. Tio Frank Shermann Land certa vez disse o seguinte: Se trabalharmos sobre o mármore, um dia ele acabará. Se trabalharmos sobre o metal, um dia o tempo o consumirá. Se erguermos templos, um dia se tornarão pó. Mas, se trabalharmos sobre almas jovens e imortais, se nós as imbuirmos com os princípios de justo temor ao Criador

20 Diário do Poder Legislativo Vitória-ES, segunda-feira, 05 de abril de 2010 e amor à humanidade, nós gravaremos sobre essas almas algo que brilhará eternamente. Daqui a cem anos pouco importará o quanto tenhamos acumulado no banco; que tipo de casa, palacete ou carro possuímos, mas o mundo poderá ser diferente, talvez porque fomos importantes na vida dos jovens. Isso prova que a morte de nosso herói, Jacques Demolay, não foi em vão. Seu heroísmo, hoje, é representado por cada integrante dessa Ordem e estes estão espalhados nos quatro cantos do mundo, garantindo que esses valorosos ensinamentos continuem sendo difundidos. O dia 18 de março sempre será a data em que comemoraremos o Dia DeMolay, mas será também o dia em que lembraremos que o progresso desta e de outras nações sempre tiveram o apoio e o trabalho da maior organização juvenil do mundo: a Ordem DeMolay. Obrigado. (Muito bem!) (Palmas) A SR.ª PRESIDENTA (JANETE DE SÁ) Solicito aos pais de Laio Verbeno Sathler, João Batista Sathler e Lucimar Mendes Verbeno Sathler, que fiquem de pé. Laio é um grande menino. (Palmas) Obrigada, Laio. Você nos concedeu informações muito importantes. Sabemos que há um regulamento para entrar na Ordem, mas como sua fala foi muito interessante, certamente alguns jovens, impressionados, irão procurá-la. Convido os jovens da Ordem DeMolay, que acabaram de ouvir o pronunciamento de Laio Verbeno Sathler, para que, de pé, recebam uma salva de palmas. E solicito ao cameraman que os focalize, a fim de que os telespectadores da TV Assembleia possam conhecêlos. (Palmas) (O cameraman focaliza os jovens) A SR.ª PRESIDENTA (JANETE DE SÁ) Convido as jovens da Ordem Paramaçônica Filhas de Jó, que vieram a esta sessão prestigiar os jovens DeMolay, para que, de pé, recebam uma salva de palmas. (Palmas) Convido as jovens da Ordem Paramaçônica Internacional do Arco-Íris para que também, de pé, recebam uma salva de palmas. (Palmas) Como são bonitos estes jovens presentes neste Plenário. Esta sessão me dá a certeza de que nossa juventude tem jeito. Vejo isso no rosto de cada um e percebi na fala brilhante do Laio Verbeno Sathler, que não é um jovem, mas um homem preparado para enfrentar os desafios. Não tenho dúvida. Tenho a grata satisfação de ser mãe de dois rapazes geniais, bonitos e brilhantes como o Laio. Danilo é dentista e neste momento está trabalhando, e João Vitor, que deve estar fora do Plenário. Estou muito feliz por estar nesta sessão com vocês. Esta é uma noite muito grandiosa para nós que somos pais e acreditamos na juventude. Concedo a palavra ao Grande Mestre Estadual da Ordem DeMolay, Senhor Hélio José dos Santos. O SR. HÉLIO JOSÉ DOS SANTOS (Sem revisão do orador) Ex. ma Deputada Janete de Sá, proponente desta sessão especial; Aídes Bertoldo da Silva, sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo; irmão Heraldo Salla Lima, eminente Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica; Sérgio Gianordoli, Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo, e sobrinho Laio Verbeno Sathler, Mestre Conselheiro Estadual, por meio de quem saúdo a todos os DeMolays presentes nesta sessão. Saúdo também a Ordem Paramaçônica Estrelas do Oriente, que tem Lucimar Almeida de Souza Ferreira, Deputada da Ordem Estrelas do Oriente, e Vânia Aparecida Casagrande Martelli, como suas representantes nesta sessão especial. Igualmente saúdo as Meninas do Arco-Íris, as Filhas de Jó e os demais convidados. É o começo que é mais importante. Essa frase com a qual inicio minha fala é do fundador da Ordem DeMolay, o maçom Frank Sharman Land. Com esse pensamento ele fundou a Ordem DeMolay pensando exatamente no progresso e crescimento dos jovens. Frank Sharman Land percebia, naquela oportunidade, a importância de valorizar a juventude, mas que fosse sobre princípios nobres, enfim, que lhes proporcionasse uma vida virtuosa. Unem esses jovens entre doze e vinte e um anos a prática das excelsas virtudes do amor filial, a reverência por tudo que é sagrado, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo. Segundo Sócrates, a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. A Ordem DeMolay tem como exemplo o mártir Templário, Jacques Demolay, pela sua lealdade e companheirismo. Como cavaleiros defensores da boa causa levantamos o estandarte da prática das sete virtudes Cardeais, já mencionadas, como basilares à formação de todo e qualquer cidadão livre e consciente de suas obrigações com Deus, com a pátria e com a família. Assim prescreve a ética de um DeMolay: - Um DeMolay serve a Deus; - Um DeMolay honra todas as mulheres; - Um DeMolay ama e honra seus pais; - Um DeMolay é honesto; - Um DeMolay é leal a ideal e amigos; - Um DeMolay executa trabalhos honestos; - Um DeMolay é cortês; - Um DeMolay é sempre um cavalheiro; - Um DeMolay é um patriota tanto em tempo de paz quanto em tempo de guerra;