AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS DE CAMPINA GRANDE-PB

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1 AUTOMEDICAÇÃO EM IDOSOS DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DE APOSENTADOS E PENSIONISTAS DE CAMPINA GRANDE-PB SELF-MEDICATION IN THE ELDERLY LIVING CENTER RETIREES AND PENSIONERS OF CAMPINA GRANDE-PB Albaneide Lima RODRIGUES 1, Claudiane Silva BORGES 1, Ruth Véras BARBOSA 1 1. Alunos do Curso de Biologia da UVA/UNAVIDA. benezes@hotmail.com Resumo: A prática da automedicação tem preocupado os vários setores da saúde no Brasil. Idoso compõe o grupo etário mais medicado na sociedade. Por isso o estudo teve por objetivo identificar as consequências associadas às práticas da automedicação em idosos acima de 60 anos de idade. Para isto foi aplicado um questionário semiestruturado durante o mês de abril de 2011 com 35 idosos atendidos pelo Centro de Convivência de Campina Grande-PB. Os 35 pesquisados são residentes na cidade de Campina Grande-PB; a maioria do sexo feminino (90%) com idade entre 60 e 65 anos (45,7%). A maioria (91,4%) se automedicava sendo as principais doenças hipertensão (80%), problemas circulatórios (62,9%) e insônia (54,3%). Os idosos de Centro de Convivência em Campina Grande-PB ainda têm a prática de automedicação sem medo ou receios de efeitos adversos, sem uso de prescrição médica e para diversos problemas, dentre eles, problemas cardíacos, circulatórios que necessitam de um acompanhamento médico e que existem nos Programas de Saúde na Família. Palavras-chave: Automedicação, Idosos, Uso de Medicamentos. Abstract: The self-medication has worried the various health sectors in Brazil. Elderly age group makes up the most medicated society. Therefore the study aimed to identify the consequences associated with the practice of self-medication in the elderly over 60 years of age. For this purpose a questionnaire was semistructured during the month of April 2011 with 35 seniors served by the Family Center of Campina Grande-PB. The 35 respondents are living in the city of Campina Grande-PB, while most females (90%) aged between 60 and 65 (45.7%). The majority (91.4%) were self-medicated with major diseases hypertension (80%), circulatory problems (62.9%) and insomnia (54.3%). Elderly Living Center of Campina Grande-PB also has a practice of self medication without fear or fear of adverse effects without the use of prescription drugs and for several problems, among them heart problems, circulatory who need medical monitoring and exist in the Family Health Programs. Keywords: Self-medication, Elderly, Drug Use. 1 INTRODUÇÃO O uso de medicamentos disponíveis sem receita é hoje geralmente aceito como parte integrante como sistema de saúde (SOUSA, SILVA e NETO, 2008). Várias são as maneiras de automedicação ser praticada: adquirir o medicamento sem receita, compartilhar remédios com outros membros da família ou do circulo social, 30

2 reutilização de antigas receitas e descumprir a prescrição profissional, prolongando ou interrompendo precocemente a dosagem e o período de tempo indicado na receita (ARRAIS et al., 1997; VILARINO et al., 1998). Haja vista os dados publicados referentes aos casos de intoxicação e envenenamentos (estatística anual), que demonstram que os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre as intoxicações humanas registradas pela rede formada pelos 31 centros de informações toxicológicas no Brasil (SINITOX, 2000). Segundo BORTOLON et al., (2008), Os idosos são provavelmente o grupo mais exposto a polifarmacoterapia na sociedade. Estima-se que 30% das admissões hospitalares de pacientes idosos, e segundo os estudos as mulheres idosas tem maior índice em (PRM s) Problemas Relacionados a Medicamentos. E o que tem levados a essa pratica da automedicação e a dificuldade de acesso a serviços de saúde são ainda hoje os fatores positivos que contribuem para automedicação, que em 80 milhões de pessoas no Brasil que praticam a automedicação, 20 mil morrem ao ano em sua decorrência, e nos idosos esses casos apresenta peculiaridades em relação ao uso de medicamentos, devido a alteração da massa corporal, com diminuição da proporção de água diminuição das taxas de excreção renal e do metabolismo hepático, tendendo a aumentar as concentrações plasmáticas dos medicamentos, incrementando as taxas de efeitos tóxicos, cerca de 10% e 20% no Brasil nas internações hospitalares. De acordo com ARRAIS et al., (1997) e VILARINO et al., (1998), No Brasil a baixa escolaridade e desinformação sobre o uso correto dos medicamentos, torna-se a automedicação um risco. Além disso, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêutica Abifarma, o não cumprimento da obrigatoriedade da apresentação de receita medica faz com que existam no Brasil cerca de 80 milhões de pessoas adeptas da automedicação (IVANNISSEVICH, 1994). A situação atual, no contexto da automedicação, mostra a necessidade da realização de campanhas informativas e conscientizadoras da população, quanto ao uso correto das diversas medicações disponíveis no mercado, sendo imprescindível a participação ativa de profissionais da área de saúde, sobretudo médicos e farmacêuticos (SERVIDONI et al.,2006). 31

3 O estudo teve por objetivo identificar as consequências associadas as práticas da automedicação em idosos acima de 60 anos no Centro de Convivência em Campina Grande PB. 2 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa prioriza a abordagem qualitativa, entendendo que esta oferece maior possibilidade de percepção da realidade em estudo. De acordo com Minayo (2000) a pesquisa qualitativa possibilita aos entrevistados expressar-se livremente acerca de um determinado tema, expondo suas ideias, sendo aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos. Foi aplicado um questionário semiestruturado durante o período de abril de 2011 com os idosos atendidos pelo Centro de Convivência de Campina Grande-PB. O trabalho, porém, compreendeu uma pesquisa empírica e de caráter qualitativo conforme Lüdke e André (1986), que ocorreu os idosos atendidos pelo Centro de Convivência em Campina Grande-PB. Para se realizar um levantamento dos dados foi aplicado 35 questionários semiestruturado. Para cumprir os requisitos da Bioética em conformidade com o que preconiza Celistre (2002), os entrevistados foram identificados por códigos conforme a sequência de coleta de dados (P1, P2,...,). O período de aplicabilidade do questionário ocorreu no mês de abril de 2011, utilizando como corte amostral 35 idosos. Foi, portanto, entregue a cada pesquisado, um questionário semiestruturado aplicados e recolhidos no intervalo de uma semana, tempo necessário para os informantes apresentarem suas respostas. Em seguida foi realizada a tabulação dos dados obtidos e consequentemente, a elaboração dos gráficos para fins de demonstração percentual dos resultados adquiridos. Antes do início da aplicação dos questionários foi explicado aos informantes o objetivo da pesquisa, e apresentado o Termo de Esclarecimento e Termo de Consentimento da liberdade em participar deles, a garantia do anonimato e da não relação com notas escolares. As informações dos questionários foram transcritas e inseridas para apresentação em tabelas, sendo os resultados apresentados através da estatística descritiva e expostos em gráficos e tabelas. 32

4 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 35 entrevistados todos são residentes na cidade de Campina Grande-PB; 90% deles são do sexo feminino com idade entre 60 a 65 anos de idade (45,7%) (Figura 1). Figura 1. Faixa etária dos pesquisados Quantidade > 76 Faixa Etária Resultados semelhantes foram encontrados por Fanhani et al., (2007) no estudo sobre consumo de medicamentos por idosos atendidos em um centro de convivência no noroeste do Paraná, onde verificou-se que 66% pertenciam ao sexo feminino, sendo a faixa etária de maior prevalência de 60 a 75 anos totalizando (81%). A maioria (91,4%) se automedicava (Figura 2), em especial com medicamentos de venda livre e por plantas medicinais. Figura 2. Uso de medicamentos por parte dos pesquisados. 8,6 91,4 Sim Não 33

5 Comparando nossos dados com outro estudo, Galato, Falchetti e Cascaes (2008) verificaram que os 77 idosos pesquisados por eles possuíam diversos problemas de saúde e que utilizavam em média de 0 a 11 medicamentos. Onde a maioria (80,5%) se automedicava, em especial com medicamentos de venda livre (analgésicos) e por plantas medicinais. Sendo estas alternativas adotadas principalmente pela praticidade e por considerarem seus problemas de saúde simples. A faixa etária e o uso dos medicamentos corroboram com os estudos de Sá, Barros e Sá (2007) com os idosos em Salgueiro-PE. Quanto à frequência, pelo menos 40% dos pesquisados tomam pelo menos um tipo de medicamento por dia, conforme a Figura 3. Figura 3. Uso de medicamentos por parte dos pesquisados. 14 Quantidade >3 Quantidade de medicamento por dia Segundo Goodman (1996), com o envelhecimento humano, aumenta a probabilidade de ocorrência de doenças crônicas, por isso o número de pessoas idosas que utilizam mais medicamentos, em relação aos adultos jovens é maior. Sendo estas alternativas de automedicação adotadas principalmente pela praticidade em adquirir os medicamentos e pelo fato dos problemas de saúde serem considerados normais para a faixa etária, sendo os principais, hipertensão (80%), problemas circulatórios (62,9%) e insônia (54,3%). (Figura 4). 34

6 Figura 4. Tipo de doenças que os pesquisados de automedicam. Asma Febre Circulatório Doenças Depressão Osteoporose Artrite Gripe Quantidade De um modo geral, idosos são portadores de múltiplos problemas médicos coexistentes, em média, o número de condições crônicas, como, osteoartrite, dispnéia ao esforço ou diminuição da acuidade visual aumentava de 4,6 para 5,8 entre os 65 e 75 anos de idade (HORAN, 1993). A influência descrita pelos idosos para esta pratica é principalmente exercida pelos médicos que já indicaram o medicamento algumas vezes anteriores (54,2%) e por está com o mesmo problema (40%) (Figura 5). 35

7 Figura 5. Quem faz com os pesquisados se mediquem. Quantidade Médico Doente Familia Outros Indicação para o uso do medicamento Quanto às distorções na prescrição médicas, é possível afirmar que, mais do que em qualquer outro grupo etário, os medicamentos são indicados para os idosos sem haver clara correspondência entre a doença e a ação farmacológica. Eles são, equivocadamente, empregados como sucedâneos das mudanças para um estilo de vida mais saudável, e geralmente a prescrição é impulsionada pelo valor simbólico dos medicamentos (ROZENFELD e VALENTE, 2004). Quando indagados sobre a prescrição médica para usar estes medicamentos apenas 28,6% afirmaram ter prescrição médica (Figura 6). Figura 6. Prescrição do uso dos medicamentos por parte dos pesquisados. 28,6 71,4 Sem prescrição Com prescrição Corroborando com os nossos dados Flores e Mengue (2005), no estudo com o uso de medicamentos por idosos em região do sul do Brasil, inferiram que (33%) dos pesquisados, haviam usado medicamentos sem consultar um médico e a principal causa para tal ação foi 36

8 dor não especificada (53%). Em relação a olhar receitas antigas para buscar medicamentos prescritos anteriormente, 34 (16%) confirmaram a ação. Sobre os riscos e medos de terem um efeito adverso e um perigo de contra indicação a maioria afirmou não ter ou não existir este risco pois são acostumados a usar esses medicamentos (Figura 7). Figura 7. Medo de contra indicação dos medicamentos por parte dos pesquisados. 34,3 65,7 Não Sim De acordo com Passarelli (2006) o uso de medicamentos inapropriados é um dos principais fatores de risco para reações adversas a medicamentos em indivíduos idosos. O número frequentemente elevado de medicamentos em pacientes idosos está inclusive associado ao risco do emprego de medicamento inapropriado: para cada quatro medicamentos prescritos, um deles é inapropriado. Ao serem questionados se ao tomarem os medicamentos terminam o tratamento a maioria afirmou tomar o medicamento até os sintomas desaparecerem (Figura 8). Figura 8. Término do uso dos medicamentos por parte dos pesquisados. 60% 40% Fim do Tratamento Acabar os sintomas 37

9 A utilização de medicamentos e tratamentos prescritos por pessoas não capacitadas podem ser extremamente perigosos. Todo o remédio pode apresentar efeitos colaterais indesejáveis e provocar problemas graves de saúde. Por isso a prescrição e suspensão deve ser realizada e supervisionada por um profissional capacitado (VARELLA, 2010). 4 CONCLUSÕES No presente estudo inferiu-se que, os idosos de Centro de Convivência em Campina Grande-PB ainda têm a prática de automedicação, sem medo ou receios de efeitos adversos, sem uso de prescrição médica e para diversos problemas, dentre eles, problemas cardíacos, circulatórios que necessitam de um acompanhamento médico e que existem nos Programas de Saúde na Família. 5 REFERÊNCIAS ARRAIS, P. S. D.; COELHO, H. L. L.; BATISTA, M. C. D. S.; CARVALHO, M. L.; RIGHI, R. E.; ARNAU, J. M. Perfil da automedicação no Brasil. Rev. Saúde Pública, v. 31, n.1, p.71-77, BORTOLON, P. C.; MEDEIROS, E. F. F.; NAVES, J. O. S.; KARNIKOWSKI, M. G. O.; NÓBREGA, O. T. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciênc. Saúde Coletiva.13(4): p , CELISTRE. S. S. Os ciclos de formação no ensino público em Pernambuco Dissertação (Mestrado em Educação), Pernambuco, UFPE, FANHANI, H. R.; TAKEMURA, O. S.; CUMAN, R. K. N.; SEIXAS, F. A. V.; ANDRADE, O. G. Consumo de medicamentos por idosos atendidos em um centro de convivência no noroeste do Paraná, Brasil Consumo de medicamento por idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. [online]. v. 10, n. 3, pp , FLORES, L. M.; MENGUE, S. S. Uso de medicamentos por idosos em região do sul do Brasil, Rev. Saúde Pública, 39(6), 924-9, GALATO, D.; FALCHETTI, M. L.; CASCAES, E. A. Perfil da automedicação em idosos participantes de grupos da terceira idade de uma cidade do sul do Brasil. Arquivos Catarinenses de Medicina, 37(1): 63-69, Gerontol. [online]. v. 10, n. 3, pp , GOODMAN, L. S. As bases farmacológicas da terapêutica. Rio de Janeiro: McGriw-Hill, HORAN, M.A. Presentation of disease in old age. In: BROCKLEHURST, J. C.; TALLIS, R. C.; FILLIT, H. M.vTextbook of geriatric medicine and gerontology.4. ed. Edinburgh, Churchill Livingstone, p ,

10 IVANNISSEVICH, A. Os perigos da automedicação. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 jan., LÜKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec, p. PASSARELLI, M. C. G. Medicamentos inapropriados para idosos: um grave problema de saúde pública. Boletim Informativo de Vigilância Sanitária, n. 2, junho, ROZENFELD, S.; VALENTE, J. Estudos de utilização de medicamentos considerações técnicas sobre coleta e análise de dados. Epidemiol Serv Saúde, 13:115-23, SÁ, M. B; BARROS, J. A. C; SÀ, M. P. B. O. Automedicação em idosos na cidade de Salgueiro-PE. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 10, n. 1, p SERVIDONI, A. B.; COELHO, L.; Navarro, M. L.; ÁVILA, F. G.; MEZZALIRA, R. Perfil da automedicação nos pacientes otorrinolaringológicos. Rev. Brasileira de otorrinolaringologia. v. 72, n. 1, São Paulo, Jan./Feb SINITOX. Sistema Nacional de Informações Toxico-Farmacológicas, Estatística anual de casos de intoxicação e envenenamento. Rio de Janeiro, Sousa, H.; Silva, J.; Neto, M. A importância do profissional farmacêutico no combate à automedicação no Brasil. Revista Eletrônica de Farmácia. n. 5, p , VARELLA, D. Entrevista. Automedicação e autoprescrição Disponível em:< Acesso em: 19 Jan., VILARINO, J. F, SOARES, I. C.; SILVEIRA, C. M.; RÖDEL, A. P. P.; BORTOL, R.; LEMOS, R. R. Perfil da automedicação em município do sul do Brasil. Rev Saúde Pública, 32:43-9,