Materiais de Acabamentos para Construção
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- Amadeu Affonso Azenha
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1 Materiais de Acabamentos para Construção PROJETO DE REVESTIMENTOS DE FACHADAS 1 Introdução O QUE É PROJETAR? 2
2 Introdução PROJETAR É PENSAR ANTES... PARA PLANEJAR E CONTROLAR MELHOR E NÃO IMPROVISAR NA HORA DE FAZER. Fonte: Cavani(2010) 3 Introdução PROJETAR É PROCURAR ANTECIPAR DECISÕES NECESSÁRIAS PARA EXECUTAR. Fonte: Cavani(2010) 4
3 Introdução PROJETAR É PREVER E CONHECER PREVIAMENTE SITUAÇÕES, CUSTOS E PRAZOS 5 Introdução O PENSAR É PROJETAR, NÃO IMPORTANDO A FERRAMENTA UTILIZADA. Fonte: Cavani(2010) 6
4 Introdução Objetivos da aula: entender a importância do projeto de revestimentos de fachada como forma de otimizar a execução da obra e a prevenção de patologias; conhecer as fases deste projeto; conhecer e identificar os principais detalhes construtivos que compõem o mesmo Projeto: conceituação Fonte: Cavani(2010) 8
5 1. Projeto: conceituação PARA QUE SERVE O PROJETO DE REVESTIMENTOS DE FACHADA? 9 1. Projeto: conceituação Nos últimos anos, houve um aumento significativo de patologias nas fachadas, principalmente naquelas revestidas em argamassa com acabamentos em cerâmica, pinturas ou rebocos decorativos. 10
6 1. Projeto: conceituação Os antigos processos executivos dos revestimentos das fachadas: não mais atendem às atuais solicitações decorrentes das características dos novos projetos de arquitetura e estrutura; não levam em conta que este sub-sistema de revestimento é parte integrante do sistema construtivo e que devem ser compatíveis entre si; não levam em conta as condições ambientais durante e após a execução das fachadas, o que pode provocar quadros patológicos que geralmente ocorrem na fase de utilização, causando descontentamento ao usuário Projeto: conceituação O revestimento de fachada é visto, muitas vezes, apenas como uma forma de esconder as imperfeições da base (estrutura e vedações), não sendo valorizadas as suas importantes funções, que são, genericamente, proteger, regularizar e dar acabamento aos elementos de vedação, além de embelezar o edifício. Essa negligência resulta no aumento de problemas patológicos, elevação de custos de produção e desperdícios de mão-de-obra, materiais e tempo. Fonte: Maciel e Melhado(1997) 12
7 1. Projeto: conceituação O projeto de fachada apresenta os seguintes passos: primeiro passo: fornecer toda discriminação das atividades necessárias, a fim de que as decisões sejam planejadas anteriormente, em vez de serem adotadas no canteiro; segundo passo: consiste na elaboração de um memorial descritivo, orientando o pessoal de campo quanto à especificação e compra de materiais e equipamentos, incluindo desde a escolha da argamassa e definição de ensaios necessários, até estocagem, manuseio, transporte e aplicação. Fonte: Nakamura (2004 apud CRUZ, 2009) Objetivos do projeto definir os tipos de revestimentos a serem executados; especificar o tipo das argamassas a serem empregadas em cada um dos tipos de revestimento; definir o número de camadas a serem executadas; especificar o traço de argamassa; especificar materiais e tipos de acabamentos; controlar o recebimento dos materiais; Fonte: Ceotto, Banduk e Nakakura(2005) 14
8 1.1 Objetivos do projeto estudar e definir detalhes arquitetônicos e construtivos que afetam o desempenho dos revestimentos; definir o tipo de acabamento superficial; definir as técnicas a serem utilizadas na execução dos revestimentos; especificar os padrões de qualidade exigidos para os serviços; definir a sistemática de controle de qualidade a ser adotada, além de especificar os requisitos de desempenho a serem atingidos. Fonte: Ceotto, Banduk e Nakakura(2005) Composição do projeto O PROJETO DEVE CONTEMPLAR: A - condicionantes para o projeto; B - desempenho esperado. 16
9 1.2 Composição do projeto projeto do produto: tem-se a definição do traço, em função dos critérios de desempenho, como, por exemplo, as condições de exposição e execução, as características da base e a definição das características geométricas do revestimento, como número e espessura das camadas e juntas de trabalho; projeto do processo: inclui o planejamento da execução e o projeto para a produção do revestimento, envolvendo cronograma de atividades, quantificação dos serviços, previsão de suprimentos, procedimentos para preparo da argamassa, métodos e técnicas construtivas a serem adotadas na aplicação do revestimento, além de disposição e seqüência de atividades e uso e características dos equipamentos. Fonte: Massetoet al. (1998 apud COSTA, 2005) Composição do projeto Projeto de Produto: do que produzir especificação dos materiais; diretrizes de seleção do sistema; projeto gráfico - desenhos; detalhes construtivos. Projeto de Produção: de como produzir procedimentos de execução; procedimentos de controle e inspeção. 18
10 2. Desenvolvimento do projeto Fonte: Cavani(2010) Desenvolvimento do projeto O desenvolvimento de um bom projeto de revestimentos depende da qualidade e disponibilidade dos dados para subsidiar as decisões do projetista. Deve ser iniciado logo após a entrega dos projetos de arquitetura e dos complementares, como estrutura e vedação, ambos em sua etapa preliminar. Nesta fase, a interação do projetista de revestimentos com os demais é maior, diminuindo, portanto, a incompatibilidade de projetos. Deve considerar os seguintes fatores: condições ambientais, arquitetura, estrutura, instalações, vedação, processos construtivos e prazo. Fonte: Ceotto, Banduk e Nakakura(2005) 20
11 2. Desenvolvimento do projeto a. Projeto inicial é finalizado antes do início da execução da alvenaria, em que o projetista apresenta em linhas gerais o partido do projeto, bem como as especificações básicas de desempenho dos materiais. b. Verificação de parâmetros é iniciada após o início da alvenaria. Deverão ser testados e ensaiados os parâmetros definidos no projeto preliminar nas condições de obra, para definição dos produtos e processos, com as suas respectivas marcas a serem utilizadas. Deve-se atentar que esta é a etapa mais demorada do processo, demandando entre 60 a 90 dias para a sua conclusão. Fonte: Ceotto, Banduk e Nakakura(2005) Desenvolvimento do projeto c. Verificação de desvios geométricos da estrutura, definição da mão-de-obra e equipamentos devem ser executadas logo após a conclusão da estrutura. d. Projeto final é concluído antes do início dos trabalhos de revestimento de fachada. Fonte: Ceotto, Banduk e Nakakura(2005) 22
12 2. Desenvolvimento do projeto Figura 1 Diretrizes para desenvolvimento do projeto de revestimento de fachada Fonte: Cavani (2010) Desenvolvimento do projeto Figura 2 Fluxograma do projeto de revestimento de fachada 24
13 2. Desenvolvimento do projeto Figura 3 Desenvolvimento do projeto de revestimentos de argamassa de fachada Fonte: Maciel e Melhado (1997) Projeto de arquitetura O projetista deve observar no projeto de arquitetura: altura da edificação; tipo de acabamento final: -textura; -pintura; -cerâmica; -pedra. 26
14 3. Projeto de arquitetura dimensões dos panos; detalhes: - soleiras, peitoris, pingadeiras; -dimensões e posicionamento dos frisos decorativos, juntas, molduras, apliques e elementos pré-fabricados decorativos; - interface entre revestimentos diferentes; -detalhes da interface da impermeabilização com os revestimentos (térreo, cobertura e terraços) Detalhes construtivos O projeto deve conter todas as definições geométricas e posicionamento dos seguintes detalhes construtivos: frisos e juntas de trabalho; elementos decorativos; pingadeiras; soleiras; guarda-corpos; peitoris. 28
15 4.1 Juntas de trabalho As juntas são definidas com o objetivo de aliviar as tensões provocadas tanto pelo substrato como pelo revestimento. Elas podem ser horizontais e verticais. 1 A localização das juntas deve ocorrer nos encontros da alvenaria com estrutura, nos encontros de dois tipos de revestimentos, nos peitoris ou topos das janelas. 1 O espaçamento entre as juntas varia em função de alguns fatores, como: deformação do substrato, existência de aberturas e condições de exposição. Nas fachadas, recomenda-se que as juntas horizontais (figura 4) estejam localizadas a cada pavimento, enquanto que as verticais a cada 6m para painéis com 24m² Maciel, Barros e Sabbatini(1998 apud CRUZ, 2009) 2. Melhadoet al. (1995 apud CRUZ, 2009) Juntas de trabalho Figura 4 - Perfil recomendado para juntas de trabalho Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998 apud CRUZ, 2009) 30
16 4.1 Juntas de trabalho Figura 5 Detalhe de junta de trabalho Juntas de trabalho Figura 6 Foto de junta de trabalho 32
17 4.1 Juntas de trabalho Cordão de polietileno: impermeável; compressível ; células fechadas. Funções: base do selante, impedir aderência à base e controle de profundidade Diâmetro: maior que a abertura da junta Figura 7 Cordão de polietileno Juntas de trabalho Mastique: à base de resinas acrílicas, apresenta ótimas características de elasticidade, aderência e impermeabilidade, tendo como finalidade o tratamento de trincas e fissuras na recuperação de fachadas de edifícios. Figura 8 Detalhe da junta de trabalho com cordão de polietileno 34
18 4.1 Juntas de trabalho Figura 9 Detalhe genérico de junta de trabalho Fonte: Gripp (2008) Peitoris O peitoril é um detalhe construtivo muito importante, entretanto não é muito considerado na fase de projeto. É responsável pela proteção da fachada contra a ação de águas pluviais. 1 É recomendável que os peitoris avancem na lateral para dentro da alvenaria conforme caso A da figura 10, pelo menos 2,5 cm, evitando que o fluxo de água concentre-se nas suas laterais. Isto provoca o surgimento de manchas de umidade e acúmulo de sujeira, caso B da figura 10, e apresentem um canal na face superior denominado pingadeira. A inclinação deste detalhe deve ser de, no mínimo, 7% Maciel e Melhado(1999 apud CRUZ, 2009) 2. Maciel, Barros e Sabbatini(1998 apud CRUZ, 2009) 36
19 4.2 Peitoris Figura 10 - Detalhe do peitoril Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998 apud CRUZ, 2009) Pingadeiras As pingadeiras correspondem às saliências da fachada que tem a finalidade de escoar o fluxo de água sobre a mesma. (MACIEL e MELHADO, 1999 apud CRUZ, 2009). Podem ser feitas com argamassas, pedras ou faixas cerâmicas. Os frisos executados com maquita, nas peças em pedra que fazem o arremate de muretas, circulação, escada, etc, também são conhecidos como pingadeira. 38
20 4.3.1 Pingadeiras em argamassa Devem ser executadas após a finalização do revestimento, avançando 40mm do plano de fachada e associadas a uma junta de trabalho na sua face inferior. Figura 11 Pingadeira de argamassa Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998 apud CRUZ, 2009) Pingadeiras em pedra ou faixa cerâmica Quando executadas em pedra ou faixa cerâmica (figura 12), as pingadeiras devem ser fixadas ao revestimento já concluído com uma argamassa colante. A faixa deve se projetar, no mínimo, 20 mm da superfície do revestimento e, também, deve estar associada a uma junta de trabalho na sua face inferior. Na face superior, é necessário prever um acabamento em argamassa com inclinação de 45. Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini(1998, apud CRUZ, 2009) 40
21 4.3.2 Pingadeiras em pedra ou faixa cerâmica Figura 12 Faixa cerâmica ou pedra Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998, apud CRUZ, 2009) Pingadeiras como frisos Figura 13 Detalhe de escada com pingadeira Fonte: Desenho da docente 42
22 4.3.3 Pingadeiras como frisos Figura 14 Detalhe de arremate de circulação externa Fonte: Desenho da docente Pingadeiras como frisos Figura 15 Detalhe corrimão e guia balizadora de rampa (com pingadeira) Fonte: Desenho da docente 44
23 4.4 Reforço do revestimento com tela metálica Deve ser previsto nas regiões de elevadas tensões da interface alvenaria-estrutura: pavimento sobre pilotis e os três últimos pavimentos de determinado edifício. Essa solução também é muito usada quando as espessuras dos revestimentos são superiores ao limite máximo estipulado por norma. (MACIEL E MELHADO, 1999 apud CRUZ, 2009). Há dois tipos de reforço do revestimento: argamassa armada, conforme ilustrado na figura 16, e a ponte de transmissão, ilustrada na figura Reforço do revestimento com tela metálica Argamassa armada: a tela fica imersa na camada de revestimento e é recomendado que seja feito em revestimento com espessura superior ou igual a 3 cm. Figura 16 Reforço do revestimento com tela: argamassa armada Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998 apud CRUZ, 2009) 46
24 4.4 Reforço do revestimento com tela metálica Figura 17 Reforço do revestimento com tela: ponte de transmissão Fonte: Maciel, Barros e Sabbatini (1998 apud CRUZ, 2009) Ponte de transmissão: a tela é chumbada na alvenaria ou no concreto, por meio de fixadores, e, para este, recomenda-se que a espessura do revestimento seja inferior ou igual a 2 cm Reforço do revestimento com tela metálica Exemplos de tipos de telas que podem ser utilizadas nos reforços: telas plásticas rígidas que não apresentem deformações e que não percam seu desempenho mecânico ao longo do tempo, no meio alcalino característico das argamassas; telas de fibra de vidro rígidas que não percam o seu desempenho mecânico ao longo do tempo, no meio alcalino característico das argamassas; telas metálicas de fios ou arames galvanizados (trançados ou eletrosoldados). 48
25 4.4 Reforço do revestimento com tela metálica Figura 18 Telas metálicas eletrosoldadas malha 25x25mm Reforço do revestimento com tela metálica Figura 19 Telas metálicas entrelaçadas tipo viveiro 50
26 4.4 Reforço do revestimento com tela metálica Figura 20 Tela de fibra de vidro revestida com poliestercom malha 9x9mm Reforço do revestimento com tela metálica Figura 21 Elevação dos reforços com tela nas fachadas 52
27 4.4 Reforço do revestimento com tela metálica Figura 22 Perspectiva com locação dos reforços com tela Elementos decorativos pré-fabricados Figura 23 Elemento decorativo pré-fabricado leve 54
28 4.5 Elementos decorativos pré-fabricados Figura 24 Elemento decorativo pré-fabricado em concreto Elementos decorativos pré-fabricados Figura 25 Detalhe de terraço e guarda-corpo 56
29 4.5 Elementos decorativos pré-fabricados Figura 26 Detalhe de cornija Frisos Figura 27 Detalhe de friso 58
30 Considerações finais Um projeto pensado, discutido, bem elaborado e com as especificações corretas é fundamental, sem dúvida alguma, para a qualidade da execução dos revestimentos de fachada, além de evitar improvisações e, desta forma, prevenir contra o aparecimento de patologias no futuro. Alem do projeto, é importante lembrar que a fiscalização adequada e o treinamento da mão-de-obra são de fundamental importância para o resultado esperado, que objetiva a qualidade, o desempenho e o custo final. Em função da concorrência acirrada entre construtoras e surgimento de novas tecnologias, na última década, e mais timidamente nos anos 1990, algumas empresas estão investindo na organização do processo de projeto e treinamento da mão-de-obra, buscando atingir um patamar mais elevado de qualidade e racionalização construtiva. 59 Referências CAVANI, G.R. Projeto. Mestrado Profissional em Habitação, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, São Paulo, (Aula da disciplina Materiais e Técnicas de Acabamentos, Revestimentos e Restauro de Edifícios, ministrada em set. 2010). CEOTTO, L.H.; BANDUK, R.C.; NAKAKURA, E.H. Revestimentos de argamassas: boas práticas em projeto, execução e avaliação. Porto Alegre: ANTAC, (Recomendações Técnicas Habitare, v. 1), 96p. COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Diretrizes para o desenvolvimento de projeto de revestimento de fachadas com argamassa. Rio de Janeiro, [200?]. Disponível em: retrizes%20de%20projeto.pdf. Acesso em: 17 fev CRUZ, C.B.C. Projeto e execução de revestimento externo de fachada em argamassa. 2009, 69f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) -Departamento de Engenharia Civil, Faculdade Federal de Sergipe, São Cristóvão,
31 Referências COSTA, F. N. Processo de produção de revestimento de fachada de argamassa: problemas e oportunidades de melhoria f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) -Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, GRIPP, R. A. A importância do projeto de revestimento de fachada para a redução de patologias. 2008, 80f. Monografia (Curso de Especialização em Construção Civil) - Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Vitória, MACIEL, L.L.M.; MELHADO, S.B. A inserção do projeto dos revestimentos de argamassa de fachada no processo de produção de edifício. Boletim Técnico da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia de Costrução Civil, Universidade de São Paulo, São Paulo,
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