ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FREGUESIAS
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- Fernando Brandt Cabreira
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1 ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FREGUESIAS «Proposta de Lei n.º 94/XIII Altera o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios - SCIE» (ANÁLISE) Procedeu a ANAFRE, a convite da Comissão Parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, ao estudo e reflexão sobre a iniciativa legislativa acima referenciada, sendo-lhe permitido dizer o seguinte: É seu objeto proceder à segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, que aprovou o regime jurídico de segurança contra incêndio em edifícios - SCIE o qual, já antes, fora alterado por anteriores diplomas: Decreto-Lei n.º 224/2015, de 9 de outubro. O Preâmbulo desta iniciativa estabelece os objetivos que esta se propõe alcançar: Em primeiro lugar, declara-se a necessidade de adaptar o SCIE ao novo regime de transferência de competências do Estado para o Município que consta da PL/2017, designadamente, «a apreciação de projetos e medidas de autoproteção, realizar vistorias e inspeções a edifícios classificados na primeira categoria de risco, no âmbito da segurança contra incêndios em edifícios», remetendo para o artigo 26.º da Proposta de Lei n.º 62/XIII, onde essa transferência de competência está plenamente assumida. Em segundo lugar, aponta-se para a necessidade de proceder a algumas correções, introduzindo alterações num conjunto de artigos, necessárias à garantia da sua eficácia, nomeadamente, clarificando conceitos e procedendo a ajustamentos técnicos pontuais. Em terceiro lugar, define-se a quem compete a elaboração dos projetos de segurança contra incêndio e medidas de autoproteção, clarificando-se o enquadramento legal para atribuição dos requisitos necessários a quem pode atribuir essa responsabilidade. (Trata-se do novo artigo 15.º-A, aditado pelo artigo 4.º da PL 94/XIII). Seguidamente, introduzem-se ajustes pontuais no regime contraordenacional do citado regime jurídico, com a supressão de lacunas em aspetos determinados e a inserção de um novo preceito que visa acautelar a eficácia jurídica da sanção para as entidades não registadas na Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) e não autorizadas a prosseguir a atividade de comercialização de equipamentos e sistemas de segurança contra incêndios e edifícios (SCIE), a sua instalação e manutenção. 1
2 Termina, por fim, com o acolhimento de um período transitório para o cumprimento dos requisitos pelos técnicos autores de projetos de SCIE e medidas de autoproteção, para que, neste período, possam ser reconhecidos pela ANPC, sob proposta das respetivas ordens profissionais. Trata-se de um curto diploma de alteração onde se procura alargar o âmbito de aplicação do diploma através de uma redação algo complicada mas que, basicamente, se traduz na possibilidade do regime jurídico ser aplicável a edifícios ou recintos que estejam fora do âmbito de aplicação da presente lei e que sejam, por isso, sujeitos a diferente legislação específica desde que esta última não contemple as matérias relativas à acessibilidade dos meios de socorro e de disponibilidade de água para combate a incêndios. Trata-se, ainda, da constituição de normas que desenvolvem o propósito de traduzir, no regime concreto, a adaptação exigida pela transferência de competências para os Municípios. É o caso do artigo 26.º, n.º 1 da PL 62/XIII. A única constatação que se faz é que talvez seja cedo para consagrar uma alteração que ainda não foi aprovada na lei genérica ou quadro de transferência de competências para os Municípios e Freguesias. Esta técnica legislativa de antecipação, dispondo para futuro, que se opõe a uma outra em que, posteriormente à alteração da norma genérica, se procede à adaptação das normas específicas, constitui um risco que se traduz em fazer aprovar uma norma em calendário, não necessariamente coincidente com o da alteração genérica dado que esta Proposta de Lei, ainda tem de passar pela Assembleia da República. Reflete, também, a adaptação aos relatórios de classificação dos elementos de construção com exigência de inclusão de elementos de resistência ao fogo referidos no Decreto- Lei e no Regulamento (EU) n.º 305/2011, do Parlamento Europeu e do Concelho de 9 de março de 2011, estendendo as exigências de elaboração de relatório aos elementos de construção não abrangidos pelo Regulamento (EU) n.º 305/2011, do Parlamento Europeu e do Concelho de 9 de março de Mantém a competência dos organismos de certificação acreditados pelo IPQ ou por organismo nacional de acreditação relevante. Toma em consideração locais especialmente sensíveis como aqueles que se destinam à permanência das Crianças, com especial enfoque na idade das crianças a serem recebidas aí. 2
3 De crianças com idade inferior a 6 anos passamos a crianças com idade não superior a 3 anos, o que altera consideravelmente o tipo de frequência e atividade aí desenvolvida. É certo, a primeira categoria de riscos (a tal transferida para os Municípios) apenas parece corresponder à tipologia Local de risco A - mas algumas atividades que, correntemente, são desenvolvidas (ou futuramente se espera virem a ser desenvolvidas pelas Freguesias) poderão corresponder, nomeadamente, aos locais de Risco D, este que agora é desenvolvido na PL 94/XIII e que está correntemente previsto no artigo 10.º, n.º 1, alínea d) e n.º 4 do SCIE, como creches, centros de dia, ATL... Será de aguardar uma articulação do exercício das competências respetivas, mormente para os casos em que esse desenvolvimento se faz ao abrigo de contrato interadministrativo de delegação de competências? Infunde, ainda, algumas alterações nas regras das operações urbanísticas, designadamente: dispensa do projeto da especialidade do SCIE na única 1ª Categoria de risco. outorga a confiança da assinatura do termo de responsabilidade ao diretor de obra ou de fiscalização da obra e já não aos autores de projeto de obra ou ao diretor de fiscalização da obra. no que concerne às vistorias, retira as utilizações Tipo IV e V da 1ª categoria de risco dos casos em funcionava a exigência da participação de um representante da ANPC ou de uma entidade por ele credenciada. agora, nenhum dos casos enquadrável na 1ª categoria de risco fica sujeita a tal condição. introduz alterações no sentido de incluir como competência municipal a da realização das inspeções previstas pelo artigo para a 1ª Categoria de risco. procede a alteração no sentido de abranger as medidas de autoproteção respeitantes a cada utilização-tipo à sujeição obrigatória de parecer do Município, no caso da 1ª categoria de risco. e ao nível da entrega do Parecer técnico no sentido de abranger as medidas de autoproteção respeitantes a cada utilização-tipo à sujeição obrigatória de parecer do Município, no caso da 1ª categoria de risco. 3
4 implementa a necessidade de Parecer prévio da ANPC e dos Municípios nos casos de modificação às medidas de autoproteção aprovadas, por alteração da categoria de risco ou da utilização-tipo, assim refletindo a nova competência municipal. institui o Município como entidade recipiente da comunicação da alteração da utilização-tipo, quanto à 1ª categoria de risco. agrega todas as utilizações dentro da 1ª Categoria de risco como competência Municipal. clarifica e consagra novas previsões de infrações contraordenacionais. acrescenta a inexistência de medidas de autoproteção à previsão da utilização ou uso do posto de segurança para um fim diverso do permitido. acrescenta, ao nível das sanções acessórias, a previsão da não existência àquela que já existia do não funcionamento de sistemas e equipamentos de segurança contra incêndio e, ao nível das sanções acessórias, a que resulta da interdição do exercício da atividade profissional no âmbito da certificação prevista no novo artigo 15.º-A, agora aditado pelo artigo 4º da PL94/XIII, bem como, ao nível das sanções acessórias, a interdição do exercício das atividades a que se refere o artigo 23.º. Trata-se de preceito novo. A questão que imediatamente se coloca é se as Freguesias poderão vir a receber alguma destas competências por via contratual, sendo certo que, à partida, a lei deveria admitir a hipótese da delegação de competências dos Municípios para as Freguesias, no que acreditamos, mas que não parece suceder no corpo do presente Projeto. Merece, ainda, observação o facto da PL 94/XIII vir alterar a norma substantiva transitória de um anterior diploma quando, tecnicamente, talvez se afigurasse mais adequada a introdução de uma norma nova. É dada grande relevância à certificação dos responsáveis pela elaboração dos projetos de SCIE das 2ª, 3ª, 4ª categorias de riscos por parte dos seus pares no respetivo organismo profissional, na sequência de ações de formação na área específica de SCIE previstas em Protocolo celebrado por aqueles organismos e a ANPC, com aproveitamento (artigo 15.º-A, n.º1, alínea a)). Outro tanto funciona para a elaboração das medidas de autoproteção referentes a edifícios enquadrados naquelas mesmas categorias, com certificação de especialização declarada para o efeito nos termos referidos no preceito (n.º 2)) e que não se afasta do previsto para a elaboração de projetos de SCIE (artigo 15.º-A, n.º2, alínea b)). 4
5 Já no que respeita ao reconhecimento da experiência dos profissionais que não tenham sido reconhecidos para a elaboração de projetos de SCIE da 3ª e 4ª categorias de risco, pode ser reconhecida pela respetiva ordem profissional para a elaboração de projetos da 2ª categoria e exclusivamente para esta - (artigo 15.º-A, n.º 1, alínea b)). Outro tanto funciona para a elaboração das medidas de autoproteção referentes a edifícios enquadrados naquelas mesmas categorias, por profissionais que possuam experiência na elaboração de medidas de autoproteção da 2ª categoria de risco - (artigo 15.º-A, n.º 2, alínea a)). Como lidamos com conceitos polissémicos e julgamos perceber a intenção da PL 94/XIII, estamos convictos de que o legislador faria bem em clarificar o sentido das palavras, retificando a redação. Assim: Uma coisa é o reconhecimento no sentido de acreditação ou autorização subsequente a formação específica na matéria; outra, é o reconhecimento da experiência na matéria, de tal forma que a mesma possibilite, quando devidamente verificada, o exercício das funções referidas na lei, nos seus exatos termos Ora, como a presente redação usa reconhecimento em sinonímia, pode ficar confuso o sentido final da norma. A ANPC procede ao registo dos autores de projeto e medidas de proteção e publica listagem dos mesmos no seu sítio. Devemos ainda fazer referência ao facto de, relativamente ao Município, não se indicarem os requisitos de responsabilidade pela elaboração de projetos de SCIE e de medidas de autoproteção posto que estes se encontram deferidos para o Decreto-Lei setorial pelo artigo 5.º, n.º 2 desta PL, para a qual se não remete. APRECIAÇÃO FINAL (SUMÁRIA): A ANAFRE Associação representativa das Freguesias - pode resumir a algumas linhas a apreciação global deste diploma, o que faz na perspetiva das Freguesias suas Associadas. Em primeiro lugar, quer assinalar o caráter marcadamente técnico e complexo das normas que constituem o SCIE e, por essa via, desta Proposta legislativa de alteração. A transferência de toda a primeira classe de riscos para a esfera municipal implica alguma preparação prévia dos serviços municipais, para os critérios entrecruzados que nos são sugeridos pelos artigos 10.º a 13.º e para categorias que aí nos são esboçadas de forma impressiva. 5
6 No que concerne aos locais de risco D (artigo 10.º, n.º 1, alínea d), e n.º 4, alíneas a) a e), 12.º, n.º 2, alínea d) e quadro IV e VI do Anexo II do SCIE [Tipos IV e VI]) é razoável supor o exercício de algumas competências materiais e/ou delegadas por parte das Freguesias em aspetos que contendem com as descrições aí referidas. Afigura-se, assim, de grande importância a articulação com os serviços municipais nos espaços relativamente aos quais se possa assumir a subsunção à 1ª Classe de risco. E não só, face às demais classes de riscos que possam vir a ter relevância neste particular. Por esse motivo, consideramos prematuro o desenvolvimento de um regime jurídico que, como ressalta claramente do preâmbulo e do artigo 5.º, n.º 2 da PL 94/XIII, está dependente da aprovação quer da Lei-quadro de transferência de competências para Municípios e Freguesias, objeto da PL 62/XIII, quer do decreto-lei setorial de aplicação que ali se prevê artigo 4.º, n.º 3. Dir-se-ia estarmos a percorrer um caminho que apresenta algumas semelhanças com o trilhado pelo Decreto-Lei nº 105/2017, 29 de agosto (artigos 1.º, 4.º e 5.º), a despeito da competência que aí se apresenta como base de desenvolvimento a prevista na alínea a) do n.º 1 do artigo 38.º da PL 62/XIII não ter sequer ainda sido assumido relevância jurídica. No de mais, aparte algumas normas cuja alteração é mais de ordem semântica que jurídica, gostaríamos ainda de concitar a atenção para a distinção que julgamos muito necessária do conceito de reconhecimento (ou credenciação) em função da formação obtida e referida no diploma, daqueloutro reconhecimento que incide sobre a valorização da experiência profissional, a fim de que a interpretação dos aplicadores da Lei se torne única e universal. Apesar dos reparos deixados, produto do estudo e reflexão a que se procedeu, a ANAFRE considera esta iniciativa legislativa muito recomendável e urgente. Lisboa, 6 de outubro de
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