Intoxicações. Nada é veneno, tudo é veneno, a dose é que faz o PARACELSO. Rodrigo Almeida Bombeiro de 1.ª, FTS ENB RA 2011

Transcrição

1 Intoxicações Rodrigo Almeida Bombeiro de 1.ª, FTS ENB Nada é veneno, tudo é veneno, a dose é que faz o veneno PARACELSO 1

2 Via de Exposição Via digestiva; Via respiratória; Via ocular; Via de Exposição Via cutânea; Picada de animal; 2

3 Via de Exposição Via parentérica - injecção; Via rectal / vaginal; Toxidade Concentração; Dose; Rapidez de absorção; Rapidez de metabolização; Rapidez de excreção; 3

4 Acção dos Tóxicos No contacto directo Lesões da pele; Lesões da conjuntiva dos olhos; Mucosas da boca; Mucosas do estômago e do intestino; Provocando queimaduras; Necrose e perfurações; Acção dos Tóxicos Na absorção Na circulação, e vai actuar num ou mais órgãos, podendo provocar inconsciência, paralisia, convulsões e lesões no fígado; Ou nos rins; 4

5 Acção dos Tóxicos Na eliminação Lesões renais e do tubo digestivo; Estatística 5

6 A vítima Idade; Sexo; Peso aproximado; Antecedentes; Hábitos; Abordagem da Intoxicação O quê? Quanto? Quando? Onde? Quem? Como? 6

7 Abordagem da Intoxicação O quê? Qual o produto em causa? Nome; Utilidade; Cor; Forma; Cheiro; Se foi utilizado puro ou diluído; Abordagem da Intoxicação Quanto? Quantidade ingerida; Qual foi a dose que deu origem à intoxicação; O recipiente estava cheio? Foi ingerido a totalidade? 7

8 Abordagem da Intoxicação Quando? Á quanto tempo se deu o contacto com o tóxico? Qual o tempo de contacto com o tóxico? O que decorreu depois do contacto com o tóxico? Abordagem da Intoxicação Onde? Em que local se deu a intoxicação? O local pode indicar como ocorreu a intoxicação; Existência de tóxicos por perto; Em caso de tentativa de suicídio poderá haver disfarce no local e no tóxico; 8

9 Abordagem da Intoxicação Quem? Recolha de informação sobre a vítima; Sexo; Idade; Peso; Antecedentes; Hábitos; Abordagem da Intoxicação Como? Como ocorreu a intoxicação? Voluntária; Profissional; Acidental; Qual foi a via de contacto? Que informações disponíveis existem mais? 9

10 Agrupamento de informação Nome; Utilidade; Tóxico Cor; Forma; Cheiro; Puro ou diluído; Agrupamento de informação Vítima Sexo; Se mulher, se está grávida; Idade; Peso; Antecedentes; Hábitos; Estado de Consciência; Parâmetros Vitais; Lesões resultantes; 10

11 Agrupamento de informação Tipo de intoxicação; Intoxicação Via de contacto; Tempo de evolução; Quantidade / dose; Local Complicações Sistema Respiratório; Sistema Cárdio Vascular; Podem levar à MORTE Sistema Nevoso Central; 11

12 Actuação Descontaminação; Suporte das funções vitais; Actuação Descontaminação: Consiste na retirada do tóxico do organismo ou na máxima absorção. As medidas a adoptar variam em conformidade com a via de contacto. A equipa de socorro deve ter em conta a sua protecção uma vez que o risco de contaminação se encontra sempre presente. A diversidade dos tóxicos e os seus efeitos condicionam por vezes a actuação das equipas de emergência por este motivo os procedimentos adoptar devem ser aconselhados pelo CIAV ou CODU em alternativa. 12

13 Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é um O CIAV presta informações toxicológicas sobre centro médico de consulta telefónica na área da toxicologia, todos os produtos responsável existentes, pela prestação, desde em tempo útil, das medicamentos informações necessárias a produtos e adequadas utilização a profissionais doméstica ou de industrial, saúde ou ao produtos público em naturais, geral, visando uma plantas abordagem ou animais. correcta e eficaz a vítimas de intoxicação e a profissionais de saúde. Actuação Suporte das funções vitais: Cianose; Palidez; Sudorese; Alterações do rítmo cardíaco; São indicadores de gravidade, sendo importante tomar medidas de estabilização da vítima; 13

14 Via Digestiva Esvaziamento gástrico; Contra indicado: Vítimas sonolentas / inconscientes; Ingestão de corrosivos; Tóxicos que produzam espuma; Derivados de petróleo; Tóxicos convulsivantes; Vítimas com antecedentes de patologia cardíaca; Aspiração lavagem gástrica; Pessoal médico; Via Digestiva Absorção do tóxico; Carvão activado, contra indicado: Antes do xarope de ipeca actuar; Em casos que será necessário fazer endoscopia; Derivados de petróleo; Criança 1 g / Kg Adulto 50g (embalagem) 14

15 Via Digestiva Absorção do tóxico; Terra de Fuller: Tóxico é paraquato (gramoxone); Diluído em 500ml de água; Via Digestiva Protecção individual; Óculos; Máscara; Luvas; Avental plástico; 15

16 Via Respiratória As intoxicações pelas vias respiratórias normalmente são acidentais, estão associadas à inalação de fumos, gases provenientes de fugas e/ou na manutenção e preparação de alguns produtos químicos. Via Cutânea Retirar a vítima do ambiente contaminado; Retirar as roupas contaminadas caso a intoxicação tenha ocorrido por vapores; Manter o doente aquecido; Administrar oxigénio a 15 l/min; 16

17 Via Respiratória Protecção individual; Não entrar no local se não existirem as devidas condições de segurança; Arejar o local; Se possível avaliar a vítima fora do local onde ocorreu a intoxicação; Via Cutânea Este tipo de intoxicações ocorre mais frequentemente nos meios rurais, devido ao contacto com produtos químicos para uso na agricultura, e no não cumprimento nas medidas de segurança na preparação destes. Também podem surgir alguns casos domésticos e industriais mas com menor incidência. 17

18 Via Cutânea Retirar roupas contaminadas; Lavar abundantemente com água corrente e sabão; Não aplicar nenhum tipo de produtos químicos; Provocar eventuais lesões (queimaduras químicas); Via Cutânea Protecção individual; Não entrar no local se não existirem as devidas condições de segurança; Arejar o local; Se possível avaliar a vítima fora do local onde ocorreu a intoxicação; Luvas; Óculos de protecção; Bata ou avental; 18

19 Via Ocular Este tipo de intoxicações são pouco frequentes, normalmente tem origem em acidentes de trabalho que ocorrem com o manuseio de substâncias químicas, por vezes estão associadas intoxicações por via cutânea ou mesmo respiratórias. Via Ocular Identificar a substância em causa; Lavar abundantemente durante cerca de 15 min com água corrente ou soro fisiológico; Não aplicar produtos químicos; Procurar eventuais lesões; 19

20 Via Ocular Protecção individual; Máscara; Luvas; Óculos de protecção; Bata ou avental; Via Parentérica As overdoses são as situações mais frequentes, no entanto estas também podem surgir acidentalmente por administração de um fármaco via endovenosa, subcutânea ou intramuscular. 20

21 Via Parentérica Tentar identificar a substância em causa; Manter a vítima em repouso absoluto; Não efectuar qualquer incisão ou sucção na zona da picada; Desinfectar a zona da picada; Aplicar frio no local da picada; Actuar conforme sintomatologia apresentada; Via Parentérica Protecção individual; Intervir apenas se existirem condições de segurança; Máscara; Luvas; Óculos de protecção; Ter especial atenção a localização de objectos cortantes, ou perfurantes, como láminas, agulhas, etc. 21

22 Picada de Animal Em Portugal está limitado ao escorpião, insectos, algumas víboras e peixes. Não confundir com reacção anafiláctica a picadas de alguns insectos como abelhas e vespas. Picada de Animal Identificar a substância em causa; Manter a vítima imobilizada; Actuar conforme a sintomatologia apresentada 22

23 Picada de Animal Protecção individual; Intervir apenas se existirem condições de segurança; Máscara; Luvas; Óculos de protecção; Via rectal/vaginal Identificar a substância em causa; Lavagem do local; Actuar conforme a sintomatologia apresentada 23

24 Via rectal/vaginal Protecção individual; Máscara; Luvas; Óculos de protecção; Casos Particulares Drogas: Cocaína; Opiáceos (heroína, morfina, etc.) Crack; Anfetaminas; LSD; Ectasy; Inalantes e solventes; Álcool etílico; 24

25 Heroína Sinais e Sintomas (overdose): Miose bilateral; Bradipneia; Cianose; Sudorese; Broncoespasmo; Edema agudo do pulmão; Inconsciência; Heroína Actuação: Estimular a vítima; Administrar oxigénio a 10 l/min; Avaliar parâmetros vitais; Recolher informação CHAMU; Transportar à unidade de saúde; Se FR<10 assistir a ventilação; Solicitar apoio diferenciado; 25

26 Casos Particulares Medicamentos: Antidepressivos; Benzodiazepinas (valium, bialzepan, etc.); As intoxicações por medicamentos constituem a maior percentagem de intervenções das equipas de emergência, em situações de intoxicação. Na maioria dos casos a intervenção das equipas de emergência é a suficiente para a estabilização da vítima, não sendo necessário a mobilização de meios mais diferenciados (VMER). Benzodiazepinas Sinais e sintomas (ansiolíticos): Sonolência; Depressão respiratória; Hipotensão; 26

27 Benzodiazepinas Actuação (inconsciente): Aplicação de guedel ou nasofaríngeo; Vigiar a FR; Estimular a vítima; Se FR<10, assistir a ventilação; Vigiar a FC; Avaliar frequentemente a PA; Se hipotensa elevar os membros inferiores; Contactar o CIAV ou o CODU; Benzodiazepinas Actuação (consciente): Se orientada e reactiva induzir o vómito; Administrar oxigénio a 3l / min; Avaliar parâmetros vitais; Recolha de informação CHAMU; Contactar o CIAV ou o CODU; 27

28 Casos Particulares Outros agentes: Cáusticos; Monóxido de carbono; Hidrocarbonetos; Organofosforados e carbamatos; Raticidas; Paraquato (gramaxone); Hipoclorito de sódio (lixívia); Detergentes; Monóxido de Carbono O monóxido de carbono é um gás tóxico resultante da combustão, trata-se na maioria dos casos de intoxicações acidentais, que resultam na queima de materiais em ambientes fechados, incêndios ou de acidentes existentes em casas de banho. O seu grau de toxicidade é altíssimo, bastando uma baixa concentração deste gás para provocar a morte da vítima. 28

29 Monóxido de Carbono Sinais e sintomas: Cefaleias; Náuseas; Disfunção neurológica; Alteração da visão; Hiperventilação; Eritema e edema da pele; Cianose; Arritmias; Hipotensão; Insuficiência respiratória; Convulsões; Monóxido de Carbono Actuação: Intervir apenas se asseguradas as condições de segurança; Arejar o local; Retirar a vítima para um local arejado; Permeabilizar a via aérea; Administrar oxigénio a 15 l/min independentemente das saturações; Avaliar e registar os parâmetros vitais; Recolha de informação CHAMU; Contactar o CODU ou o CIAV; 29

30 Organofosforados Sinais e sintomas: Cefaleias; Tonturas; Visão desfocada; Fraqueza; Descoordenação motora; Fascisculações musculares; Tremor; Diarreia; Cólicas abdominais; Hipersecreção salivar; Organofosforados Sinais e sintomas: Sudorese; Incontinência urinária e fecal; Miose; Bradicardia; Convulsão; Inconsciência; Paragem ventilatória; Hipotensão; 30

31 Organofosforados Actuação Vítima consciente: Indução mecânica do vómito; Administração de carvão activado; Administrar oxigénio a 15 l/min a altas concentrações para manter SaPO2 > 90%; Lavagem corporal; Avaliação dos parâmetros vitais; Recolha de informação CHAMU; Contactar o CIAV ou o CODU; Organofosforados Actuação Vítima inconsciente: Aplicação de guedel; Aspirar secreções; Administrar oxigénio a 15 l/min a altas concentrações para manter SaPO2 > 90%; Avaliar e registar parâmetros vitais; Lavagem corporal; Avaliação dos parâmetros vitais; Recolha de informação CHAMU; Contactar o CIAV ou o CODU 31

32 Paraquat O paraquat, vulgarmente comercializado com o nome comercial Gramoxone, é um pesticida de elevada toxicidade frequentemente utilizado na agricultura. Estas vítimas inicialmente vão-se encontrar assintomáticas, mas por este facto não quer dizer que a vítima esteja fora de perigo, pelo contrário o paraquat actua lentamente e leva à morte alguns dias após a ingestão. Sinais e sintomas: Paraquat As vítimas de intoxicação de paraquato, normalmente revelam-se assintomáticas. 32

33 Actuação: Paraquat Induzir mecanicamente o vómito; Administrar carvão activado ou terra de fuller; Retirar as roupas contaminadas; Efectuar a lavagem corporal se necessário; NÃO ADMINISTRAR OXIGÉNIO; Avaliar parâmetros vitais; Recolha de informação CHAMU; Contactar CIAV e CODU; Revisões 33