UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA NATURAL PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL

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1 UTILIZAÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA NATURAL PARA TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL Vanessa CUNHA (Bolsista IFC Campus Ibirama); Maicon Rafael CAXUEIRA (Bolsista IFC Campus Ibirama); Elisa Lotici HENNIG (Orientadora IFC Campus Ibirama)Daiane Paula Cunha de QUADROS (Docente IFC Campus Ibirama); Ida Maria de OLIVEIRA (Técnica de Laboratório IFC Campus Ibirama); Ana Sílvia de Lima VIELMO (Docente IFC Campus Ibirama) Introdução Um dos grandes objetivos da indústria têxtil é a utilização de corantes naturais e químicos para o tingimento de peças, sendo que este processo necessita em torno de 100 m 3 de água para cada tonelada de tecido (HASSEMER e SENS, 2002). A questão ambiental que abrange os produtos gerados pela indústria têxtil requer um pouco de atenção, pois é nesses efluentes que são encontrados alguns metais como ferro, cobre, cromo, entre outros (RODRIGUES, 1997), além da grande concentração de corante residual, os quais, muitas vezes são descartados de maneira incorreta no meio ambiente. A redução desta contaminação ambiental gerada pela emissão de efluentes da indústria têxtil, está baseada no tratamento dessas águas para a sua reutilização. Segundo Soares, et al, (2003), calcula-se que o camarão apresenta de 5 a 7% do seu peso total composto por quitina. A quitina, por sua vez, possui diversas aplicações, sendo uma delas, o tratamento de efluentes da indústria têxtil. A quitosana é um biopolímero resultante de uma hidrólise alcoólica da quitina, a qual, possui alto poder de adsorção de íons metálicos e corantes, como por exemplo, os da indústria têxtil (CRAVEIRO, et al.,1999). Dentre os cursos oferecidos pelo Campus Ibirama, do Instituto Federal Catarinense, estão os de Técnico em Vestuário integrado ao Ensino Médio e Tecnólogo em Design de Moda, os quais, em suas grades curriculares, possuem a disciplina de beneficiamento têxtil. Esta disciplina, visa de uma maneira geral, melhorar as características visuais e do toque do tecido, após o tear, como por exemplo, alvejamento, purga, tingimento, estampagem, entre outros (SENAI-SP, 2015).

2 Visando a diminuição da poluição ambiental causada pelos dejetos de efluente do processo de tingimento, este trabalho tem por objetivo utilizar os resíduos produzidos da tinturaria das aulas de beneficiamento têxtil dos cursos de Vestuário e Design de Moda do Campus Ibirama para o tratamento com quitosana. Com isso, pretende-se estudar as melhores condições para o tratamento, como ph, concentração de adsorvente, granulometria e tempo de agitação. Quando encontradas as melhores condições de tratamento, esta será utilizada posteriormente nas aulas de beneficiamento têxtil. Material e Métodos A proposta deste estudo enquadra-se, nas classes de pesquisa experimental, pois envolve experimentos para o desenvolvimento do estudo. Segundo Ribeiro (1984), a metodologia utilizadas nas aulas práticas de beneficiamento têxtil, contempla o uso de corantes naturais ou químicos, sódio, com a função de fixador, e carbonato de cálcio para ajuste de ph, no caso de corante reativo para fibras vegetais. Tratando-se de tingimento vegetal, utiliza-se o corante vegetal, água de cinza ou água de metais, como fixadores. Os efluentes utilizados para os testes de adsorção foram coletados logo após as aulas de beneficiamento têxtil e reservado em frascos âmbar. Esses efluentes são divididos em 4 tipos: o efluente do processo de tingimento em geral e mais 3 efluentes gerados após as lavagens, as quais são necessárias para o procedimento de tinturaria. Estes efluentes são caracterizados por 3 cores básicas de corantes químicos de tingimento: azul, amarelo e vermelho, em que podem ser usados isolados, ou em conjunto em concentrações diferentes, dependendo do tom de cor desejado. Neste trabalho, foi utilizado o corante químico amarelo (AMARELO UNIONFIX BF) porém, pretendese analisar os demais corantes químicos em futuras pesquisas. Os testes de adsorção foram realizados com quitosana adquirida na rede farmacêutica. As amostras, com o material adsorvente forma colocados em contato utilizando agitador magnético, conforme sugerido por Fontana, et al. (2016). Foram realizados experimentos de tempo de agitação, tamanho da partícula, ph e quantidade de adsorvente para obter uma melhor condição de tratamento. As amostras, antes e depois do tratamento, foram analisadas através de espectrofotometria UV-Visível (Spectro 500 Visible

3 Spectrophotometer), a fim de verificar a quantidade de corante residual removida. A determinação das concentrações foram realizadas em projeto paralelo a este. Resultados e discussão Ao se realizarem os primeiros testes de adsorção, verificou-se que alguns fatores estudados, não foram significantes nos resultados, são eles: granulometria e tempo de reação. Para os testes de granulometria, utilizou-se peneiras de tamanhos 150, 180 e 250 Mesh. Como não foi verificado resultados significativos para os três modelos, utilizou-se a quitosana peneirada em 250 Mesh, o que representa uma granulometria de 63 µm. Também foi verificado o tempo da reação de adsorção, utilizando tempos de 1 hora e 2 horas. Como não percebeu-se variação significativa entre os tempos, utilizou-se o tempo de 1 hora em todos os testes. Os demais parâmetros estudados, foram testados previamente conforme descrito por Fontana, et al. (2016), com algumas alterações que julgou-se necessárias. A Tabela 1, mostra os resultados obtidos utilizando-se ph 2 e 12, e concentração de quitosana 1 e 2 g. Tabela 1: resultados obtidos nos testes de adsorção. ph 2 ph 12 % de corante removido Sem tratamento 149,6 mg L ,6 mg L -1 1 g quitosana 64,35 mg L -1 57,12 mg L g quitosana 71,22 mg L -1 61,35 mg L Com os dados da tabela acima, percebe-se que houve remoção significante do corante Amarelo das amostras.

4 Entende-se que o percentual de corante removido das amostras utilizandose 2 g de quitosana não teve elevado valor em relação aos testes com 1 g, pelo fato de ocorrer a saturação do adsorvente. Percebe-se também, que em ph baixo, a remoção do corante foi maior. Isso vai de acordo com o que diz Kimura, et al. (1999) e Fávere (2010), referindo-se + que em ph alcalino, há redução de grupos -NH 3 da quitosana, diminuindo assim, a - interação entre estes e os grupos -SO 3 do corante. Conclusão Após a realização deste estudo, percebeu-se a grande remoção do corante Amarelo do efluente têxtil, utilizando quitosana. Este resultado máximo atingido de 62% de remoção, mostra bastante eficiente para a utilização da metodologia após as aulas práticas de beneficiamento têxtil. Ainda assim, pretende-se realizar a mesma metodologia nos demais corantes, Azul e Vermelho. Referências CRAVEIRO, A. A., CRAVEIRO, A. C., QUEIROZ, D. C. Quitosana: a fibra do futuro. Parque de desenvolvimento Tecnológico PADETEC, Fortaleza, Ceará, 1999, 124p. FÁVERE, V. T., RIELLA, H. G. ROSA, S. Cloreto de N-(2-hidroxil) propil-3-trimetil amônio quitosana como adsorvente de corantes reativos em solução aquosa, Revista Química Nova, v. 33, n 7, p , FONTANA, K. B., CHAVES, E. S., SANCHEZ, J. D. S., WATANABE, E. R. L. R., PIETROBELLI, J. M. T. A., LENZI, G. G. Textile dye removal from aqueous solutions by mal bagasse: Isotherm, kinetic and thermodynamic studies. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 124, p , 2016.

5 KIMURA, I. Y., GONÇALVES, A. C., STOLBERG, J., LARANJEIRA, M. C. M., FÁVERE, V. T. Efeito do ph e do Tempo de Contato na Adsorção de Corantes Reativos por Microesferas de Quitosana. Polímeros: Ciência e Tecnologia, p , HASSEMER, M. E. N., SENS, M. L. Tratamento do efluente de uma indústria têxtil. Processo físico-químico com ozônio e coagulação/floculação, Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 7, n 1, RIBEIRO, L. G. Introdução à Tecnologia Têxtil. 1 a. ed. Rio de Janeiro: SENAI, RODRIGUES, E. C. Controle de qualidade em química têxtil: métodos práticos. Rio de Janeiro, SENAI/DN, SENAI/CETIQT, CNPq, PADCT, TIB, p.; SENAI-SP. Beneficiamento Têxtil. Editora Senai-SP SOARES, N.M., MOURA, C., VASCONCELOS, S., RIZZI, J., PINTO, L. A. A. Obtenção e purificação de quitosana a partir de resíduos de camarão em escala piloto, Revista Univap, v. 10, n 8, p , 2003.