Cachorros das ruas. Polvo. Dente do rato. Pego no flagra. Que marcou. Toda minha vida. Colher dos frutos. E sem mãos. E eu sem bico.

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Eliana Valente Bicalho
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1 Cachorros das ruas Pedro Granados Leila Yatim Tradução I Pulpo Diente de la rata Descubierto infraganti Acto oscuro antiguo Radicalmente inmoral Que ha marcado Toda mi vida Coger de los frutos En la otra vida siempre Pegado a tu cuerpo Y sin manos Tanto maiz tirao Y yo sin pico Viejo, anciano Desde la tierna infancia Colmado Por cualquier mezquindad Satisfecho y hasta feliz Ante cualquier migaja Si mi vida fue Ya nada fue Sólo ahora Radiante y constante I Polvo Dente do rato Pego no flagra Ato escuro antigo Radicalmente imoral Que marcou Toda minha vida Colher dos frutos Na outra vida sempre Colado ao teu corpo E sem mãos Tanto milho jogado E eu sem bico Velho, ancião Desde a tenra infância Cheio Por qualquer mesquinhez Satisfeito e até feliz Diante de qualquer migalha Se minha vida foi Já nada foi Somente agora Radiante e constante

Si mi vida fue Ya nada fue Sólo ahora Radiante y constante I Polvo Dente do rato Pego no flagra Ato escuro antigo Radicalmente imoral Que marcou Toda minha vida Colher dos frutos Na outra vida sempre

2 A que te pillo Lector Aquetepillo Alicate tijera martillo Para penetrar la lata A que te pego Leitor A que te pego Alicate tesoura martelo Para penetrar a lata II Una linda ciudad Ha aparecido esta mañana En mi ventana La observo como un gato Observa al ratón Salta la linda Y no para llamar mi atención Da cortos rodeos Se muere sola del susto Del susto sólo se muere Quieta permanece Ante mi ventana Sin habitantes sin vida salvo En su circulación de tránsito En su encandilada y eterna mañana Como eternos son mis ojos Y mis manos de pulpo Y mi mirada de gato Y mi cuerpo pegado al tuyo Impotente y estéril II Uma linda cidade Apareceu esta manhã Na minha janela A observo como um gato Observa ao rato Salta a linda E não para chamar minha atenção Dá curtos rodeios Morre sozinha do susto Do susto apenas morre Quieta permanece Diante da minha janela Sem habitantes sem vida salva Em sua circulação de trânsito Em sua deslumbrante e eterna manhã Como eternos são meus olhos E minhas mãos de polvo E meu olhar de gato E meu corpo colado ao teu Impotente e estéril

ventana Sin habitantes sin vida salvo En su circulación de tránsito En su encandilada y eterna mañana Como eternos son mis ojos Y mis manos de pulpo Y mi mirada de gato Y mi cuerpo pegado al tuyo

3 Ante tu belleza de alfileres De ahogos de lágrimas Ya incontenibles Diante de sua beleza de alfinetes De afogamento de lágrimas Já incontidos III Doy de beber al cachorro Que soy Al perro da rua Sahumerio de las ciudades Única alma justa Por la cual no se revienta Esta pecaminosa ciudad Perro que olfatea todos los días Nuestras almas Y por eso va gacha la cabeza Y con vergüenza ajena Nos otorga su perdón Mientras la TV sigue dando Consejos de vida A voz llena Y el pobre predicador Pasa calor por su saco Tanto por andar henchido de fe Para de sofrer Jesucristo viene Cristo te ama Y las flores intocadas e intocables De las ramas más arriba III Dou de beber ao filhote Que sou Ao cachorro da rua Fumaça aromática das cidades Única alma justa Pela qual não se incomoda Esta pecaminosa cidade Cachorro que fareja todos os dias Nossas almas E por isso vai de cabeça baixa E com vergonha alheia Nos outorga seu perdão Enquanto a TV segue dando Conselhos de vida De voz cheia E o pobre predicador Passa calor pelo seu paletó Tanto por andar cheio de fé Para de sofrer Jesus Cristo vem Cristo te ama E as flores intocadas e intocáveos Dos galhos mais acima

otorga su perdón Mientras la TV sigue dando Consejos de vida A voz llena Y el pobre predicador Pasa calor por su saco Tanto por andar henchido de fe Para de sofrer Jesucristo viene Cristo te ama Y

4 De los árboles Donde los ángeles se entretienen Diminutos ángeles De las ciudades subdesarrolladas De ello dan fe. Das árvores Onde os anjos se entretem Diminutos anjos Das cidades subdesenvolvidas Disso dão fé. IV Bajo la voz al fin No hay una nube más En este cómic Me retraigo Como el pulpo Como el gato aburrido Que soy Como la rata Que guarda su diente Para mayo. Ángeles de la sombra Y ángeles de la luz Hacen migas Sobre el marco De mi ventana Sobre el marco Que es esta ciudad. No los divide sólo El color de la piel Sino también el corazón IV Sob a voz enfim Não há uma nuvem mais Neste quadrinho Me retraio Como o polvo Como o gato entediado Que sou Como o rato Que guarda seu dente Para maio. Anjos da sombra E anjos da luz Fazem migalhas Sobre o caixilho Da minha janela Sobre a moldura Que é esta cidade. Não nos separa apenas A cor da pele Mas também o coração

IV Bajo la voz al fin No hay una nube más En este cómic Me retraigo Como el pulpo Como el gato aburrido Que soy Como la rata Que guarda su diente Para mayo.

5 Pero son ángeles todos. Perros vagabundos Tolerantes con nuestra humanidad. Cachorros das ruas. Mas são anjos todos. Cachorros vagabundos Tolerantes com nossa humanidade. Cachorros das ruas.

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