SumárioSummary. Agradecimentos Acknowledgments

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "SumárioSummary. Agradecimentos Acknowledgments"

Transcrição

1 SumárioSummary 5 Agradecimentos Acknowledgments 6 Bordado de Guimarães passado recente com futuro auspicioso Guimarães Embroidery a recent past with an auspicious future Isabel Maria Fernandes 22 Bordado de Guimarães Da tradição à inovação Guimarães Embroidery From tradition to innovation Maria José Queirós Meireles 64 Catálogo The Catalogue Patrícia Moscoso 194 Glossário Glossary Maria José Queirós Meireles; Patrícia Moscoso 196 Mapa de pontos Table of Stitches Maria José Queirós Meireles; Patrícia Moscoso 206 Desenhar para bordar Designing for embroidery 230 Lista de termos e siglas List of Portuguese Terms and Acronyms

2

3 AgradecimentosAcknowledgments A realização deste trabalho deve muito à boa vontade de quem nos emprestou as peças. No entanto, não podemos esquecer aqueles que, apesar de não terem emprestado nenhuma peça, apoiaram, colaboraram e contribuíram com mais-valias para o crescimento e amadurecimento de um projecto que encontrou neste catálogo a sua concretização. It was through the good will of those who lent us textile samples that it was possible to accomplish this work. However we cannot forget those who, in spite of not having lent any pieces, supported, collaborated with and contributed by other means to the project's growth and development, resulting in the present catalogue. Pessoas individuais (por ordem alfabética)individuals (in alphabetical order) Abel Ribeiro de Sousa, Ana Castro Ferreira, Ana Pires, Ana Raquel Macedo de Freitas, António Emílio de Abreu Ribeiro, Arlinda Pimenta, Armando Malheiro, Armindo da Costa de Sá Cachada, Augusta Dias de Castro, Augusto Dias de Castro, Clotilde de Jesus Marques da Silva, Domingos de Freitas Fernandes, Eduardo Pires de Oliveira, Elisa Emília Folhadela Marques, Graça Ramos, Helena Carneiro, Helena Folhadela Miranda, Isabel Dias de Castro, Isabel Freitas, Isabel Maria Fernandes, Jean-Yves Durand, Jerónimo Ferreira, José Cardoso de Meneses Couceiro da Costa, José Ribeiro Pinto, Josefa Pinto, Luís Miguel Nunes Ribeiro de Sousa, Manuela Cunha, Manuela de Alcântara Santos, Maria Amélia Ferreira Miranda, Maria Augusta de Sequeira Leal Sampaio de Nóvoa Faria Frasco, Maria Belém Tavares, Maria da Conceição Miranda Ferreira, Maria da Conceição Pereira Ribeiro, Maria de Fátima Barreira Ribeiro, Maria de Fátima Ribeiro Macedo, Maria do Céu Freitas, Maria do Carmo Ferreira Ribeiro, Maria do Rosário Ribeiro Pereira, Maria Edviges Ruão Dias de Castro, Maria Emília Santoalha Motta Prego, Maria Emília Teixeira de Abreu Ribeiro, Maria Goretti Ferraz de Moura, Maria Guilhermina Viamonte da Silveira, Maria Helena Coutinho dos Santos Pinto, Maria Helena Dias de Castro, Maria Isabel Ferreira Vales de Oliveira, Maria João Motta Prego Cotter, Maria José Abreu Ribeiro Gomes Alves, Maria Madalena Jacinto Nunes de Sá Martins, Maria Olívia Almeida Ribeiro, Maria Rita de Moura Machado Maltieira, Maria Teresa Doutel, Maria Teresa Sáiz Peña, Rosa Maria Castro Ferreira, Rosa Maria Saavedra, Túlia da Conceição Fernandes Machado EntidadesOrganisations Artesanato, Bordados Regionais, Têxteis Lar; Biblioteca Pública de Braga; Casa Belane; Casa de Artesanato Santiago; Casa Pastor; Escola Secundária de Francisco de Holanda; Grupo Folclórico da Corredoura; Grupo Folclórico de Silvares; Lar de Santa Estefânia; Museu de Agricultura de Fermentões; Museu de Alberto Sampaio; Pousada de Santa Marinha da Costa; Sociedade Martins Sarmento

4 Bordado de Guimarães Guimarães Embroidery Passado recente com futuro auspicioso A recent past with an auspicious future

5 Isabel Maria Fernandes O bordado que hoje designamos como bordado de Guimarães, nasceu do mesmo modo que muitos outros produtos e designações de produtos fruto da vontade dos homens e das condições do território que o viu nascer. Como sucede com outras obras colectivas, sejam elas alimentares ou artefactos utilitários, é difícil definir-lhe a hora e o local exactos de nascimento e, ainda menos, conhecer- -lhe a paternidade. Digamos que o bordado de Guimarães, tal como muitos outros produtos regionais portugueses as colchas de Castelo Branco, a alheira de Mirandela, o queijo da Serra, a posta mirandesa é fruto de um conjunto vasto de factores, que se foram conjugando no tempo e no espaço e que contribuíram para que, hoje e aqui, ele mereça o nosso olhar atento e o nosso afecto. Guimarães foi terra propícia à fixação dos homens. O território permitiu, para além do cultivo dos produtos necessários para a alimentação, o desenvolvimento de uma série de indústrias também necessárias à vida das populações. No burgo vimaranense e nos seus arredores habitavam variados mesteres ferreiros, oleiros, ourives, sapateiros, cutileiros, curtidores, tecelãos, espingardeiros, pedreiros, escultores os quais, a par de uma nobreza e clero influentes, fizeram de Guimarães um entreposto comercial de certa importância. Podemos afirmar que o bordado de Guimarães é antes de mais produto de um território fértil em águas e em terras The type of embroidery, known today as Guimarães embroidery, was born in the same way as many other products the result of human will and the prevailing conditions in the area where they were born. In common with other collective works, whether culinary or utilitarian in nature, it is difficult to define an exact time and place of birth and, still less, to establish paternity. Let us say that, just like many other Portuguese regional products bedspreads from Castelo Branco, the garlic sausage of Mirandela, cheese from the Serra de Estrela or beef from Miranda do Douro Guimarães embroidery arises from a vast group of factors, which, acting over the course of time within a given area, united to create something unique that deserves our attention and affection here and now. The Guimarães region favoured human settlement. Besides the cultivation of produce vital for sustenance, the territory permitted the development of a series of industries not less necessary to the well-being of the populations. A wide variety of master craftsmen blacksmiths, potters, goldsmiths, cobblers, cutlers, curriers, weavers, gunsmiths, stonemasons, sculptors lived in the town of Guimarães and in its environs. Along with the nobility and an influential clergy, they made Guimarães a commercial centre of some importance. Above all Guimarães embroidery is the product of a region, rich in water and fertile of soil, that lent itself to the cultivation

6 8 BORDADO DE GUIMARÃES úberes para receberem o cultivo do linho. De facto, a riqueza natural do território vimaranense vai ser propícia à fixação do homem e é esse homem que vai encontrar, no seu engenho e neste território, os meios necessários ao cultivo do linho e à feitura do pano. Essas mesmas águas que alimentam um sem fim de rios e riachos também facilitaram o estabelecimento de engenhos do linho onde, desde tempos arcaicos, se produzia um bom pano que servia as terras vimaranenses e muitas outras por esse Norte fora. O linho, como sabemos, é o suporte vulgarmente usado para conter o bordado de Guimarães. E, se ao linho em terras vimaranenses podemos apontar data longínqua (no foral dado por D. Henrique a Guimarães, em 1096, este já aparece referido), o mesmo não podemos afirmar quanto ao bordado. Encontramos referências documentais a tecidos bordados existentes em solo vimaranense desde o século X 1, mas temos que esperar pelo final do século XIX para encontrarmos a primeira referência documental a bordados feitos em solo vimaranense (RELATÓRIO, 1991: 48-50; ; ; 231). Não se faria, antes dessa data, bordado em Guimarães? É provável que sim, mas os documentos pouco nos contam. E, se pouco sabemos sobre o bordado feminino realizado em Guimarães antes do último quartel do século XIX, também pouco sabemos sobre o que se bordava, onde se bordava, quem bordava e como se bordava no resto do País. O que nos resta de séculos anteriores são geralmente peças de traje civil, mas principalmente paramentaria religiosa, de um modo geral ricamente bordadas e feitas por mestres tecelões nacionais e estrangeiros. Poucos vestígios chegaram até nós, quer do traje civil usado pelo povo e pela burguesia de menores posses, quer da roupa doméstica usada no lar de cada um. Estes têxteis, se até nós houveram chegado em maior quantidade, poderiam dar-nos a conhecer o que era o bordado feminino desses tempos, em que ocupavam as mãos as senhoras das diversas classes sociais de então. Os tecidos são bens facilmente perecíveis eram usados continuadamente, e, mesmo quando velhos, rotos e puídos, logo eram transformados noutros objectos, para outros usos. É vulgar sabermos de cortinas que deram vestidos, de vestidos de adultos que deram trajes de crianças 2, de saias velhas que terminam em panos para vários usos. Também era costume, e foi costume que perdurou no meio rural minhoto até ao século passado, a roupa do casamento, que era vulgarmente a melhor roupa que o homem e a mulher do campo possuía servir para levar para a tumba (SAMPAIO, 1986: 23-25). Deste modo, poucos são os têxteis do dia-a-dia que chegaram até nós: ou of the flax plant. The natural wealth of the territory favoured settlement and the ingenuity of the people who settled here enabled them to develop the means for cultivating flax and producing cloth. The same waters that fed an endless number of rivers and streams also led to the establishment of flax mills where fine cloth has been produced since ancient times, supplying both the locality and the northern region. As we know, linen is the base fabric commonly used for Guimarães embroidery. And, if we can ascribe antiquity to linen in the Guimarães area (references already appear in the charter given by D. Henrique in 1096,) the same cannot be affirmed in relation to embroidery. There are documentary references for embroidery existing on Guimarães Naperão 1989 Place mat 1989

7 BORDADO DE GUIMARÃES 9 porque foram reutilizados; ou porque acompanharam o seu dono até à tumba; ou simplesmente, porque de velhos trapos se tratava, foram usados em tarefas menos nobres a limpeza do chão, o remendar de alguma manta ou ofertados a quem lhes poderia continuar a dar uso algum pobre de pedir que à porta passasse. Provavelmente foram motivos semelhantes aos atrás expostos os que fizeram com que não tivéssemos encontrado nenhuma peça bordada em Guimarães em período anterior ao século XIX. Mas, se não existe nenhum exemplar bordado, há pelo menos alguma referência documental ao que hoje designamos como bordado de Guimarães? Não, não há. Até porque, como constataremos de seguida, o «bordado de Guimarães» parece só começar a ganhar alma no final do século XIX, início do século XX. É só nessa altura que encontramos as suas raízes. Quer-nos parecer, e o tema é desenvolvido no texto que se segue, da autoria de Maria José Meireles, que o bordado de Guimarães entronca no que designamos por «bordado rico», ou seja, um bordado executado a linha branca normalmente sobre pano de linho cru e fino, por vezes de origem estrangeira, e no qual são utilizados diversos pontos minuciosa e delicadamente bordados por mãos femininas bem treinadas. O termo «bordado rico» é usado ainda hoje pelas bordadeiras vimaranenses, querendo com ele fazer a destrinça entre o bordado atrás descrito o «bordado rico», e o bordado popular, executado pelo povo e para o povo. Este «bordado rico» português, em que eram feitos os bragais das jovens casadoiras da burguesia e da nobreza endinheirada oitocentista, fazia-se e usava-se em todo o País, talvez com sentidas influências dos bordados de outros países europeus. No entanto, até ao momento, está por fazer a história geral deste bordado rico português, a branco 3 os locais de produção, os modelos utilizados O bordado rico, executado por senhoras vimaranenses e destinado a ornamentar principalmente roupa de cama e roupa interior, esteve presente na Exposição Industrial de Guimarães, que decorreu na cidade, em 1884, e que é documentalmente referido em diversos textos (RELA- TÓRIO, 1991: 48-50; ; ; 231). Mas, naquela exposição não foram expostas peças usadas pelo povo a camisa do lavrador, a camisa e o colete de «rabichos» (também designados «rabos») da lavradeira. Na exposição industrial apareceu apenas o «bordado rico», e, é a este e aos seus pontos que julgamos ter o «bordado de Guimarães» ido beber influências. Na sua origem documentada, que podemos situar no final do século XIX início do século XX, o bordado de soil from the 10 th century 1, but we have to wait for the end of the 19 th century until we find the first documentary reference for embroidery made on Guimarães soil (RELATÓRIO, 1991: 48-50; ; ; 231). Would embroidery not have been made in Guimarães before that date? It is probable that it was, but the documents tell us little. If little is known about the embroidery carried out by women in Guimarães before the last quarter of the 19 th century, it is also true that we know very little about who embroidered what, where and how in the rest of the country. What has survived from previous centuries are generally pieces of civilian clothing, mainly religious vestments, usually richly embroidered and executed by national or foreign master-weavers. Few vestiges have survived either of civilian clothing worn by the people and the less well-off town dwellers, or of the domestic clothing worn by them at home. If these textiles had survived in larger quantity, they could have given us a better idea of what was the embroidery of those times that occupied the hands of women from various different social classes. Fabrics are highly perishable continually being worn and even when old, ragged and threadbare transformed into other objects for other uses. It is frequent to hear of curtains turned into dresses, of adults dresses made into children s clothes 2, of old skirts that end up as cloths for various purposes. It was also habitual, and a habit which lasted until the last century among the rural inhabitants of the Minho, that the wedding clothes, which were commonly the best clothes that the agricultural classes possessed, served to take them to their grave (SAMPAIO, 1986: 23-25). For this reason, few day-to-day textiles have survived to our times: either because they were reused; or because they accompanied their owner to the grave; or simply, because they were old rags, were used in less noble tasks for cleaning the floor, repairing some blanket or offered to someone who could continue to use them some pauper begging at the door. It was probably for these reasons that no piece of embroidery from Guimarães dating prior to the 19 th century has been found. If there isn t any specimen of embroidery, is there at least some documentary reference to what today we call Guimarães embroidery? No, there isn t. As we will be established later, Guimarães embroidery seems to gain visibility at the end of the 19 th century and the beginning of the 20 th. We can only detect its origins at that time. It appears, and the theme is developed by Maria José Meireles in the text that follows, that the embroidery of Guimarães stems from what is designated as «bordado rico» (rich embroidery), that is to say, an embroidery executed in white thread usually on either coarse or fine linen cloth,

8 10 BORDADO DE GUIMARÃES Guimarães, que nestes seus primórdios talvez fosse preferível designar por «bordado popular de Guimarães» vai ser utilizado principalmente no traje do povo. Vai ornamentar a camisa de linho do lavrador, numa zona muito específica, o peitilho, bordado profusamente à cor branca, e complementado pela utilização da cor vermelha no nome bordado na ratoeira ou tabuleta (n.º cat. 13). Por vezes, o nome bordado na tabuleta era-o não em bordado de Guimarães mas geralmente em ponto de cruz. (n.º cat. 11). O Bordado popular de Guimarães vai também ornamentar quer a camisa da mulher rural usando maioritariamente a cor branca, mas podendo também ser bordado, no peitilho, a branco (a maior parte do bordado) e a vermelho (um ou outro motivo) quer o seu colete de rabos, usando-se nele, isoladamente, as cores vermelho, ou azul, ou preta. Neste bordado, que como vemos podia ser por vezes bordado a duas cores (no caso das camisas), eram usadas as cores branca, bege, vermelha, azul e preta 4 (cor usada na colete de rabos caso a mulher fosse viúva), de belo efeito decorativo mas sem grande rigor de execução, utilizando pontos do dito «bordado rico» e preenchendo, por vezes, quase completamente o tecido. Haveria este bordado antes do final do século XIX, início do século XX? Desconhecemos. Como já atrás referimos o bordado popular vimaranense anterior ao final do século XIX não chegou até nós. Ao serviço de classes sociais de menores recursos, o traje bordado, a existir, foi usado enquanto foi possível e, em muitos casos, acompanhou o seu dono até à tumba. Por outro lado, quer-nos parecer que o bordado popular de Guimarães, no qual entronca directamente o «bordado de Guimarães», deve ter surgido com a vulgarização da linha de algodão, o que sucede na 2.ª metade do século XIX e corresponde à implementação da indústria têxtil em Guimarães. O algodão substitui, provavelmente, o bordado a lã 5, e isto, por vários motivos resiste muito melhor ao uso e conserva-se durante mais tempo. Utilizar-se-ia este bordado apenas no traje popular vimaranense ou seria ele também usado no traje rural dos concelhos em redor de Guimarães? Também para esta pergunta não temos resposta cabal, sendo certo que até ao momento não encontrámos referências documentais a este tipo de bordado popular vimaranense a linha de algodão nos concelhos mais próximos como Braga, Famalicão, Póvoa de Lanhoso ou Barcelos, apesar de conhecermos uma camisa de homem bordada com bordado de Guimarães numa colecção particular de Braga, mas sem que seja possível dizer qual a sua proveniência de fabrico ou de uso 6 (TRAJO, 2005: [21]). Talvez este sometimes of foreign origin, and on which various closely-worked stitches were delicately embroidered by welltrained feminine hands. The term «bordado rico» is still used today by Guimarães embroiderers wishing to make the contradistinction between the embroidery described as rich embroidery and popular embroidery executed by the people and for the people. This Portuguese rich embroidery from which the trousseaux of the young ladies of marriageable age among the 19 th century wealthy bourgeoisie and the nobility were made, was produced and used throughout the kingdom, with noticeable influences from the embroideries of other European countries. However a general history of this Portuguese whitework rich embroidery, the centres of production and the models used, has yet to be undertaken 3. Rich embroidery, executed by Guimarães ladies and mainly destined to ornament bed linen and underwear, was present at the Industrial Exhibition, held in the city of Guimarães in 1884, and documented in several texts (RELATÓRIO, 1991: 48-50; ; ; 231). However, in that exhibition pieces worn by the people the farm worker s shirt, or the peasant-woman s blouse and tailed waistcoat were not exhibited. Only rich embroidery appeared in the industrial exhibition and we consider Guimarães embroidery to have been derived from this. Given that we can place its origin at the end of the 19 th century and beginning of the 20 th century, Guimarães embroidery, perhaps better designated in its early stages as popular embroidery of Guimarães would have been applied mainly to the clothes of the people. It ornamented the linen shirt of the farm worker but in a very specific part. The shirt-front was profusely embroidered in white and complemented by the use of red in embroidering the name in the small panel reserved for the purpose know as the ratoeira (mousetrap) (Cat. n.º 13). The name in the reserve was not generally embroidered in the range of Guimarães embroidery stitches but in cross stitch. (Cat. n.º 11). Guimarães popular embroidery would also decorate the rural woman s blouse. Although white was the principal colour, the shirt-front could also be embroidered mainly in white with red for one motif or another. The same applied to the tailed waistcoat, on which red, blue, or black were used separately. Shirts were sometimes worked in two colours using white, beige, red, blue and black, the latter being used on tailed waistcoats when the woman was a widow 4. This embroidery, which at times almost completely covered the fabric, created a beautiful ornamental effect using stitches from the repertoire of rich embroidery but without great rigor in its execution.

9 BORDADO DE GUIMARÃES 11 Toalha de mesa, pormenor Séc. XX, 2º quartel Table cloth, detail 2 nd quarter of 20 th century modo de bordar a camisa do homem, e a camisa 7 e o colete de rabos da mulher fosse também utilizado, por exemplo, em Felgueiras, cujo território e cujas gentes estão desde há muitos anos ligados à cidade vimaranense e que sabemos produzirem, desde as primeiras décadas do século XX, o bordado de Guimarães (GERALDES, 1913: 24). Quanto mais não seja, é difícil espartilhar um tipo de bordado dentro de fronteiras criadas de modo administrativo. O mais certo é que o bordado que hoje designamos We do not know if this embroidery had existed before the end of the 19 th or beginning of the 20 th century. As has been mentioned before, none of the popular Guimarães embroidery prior to the end of the 19 th century has survived to our days. To whatever extent they had existed, the embroidered garments in the service of social classes with fewer resources were worn as long as possible and, in many cases, accompanied their owner to the grave. It appears that popular Guimarães embroidery, from which Guimarães embroidery directly stems, must have appeared with the spread of cotton thread that occurred in the second half of the 19 th century and coincides with the establishment of the textile industry in Guimarães. Most probably cotton thread substituted wool 5 in embroidery and being more resistant, lasted longer. Were these embroidered garments only worn in Guimarães or would they also have been worn as part of the rural attire of the neighbouring boroughs? We don t have an exact answer for this question either, since up to the present we don t have any documentary references to this type of popular Guimarães embroidery using cotton thread in the boroughs closest to Guimarães, such as Braga, Famalicão, Póvoa de Lanhoso or Barcelos. Although we know of a man s shirt embroidered with Guimarães embroidery in a private collection from Braga, it is impossible to determine the provenance of its manufacture or use 6 (TRAJO, 2005: [21]). It is possible that the embroidered labourer s shirt, and the woman s blouse and tailed waistcoat were also worn in Felgueiras, for example, whose territory and people have for a long time been related to the city of Guimarães and where we know Guimarães embroidery was produced from the first decades of the 20 th century (GERALDES, 1913: 24). In addition it is difficult to confine a type of embroidery within borders created for purely administrative purposes. What is certain, however, is that the embroidery, designated nowadays as Guimarães embroidery, corresponded to the prevailing fashion in the dress of an area at a particular time, and to the personal taste of those who wore it. Although it is safe to affirm that Guimarães embroidery was produced in the borough of Guimarães, it is not safe to say that it was limited to these confines. The more a product is valued because it is the fashion or because of a favourable ratio of quality to price, or due to factor relating to use/ergonomics the greater its area of influence. Other questions should be asked, however. Was Guimarães embroidery only applied to the man s shirt, the woman s blouse and tailed waistcoat? Would it not also be used to embroider other pieces? Again the documents and the trousseaux are silent, or almost. Manuel de Melo Nunes Geraldes, in 1913, refers the production of Guimarães

10

11 BORDADO DE GUIMARÃES 13 BORDADOS DE GUIMARÃES 13 Camisa de homem, pormenor Século XX, 1º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century Camisa de homem, pormenor Século XX, 1º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century Camisa de homem, pormenor Século XX, 1º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century por bordado de Guimarães correspondesse ao gosto de uma região, de uma época, à moda no trajar e ao gosto pessoal de quem o usava. Por isso, se bem que seja seguro afirmar que o bordado de Guimarães se produzia no concelho de Guimarães, não é seguro dizer que a ele se confinava. Quanto mais valorizado é um produto ou porque é moda, ou porque é interessante a sua relação qualidade preço, ou porque é interessante a relação uso/ergonomia, maior é a sua área de influência. Mas outras perguntas deverão ser feitas. O bordado de Guimarães apenas se aplicaria na camisa do homem, e na camisa e no colete de rabos da mulher? Não seria também utilizado para bordar outras peças? De novo os documentos e os bragais são mudos, ou quase mudos. Manuel de Melo Nunes Geraldes, em 1913, refere a produção do «bordado de Guimarães», a recheio e a crivo em Vila Cova da Lixa, Vila Fria e «sobretudo em Figueiró da Lixa, concelho de Felgueiras, precisando que aí faziam «o serviço completo de quarto (um lençol, uma toalha de rosto e quatro travesseiros), quer bordado em recheio, quer em crivo, trabalho que leva, termo médio, quinze dias a fazer» (GERALDES, 1913: 25). De facto, a primeira referência conhecida ao termo «bordado de Guimarães» surge em 1913, no livro do autor acima citado (GERALDES, 1913: 24). Mas, será que ele chama bordado de Guimarães ao bordado que encontramos nas camisas de lavrador e nas camisas e nos coletes de rabichos da mulher? Alguns anos passaram, até que no livro «Guimarães: o labor da grei», publicação vinda a lume apenas em 1928, mas que se intitula «comemorativa da Exposição Industrial e Agrícola Concelhia realizada em Agosto de 1923», se volta a referir, sem contudo os designar como bordados de Guimarães, os «coletes de rabichos» das mulheres, em linho ou pano cru, bordados a linha «azul e vermelha» satin-stitch and drawn thread embroidery in Vila Cova da Lixa, Vila Fria and above all in Figueiró da Lixa, in the borough of Felgueiras, stating more exactly that they made the complete bedroom set (bed sheets, face towel and four pillows cases), embroidered both with satin stitch and drawn thread work, that takes, on average, fifteen days to complete (GERALDES, 1913: 25). Indeed, the first well-known reference to the term Guimarães embroidery appears in 1913, in the book by above mentioned author (GERALDES, 1913: 24). However, when he used the term Guimarães embroidery was he referring to the embroidery that can be found on the countryman s shirts 7, woman s blouses and tailed waistcoats? Some years later, the book entitled «Guimarães: O Labor da Grei» published in 1928, but commemorating the Borough Industrial and Agricultural Exhibition of August 1923, referred once more to the women s tailed waistcoats, in linen or tow, embroidered in blue and red and the embroidered men s linen shirts, having a reserve on the chest for embroidering the name in red thread but without designating them as Guimarães embroideries. This publication has the advantage of showing us, the first well-known illustrations of a woman s tailed waistcoat and of a man shirt, drawn by Luís de Pina and dating from 1926 (BRAGA, 1928: ). It is in the 1940 s that Guimarães embroidery begins to attract the attention of specialists like A. L. de Carvalho, who dedicates various pages to Guimarães embroidery, referring to both satin stitch embroidery and drawn thread work, accompanied by several drawings (CARVALHO, 1941: ). Guimarães embroidery begins to gain fame and various authors start to refer to it: Alfredo Guimarães, in 1940, without however designating it as such (GUIMARÃES, 1940: 5-15); Calvet de Magalhães, in 1956, who includes in Guimarães embroidery: padded satin stitch, bullion knot and drawn

12 14 BORDADO DE GUIMARÃES e as camisas dos homens, de linho, bordadas, «tendo ao fundo do peito a tabuleta do nome, bordada a linha vermelha». Esta publicação tem a vantagem de nos mostrar, as primeiras ilustrações conhecidas, datadas de 1926, de um colete de rabichos de mulher e de uma camisa de homem, da autoria de Luís de Pina (BRAGA, 1928: ). Mas, é na década de 40 do século XX que o «bordado de Guimarães» começa a merecer a atenção de estudiosos como A. L. de Carvalho, o qual dedica aos «bordados de Guimarães» várias páginas, referindo quer os bordados «em cheio» quer «em crivo», e apresentando diversos desenhos (CARVALHO, 1941: ). O bordado de Guimarães começa a ganhar nome e a ele se passam a referir vários autores: Alfredo Guimarães, em 1940, sem contudo o designar como tal (GUIMA- RÃES, 1940: 5-15); Calvet de Magalhães, em 1956, que inclui no «bordado de Guimarães»: o bordado de crivo, o de canutilho, e o cheio 8 (MAGALHÃES, 1956: ); e Clementina Carneiro de Moura, em 1961 (MOURA, 1961: 40-41). Esta autora informa que «os bordados apareceram no mercado não há muitos anos, mas a indústria local encontra-se em pleno desenvolvimento, o que é a prova de bom acolhimento que o público lhes faz. Actualmente estes bordados aparecem alguns só em branco; outros em cru e ainda outros em cinzento, todos eles de efeito discreto e agradável» (MOURA, 1961: 40-41). Esta é a primeira e única autora que conhecemos a referir a utilização do cinzento no bordado de Guimarães. É de facto entre as décadas de 40 e 60 do século XX, depois de artigos como o de A. L. de Carvalho e de Maria Clementina de Moura, e da aprendizagem teórico-prática feita pelas alunas da Escola Industrial e Comercial de Guimarães no curso de Formação Feminina, no final dos anos 50, que se principia a teorização e a estabelecimento de normas para a execução do bordado de Guimarães. Começa nessa altura a buscar-se as características do bordado de Guimarães, a teorizar uma arte que era do povo e ao povo servia. É então que se lhe pesquisam tanto os motivos e os pontos que o caracterizam como aquilo que o torna diferente de outros bordados, por exemplo, do bordado de Viana. É, de facto, uma época em que, em Portugal, se procura sintetizar o que se entende ser a «arte popular» de cada localidade ou região o galo de Barcelos, o bordado de Viana do Castelo, as rendas de Vila do Conde, o bordado de Guimarães. É também importante referir que, as senhoras das elites vimaranenses começam a utilizar o bordado de Guimarães para decorar as suas casas de campo. E é interessante verificar como estas estabelecem uma divisão clara entre o que se usa na casa da cidade (o bordado rico) e o que thread work 8 (MAGALHÃES, 1956: ); and Clementina Carneiro de Moura, in 1961 (MOURA, 1961: 40-41). This author informs us that the embroideries appeared on the market not many years ago, but the local industry is in full development, which is the proof that it is well received by the public. Currently these embroideries appear some only in white, some natural and others in grey, all them of discreet and of pleasant effect (MOURA, 1961: 40-41). This is the first and only author that we knew of who refers to the use of grey in Guimarães embroidery. It is in fact between 1940 and 1960, after the articles by A. L. de Carvalho and Maria Clementina de Moura, as well as the theoretical-practical course taken by the students of the Escola Industrial e Comercial de Guimarães in the course in Female Skills at the end of the fifties, that the theoretical base was established for Guimarães embroidery, along with standards for its execution. The study of the characteristics of Guimarães embroidery began at this time, theorizing an art that arose from the people and served the people. It was then that both the motifs and the stitches that characterize it were examined, as well as that which differentiates it from other embroideries, for example that of Viana. It was indeed a time in Portugal when an attempt was made to synthesize what one understands as the popular art of each place or region the rooster of Barcelos, the embroidery of Viana do Castelo, the lace of Vila do Conde, Guimarães embroidery. It is also important to notice that the ladies of the Guimarães elite began to use Guimarães embroidery to decorate their country houses. It is interesting to verify how they established a clear division between what was used in the city dwelling (rich embroidery) and what was used in the country house (Guimarães embroidery). This discriminate use rich embroidery in the city, and Guimarães embroidery in the country clearly shows how Guimarães embroidery had its origins in the popular Guimarães embroidery, and to verify that, when the embroidery begins to be worked and used by the elites, it remains in the rural sphere its is the preference for the country house. We say preferred because people like Mrs. Rita de Moura Machado used it as well to embroider dress shirts used on special occasions (Cat. n.º 28). There are some pieces described in the catalogue that document well that use of Guimarães embroidery in the country houses by the elite of the city a tablecloth (Cit.º 33) and two embroidered armchairs (Cat. n. os 36 and 37) from an estate in the outskirts of Guimarães, second dwelling of a well-known family resident in the city; as well as a man s shirt, expressly made to be worn on feast days (Cat. n.º 23).

13 BORDADO DE GUIMARÃES 15 Camisa de homem, pormenor Séc. XX, 2º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century se usa na casa de campo (o bordado de Guimarães). Este uso descriminado bordado rico na cidade, e bordado de Guimarães na casa de campo, permite enxergar claramente como o bordado de Guimarães tem de facto as suas origens no bordado popular vimaranense, e verificar que, mesmo quando o bordado começa a ser feito e usado pelas elites, se mantém ainda na esfera do rural o seu uso é, preferencialmente, na casa de campo. Dizemos preferencialmente porque pessoas como a Sr.ª Dona Rita de Moura Machado utilizam-no para bordar camisas de «toilette», usadas em ocasiões especiais (n.º cat. 28). No catálogo descrevem-se algumas peças que documentam bem esse uso do bordado de Guimarães nas casas de campo das elites da cidade trata-se de uma toalha de mesa (n.º cat. 33) e dois sofás bordados (n. os cat. 36 e 37) que se encontram numa quinta dos arredores de Guimarães, segunda habitação de uma conhecida família residente na cidade vimaranense; bem como uma camisa de homem feita propositadamente para usar numa festa (n.º cat. 23). Este chamar de atenção para o bordado de Guimarães, que acontece, com atrás dissemos, entre os anos 40 e 60 do século XX, é continuado, depois do 25 de Abril, com a criação dos primeiros cursos sobre bordado de Guimarães. O primeiro acontece em 1989/91 e as alunas que o frequentaram aprenderam vários tipos de bordado; o segundo, acontece em 1996/97, e as alunas aprenderam apenas a fazer o bordado de Guimarães. Ambos os cursos foram ministrados por antigas alunas do curso feminino da Escola Francisco de Holanda as professoras Donas Maria Amélia Ferreira Miranda e Maria do Céu Oliveira Freitas. Destes cursos saíram algumas das bordadeiras que ainda hoje se dedicam a fazer e a vender bordado de Guimarães: as Sr. as Donas Maria do Rosário Ribeiro, Maria da Conceição Miranda Ferreira, Maria Isabel Vales Oliveira e Adélia Maria Pinto. Foi nesta evolução decorrida ao longo de vários decénios do século XX de bordado popular a bordado de Guimarães, de bordado usado pelo povo a bordado usado pela burguesia, que o bordado de Guimarães chegou até nós. Hoje, o bordado de Guimarães que estamos a tratar de certificar, se bem que utilize o mesmo mapa de pontos que caracterizava o bordado de meados do século XX, que tenha na mesma como suporte um pano de linho e que utilize praticamente a mesma gama de cores do fio, apresenta, no entanto, diferenças que convém assinalar. O bordado de Guimarães tem hoje uma formosura e uma harmonia que não tinha antigamente. Hoje, exige- -se às bordadeiras uma perfeição nos pontos e no As previously stated, Guimarães embroidery became a focus of attention between 1940 and 60, which continued after the 25 th of April 1974 (democratic revolution) with the creation of the first embroidery courses in Guimarães. The first took place in 1989/91, and the students who took it learned various types of embroidery. The second course, in 1996/97, only taught the students how to do Guimarães embroidery. Both courses were given by former students of the course in female arts at the Escola Industrial e Comercial de Guimarães the teachers Maria Amélia Ferreira Miranda and Maria do Céu Oliveira Freitas. Some of the embroiderers from these courses are still dedicated to producing and selling Guimarães embroidery: Maria do Rosário Ribeiro, Maria da Conceição Miranda Ferreira, Maria Isabel Vales Oliveira, and Adélia Maria Pinto. It is in this line of evolution that took place over many decades of the 20 th century from popular embroidery to Guimarães embroidery, from embroidery used by the people to embroidery used by the bourgeoisie that Guimarães embroidery has been handed down to us. Although Guimarães embroidery, whose certification is being negotiated, still uses the same range of stitches

14

15 BORDADO DE GUIMARÃES 17 Vestido de noiva, pormenor 2001 Wedding dress, detail 2001 acabamento que os trabalhos populares mais arcaicos não possuíam. Hoje, o bordado de Guimarães não enche por completo o campo em que se insere, pois deixou de ter como característica o «horror ao vazio» de que fala Maria José Meireles e que caracterizava o bordado popular de Guimarães. Hoje há uma perfeita simetria nos motivos bordados e privilegiam-se os motivos menos cheios, o que confere ao trabalho uma maior leveza. O actual bordado de Guimarães faz lembrar mais o bordado rico vimaranense da segunda metade do século XIX na perfeição de execução, na minúcia e leveza do desenho do que o bordado popular onde entronca. E isto deve-se, em nosso entender, ao facto de possuir hoje em dia uma finalidade e destinatários bem diferentes. De facto, actualmente, o bordado de Guimarães já não serve para bordar camisas de lavradores e coletes de rabos, pois já não há mais quem os use 9. Hoje, o bordado vimaranense serve para bordar: toalhas de mesa, camilhas, naperões, panos de tabuleiro, lenços de namorados (agora tão em voga) e muitas outras peças que aformoseiam o lar de cada um, ou melhor dito, o lar de quem aprecia bordados de qualidade e tem poder económico para os pagar. Hoje, o bordado de Guimarães, ao contrário do bordado popular em que entronca, também não é feito pelo povo e para o povo. De facto, passou a ser executado por bordadeiras, algumas das quais receberam formação profissional, às quais se exige rigor e perfeição nas técnicas usadas, o que leva a que o bordado demore mais tempo a executar, tornando-o necessariamente mais caro, e logo não acessível a todas as bolsas. É um «bordado rico», destinado a quem tem posses para o adquirir. Não é um bem necessário, é sim, um luxo a que alguns conseguem ter acesso. Também sabemos que o «bordado de Guimarães» extravasa as fronteiras concelhias e é produzido, em quantidade não despicienda no concelho de Felgueiras 10. Nada que espante. Com outros produtos tem sucedido fenómeno semelhante: o artefacto produzido numa região mais vasta, adquire o nome de um local mais conhecido por todos e onde é mais comercializado (assim sucede com o Vinho do Porto ou com a alheira de Mirandela). Guimarães é terra de pergaminhos, terra de indústria, terra de comércio, terra rica, por isso, não se pode estranhar que, quando por motivos da industrialização oitocentista, as mulheres do mundo rural vimaranense começam a empregar-se nas fábricas, os comerciantes de Guimarães se virem para terras mais distantes e mais rurais várias freguesias do concelho de Felgueiras para encontrarem a mão-de-obra de que necessitavam para produzir o bordado de Guimarães, que possuía um and colourways that characterized the embroidery of the mid 20 th century and continues to have linen cloth as the base fabric, it presents differences that are worth noting. Today, Guimarães embroidery has a beauty and a harmony that it didn t formerly posses. Today, perfection in the stitches and in the finish is expected of the embroiderers, which the more archaic popular works didn t have. Today, Guimarães embroidery doesn t completely fill the ground, unlike the aversion to emptiness which characterized Guimarães popular embroidery, and is mentioned by Maria José Meireles. Today there is a perfect symmetry in the motifs embroidered, with preference going to the less heavily worked motifs, imparting a greater lightness. Currently Guimarães embroidery is more reminiscent of the rich embroidery of the second half of the 19 th century in the perfection of its execution, in the minutiae and lightness of the design than the popular embroidery from which it stems. And this is due, in our understanding, to the fact that nowadays it has a very different purpose and public. Indeed Guimarães embroidery no longer serves to embroider the shirts and tailed waistcoats of the agricultural classes because they are no longer worn 9. Today, Guimarães embroidery serves to decorate tablecloths, valances, napkins, doilies, sweetheart s handkerchiefs (now so much in vogue) and many other pieces that embellish the home, or at least, the home of those who appreciate quality embroideries and have the purchase power to buy them. Furthermore, Guimarães embroidery today, unlike the popular embroidery from which it stems, is not made by the people, for the people. In fact, it is executed by embroiderers, some of whom have received professional training, from whom technical rigor and perfection is expected. This means that the embroidery takes more time to execute, necessarily making it more expensive and less accessible to all purses. It is rich embroidery destined to those who have the means to acquire it. It is not a necessity, it is a luxury to which only some have access. We also know that Guimarães embroidery overflows the borough limits and is produced in not insignificant quantities in the Borough of Felgueiras 10. It is hardly surprising since a similar phenomenon has happened with other products. In a similar process as that which occurred with Port Wine or Mirandela sausage, the artefact produced in a wider area is generally known by the name of the principal market where it is sold. We should not find it strange, given that Guimarães is a wealthy territory, abounding in industry and trade, that during the industrialization of the 19 th century, the women of rural Guimarães should begin to work in the factories.

16 mercado de venda consolidado Porto, Lisboa e outros mercados ricos do País. Já em 1913, Manuel de Melo Nunes Geraldes atenta nessa produção executada no concelho de Felgueiras: «Muito naturalmente perguntamos a nós próprios, porque se localizaria esta indústria nesta região tão pobre e retirada, que é Figueiró da Lixa. Achamos a resposta provável na vinda para aí de vimaranenses conhecedores desse género de trabalhos, e que, pelas menores exigências do meio, começaram de produzir mais barato, e como consequência a deslocação da indústria de Guimarães para ali» (GERALDES, 1913: 26). Deixou, por isto que atrás se indica, de ser este bordado, «bordado de Guimarães»? Não, de maneira nenhuma! Como tudo na vida, o bordado de Guimarães foi-se adaptando a novos usos e a nova clientela. Tudo na vida se transforma, já o dizia Luís de Camões: «Mudam-se os tempos, / mudam- -se as vontades, / muda-se o ser, muda-se a confiança; / As a consequence the Guimarães merchants, who sold their goods in Porto and Lisbon or other such prosperous markets throughout the country, turned to more remote rural areas various parishes of the Borough of Felgueiras where they found the labour needed to produce Guimarães embroidery. In 1913, Manuel de Melo Nunes Geraldes already referred to the production undertaken in the Borough of Felgueiras: Naturally we ask ourselves why this industry should be located in such a poor and remote area, such as Figueiró da Lixa. We found the probable answer in the arrival of Guimarães experts in that style of work, who, due to the lower expectations of this milieu, could produce more cheaply. As a consequence the industry relocated there from Guimarães (GERALDES, 1913: 26). Does the above cited reason imply that this embroidery ceases to be Guimarães embroidery? No, not in the least! As everything in life, Guimarães embroidery adapted to new uses and a new clientele. Everything in life changes, Toalha de mesa, pormenor Séc. XX, década de 60 Table cloth, detail 1960 s

17 BORDADO DE GUIMARÃES 19 todo o mundo é composto de mudança, / tomando sempre novas qualidades» (CAMÕES, 1980, II: 257) O bordado que hoje se produz em Guimarães, mas também em Felgueiras, é a evolução do bordado popular usado nos trajes rurais vimaranenses, desde pelo menos o final do século XIX, início do século XX, e que por sua vez foi influenciado pelo bordado rico oitocentista. Hoje, o bordado de Guimarães tem características bem definidas nos materiais (linho e linha), nos motivos, na gama de pontos utilizados, nas cores usadas isoladamente (branco, bege, azul, vermelho e cinzento), na perfeição do desenho e da execução e um mercado seguro que se pretende venha a ser alargado. O bordado de Guimarães tem um passado recente e um futuro que se prevê auspicioso. Ajudemos todos a preservá-lo e a divulgá-lo! as Luís de Camões said: all the world is composed of change, always adopting new qualities (CAMÕES, 1980, II: 257). The embroidery produced in Guimarães today, and in Felgueiras as well, is the evolution of the popular embroidery used on rural attire from the Guimarães district at least from the end of the 19 th century and beginning of the 20 th century, which in turn had been influenced by 19 th century rich embroidery. Today Guimarães embroidery, has very defined characteristics in the materials used (linen and thread), in the motifs, in the range of stitches applied, in the colours used separately (white, beige, blue, red and grey), in the perfection and execution of the design. It also has a secure market, although one that we hope to enlarge. While Guimarães embroidery has a recent past, we foresee an auspicious future. Let us help to preserve it and to disseminate it! 1 Ver as referências documentais encontradas em solo vimaranense e que referem tecidos bordados no texto de Maria José Meireles incluído neste catálogo. 2 Vale a pena passar os olhos sobre o Inventário da Infanta D. Beatriz, mãe de D. Manuel, datado de No seu testamento percebe-se nitidamente a reutilização de certas peças (cortina de ouvir missa, guarda-portas, frontal de oratório) para fazer vestes ou outras peças. E, mesmo as peças que a Infanta trazia a seu uso são dadas a outras mulheres que as vão continuar a usar. Morre a dona, mas a peça de vestuário não morre, passando sim para outras mãos (FREIRE, 1914). 3 Conhece-se bem alguns dos bordados regionais portugueses, como, por exemplo, o bordado da Madeira, o bordado de Tibaldinho, mas a história geral do bordado português ainda está por fazer. 4 O preto parece ser a cor usada no colete de rabos caso a mulher fosse viúva. Diga-se também que, apesar de Alfredo Guimarães referir os coletes de rabo bordados a preto e a vermelho, quer- -nos parecer que a cor usada era mais um castanho-escuro. Assim se refere Alfredo Guimarães ao colete de rabos: «colete de rabos do mesmo tecido, quase completamente bordado a preto e vermelho, com silvas, rosas, aves, corações e o nome e sobrenome da proprietária» (GUIMARÃES, 1940: 14). Também havia coletes de rabo bordados a azul. A eles se refere Alberto Vieira Braga: «coletes de rabichos, em linho ou pano cru, com enconchados, a toda a volta, a fita de lã, de várias cores, e bordados a ponto de marca, a linha azul ou vermelha, com desenhos em forma de silva, e o nome à volta, ou também bordados a sutache preto» (BRAGA, 1928: 133). 5 Façamos um parêntesis para falar sobre a lã. No século XIX a lã era bastante usada para tecer e bordar. De facto, antigamente 1 See the documentary references found in Guimarães referring to embroidered textiles in the text included in this catalogue by Maria José Meireles. 2 It is worth looking at the Inventory of the Crown Princess D. Beatriz, mother of D. Manuel, dating from In her will the reutilization of certain pieces (curtain for hearing mass, door hangings, altar frontal) to make clothes and other articles is clearly apparent. Even the pieces that the Infanta wore personally were given to other women who would continue to wear them. The owner died but the article of clothing lived on. (FREIRE, 1914) 3 Some regional Portuguese embroidery is well known, as for example the embroidery of Madeira or of Tibaldinho, but in general terms the history of Portuguese embroidery is still to be written. 4 Black seems to be the colour used on tailed waistcoats when a woman was a widow. It should also be said that, despite Alfredo Guimarães s references to tailed waistcoats embroidered in black and red, it appears to us that the colour used was closer to a dark brown. Alfredo Guimarães refers to the tailed waistcoat in these words: tailed waistcoat of the same fabric, almost completely embroidered in black and red, with brambles, roses, birds, hearts and the surname of the owner (GUIMARÃES, 1940: 14). There were also tailed waistcoats embroidered in blue. Of them Alberto Vieira Braga wrote: waistcoat with little tails, in linen or raw cloth, cockled all around with woollen ribbon of various colours and embroidered in blue or red thread, with designs in the form of brambles around; the name also embroidered or worked in black braid (BRAGA, 1928: 133). 5 Allow me to speak a moment about wool. In the 20th century wool was extensively used to weave and embroider. In fact, formerly flocks of sheep existed in larger quantities, mainly in

18 20 BORDADO DE GUIMARÃES os rebanhos existiam em maior quantidade, principalmente nas regiões mais altas, e a lã era usada no traje do povo e no bragal das casas. Lembremos o já citado Relatório da Exposição de 1884, onde se explica que a indústria da lã não foi «incluída no catálogo, organizado oito dias antes da abertura da exposição, porque se ignorava nesse tempo que no concelho se fabricasse tal espécie de tecidos. Foi somente na véspera que se receberam os espécimes que lá se encontraram; 2 aventais e 2 cobertas. A urdidura é feita a fio de linho tingido, sobre o qual se levantam em alto-relevo vários ornatos a lã de cores. Estes tecidos preparam-se em muito pequena escala na freguesia de Santa Marinha de Arosa» tendo sido «urdidas com linho da terra fiado em casa e tecidas com lã produzida naquela freguesia, fiada lá, e tingida em Guimarães» (RELATÓRIO, 1991: 52). Também, na Póvoa de Lanhoso, em 1913, em Simães e em Frades, se teciam no tear «cobertas de linho e lã, ou algodão e lã; a urdidura é de linho ou algodão e a trama de lã» (GERALDES, 1913: 20-21). Sirva também como exemplo sobre o bordar a lã os trajes e fotografias antigas apresentadas numa recente exposição organizada no Mosteiro de S. Martinho de Tibães (TRAJAR, 2005). Também em 1884, na Exposição Industrial: aparecem «reposteiro bordado a fio de lã», «almofadas bordadas a lã e a matiz», «um almofadão bordado a lã em alto relevo» (RELATÓRIO, 1991: 103 e 104). 6 Muito agradecemos ao Dr. José Ribeiro Pinto que nos permitiu ter acesso à camisa de lavrador cujo peitilho é bordado com bordado de Guimarães e da qual é proprietário. Os dados que possui sobre a peça, indicam ter esta pertencido a uma família de Braga. No entanto, esta família bracarense adquiriu-a, já usada, a terceiros. Por isso, é impossível determinar a sua origem de proveniência e de uso inicial. 7 Note-se que é muito pouco referido o bordado usado na camisa da mulher. No entanto, Alfredo Guimarães publica uma dessas «camisa bordada, de camponesa», onde se pode ver bordado de Guimarães no término da manga e no peitilho (GUIMARÃES, 1928: 8, fig. 8). Veja-se também uma camisa de mulher neste catálogo (n.º cat. 14). Chame-se ainda a atenção para o facto de a camisa da mulher ser, por vezes, bordada a duas cores: normalmente as mangas a branco e o peitilho a vermelho. 8 O bordado a canutilho não pode ser separado do que Calvet de Magalhães chama «os bordados com ponto cheio» (MAGA- LHÃES, 1956: 117). Ou seja, o bordado de Guimarães tem canutilho e cheio. 9 É certo que ainda hoje, os ranchos folclóricos vimaranenses fazem uso das camisas de lavradores e dos coletes de rabos, mas apenas como memória de tempos idos que não voltam mais. 10 Também a este propósito se aconselha a leitura do texto de Maria José Meireles inserido nesta publicação. the highest areas, and the wool was used in the people s clothes and in household linen. Let us remember that the already quoted Report of the Exhibition of 1884, explained that the woollen industry was not included in the catalogue, organized eight days before the opening of the exhibition, because it was not known at that time that such a species of fabric was manufactured in the borough. It was only on the eve of the exhibition that the specimens put on display were received; 2 aprons and 2 blankets. The warp is made of dyed linen thread, on which various patterns in coloured wool are raised in relief. These fabrics are prepared on a very small scale in the parish of Santa Marinha de Arosa having been warped with homespun linen at home and woven with wool produced in that parish, spun there, and dyed in Guimarães (RELATÒRIO, 1991: 52). also, in Póvoa de Lanhoso, in 1913, in Simães and in Frades, woollen blankets or blankets of wool and cotton were woven on the loom the warp being of linen or cotton and the weft of wool (GERALDES, 1913: 20-21). Further examples of embroidering in wool on garments and old photographs were presented in a recent exhibition organized in the Monastery of S. Martinho de Tibães (TRAJAR, 2005). In the Industrial Exhibition of 1884 there also appeared a wall hanging embroidered in woollen thread, embroidered cushions in wool and graded colours and a cushion embroidered in wool in raised stitch (RELATÓRIO, 1991: 103 and 104). 6 We wish to thank Dr. José Ribeiro Pinto who allowed us access to the countryman s shirt with embroidered breast panel in Guimarães embroidery of which he is the owner. The information he has regarding the piece indicate that it belonged to a family of Braga, although this family acquired it second hand from a third party. For this reason it is impossible to determine its origin and initial use. 7 The embroidery applied to woman s blouse is very rarely mentioned. However, Alfredo Guimarães published one of these embroidered countrywoman s blouse, where Guimarães embroidery can be seen at the end of the sleeves and on the breast panel (GUIMARÃES, 1928: 8, fig. 8). See also the woman s blouse in this catalogue (Cat. n.º 14). The fact that the woman s blouse is sometimes embroidered in two colours should also be noted: normally the sleeves in white and the breast panel in red. 8 Bullion knot embroidery cannot be separated from what Calvet de Magalhães calls satin stitch embroidery (MAGALHÃES, 1956: 117). That is to say that Guimarães embroidery has both bullion knot and padded satin stitch. 9 It is a fact that Guimarães folklore groups wear the countryman s shirt and tailed waistcoat, but only as a memorial to times gone by, never to return. 10 On this matter it is advisable to read the text by Maria José Meireles included in this publication.

19 BORDADO DE GUIMARÃES 21 BIBLIOGRAFIA BIBLIOGRAPHY BRAGA, 1928 Alberto Vieira Braga Indústrias caseiras. In O Labor da grei. Guimarães: Francisco Martins, CAMÕES, 1980 Luís de Camões Lírica Completa. 3 vol. Porto: Imprensa Nacional, CARVALHO, 1941 A. L. de CARVALHO Os mesteres de Guimarães. Lisboa: Instituto Nacional do Trabalho, Vol. 2. FREIRE, 1914 A. Braancamp Freire Inventário da Infanta D. Beatriz: Arquivo Histórico Português. Lisboa. 9: (1914). Pp GERALDES, 1913 Manuel de Melo Nunes Geraldes Monografia sobre a indústria do linho no distrito de Braga Coimbra: Imprensa da Universidade, GUIMARÃES, 1928 Guimarães: o labor da grei. Guimarães: MAGALHÃES, 1956 M. M. de S. Calvet Magalhães Bordados e rendas de Portugal. Lisboa: Campanha Nacional de Educação de Adultos, (Colecção Educativa. Série N; 10),1956. MOURA, 1961 Clementina Carneiro Moura O desenho e as oficinas no curso de formação feminina. Lisboa: Direcção Geral do Ensino Técnico Profissional, SAMPAIO, 1986 Gonçalo Sampaio Danças regionais do Minho. Braga: Edição do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, TRAJO, 2005 O trajo e o trajar popular no Baixo Minho: finais do século XIX primeiras décadas do séc. XX. Braga: Mosteiro de S. Martinho de Tibães, RELATÓRIO, 1991 Relatório da Exposição Industrial de Guimarães em Guimarães: Muralha, ª ed., 1884 GUIMARÃES, 1940 Alfredo Guimarães Guimarães: guia de turismo. Guimarães: Câmara Municipal de Guimarães, 1940.

20 22 BORDADOS DE GUIMARÃES DE GUIMARÃES Bordado de Guimarães Guimarães Embroidery Da tradição à inovação From tradition to innovation

21 Maria José Queirós Meireles Apresentação Presentation Falar em Guimarães e nas suas artes tradicionais, implica necessariamente falar na história milenar da cidade, que ao longo dos tempos foi modelando uma identidade muito própria. A origem da vila remonta ao pequeno burgo que se formou à volta do Convento em honra do Salvador do Mundo, da Virgem Santa Maria e dos Santos Apóstolos, fundado no século X pela Condessa Mumadona, mais tarde convertido em Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira. Aqui aconteceu «a primeira tarde portuguesa» (MATOSO, 1978) quando D. Afonso Henriques venceu os partidários de sua mãe na batalha de S. Mamede, em 1128 e iniciou deste modo a luta para tornar o condado independente. Guimarães sempre foi terra livre, e essa tradição manteve-se quando, em 1096, o Conde D. Henrique lhe concedeu um foral, reformado, em 1517, por D. Manuel. A vila medieval era habitada por uma burguesia laboriosa e de grande dinamismo, que se renovou no século XII com a chegada do conde D. Henrique e de alguns cavaleiros franceses que o acompanharam, e que aqui se radicaram. No século XIII, instalaram-se junto da Muralha as duas ordens mendicantes, franciscana e dominicana, que influenciaram profundamente a vila ao longo do tempo. No século XV, o primeiro Duque de Bragança To speak of Guimarães and of its traditional crafts, necessarily implies speaking of the history of the centuriesold city whose particular identity was moulded over the course of time. The origins of Guimarães lie in the town that formed around the Monastery founded in the 10 th century by Countess Mumadona. Dedicated to the Saviour of the World, the Holy Virgin Mary and the Holy Apostles it was later to be transformed into the Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira. It was in the vicinity of Guimarães, in 1128, that D. Afonso Henriques defeated his mother at the battle of S. Mamede, described by the historian José Matoso as the first day of Portugal (MATOSO, 1978), and which initiated the struggle for the nation s independence. Guimarães was always the land of freemen, and that tradition was maintained when, in 1096, Conde D. Henrique granted it a charter, reformed by D. Manuel in The medieval town was inhabited by a hard-working bourgeoisie. The arrival of count D. Henrique in the 12 th century, accompanied by some French knights, rejuvenated and consolidated the settlement. In the 13 th century, monasteries of the mendicant orders of St. Francis and St. Dominic were established close to the town walls that would deeply influence the town over the ages. In the

22 24 BORDADO DE GUIMARÃES fixou a sua residência próximo do castelo, no palácio que construiu entre 1420 e 1433 (BARROCA, 2000: 92). Tudo isto levou a que se fosse criando uma identidade específica. A cidade nasceu para o comércio desde muito cedo. Como vila burguesa que era, aqui se situava um dos grandes centros do comércio do interior Norte, o que levou D. Afonso III a criar, por carta régia de 1258, uma feira franca. Ao longo do tempo foi mantendo um vigor comercial que se espelhou na Exposição Industrial de Guimarães, realizada em 1884, na qual se pretendeu mostrar o desenvolvimento atingido pela indústria vimaranense, e que reuniu não só um grande número de expositores, mas também um conjunto de produtos de grande qualidade. Aí foram expostas diversas actividades de manufactura da região, entre as quais curtumes, cutelarias e tecidos de linho. Mas, uma das actividades que cabe aqui destacar, e que é deveras interessante, é a «indústria doméstica de bordados», tanto a branco como a matiz. De notar que o bordado feminino sofreu uma grande divulgação no século XIX (TAXINHA; GUEDES, 1975: 7) e em Guimarães esta actividade atingiu uma expressão tão grande, que originou o que podemos designar como uma «indústria caseira» 1. Bordar é um trabalho minucioso de ornamentação com fios têxteis, por meio de uma agulha, sobre um tecido ou um suporte de fundo penetrável e preexistente (MAGA- LHÃES, 1961: 7; 1995: 9), e é sempre indissociável do fim a que se destina, pois geralmente está adaptado à função em que vai ser usado: vestuário, paramentos ou enxovais. Por isso pode ser feito directamente sobre o suporte ou indirectamente através da sua aplicação, utilizando-se uma enorme diversidade de fios, contados ou livres, que podem ser brancos ou coloridos, metálicos ou fibras, de acordo com a sensibilidade e gosto de quem o faz. O suporte (linho, tule, linhagem, juta, palha ou cabedal), o desenho (figurado, geométrico, fitomórfico), as cores utilizadas (branco, matiz ou fio metálico), os pontos escolhidos, que podem ser o mais variado possível, os materiais empregues (lã, linho, algodão, fio metálico ou missangas e vidrilhos) e o relevo (liso ou de realce) fazem parte da arte da bordadeira (MAGALHÃES, 1961: 23; 1995: 20). Estas características, em conjunto com a época e o país permitem identificar e classificar o bordado. Percorrendo a documentação vimaranense, desde cedo encontramos referência a peças bordadas. No Testamento de Mumadona (século X), a Condessa refere que, entre as várias peças que legava ao templo do mosteiro para culto dos santos, deixava uma capa bordada a ouro e ornamentada de pedras (CARDOSO, 1975: 34). Também a Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira foi adquirindo 15 th century, the first Duke of Bragança established his residence close of the castle, in the palace that he ordered built between 1420 and 1433 (BAROCO, 2000: 92). All these events contributed towards the creation of the town s specific identity. From an early date the town developed an industrious character, becoming one of the great centres of commerce for the northern interior. This lead D. Afonso III to create a free fair by royal charter in Over the centuries the town maintained the commercial vigour that was to be reflected in the Guimarães Industrial Exhibition of 1884, the showcase for the development achieved by local industries. It brought together not only a large number of exhibitors, but also a group of products of great quality. Several manufacturing activities were exhibited from the area, among them leather tanning, cutlery and woven linen. However, one of the activities appropriate to highlight here is the domestic industry of embroidery, both whitework and shaded. It is notable how female embroidery became widespread in the 19 th century (TAXINHA; GUEDES, 1975: 7), and in Guimarães this activity attained such large dimension that it originated what can be designated as a cottage industry 1. Embroidery is a meticulous work of ornamentation using textile threads drawn by a needle on fabric or other support through which it can pass (MAGALHÃES, 1961: 7; 1995: 9). It is almost impossible to divorce embroidery from the end to which it serves; it is generally adapted to the function to which it will be applied: clothes, liturgical vestments or household linen. It can either be worked directly onto the base fabric or indirectly through appliqué techniques. An enormous diversity of stitches can be applied according to the sensibility and taste of whoever works the piece, whether it be counted thread or free embroidery, white or coloured, metal or fibre. The base fabric (linen, tulle, jute, straw or leather), the design (figurative, geometric, phytomorphic), the colours used (white, shaded or metal thread), the chosen stitches, that can be of the most varied imaginable, the materials used (wool, linen, cotton, silk, metal thread or beads and sequins), and the relief (flat or raised stitches) are part of the embroiderer s art (MAGALHÃES, 1961: 23; 1995: 20). These characteristics, together with the period and the country allow us to identify and classify embroidery. Examining the documentation relative to Guimarães, we found an early reference to embroidery in Countess Mumadona s Last Will and Testament (10 th century). Among the various pieces bequeathed to the monastery church for the worship of the saints, she mentions a cloak embroidered in gold and ornamented with stones (CAR- DOSO, 1975: 34). Over time the Colegiada de Nossa

23 BORDADO DE GUIMARÃES 25 ao longo do tempo vários tecidos bordados a fio metálico dourado, como podemos ver pelos seus documentos: «um manto branco à roda broslado com estrelas de ouro» de Nossa Senhora da Oliveira (INVENTÁRIO de 1631: 51); um ornamento da China «todo broslado de ouro, e várias cores» (INVENTÁRIO de 1631: 79); «um véu branco que mostra ser de holanda todo broslado de fio de ouro, e no meio um Rei, e Rainha jogando o xadrez» (INVENTÁRIO de 1631: 84); um vestido de Nossa Senhora em lhama azul «bordado de ouro com coroas e palmas e manto do mesmo» (INVENTÁRIO de 1665: 17 v); «outro vestido de tela guarnecido com ramos de ouro» (INVENTÁRIO de 1665: 17); uma bolsa de corporais carmesim, «bordada com ramos de ouro» (INVENTÁRIO de 1665: 16 v). Estes bordados a ouro devem ter vindo de fora, talvez de Lisboa, onde já havia uma corporação de bordadores, ou mesmo do estrangeiro. Na Idade Média bordar era um trabalho essencialmente masculino, embora também existisse um reduzidíssimo número de bordadeiras, geralmente ligadas à família do bordador. Era uma actividade bastante exigente e muito rigorosa, com uma carreira profissional muito rígida, que ia de aprendiz a mestre, culminado num exigente exame de ofício. Os seus artífices trabalhavam com materiais preciosos ouro, prata e pedras preciosas, para satisfazerem encomendas de altos dignitários religiosos ou nobres, que, através das suas luxuosas vestes, pretendiam ostentar todo o seu poderio. Foi essencialmente uma expressão de luxo e de requinte, muito utilizada pela Igreja, pela Realeza e pelo Clero. Estes encomendadores de vestuário sumptuário eram muito exigentes e possuíam um gosto bastante apurado, o que provocou um forte surto de desenvolvimento do bordado, cuja época de apogeu se situou nos séculos XVI e XVII. Esta ostentação e excessivo gasto começou a ser combatido, em Portugal, pelos monarcas que criaram «pragmáticas», isto é, leis contra o exagero do luxo. Estas ajudaram a contribuir para a decadência da arte, que se tornou cada vez menos exigente, tanto ao nível do desenho como da técnica. A mulher dedicou-se desde cedo ao bordado, tornando-o uma das suas principais actividades. O seu trabalho não era profissional, pois geralmente não era feito por encomenda, e não utilizava metais preciosos nem tecidos luxuosos. Aplicou-se devotadamente a esta tarefa, que executava geralmente nas horas de lazer, no aconchego do seu lar e da sua família. O bordado feminino foi essencialmente praticado nas classes mais abastadas, fazendo parte das regras de educação das meninas, quase como uma vocação da condição feminina, até quase à segunda metade do século XIX, altura em se começou a Senhora da Oliveira also acquired various fabrics embroidered with gilt metal thread, as we can see from its documents: an ample white mantle embroidered with golden stars of Our Lady of Oliveira (INVENTÁRIO 1631: 51); an ornament from China completely embroidered in gold, and various colours (INVENTÁRIO 1631: 79); a white veil, which appears to be from Holland, entirely embroidered in gold thread with a King and Queen playing chess at the centre (INVENTÁRIO 1631: 84); a dress of Our Lady in blue lamé gold embroidery with crowns and palms and mantle of the same (INVENTÁRIO 1665: 17v); another fabric garnished with gold branches (INVENTÁRIO 1665: 17); a crimson pouch embroidered with gold branches (INVENTÁRIO 1665: 16 v). These embroideries in gold most probably came from outside, possibly from Lisbon, where there was already a corporation of embroiderers, or even from abroad. In the Middle Ages embroidery was essentially a masculine task, although a small number of female embroiderers also existed, generally related to the embroiderer s family. It was a very demanding and rigorous activity, with a very rigid professional career-structure, going from apprentice to master, culminating in a challenging occupational exam. Its authors worked with precious materials gold, silver and gem stones for they satisfied orders from patrons who were high-ranking prelates or nobility, who wished to demonstrate their status through their luxurious style of dress. It was essentially an expression of luxury and refinement, much appreciated by the Church, the Royalty and the Clergy. Those who commissioned these sumptuous garments were very exigent and had refined tastes, stimulating demand for, and the development of, embroidery whose golden age was in the 16 th and 18 th centuries. This ostentation and excessive expense began to be countered in Portugal by monarchs who created ordinances against exaggeration in luxury. These contributed to the decline of the art that became less and less exigent both as far as design as well as technique was concerned. From an early stage women devoted themselves to embroidery, turning it into one of their main activities. The work was not professional, because it was not generally undertaken by commission, nor did it use luxurious fabrics or precious metals. Female embroidery was essentially practiced by the wealthiest classes, being done in free time, in the comfort of the home and family. Until almost the second half of the 19 th century, when female public education began to increase in Portugal, it was part and parcel of a girl s education, almost a vocation of the feminine condition, (PINTO, 2000: 33-40). The art of embroidery was also transmitted to their maids who helped

24 incrementar em Portugal o ensino feminino público (PINTO, 2000: 33-40). Esta arte de bordar passou também às suas criadas, que as ajudavam nesses trabalhos de paciência, tolerância e sensibilidade: «fiar, tecer, costurar, bordar, ocupava as mãos, evitava o ócio e prevenia os devaneios perigosos do espírito, era o esteio indispensável de uma norma educativa que impunha à mulher obediência, o decoro e a devoção» (ALARCÃO; SEIXAS, 1993: 17). No século XIX, encontrava-se em grande florescimento o bordado a branco, difundindo-se amplamente, seja no traje ou no bragal de todas as casas [n.º cat. 1-7]. Era executado por grande parte da população feminina e com tal intensidade, que se tornou praticamente uma «indústria doméstica» (RELATÓRIO, 1884: 43). Este tipo de bordado desenvolveu-se após o período da Revolução Francesa e da industrialização, e integrou-se perfeitamente no gosto e na sensibilidade dos novos estilos artísticos que se foram desenvolvendo a partir de finais them in these works requiring patience, forbearance and sensibility: spinning, weaving, sewing, embroidering, kept the hands occupied, avoided idleness and prevented dangerous musings of the spirit; it was the indispensable bulwark of an educational model that imposed obedience, decency and dedication on women (ALARCÃO; SEIXAS, 1993: 17). In the 19 th century whitework embroidery flourished, spreading to both garments and household linen in all houses [Cat. n.º 4]. It was carried out by a large part of the female population and with such intensity, that it practically became a cottage industry (RELATÓRIO, 1884: 43). This type of embroidery developed after the period of the French and Industrial Revolutions and was perfectly integrated into the taste and sensibility of the new artistic styles that developed from the end of the 18 th century onwards empire, neo-classical and later on the romantic movement (TEIXEIRA, 1998: 7-13). It also figures as a Lençol, pormenor ca. de 1860 Bed sheet, detail c. 1860

25 BORDADO DE GUIMARÃES 27 do século XVIII império, neoclássico e posteriormente romântico (TEIXEIRA, 1998: 7-13) e também na sensibilidade burguesa do final do século XIX, surgindo como reflexo da sua afirmação socioeconómica (PINTO, 2000: 23). Desenvolveu-se então a concepção da mulher como «esposa-doméstica» e «mãe-educadora», sempre omnipresente no ambiente acolhedor da sua casa, que se devia dedicar ao bordado como «prenda» da sua feminilidade, enquanto que anteriormente seria mais como uma ocupação. Passa a estar em voga a roupa interior ou doméstica e o branco introduz-se como sua cor privilegiada, sendo sinónimo de higiene e limpeza. De facto o branco suportava facilmente as grandes barrelas que se faziam periodicamente na zona Norte do país, ou o corar do tecido ao sol sem perda de cor. Entretanto começava a desenvolver-se o trabalho domiciliário feminino, impulsionado pela crescente industrialização. Os têxteis e os bordados tornaram-se um dos sectores privilegiados pela mão-de-obra feminina, pois a mulher poderia trabalhar como operária numa fábrica, no caso de ser solteira, ou executar um trabalho domiciliário no caso de casada, cumprindo simultaneamente as tarefas femininas de cuidar da casa e das crianças e, paralelamente, trabalhar por conta própria ou para os negociantes da cidade, à semelhança de outras indústrias locais, como as cutelarias e a tecelagem (COR- DEIRO, 1991:9). Ao longo do tempo foi-se formando, em Guimarães, uma tendência, que resultou da miscigenação de vários géneros de bordados formando um novo gosto a que se chamou Bordado de Guimarães. Este bordado é hoje considerado regional, por ser característico deste concelho, e distingue-se por apresentar uma temática de inspiração fitomórfica ou geométrica, de grande volumetria, usando um conjunto de pontos específicos, e sempre monocromáticos, sendo as cores usadas: vermelho, azul, bege, branco, cinza e preto. Este «bordado de Guimarães», que pretende agora ajustar-se aos novos tempos de rigor e certificação, tem uma raiz histórica que interessa conhecer. Ao analisarmos o bordado de Guimarães decidimos considerar um conjunto de quatro fases: Antecedentes bordado antigo ou «bordado rico» Desenvolveu-se durante o século XIX, prolongando-se até ao século XX. Bordado popular de Guimarães Desenvolveu-se durante finais do século XIX e primeira metade do século XX, período em que se começa a divulgar e estudar o bordado usado pelo povo na zona de Guimarães. reflection of the socio-economic affirmation of the bourgeois at the end of the 19 th century, (PINTO, 2000: 23) when the concept of the woman as house-wife and mother-tutor developed, an ever-present figure in the welcoming atmosphere of the home. While embroidery had previously been more of an occupation, the woman would now dedicate herself to it as a gift of her femininity. Embroidered underwear and house coats came into fashion and white was the privileged colour, being synonymous with hygiene and cleanliness. Indeed white supported the lye-washing, periodically done in the Northern part of the country, or bleaching in the sun without colour loss. Impelled by growing industrialization, female out-work in the home began to develop. Textiles and embroidery became one of the privileged sectors for female employment. The single woman could work in the factory while the married woman could work at home, carrying out the female tasks of taking care of the house and children while simultaneously working independently or for traders from the city, in a similar fashion to other local industries such as cutlery and weaving (CORDEIRO, 1991:9). Over the years the various styles of embroidery in Guimarães tended to become mixed, resulting in new style that was called Guimarães embroidery. Today this embroidery is considered as being regional, because it is characteristic of this borough, distinguished by themes inspired in phytomorphic or geometric motifs of great density, using a group of specific but always monochrome stitches in red, blue, beige, white, grey or black. This Guimarães embroidery, which is now subject to a new period of formalism and certification, has historical roots which we will now examine. In order to analyze Guimarães embroidery we have divided its evolution into four phases: Antecedents: antique or rich embroidery evolved during the 19 th century, extending into the 20 th century; Popular embroidery of Guimarães evolved over the end of the 19 th century and first half of the 20 th century, period in which the study and disclosure of the embroidery used by the people in Guimarães area begins; The dawn of Guimarães embroidery a phase centred on the 1940 s, period in which Guimarães embroidery was born with its own characteristics and identity, disseminated as a symbol of local and national patriotism; Guimarães embroidery: renaissance and consolidation the 1980 s, in which there was a renewal of Guimarães embroidery with its certification and popularization.

26 28 BORDADO DE GUIMARÃES O bordado de Guimarães no seu alvor Fase que se centrou nos anos 40, época em que nasceu o Bordado de Guimarães com uma identidade e características próprias e se divulgou como símbolo de bairrismo e nacionalismo. O bordado de Guimarães renascimento e consolidação Anos 80, em que há uma renovação do Bordado de Guimarães, com a sua certificação e divulgação. De notar que os períodos não possuem limites cronológicos rigorosos. São tendências de um determinado gosto, característico de uma comunidade, cujas fases geralmente se sucedem no tempo, sem grande rigor, podendo mesmo coexistir. Vamos então reflectir sobre cada uma destas fases. 1. Antecedentes bordado antigo ou «bordado rico» (século XIX-XX) Do século XVII ao século XVIII bordou-se muito porque o bordado era considerado, como já foi dito, uma das prendas de uma sólida educação feminina, sendo principalmente praticado em conventos de freiras. Sabe- -se que o bordado a branco predominou no século XIX, pois as novas correntes artísticas do neoclássico e do romantismo, a mentalidade vitoriana e as novas ideias de higiene vão levar a uma explosão deste tipo de bordado. Sabemos também que a produção do bordado a branco foi uma importante receita para a economia doméstica, como veremos adiante. A informação mais importante sobre o bordado a branco é-nos dada pelo Relatório da Exposição Industrial de Guimarães, realizada em 1884, onde foram expostos muitos dos bordados feitos pelas vimaranenses. Foi aí, durante o Verão de 1884, que se apresentou ao público, no Palácio de Vila Flor, o melhor que se fazia no concelho. Nesta época a indústria de fiação de linho, que tinha sido uma das principais indústrias vimaranenses, já expressa no foral concedido pelo Conde D. Henrique em 1096, estava em decadência devido à divulgação do fio de algodão, mais leve, fácil de trabalhar e mais económico (RELATÓRIO, 1884: 43). O bragal familiar do lavrador era até então executado em linho, conhecido então como «pano caseiro», «pano de lavrador» ou «estopa» (RE- LATÓRIO, 1884: 47), sendo por vezes também bordado, usando-se de início os fios de linho e de lã produzidos na região, que começaram, em meados do século XIX, a ser lentamente substituídos pelo fio de algodão. Nas casas burguesas e nobres o linho utilizado era de grande qualidade, muito mais fino do que o produzido nas casas rurais, possuindo um acabamento final mais cuidado. It should be noted that these periods do not possess hard and fast chronological limits. They are tendencies for a certain taste, characteristic of a community, whose phases broadly occurred in the period in question, with great deal of flexibility, even being able to coexist. Let us consider each of these phases separately. 1. Antecedents: antique or rich embroidery (19 th 20 th century) A great deal of embroidery was done during the 18 th and 19 th century because, as has been said previously, embroidery was considered one of the benefits of a solid feminine education, practiced mainly in convents by nuns. It is known that whitework embroidery prevailed in the 19 th century because of the new artistic currents of neo-classicism and romanticism, Victorian mentality and new ideas of hygiene lead to an explosion of this type of work. We also know that the production of whitework embroidery was an important source of revenue for the domestic economy, as we will see further on. The most important information on whitework embroidery is given by the Report from the Guimarães Industrial Exhibition held in 1884, where many embroideries worked in Guimarães were exhibited. It was here, in the Vila Flor Palace during the summer of 1884, that the best of what was made in the borough was presented to the public. The spinning of linen thread had always been one of the major industries of Guimarães, even being mentioned in the Charter granted by Count D. Henrique in However, by this time, it had entered into decline due to the spread of cotton thread, which was lighter, easy to work and more economical (RELATÓRIO, 1884: 43). Until this time, the family linen chest of the agricultural classes had been in linen, known as homespun cloth, ploughman s cloth or flax tow (RELATÓRIO, 1884: 47). Sometimes these pieces were embroidered, initially using local linen or woollen thread, which, from the mid 19 th century, were slowly substituted by cotton thread. The linen used in the houses of the bourgeoisie and nobility was much finer than that produced in rural homes, being of higher quality and more carefully finished. Towards the end of the 19 th century, however, embroidery was already being frequently worked on damasquilho or industrial damasked fabric. At this time the embroidery that included the greatest diversity of needle stitches was considered the richest and most perfect. In the Guimarães Industrial Exhibition of 1884 a number of exhibitors displayed to the public items of whitewear garments, plain and embroidered; bedspreads and Lençol, pormenor ca. de 1860 Bed sheet, detail c. 1860

27 BORDADO DE GUIMARÃES 29 Mas, nos finais do século XIX, o bordado era já frequentemente executado sobre damasquilho ou tecido adamascado industrial. Nesta época considerava-se como mais rico e mais perfeito o bordado que incluía uma grande diversidade de pontos de agulha. Na Exposição Industrial de Guimarães, em 1884, apareceu um conjunto de expositoras, que apresentaram ao público diversas peças de roupa branca, lisa e bordada; colchas e toalhas de crochet; bordados a cores, a fio de prata e ouro. Refere o Relatório que «se exceptuarmos as costureiras, que se empregam em confecções, a população feminina da cidade ocupa-se principalmente nestes misteres, segundo a idade e aptidão de cada pessoa»; e acrescenta ainda: «não são só as mulheres da classe pobre que se ocupam nestes trabalhos: as filhas da classe média e remediada procuram neles também um aumento de receita para as suas despesas» (RELATÓRIO, 1884: 48-49). Usava-se «trabalhar para fora» ou «trabalhar para as lojas» a fim de se obter algumas rendas próprias (RELATÓRIO, 1884: 49). O trabalho executado podia ser comerciado por duas maneiras: ou por encomenda directa feita à própria bordadeira, ou, tal como se usava noutras indústrias vimaranenses da época, por encomenda feita à bordadeira pelos negociantes vimaranenses, que forneciam as matérias-primas e pagavam a mão-de-obra, recebendo depois o produto acabado e vendendo-o para o Sul do país e para o Brasil. Os trabalhos eram pagos de acordo com a sensibilidade e habilidade da bordadeira, oscilando entre os 90 e 200 réis uma peça vulgar, que ocupasse um dia de trabalho completo (RELATÓRIO, 1884: 49). O Relatório refere que, segundo os dados do censo de 1878, metade da população feminina da cidade isto é, quase 1500 pessoas bordava, e cerca de 373 viviam exclusivamente deste trabalho, que orçava em cerca de 45:000$000 (RELATÓRIO, 1884: 48-50). A variedade de peças em exposição era bastante grande: roupa branca, lisa e bordada; toalhas de rosto bordadas a crivo (MOURA [19?]: 34), a cheio ou em relevo; toalhas bordadas em alto-relevo a ponto de veludo; toalhas de bandeja também bordadas a crivo, a cheio ou em relevo; aparelhos de cama simples ou bordados em relevo e a ponto de veludo; cobertas a ponto de fustão; colchas e toalhas de crochet; lenços, camisas, ceroulas, meias de linho ou algodão lisas e abertas; almofadas bordadas a cores, fio de prata ou de ouro; quadros bordados a canutilho de prata, ouro e lãs, um reposteiro de linho bordado a fio de lã; um vestido de seda e um manto de veludo bordado a fio de ouro; quadros bordados a lã em crochet towels; embroidered in coloured threads as well as silver and gold. The Report states that excepting seamstresses who are occupied in dressmaking, the female population of the city is mainly taken up with these occupations, according to the age and each person s aptitude ; to which it adds: it is not only the women of the poorer classes who are occupied in these works: the daughters of the middle class and well-off also seek to increase their income with this work, off-setting their expenses (RELATÓRIO, 1884: 48-49). It was customary to work outside or to work for the stores in order to obtain some income of their own (RELATÓRIO, 1884: 49). The finished work could be placed on the market in one of two ways: either by means of a direct commission to the embroiderer, or, as was common practice in other Guimarães industries of the time, for the order to be made to the embroiderer via the city merchants, who supplied the raw materials and paid the labour, subsequently receiving the finished product to be sold in the south of the country or in Brazil. The work was paid in accordance with the embroiderer s skill and ability, varying between the 90 and 200 réis for an ordinary piece, that took a whole working day to complete (RELATÓRIO, 1884: 49). The Report states that, according to the data of the 1878 census, half of the female population of the city that is almost 1500 people embroidered, and about 373 lived exclusively from this work, worth approximately 45,000$000 (RELATÓRIO, 1884: 48-50). The variety of pieces in exhibition was quite large: white, plain and embroidered clothes; face towels embroidered with drawn thread work (MOURA [19?]: 34), satin stitch or raised work; towels embroidered in raised work and in velvet stitch; tray cloths also embroidered with drawn thread work, padded satin stitch or in raised work; bed linen either plain or embroidered in raised work and velvet stitch; bed covers in blanket stitch; bedspreads and crochet towels; handkerchiefs, shirts, drawers, linen and plain cotton stockings; cushions embroidered in coloured, silver or gold thread; pictures embroideries in bullion knot in silver, gold and woollen threads; a linen wall hanging embroidered in woollen thread; a silk dress and a mantle of velvet embroidered with gold thread; pictures embroidered with wool in high relief, in velvet thread of blue and graded silk; knotted lace; a picture embroidered in gossamer thread; a large cushion embroidered in woollen raised work; embroidered shirts for girls and handkerchiefs embroideries in high relief (RELATÓRIO, 1884: ). The most frequently used stitches in these embroideries were: raised, velvet, hem stitch, buttonhole and drawn-thread.

28 30 BORDADO DE GUIMARÃES alto-relevo, a fio de veludo em seda azul, a matiz, renda larga a ponto de nó; um quadro bordado a fio de escumilha; um almofadão bordado a lã em alto-relevo; camisas bordadas para meninas e lenços bordados em alto-relevo (RELATÓRIO, 1884: ). Os pontos mais utilizados nestes bordados eram: o ponto alto, o ponto veludo, o aberto, o recorte e o crivo. Nesta exposição foi apresentado ao público uma grande diversidade de bordados: roupa branca, lisa e bordada. Na classe 20ª, onde foram apresentados tecidos brancos e de algodão, apareceu um conjunto de têxteis lar e vestuário, tecidos em fábricas, mas que eram também bordados manualmente: toalhas de mesa adamascadas, lisas e bordadas em alto-relevo, guardanapos; toalhas de rosto; cobertas de cama; serviços de camas lisos e bordados a crivo e a alto-relevo; travesseiros e travesseirinhas bordadas; coxins; saias e camisas bordadas de senhora; meias bordadas de senhora e criança. Esta exposição mostrou o que de melhor se fazia em bordado, em Guimarães, e a Imprensa fez-se representar e noticiou pormenorizadamente o evento. A opinião geral foi favorável e elogiou-se a mostra e as peças apresentadas. No entanto, um dos colaboradores do jornal «Comércio do Porto», o ilustre historiador de arte Joaquim de Vasconcelos, foi especialmente crítico em relação aos bordados. Embora referindo que os tecidos eram bem executados considera que «acrescem os bordados mais subtis e de uma execução prodigiosa, às vezes. O gosto, porém, só raras vezes dirige a agulha» (RELATÓRIO, 1884: 146). E refere ainda o desenho: «os desenhos são, com variadíssimas excepções, monótonos, do mesmo gosto, baroque e rococó, que ainda impera no nosso mobiliário, nas nossas casas e até na arquitectura dos nossos confeiteiros» (RELATÓRIO, 1884: 146). Lamenta a falta de variedade e criatividade do desenho, porque não se conheciam os estilos artísticos e a sua gramática decorativa, e copiavam-se os elementos decorativos de outros bordados. Referia ainda que na época se pensava que o excesso decorativo da peça e a maior diversidade de técnicas de bordado é que lhe davam valor, mas isto resultava num mau gosto. Era necessário apurar critérios, simplificar a obra e apurar a técnica, segundo um critério estabelecido, pois «há falta de variedade, porque não há invenção; e não há faculdades inventivas porque não há o conhecimento elementar do alfabeto das formas e da combinação dos elementos característicos de cada estilo. Copiam-se uns aos outros. Supõe-se, em geral, que a obra que ostenta mais lavor, maior número de pontos, é também a mais digna de ser admirada. Não se entende o que seja economia no movimento da agulha, A wide variety of embroideries was presented to the public in this exhibition: plain and embroidered whitewear. Under Category 20, where natural linen and cotton woven cloth were presented, there also appeared a group of household linens and garments woven in factories, but which were embroidered manually: damasked tablecloths, with flat and raised embroidery, napkins; face towels; bed covers; plain bed-linen and embroidered in drawn thread work and raised needlework; pillows and embroidered bolsters; cushions; skirts and lady s embroidered shirts; women s and children s embroidered stockings. This exhibition showed the best of the embroidery worked in Guimarães, and the Press reported the event giving detailed information on all aspects. The general opinion was favourable and both the exhibition and the pieces presented were praised. However, one of the journalists of the newspaper «O Comercio do Porto», the illustrious art historian Joaquim de Vasconcelos, was especially critical in relation to the embroideries. Although mentioning that the fabrics were well executed, he considered that on occasions they are embellished with most subtle embroideries of a prodigious execution. Good taste, however, rarely guides the needle (RELATÓRIO, 1884: 146). and in respect of the designs: the designs are, with many and various exceptions, monotonous, of the same taste, baroque and rococo, that still reigns in our furniture, in our houses and even in the architecture of our confectioners (RELATÓRIO, 1884: 146). He laments the lack of variety and creativity in the designs, the lack of knowledge of artistic styles and their ornamental grammar, and for copying ornamental devices from other embroideries. In addition he states that at that time ornamental excess and the widest diversity of embroidery techniques were factors which were believed to impart value to the piece, but in fact only resulted in bad taste. It was necessary to define criteria, to simplify the work and refine techniques, according to an established criteria, because there is a lack of variety, because there is no invention; and there are no inventive abilities because the elementary knowledge of the alphabet of forms is lacking and how to combine the characteristic elements of each style. They copy from each other. It is supposed, in general, that the work that demonstrates more toil, a larger number of stitches, is also the most worthy of being admired. There is no understanding of economy of movement in the needle, the economy of effect. The simplest work in the world, done with good taste and selected techniques, is and always will be preferable to the most complex needlework; it will prevail wherever there are criteria of evaluation. We have, therefore, to declare that we do not agree,

29 BORDADO DE GUIMARÃES 31 a economia do efeito. A obra mais simples deste mundo, feita com bom gosto e apurada técnica, é e será sempre preferível ao lavor mais complicado; vencerá em toda a parte onde houver critério. Temos, pois, a declarar que não concordamos, em geral, com os bordados em branco da exposição (incluindo os de fio azul, cor perdida na primeira lavagem), muito embora sejam às vezes perfeitíssimos na mão-de-obra; não concordamos sob o ponto de vista do estilo e da economia do trabalho. Com os trabalhos de cor concordamos ainda menos. Há aqui aberrações como as que vimos na exposição distrital de Coimbra e na exposição de indústrias caseiras do Porto, havendo, porém, nesta última, em compensação, trabalhos feitos com grande arte e apurado gosto» (RELATÓRIO, 1884: ). E acrescentava que era necessário «reformar radicalmente o ensino da sala de lavor; que se havia perdido algumas qualidades e conhecimentos que tinham nossas avós, nas casas, nos paços e nos conventos, a ciência da combinação das cores a arte de graduar o relevo e, principalmente, a condução, a euritmia das linhas em qualquer forma de desenho» (RELATÓRIO, 1884: 147). O trabalho dos bordados a branco era sólido e firme, mas era necessário o ensino e a instrução para que se alcançasse a qualidade das bordadeiras estrangeiras, enquanto que os de cor deveriam ser completamente reformados. Lamenta ter que referir isto: «Sentimos ter de fazer estas reservas, que não serão do agrado de muita gente, mas às gentis obreiras podemos assegurar que temos o maior respeito pela sua aplicação, pela solidez e firmeza do trabalho, e que as julgamos capazes de competir com os modelos estrangeiros mais perfeitos, no dia em que as classes dirigentes lhes dêem o ensino e a instrução abundante que têm as suas rivais. Isto refere-se à grande maioria dos bordados em branco, que são muito numerosos; nos bordados de cor, nesses há a reformar completamente os processos. Há na sala dos tecidos uma vidraça com bordados a ouro sobre seda e veludo, de modesto efeito. É na sala anterior (4ª) que estão quase todos os bordados a que aludimos; não citaremos, depois do que fica dito, os nomes dos expositores (20 e tantos), na maior parte senhoras. Parece- -nos que seria indiscrição» (RELATÓRIO, 1884: 147). E avisou que era necessário abandonar o ponto de veludo, muito popular nesta época em Guimarães: «Ainda um pequeno aviso; é abandonar o chamado ponto de veludo, que não vale mais do que as flores e frutos de lã, as aves e os mamíferos em alto-relevo, e o sempiterno e bárbaro ponto de escumilha, condenado por todos os fisiólogos» (RELATÓRIO, 1884: 147). in general, with the whitework embroideries in the exhibition (including those in blue, a colour lost in the first wash). Many of them are sometimes perfect in their needlework; but we can not agree with them in relation to style and economy of work. With the coloured work we agree still less. Here we find aberrations similar to those seen in the Coimbra District exhibition and the exhibition of cottage industries in Porto. The latter, in compensation, showed works done with great art and select taste (RELATÓRIO, 1884: ). He added that it was necessary to radically reform the teaching of needlework that has lost some of the qualities and knowledge that our grandparents possessed, in their houses, palaces and convents; the science of combining colours, the art of graduating the relief and, mainly, in managing and creating harmony of line in any type of design (RELATÓRIO, 1884: 147). The whitework embroideries were solid and firm, but instruction was necessary for them to attain the quality of foreign embroidery, while coloured work should be reformed completely. He lamented having to refer to this: We feel we have to express these reservations, that may not please a lot of people, however we can assure the gentle craftswomen that we have the greatest respect for their application, for the solidity and firmness of their work, and that we judge them capable of competing with the most perfect foreign models, on the day that the ruling classes give them the teaching and the abundant instruction that their rivals enjoy. This refers to the great majority of the whitework embroideries, which are numerous; in the coloured-work embroideries, the whole processes must be reformed completely. In the Textiles Room there is a show case of embroideries in gold on silk and velvet, to modest effect. Almost all the embroideries that we have mentioned are in the previous room (Room 4). After what has been said, we shall not mention the names of the (20 or so) exhibitors in most part ladies. It seems that it would be an indiscretion to do so (RELATÓRIO, 1884: 147). He advised that it was necessary to abandon velvet stitch, very popular at this time in Guimarães: Another small comment; abandon the so called velvet stitch, that is not worth more than woollen flowers and wool, the birds and the mammals in raised work, and the sempiternal and barbaric gossamer stitch, condemned by all physiologists (RELATÓRIO, 1884: 147). Joaquim de Vasconcelos specified that both white and coloured work embroidery occupied 700 to 800 people, from 16 to 60 years and yielded a total of 45 «contos» (RELATÓRIO, 1884: 148). The expert is once again con-

30 32 BORDADO DE GUIMARÃES Joaquim de Vasconcelos refere ainda que os pontos em branco e em cor ocupavam 700 a 800 pessoas, desde os 16 até aos 60 anos e rendiam um total de 45 contos (RELATÓRIO, 1884: 148). E o estudioso preocupa-se uma vez mais com os milhares de pessoas do sexo feminino que trabalhavam na manufactura dos bordados e apenas possuíam o «ensino caseiro», isto é, o ensino transmitido pela família ou o ministrado em casa de uma mestra, tal como cem anos antes, dizia ele. E conclui referindo com veemência: «Há, pois, a reparar uma grave injustiça, a pagar uma grande dívida ao sexo desprotegido; dar-lhe escolas, dar-lhe boas mestras, bons modelos e abrir-lhe um vasto mercado todo o país» (RELATÓRIO, 1884: 152). Outros jornais noticiaram a exposição, entre eles o «Comércio Português» (RELATÓRIO, 1884, ), concordando com a opinião de que a indústria doméstica feminina se tinha de aperfeiçoar, apesar de apresentar «dois lenços primorosos que se poderiam ofertar a uma rainha» (RELATÓRIO, 1884: 154). «O Primeiro de Janeiro» dizia (RELATÓRIO, 1884: ) ser necessário um maior domínio e aperfeiçoamento do desenho, porque ia «denunciando ao mesmo tempo uma certa vulgaridade de adornos, uma certa monotonia de formas» e ainda que o ponto de veludo, muito representado nesta mostra, não era «do melhor gosto» (RELATÓRIO, 1884: ). «A Ilustração Universal» (RELATÓRIO, 1884: ) comentava que os bordados «são ricamente ornamentados com bordaduras de rara perfeição, lamentando-se apenas que grande número desses bordados pequem por falta de gosto, o que sem dúvida é devido à falta sempre lamentável das noções de desenho ornamental». Refere ainda como de grande perfeição e beleza os bordados da família Gomes e da família Freitas Costa, cujos trabalhos são de «raríssima perfeição e de suma elegância», atingindo preços fabulosos (RELATÓRIO, 1884: 197). Como vimos havia nesta época uma grande diversidade de bordados, cujo suporte variava desde o tecido de linho mais grosseiro ao mais fino, e o ponto do bordado entre o mais fino e elegante e o mais volumoso e relevado, muitas vezes com uma composição deselegante. Era frequente o bordado de monogramas, muitas vezes acompanhado por uma decoração floral e fitomórfica e por uma grande diversidade de pontos. O mesmo autor, Joaquim Vasconcelos, diz-nos ainda: «nestas indústrias figuram milhares de pessoas, principalmente do sexo feminino, o qual não tem ainda, entre nós, senão o ensino caseiro, que se transmite na família, ou se dá em casa de uma mestra, que repete hoje, sem critério, o que se fazia há cem anos. Há, pois, a reparar cerned about the thousands of people of the female sex who worked in the manufacture of embroideries who had no more than household learning, that is to say instruction transmitted by the family or ministry in the house of master craftswoman, just as a hundred years before. He concludes referring with vehemence: We must therefore, repair a serious injustice, pay a great debt to the unprotected sex; give them schools, give them good masters, give them good models and open up to their products a vast market the whole country (RELATÓRIO, 1884: 152). Other newspapers carried news of the exhibition, among them the «Comércio Português» (RELATÓRIO, 1884, ), which shared the opinion that the female domestic industry had to improve, despite presenting two exquisite handkerchiefs worthy of being offered to a queen (RELATÓRIO, 1884: 154), and «O Primeiro de Janeiro» (RELATÓRIO, 1884: ) considered that a greater domination and perfection of the design was necessary, which betrayed a certain vulgarity of decoration, while at the same time a certain monotony of forms and velvet stitch, very evident in this exhibition, was not in the best taste (RELATÓRIO, 1884: ). «A Ilustração Universal» (RELATÓRIO, 1884: ) commented that the embroideries are richly ornamented with needlework of rare perfection, unfortunately a great number of those embroideries transgress for lack of taste, which without a doubt is always due to the lamentable absence of the notions of ornamental design. The journal further refers to the great perfection and beauty the embroideries worked by the Gomes and Freitas Costa families, whose works are of rare perfection and of highest elegance, reaching fabulous prices (RELATÓRIO, 1884: 197). As we have seen there was a great diversity of embroideries at this time, whose ground fabric varied from coarse to the finest linen, and the needlework from the finest and most elegant to the most voluminous and raised, at times combined with a less than elegant composition. Monograms were frequently embroidered, often accompanied by a floral and phytomorphic decoration in a wide variety of stitches. The same author, Joaquim Vasconcelos, tells us: these industries represent thousands of people, mainly of the female sex, who have no other instruction than that gained at home, transmitted within the family, or that obtained in the house of a master craftswoman, repeating what was done a hundred years ago, without criteria. There is, therefore, a serious injustice to repair, a great debt to pay to the unprotected sex; to give them schools,

31 BORDADO DE GUIMARÃES 33 Toalha de Altar, pormenor Século XIX, 2ª metade Altar cloth, detail 2 nd half of 19 th century uma grave injustiça, a pagar uma grande dívida ao sexo desprotegido; dar-lhe escolas, dar-lhe boas mestras, bons modelos e abrir-lhe um vasto mercado todo o país. Que fiquem lá fora com essa obra de refugo, com essas custosas bugigangas, perfeitamente inúteis e sobre inúteis ridículas, apanhadas no boulevard, quando já ninguém as quer lá. À força de modas novas, acabamos por tirar à mulher portuguesa o último bocado de pão da boca. E é, geralmente, a senhora mais rica, mais remediada que faz isto à mais pobre, sem o saber, sem o querer, de acordo, mas o facto subsiste. A estrangeirice ainda triunfa. Ao governo há a pedir um novo inquérito às pequenas indústrias que se podem ver mesmo sem óculos. E façam o favor de mandar alguém a Guimarães, ver, ouvir e estudar» (RELATÓRIO, 1884: 152; VIEIRA, 1886: 653). Joaquim de Vasconcelos, a propósito do fio de linho, que fora outrora uma actividade florescente e que agora já se encontrava em extinção, referia: «o fio de linho, exposto em variadas graduações, é admirável; na vitrine da Sr.ª Viúva Nogueira há um grosso maço de 3$000 réis, que não pesará mais de 200 gramas; é fio de renda de bilro; pode ver-se, em crú, enrolado numa singela maçaroca, que está na sala anterior à saída, lado direito. Essa maçaroca é um pequeno prodígio de uma arte admirável, que se vai perdendo. Já vimos um exemplar desses em outra ocasião, fiado por uma senhora da cidade, que tinha aprendido a arte de uma mãe portuguesa, à antiga. Fora do Minho, onde se encontrará uma maçaroca dessas, em Portugal?» (RELATÓRIO, 1884: 147). Face a este quadro e à lenta extinção dos trabalhos em linho, que agora iam sendo gradualmente substituídos pelos produtos de fiação mecânica geralmente importados, a Sociedade Martins Sarmento nomeou, em Dezembro de 1884, uma comissão de senhoras lideradas pela esposa de Francisco Martins Sarmento, D. Maria da Madre de Deus, com o objectivo de desenvolver e proteger o que era considerado indústria feminina: fio de linha, renda de linha e linha encrespada. Esta comissão decidiu abrir uma escola e por isso contactou uma monitora para ensinar estes trabalhos, enquanto que para leccionar a disciplina de desenho foi chamado o Professor António Augusto da Silva Cardoso, da Escola Industrial de Guimarães. Mas tudo se gorou pouco tempo depois (ACTAS, 1884), sem que se tivesse obtido qualquer resultado. Em 1913 o Eng. Manuel de Melo Geraldes considera a indústria de fio de linha já extinta (GERALDES, 1913: 24). Entretanto, na segunda metade do século XIX ( ) incrementa-se o ensino industrial e é criada em Guimarães a Escola Industrial de Francisco de Holanda, to give them good masters, to give them good models and to open up a vast market to their products the whole country. May those expensive knick-knacks, perfectly useless and worse than useless ridiculous, arranged on the boulevard when they are no longer wanted, let them be the pieces to be excluded. These new fashions end up by taking the last mouthful of bread from the mouth of Portuguese women. And it is, generally, the wealthier, better-off who does this to the poorer classes, without even realising it, without wanting to. However the fact remains, foreign products still triumph. We must ask the government to conduct a new inquiry into the small industries that anyone can see even without a magnifying glass. And please order somebody to visit Guimarães, to see, to hear and to study (RELATÓRIO, 1884: 152; VIEIRA, 1886: 653). On the subject of spinning linen thread, which had formerly been a flourishing activity but had already been eclipsed, Joaquim de Vasconcelos mentions that: the various grades of linen thread exhibited are admirable; in the display by Viúva Nogueira there is a hank of 3$000 réis, not weighing more than 200 grams; it is thread for bobbin-lace; it can be seen, undyed, wound in a simple spindle on the right side of the room prior to the exit. That spindle is a small prodigy of an admirable art that is being lost. We have already seen a specimen of those on another occasion, spun by a lady of the city, who had learned the ancient skills from her Portuguese mother. Where can a spindle like this be found in Portugal outside of the Minho? (RELATÓRIO, 1884: 147). In December of 1884, faced with this situation and the slow disappearance of works in linen generally, gradually being substituted by the imported machine-spun thread, the Sociedade Martins Sarmento, appointed a commission of ladies led by the wife of Francisco Martins Sarmento, D. Maria da Madre de Deus, with the objective of protecting and developing what was considered female industry: linen thread, linen lace and coiled linen. This commission decided to open a school and contacted a monitor to teach these skills, while António Augusto da Silva Cardoso of the Guimarães Industrial School was summoned to teach the subject of drawing. Unfortunately the project failed a short time later (ACTAS, 1884), without having obtained any results. In 1913 Eng. Manuel de Melo Geraldes considered the industry of spinning linen thread already extinct (GERALDES, 1913: 24). However, in the second half of the 19 th century ( ) industrial training increased and the Escola Industrial de Francisco de Holanda was created in Guimarães, with the objective of answering the professional training

32 34 BORDADO DE GUIMARÃES com o objectivo de responder às necessidades de formação profissional dos jovens, preparando-os profissionalmente para integrarem as indústrias locais, que se encontravam numa fase de grande desenvolvimento. Logo no primeiro ano lectivo de funcionamento da Escola, , inscreveram-se na classe de desenho elementar 152 alunos, dos quais 42 eram raparigas. De notar que apesar de serem apenas 22,5% dos alunos (LIVRO DE MATRÍCULAS, n.º 1), era a escola portuguesa que tinha maior número de raparigas como alunas (PINTO, 2000: 60). Nesta fase inicial, o ensino industrial era essencialmente vocacionado para o aperfeiçoamento do desenho. Só mais tarde haveria uma perspectiva feminina de ensino, introduzindo-se o ensino do bordado na Escola Industrial de Guimarães. Segundo nos refere Teresa Pinto o sistema de ensino industrial português oitocentista encerrava uma grande contradição, porque, embora fosse bastante impulsionado pelo Estado, não se flexibilizou em relação às carências e necessidades das indústrias locais, o que em conjunto com as dificuldades financeiras levaram a um esvaziamento dos seus objectivos e fizeram com que este tipo de ensino não se conseguisse implantar. Foi especialmente prejudicada a classe feminina para a qual não havia ainda sido elaborado um curriculum especial (PINTO, 2000: ). Dos bordados do século XIX por nós recolhidos, verificamos que são sobretudo executados por pessoas da cidade, existindo trabalhos executados com grande perfeição técnica, com um bom desenho e uma excelente composição, existindo, no entanto, bordados com um desenho bastante fraco e uma composição deselegante, embora tecnicamente sejam de boa qualidade, e usem uma grande variedade de pontos [n. os cat. 1-7] needs of young people, preparing them professionally to enter local industry, at that time in a phase of major development. In the first academic year in which the school functioned, , 152 students registered for the class of elementary drawing, of which 42 were girls. Although they were only 22.5% of inscriptions (LIVRO DE MATRÌCULAS, n.º1), it was the Portuguese school that had the largest number of girls as students (PINTO, 2000: 60). In this initial phase industrial training was essentially dedicated to the improvement of drawing. Only later would there be a female perspective to teaching, with an embroidery course being introduced into the Escola Industrial de Guimarães. According to Teresa Pinto, the 19 th century Portuguese industrial education system contained a great contradiction. Although promoted by the State, it was not flexible Toalha de Altar, pormenor Século XIX, 2ª metade Altar cloth, detail 2 nd half of 19 th century Toalha de rosto, pormenor Século XIX, finais Face towel, detail End of 19 th century 2. Bordado popular (finais do século XIX, 1.ª metade do XX) Na primeira metade do século XX o estatuto da mulher mudou bastante, pois começou a trabalhar nas fábricas, principalmente têxteis, que entretanto se tinham disseminado. De notar que ela representava 70% do operariado, podendo atingir os 80% contabilizando as menores (GERALDES, 1913: 83). Por isso, o tempo que outrora a mulher dedicava aos laboriosos bordados domésticos, começou a diminuir e este principiou lentamente a entrar em decadência e a ser cada vez mais escasso. O Eng. Manuel de Melo Geraldes atribuía esta decadência à concorrência do bordado estrangeiro de fabrico mecânico, mais barato e moderno, que «substituiu

33 BORDADO DE GUIMARÃES 35 o bordado manual e característico do Minho (bordado de Guimarães como geralmente é conhecido)», dando a estes trabalhos uma grande amplitude regional e não apenas local. Dizia ele, em 1913, que a indústria de bordados se encontrava já «bastante decaída no distrito», e comentava a lenta substituição do bordado de recheio e crivo pelos bordados à Richelieu e inglês. Evocava também a «calamidade do desenho» utilizado e referia que a indústria do bordado antigo ou «bordado rico» se tinha já transferido para fora do distrito de Braga, para o concelho de Felgueiras, concentrando-se em Figueiró da Lixa não só devido à pobreza e carências desse meio rural, mas também à sua distância em relação aos grandes centros e também à «vinda para ali de vimaranenses conhecedores desse género de trabalhos» (GERALDES, 1913: 24-26), o que levou a que a produção fosse mais económica (CARVALHO, 1941: 127). Por isso a sua mão-de-obra foi aproveitada pelos comerciantes vimaranenses para dinamizarem este produto e desenvolverem a sua oferta comercial, contribuindo com o fornecimento de panos de linho e de algodão. Na cidade continuou-se a fazer o bordado a branco e a cor, embora a produção fosse menor do que nos finais do século XIX e o número de bordadeiras tivesse diminuído muito. Mas na zona rural de Guimarães e freguesias limítrofes, as mulheres do campo começaram também a decorar as suas roupas com bordados. Para isso foram-se apropriando dos pontos mais vistosos e volumosos do bordado a branco que provavelmente aprenderam enquanto serviam as senhoras da burguesia ou da nobreza e foram-nos adaptando ao seu gosto e às suas necessidades. O canutilho, o lançado, o cheio, os nozinhos, o rolinho, o ilhó, o recorte, pena simples e a gradinha, vão ser os pontos mais utilizados sendo essencialmente aplicados ao traje, o qual era confeccionado em linho da terra. Tais bordados eram usados com fins decorativos, mas também como ostentação. Geralmente era a costureira rural que o fazia depois do trabalho estar pronto, ou então a própria lavradeira durante as longas noites de serão de Inverno, sendo, como já dissemos, um bordado opulento e colorido. Em relação ao traje masculino domingueiro, era costume bordá-lo a branco no peitilho, na gola, na carcela, nas ombreiras. Apenas a «ratoeira» ou «tabuleta» uma faixa de tecido colocada na parte inferior do peitilho apresentava uma decoração diferente: o nome do proprietário da peça, escrito a vermelho, na sua maior parte bordados a ponto de cruz ou a cheio. As camisas são bordadas com um desenho frequentemente de tipo geométrico, simétrico entre as duas partes (lado direito e esquerdo), bordado a branco, talvez porque o traje masculino era mais discreto, mas também enough to respond to the needs and short-comings of local industry, which, coupled with financial difficulties, invalidated its objectives and resulted in this type of teaching not being implemented. It was especially prejudicial to the female class for whom a special curriculum had not yet been elaborated (PINTO, 2000: ). The 19 th century embroideries in our collections were above all worked by needlewomen from the city, executed with great technical perfection, well draughted and of excellent composition. However, there are also embroideries, although technically of good quality and using a wide variety of stitches, have quite weak drawing and an inelegant composition, [Cat. n.º 1-7] 2. Popular embroidery (end of the 19 th century, 1 st half of the 20 th ) In the first half of the 20 th century women s status changed considerably. They started working in the textile industry that in the meantime had become widespread, representing 70% of the work-force, and reaching 80% counting the smaller factories (GERALDES, 1913: 83). For this reason the time that women had previously dedicated to laborious domestic embroidery decreased and therefore this work slowly entered into decline, becoming progressively scarcer. Manuel de Melo Geraldes attributed this decline to foreign competition from machinemade embroidery, which was cheaper and more modern. It substituted the hand-made characteristic embroidery of the Minho (widely known as Guimarães embroidery). In 1913 he said that the embroidery industry was already in full decline in the district, and noted the slow substitution of satin stitch and drawn thread embroidery by Richelieu embroidery and broderie Anglaise. He also mentioned the calamity of the design used and the fact that the traditional or rich embroidery industry had already been transferred outside the district of Braga, to the borough of Felgueiras, concentrating on Figueiró da Lixa. This was not only due to the poverty of the rural milieu, but also its proximity to the major centres and to the arrival there of Guimarães experts in that style of work (GERALDES, 1913: 24-26), These factors enabled a more economical production (CARVALHO, 1941: 127). Guimarães merchants took advantage of the labour market to develop the commercial dynamism of this product, contributing with the supply of linen and cotton cloths. In the city whitework and coloured embroidery continued to be made, although the production was smaller than at the end of the 20 th century, and the number of needle women had decreased significantly. However in the bor-

34 36 BORDADO DE GUIMARÃES por motivos de higiene, uma vez que assim o vestuário enfrentava melhor as fortes barrelas e as grandes coras. A decoração era monocromática, embora frequentemente fosse avivada com pequenos apontamentos de vermelho (a tabuleta na camisa branca do homem e o peito da camisa da mulher), sempre executada em algodão de meia branco, o que lhe dava força e resistência, reforçando o tecido. A camisa masculina mesmo depois de puída e esfarrapada pelo uso de duas ou três gerações, mantinha o peitilho quase intacto e ainda sólido. Algumas das camisas do homem possuíam um bordado com motivos diversificados, inspirados no dia-a-dia e dering parishes and rural zone of Guimarães, the countrywomen also began to decorate their clothes with embroideries. For this they appropriated the best looking and voluminous stitches of whitework embroidery, which they had probably learned while serving in the house of the bourgeoisie or nobility, and adapted it to their taste and needs. Bullion, straight, padded satin, french knot, trailing, eyelet, blanket, feather and overcast bar were the stitches used, applied essentially to clothes made in homespun linen. Such embroideries were used for ornamental ends, as well as ostentation. It was generally the rural seamstress who made them after work was finished retirados da natureza, executados a cheio e com linha de meia branca numa profusão quase obsessiva de flores, corações, passarinhos, cruzes e cestos de flores [n.º cat. 11, des. n.º 1]. Outras possuíam desenho geométrico, que se repetia em listas verticais, predominando o ponto de canutilho e a gradinha, muitas vezes executados em linha de meia ou na de carrinho o que não é vulgar no bordado popular português, e que dá uma rara originalidade ao bordado de Guimarães (MOURA, [19?]: 29). Maria Clementina Moura refere mesmo que a geometria do desenho, é o «que constitui excepção nos bordados populares portugueses» (MOURA, 1968: 68) [n.º cat. 13, des. n.º 2]. Estes pontos eram ainda complementados por outros mais vulgares como, por exemplo, o cadeia, o lançado e o ilhós. Os peitilhos das camisas eram rematados com ponto de recorte no ar ou aselhas recortadas e muitas vezes eram reaproveitados para outra camisa (MOURA, 1968: 68-69). Para si, a mulher fazia camisas mais simples com bordados muito singelos. Executadas em linho da terra, eram adornadas com uma gola e punhos de renda, geralmente em crochet. No peito eram frequentemente decoradas or the countrywomen themselves during the long winter evenings. As has already been stated, it was an opulent and colourful embroidery. With respect to the male Sunday-best shirt, it was embroidered in white on the breast, collar, fly, and shoulder. Only the name panel or ratoeira a fabric strip placed in the lower part of the chest panel presented different decoration: the name of its owner was embroidered in red, generally in cross or satin stitch. The shirts are frequently embroidered with a geometric design, symmetrically arranged between the right and left side. The embroidery was in white, perhaps because male clothes were more discreet, but also for reasons of hygiene, since the clothes better endured washing and bleaching. Although frequently vivified with small notes of red (on the name panel in the man s white shirt and the chest of the woman s shirt), the monochrome decoration was always executed in white stocking cotton, which by reinforcing the fabric gave it extra strength and resistance. The male shirt even when threadbare and ragged from two or three generations of wear, maintained the breast panel almost intact and still solid. Camisa de homem, pormenor Século XX, 1º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century Camisa de homem, pormenor Século XX, 1º quartel Man s shirt, detail 1 st quarter of 20 th century Camisa de mulher, pormenor Séc. XX, 1º quartel Woman s blouse, detail 1 st quarter of 20 th century

35

36 38 BORDADO DE GUIMARÃES com um ponto linear vermelho ou branco ou com uma aplicação de sutache, que parece realçar as costuras do peito, as nervuras ou as preguinhas existentes, e que são posteriormente encobertas pelo xaile traçado sobre o peito. O bordado a branco cheio, mais elaborado e vistoso era deixado para uma barra de remate nas mangas, que ficava à mostra [n.º cat. 19]. Mas a ornamentação mais rica era destinada ao colete feminino [n.º cat. 9], onde bordavam aparatosos motivos florais, geralmente em vermelho ou azul (BRAGA, 1928: 133) embora por vezes apareça o negro tradicionalmente usado pelas viúvas 2 enquanto que noutro tipo de peças mais caseiras era por vezes utilizado o bege. Usava uma interessante diversidade de pontos: ponto pé-de-flor, cadeia, lançado, espinha, galo, caseado, nó, formiga, traço e o margarida. As costas eram profusamente bordadas, ficando «atochadas de motivos», como referia Clementina Moura ([19?]: 29), e os rabos do colete Some of the men s shirts possessed an embroidery with diverse motifs, inspired by the day-to-day and taken from nature, executed in satin stitch and with white stocking thread in an almost obsessive profusion of flowers, hearts, little birds, crosses and baskets of flowers [Cat. n.º 11, drawing n.º 1]. Others have geometric designs, with repeated vertical bands in which bullion knot and overcast bar stitch prevail, often executed in stocking or reel thread being most unusual in Portuguese popular embroidery and which imparts a rare originality to Guimarães embroidery (MOURA, [19?]: 29). Maria Clementina Moura even states that the geometry of the design constitutes the exception in Portuguese popular embroidery (MOURA, 1968: 68) [Cat. n.º 13, drawing n.º 2]. These were further complemented by other more common stitches as for example chain, straight and eyelet. The breast panels of the shirts were edged in detached buttonhole stitch or needle lace and were frequently recycled from another shirt (MOURA, 1968: 68-69). Coletes de «rabos» de mulher Século XX, 1º quartel Woman s tailed waistcoat 1 st quarter of 20 th century Coletes de «rabos» de mulher Século XX, 1º quartel Woman s tailed waistcoat 1 st quarter of 20 th century

37 Colete de «rabos» de mulher, pormenor Século XX, 1º quartel Woman s tailed waistcoat, detail 1 st quarter of 20 th century também, caindo soltos, bordados sem grande preocupação de perfeição, com uma aparente simetria, que exprimia quase um horror ao vazio 3, e geralmente com adaptação do bordado à lei do quadro 4 [n. os cat. 8, 9 e 10]. Esporadicamente também apareciam no bragal lençóis e fronhas bordadas [n. os cat. 15 e 16 ]. Muitas vezes o ponto era copiado a partir de «marcadores» ou de outros exemplares bordados, sendo o motivo repetido e adaptado vezes sem conta, de tal modo que algumas bordadeiras já o faziam de memória, o que facilitava a sua execução tornando-a maquinal e aproveitando, por isso, melhor o pouco tempo disponível, para além dos trabalhos agrícolas e domésticos. Em finais do século, a 20 de Março de 1892, nasceu em Guimarães Alberto Vieira Braga, que se destacou pelos seus estudos de etnografia vimaranense. Foi ele que pela primeira vez chamou a atenção para o bordado característico do traje de lavrador dos arredores de Guimarães, For themselves, the women made simpler shirts with very plain embroidery. Executed in homespun linen, they were adorned with lace at the collar and cuffs, generally in crochet. The chest was frequently decorated with a red or white linear stitch, or with a appliquéd braid, that sets off the seams of the bodice, ribbing or pleats, that were later hidden by a shawl crossed over the chest. The elaborate and good-looking satin stitch whitework embroidery was left for a band finishing off the sleeves that were left showing [Cat. n.º 19]. However, the richest ornamentation was destined for the female waistcoat [Cat. n.º 9], embroidered with spectacular floral motifs, generally in red or blue (BRAGA, 1928: 133) although black traditionally used by the widows sometimes occurs 2. Beige was sometimes used in another type of more homely piece. An interesting diversity of stitches is applied: stem, chain, straight, fishbone, fern, buttonhole, French knot, sham hem, and lazy daisy stitch. The backs

38 40 BORDADO DE GUIMARÃES num estudo que foi publicado no «Catálogo da Exposição Agrícola Concelhia», realizada em Agosto de 1923 e que saiu a lume apenas em Esta publicação intitulava-se «Guimarães, o labor da grei», e nela colaboraram vários estudiosos vimaranenses, entre eles este etnólogo e estudioso local, que elaborou um texto sobre os aspectos populares de Guimarães intitulado as «indústrias caseiras». Neste artigo descrevia o traje e falava muito sumariamente do bordado aí aplicado, não o designando ainda como bordado de Guimarães (LABOR, 1928: ). Para além disto, ilustrou o seu trabalho com desenhos das peças que considerava mais vistosas e bonitas: um colete de rabos (LABOR, 1928: 132) e uma camisa de homem (LABOR, 1926: 134). São desenhos a negro e vermelho, da autoria de Luís de Pina, executados em De notar que nesta exposição houve também uma secção de lavores femininos em que apareceram como expositores o Colégio de Nossa Senhora da Conceição, a Escola Feminina da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco e o Asilo de Santa Estefânia, tendo cada uma destas instituições ganho um prémio, uma vez que as suas educandas produziam bordados de grande qualidade. Estiveram ainda representadas as senhoras de Guimarães, tendo colaborado trinta e duas expositoras com colchas, almofadas, rendas de crivo, à inglesa e crochet; bordados a matiz e alto-relevo; rendas de bilros, bordados à Richelieu, em relevo, branco e cores (LABOR, 1926: 204). O termo «Bordados de Guimarães» reapareceu posteriormente, como designação do local de execução e de were profusely embroidered, being packed with motifs, as Clementina Moura observed ([19?]: 29), and the tails of the waistcoat, falling loose, embroidered without great concern for perfection and an apparent symmetry that expressed an aversion to emptiness 3, generally adapting the embroidery to the available space [Cat. n. os 8, 9 and 10]. Sheets and embroidered pillow cases also appeared sporadically in the trousseau [Cat. n. os 15 and 16]. Frequently the stitch was derived from samplers or other embroidered specimens, the motif being countlessly repeated and adapted in such a way that some embroiderers were able to work from memory, facilitating the work by making it more mechanical and taking better advantage of the little time available after agricultural and domestic tasks. On the 20 th of March, 1892, Alberto Vieira Braga, who was to become an outstanding figure for his studies of local ethnography, was born in Guimarães. He drew attention to the characteristic embroidery of the country people in the surroundings of Guimarães for the first time in a study that was published in 1928 in the catalogue of the Borough Agricultural Exhibition, which had been held in August 1923, This publication was entitled «Guimarães, O Labor da Grei» and various Guimarães scholars collaborated on it, including this ethnographer and expert on local studies. He wrote an article on aspects of popular life in Guimarães, entitled Household Industries in which he described the apparel and spoke briefly of the embroidery applied to it, but without designating it as Guimarães embroidery (LABOR, 1928: ). The text was illustrated with drawings of those pieces considered to be the most impressive and beautiful: a tailed waistcoat (LABOR, 1928: 132) and a man s shirt (LABOR, 1926: 134). These drawings in black and red, dating from 1926 are signed by Luís de Pina. In the 1923 exhibition there had also been a section of female needlework in which the Colégio de Nossa Senhora da Conceição, the Escola Feminina da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco and the Asilo de Santa Estefânia appeared as exhibitors. Each of these institutions won an award, given that its pupils produced embroideries of great quality. The ladies of Guimarães were also represented, thirty two of them collaborated displaying bedcovers, cushions, drawn thread lace, broderie Anglaise and crochet, shadow and relief embroideries; bobbin lace, in raised, whitework and coloured Richelieu embroideries (LABOR, 1926: 204). Later, in 1929, the term Guimarães Embroidery as a designation for the place of execution and use, appeared in an article by Maria Júlia Antunes (ANTUNES, 1931: Lençol, pormenor Século XX, 1º quartel Bed sheet, detail 1 st quarter of 20 th century

39 BORDADO DE GUIMARÃES 41 uso, em 1929, num artigo de Maria Júlia Antunes (ANTUNES, 1931: ) apresentado ao IV Congresso Beirão, realizado em Castelo Branco, em que numa descrição dos bordados de S. Vicente de Alcafache, chamou a atenção para as suas afinidades com os bordados de Guimarães (ANTUNES, 1931: 224). Neste trabalho a autora referia a necessidade das bordadeiras terem conhecimentos de desenho, principalmente do desenho decorativo aplicado aos trabalhos femininos, pois «sem o conhecimento do desenho, nenhuma arte que dele dependa poderá atingir as formas ideais do belo» (ANTUNES, 1931: 234). Terminava com um apelo à reorganização das indústrias caseiras portuguesas, revitalizando com critério artístico e prático não só o bordado, mas também outras indústrias tradicionais como a renda, o crochet e a tecelagem (ANTUNES, 1931: 235). Nas conclusões referia vários pontos a melhorar, e dizia que o Estado devia auxiliar e proteger as indústrias populares, terminando com um apelo: «que nos estabelecimentos de ensino os professores introduzam no espírito dos seus alunos o culto das nossas tradições». Entretanto, em Guimarães, as casas comerciais concentram em si a venda e distribuição deste bordado vistoso, de aspecto volumoso, feito pelas lavradeiras sobre pano de «linho da terra», geralmente bastante grosseiro e bordado com fio de algodão sem brilho, executado com um desenho geométrico ingénuo e repetitivo, sem grande rigor. Os bordados deste período que nos chegaram às mãos, tanto são bordados a branco, que continuaram a ser executados por senhoras da cidade, como são trabalhos de costureiras-bordadeiras rurais, que dão aos seus bordados geralmente inspirados na vida quotidiana uma alacridade e uma simetria aparente, muitas vezes fugindo ao rigor milimétrico, mas aproveitando o espaço disponível, o que lhe dá um certo ar naïf [n. os cat. 8-16]. 3. O bordado de Guimarães no seu alvor (anos 40-60, século XX) Como já vimos, as bordadeiras rurais bordavam exuberantes bordados que geralmente aplicavam nas camisas e coletes do traje rural, e que revelavam uma ingenuidade muito própria, de sabor popular. Os comerciantes da cidade incrementaram o negócio de bordados e aproveitaram-nos para criar uma nova vertente comercial que teve um grande sucesso, aplicando esse bordado em toalhas, guardanapos e naperões ou paninhos de uso caseiro (CARVALHO, 1941: 126). Geralmente eram executados em linho industrial, mais económico, mais fino e mais fácil de trabalhar, comprado pelas casas comerciais às grandes empresas ) presented at the IV Beirão Congress, held in Castelo Branco. In a description of the embroideries of S. Vicente de Alcafache, she drew attention to the similarities with Guimarães embroideries (ANTUNES, 1931: 224). In this work the author referred to the embroiderers need to have knowledge of drawing, mainly of the ornamental drawing applied to the female arts, because without knowledge of drawing, no art that depends on it can reach the ideal forms of beauty (ANTUNES, 1931: 234). It finished with an appeal for the reorganization of Portuguese domestic industries, revitalizing with artistic and practical criteria not only embroidery, but also other traditional industries such as lace, crochet and weaving (ANTUNES, 1931: 235). In the conclusion she referred to the various stitches in need of improvement, and affirmed that the State owed help and protection to the popular industries, ments teachers induce respect for our traditions in their students. In Guimarães the sale and distribution of this ostentatious embroidery worked by countrywomen on homespun cloth was concentrated in the hands of a few stores. Of voluminous aspect, it was generally embroidered with matte cotton thread, rude in design and worked without great rigor in ingenuous repetitive geometric patterns. Judging by the embroideries of this period that have come down to us, white work continued to be executed as much by ladies of the city as rural dressmaker-embroiderers who imparted to their embroideries generally inspired by daily life a liveliness and an apparent symmetry, frequently departing from meticulous rigor but taking full advantage of available space, giving it a certain naïf air [Cat. n. os 8-16]. 3. The Dawn of Guimarães embroidery: ( ) As we have already seen, the rural embroiderers embroidered exuberant embroideries that were generally applied to the shirts and waistcoats of rural attire and which revealed a certain ingenuousness of popular flavour. The merchants of the city expanded the embroidery business and took advantage to create a new and very successful line, applying the embroidery to tablecloths, napkins and place mats or other household goods (CAR- VALHO, 1941: 126). They were generally executed in machine made linen, more economical, finer and easier to work, bought by the trading houses from the major textile companies, as for example linen n.º 16 or 16 l, manufactured in the «Empresa Industrial Sampedro», of Lordelo, Guimarães, whose product was chosen for

40 42 BORDADO DE GUIMARÃES têxteis, como por exemplo o linho n.º 16 ou 16 l, fabricado na Empresa Industrial Sampedro, de Lordelo, Guimarães, cujo produto era escolhido por ser semelhante ao linho caseiro, e que mais tarde foi substituído pelo n.º 20. Preferia-se o bordado geométrico, executado a cheio e ponto de canutilho, de linha monocromática, sendo as cores mais frequentes nesta época o branco (cor de fácil lavagem e que não desbotava com as lavagens e o sol), o vermelho (cor alegre, muito apreciada no Minho), o bege ou crú (cor discreta, talvez por ser semelhante à cor do fio de linho por branquear) e raramente o preto ou o negro, que geralmente era usado em sinal de luto. O azul aparece-nos frequentemente a partir desta época, sendo em casos muito particulares, aplicado em conjunto com a cor vermelha [n. os cat. 34 e 38], e mais tarde o cinza que por vezes substitui o branco [n. os cat. 63]. O fabrico de linho caseiro foi diminuindo com o tempo, não só devido a ser um trabalho moroso e pesado, mas também devido à sua rápida substituição pelo algodão. Tentou-se rentabilizar este processo, introduzindo o fabrico industrial do linho, mas ainda não era suficiente para o consumo interno e tornou-se, por isso, necessário importar linho estrangeiro. Nas primeiras décadas do século XX, surgiram em Guimarães novas casas que apenas negociavam em tecidos de linho e algodão. Parece ter sido a Casa João Gualdino Pereira, de João Gualdino Pereira um estabelecimento vimaranense, localizado no Largo Prior do Crato (actual Alameda S. Dâmaso), e fundada nas primeiras décadas do século XX, com o objectivo de comerciar tecidos de linho e algodão a primeira a fazer encomendas a bordadeiras de Guimarães, cedendo-lhes o linho que comprava à vara (antiga medida de comprimento equivalente ao actual 1,10 m) nas grandes empresas têxteis, como por exemplo à Empresa Sampedro, fundada cerca de 1920, com o being most similar to homemade linen. It was later substituted by n.º 20. Geometric embroidery was preferred, worked in satin stitch and bullion knot, with monochrome thread, the most frequent colourways of this time being white (the easiest colour for washing that neither faded with washing or bleaching by the sun), red (a cheerful colour, much appreciated in the Minho), beige or natural (a discreet colour, similar to the colour of natural linen thread prior to bleaching) and more rarely black, that was generally used as a sign of mourning. From this time blue starts to appear with frequency, being in very specific cases applied together with red [Cat. n.º 34 and 38], and later with grey that occasionaly substitutes white [Cat. n.º 63]. The manufacture of homemade linen continued to decrease with time due to two factors. Firstly its production was slow and arduous work and secondly because it was rapidly being substituted by cotton. An attempt was made to make the process more profitable by introducing the industrial manufacture of linen, but even so it was not sufficient for internal consumption and therefore it was still necessary to import foreign linen. In the first decades of the 20 th century new stores appeared in Guimarães that only traded in woven linen and cotton textiles. One of the first to commission Guimarães embroidery seems to have been «Casa João Gualdino Pereira» an establishment owned by João Gualdino Pereira, located in the Largo Prior do Crato (now Alameda S. Dâmaso) and founded in the first decades of the 20 th century with the objective of trading linen and cotton textiles. It supplied the embroid-erers with linen bought by the rod (old measure of length equivalent to 1,10 m) from the great textile companies, as for example the «Empresa Sampedro», founded about 1920, with the objective of manufacturing Toalha de mesa, pormenor Século XX, 3º quartel Table cloth, detail 3 rd quarter of 20 th century Abajur de candeeiro, pormenor Séc. XX, 3º quartel Lamp shade, detail 3 rd quarter of 20 th century

41 BORDADO DE GUIMARÃES 43 Vestido de comunhão, pormenor 2003 Communion dress, detail 2003 objectivo de fabricar tecidos de linho. Antes, em inícios do século, as únicas fábricas que teciam mecanicamente linho, eram a Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, a Fábrica de Tecidos de Linho e Algodão, do Castanheiro e a Fábrica de Manuel Bernardo Alves (GERALDES, 1913:39). Quase simultaneamente as outras casas comerciais de linhos de Guimarães Casa Teixeira de Abreu, C.ª Lda, tradicionalmente chamada Casa dos Linhos, e a Casa Abreu Lopes, C.ª Lda, ou Casa dos Enxovais, criada por dois empregados da Casa Teixeira de Abreu começaram também a encomendar toalhas às bordadeiras rurais. Estas casas iam depois recolher o trabalho executado para o comerciar. De notar que as três empresas comerciais faziam encomendas às mesmas bordadeiras, que trabalhavam para eles à peça. woven linen. At the beginning of the century, the only factories that wove linen mechanically, were the «Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães», «Fábrica de Tecidos de Linho e Algodão», of Castanheiro and «Fábrica de Manuel Bernardo Alves» (GERALDES, 1913:39). Almost simultaneously the other linen trading houses of Guimarães Casa Teixeira de Abreu, Cª Lda, traditionally called «Casa dos Linhos» and the «Casa Abreu Lopes, Cª Lda» or the «Casa dos Enxovais», created by two ex-employees of Casa de Abreu Teixeira also began to order tablecloths from the rural embroiderers. These houses would collect the finished work for subsequent trade. It should be noted that the all three commercial companies placed orders with the same embroiderers, who worked on piece-rate for them.

42

43 BORDADO DE GUIMARÃES 45 Toalha de mesa, pormenor Séc. XX, 3º quartel Table cloth, detail 3 rd quarter of 20 th century Toalha de mesa, pormenor Séc. XX, 3º quartel Table cloth, detail 3 rd quarter of 20 th century Havia ainda as costureiras-bordadeiras dos arredores que continuavam a trabalhar em sua casa ou a deslocarem-se, uma ou duas vezes por semana, à casa do cliente para fazer pequenos trabalhos de costura, confeccionar peças de vestuário novas ou executar enxovais, e que faziam o acabamento da peça bordando-a. Todos os pequenos fragmentos que sobravam do tecido eram aproveitados, e alguns eram usados para bordar e fazer paninhos para tabuleiro, para decorar a habitação, adaptando o desenho usado à forma do tecido existente, de modo a aproveitá-lo [n.º cat. 44]. Nesta época havia ainda outras bordadeiras bastante conhecidas: uma era a Lúcia da Silva, aluna do Asilo de Santa Estefânia, que ia trabalhar a casa dos clientes [n.º cat. 42]; mas, a mais conhecida desta época, era a bordadeira de Covas, que residia junto do lugar do Castanheiro e produzia bastante para as casas comerciais da cidade [n.º cat. 29]. Nesta zona havia ainda outra bordadeira, cujo nome não conseguimos identificar. Como as bordadeiras de Guimarães já não davam satisfação à procura, os comerciantes continuaram a demandar à Lixa (Felgueiras), um ponto de grande manufactura de bordados para enxovais. E, tal como era habitual nas casas comerciais de Guimarães, as bordadeiras recebiam o linho entregue pelo encomendador, que depois ia recolher os trabalhos bordados. O desenho também era dado por quem encomendava, geralmente uma casa comercial de Guimarães, ou era feito e aperfeiçoado pelo encarregado do centro produtor segundo as instruções recebidas, o mais parecido possível com o bordado das camisas dos lavradores de Guimarães, que o entregava posteriormente às suas bordadeiras. Algumas das bordadeiras e casas de bordados da Lixa, que trabalharam para as casas comerciais de Guimarães, eram: Emília Neves de Sousa, de Airães; Glória Pinto Lopes, de Figueiró, Amarante; Arminda Magalhães da Cunha, do Outeirinho, Lixa; Casa Armando Ribeiro, do Alto da Lixa 5. Neste período era frequente usar-se no bordado uma barra com flores estilizadas, tendo-se retomado o ponto de veludo tão vulgar em finais do século XIX. Este bordado executado na zona da Lixa, era geralmente menos relevado e mais miúdo do que o das lavradeiras-bordadeiras de Guimarães, mas também feito sem grande preocupação a nível de acabamentos e pormenores [n.º cat. 30]. O bordado de Guimarães, principalmente o desenho geometrizado, tornou-se então moda e as senhoras da burguesia começaram a utilizá-lo para decorar o seu vestuário de Verão (CARVALHO, 1941: 126), tal como o das suas crianças e o do seu marido [n.º cat. 45]. Começou There were other dressmaker-embroiderers from the outskirts who continued to work at home or who travelled, once or twice a week, to a customer s house to do a little sewing, to make new clothes, or to embroider trousseaux and finish pieces by embroidering them. Advantage was taken of all the small fragments of left over fabric; some were embroidered to make tray cloths, others to decorate the home, adapting the design to the form of the existing fabric in the best way to make optimum use of it [Cat. n.º 44]. At this time there were other well-known embroiderers: one of the was Lúcia da Silva, student of Asilo de Santa Estefânia, who would work in the customers house [Cat. n.º 42]; but, the best known of this time, was the embroiderer of Covas, who lived near Castanheiro and who produced a lot of work for the town shops [Cat. n.º 29]. It has not been possible to identify another embroiderer who lived in the area. As Guimarães embroiderers could not satisfy all the demand, the merchants continued to order from Lixa (Felgueiras), an important centre for embroidering trousseaux. As was customary for Guimarães shops, the embroiderers received the linen from the trader who commissioned it and who would later collect the worked embroideries. The design was also supplied by whoever ordered the piece, generally a Guimarães store. Otherwise it was draughted according to instructions received, as similar as possible to the embroidery of the Guimarães countrymen s shirts, and perfected by the overseer of the production centre who later passed it on to their embroiderers. Some of the embroiderers and embroidery houses of Lixa that worked for Guimarães stores were: Emília Neves de Sousa, of Airães; Glória Pinto Lopes, of Figueiró, Amarante; Arminda Magalhães da Cunha, of Outeirinho, Lixa; Casa Armando Ribeiro, of Alto da Lixa 4. In this period it was frequent to use an embroidered band with stylized flowers, having readopted velvet stitch so common at the end of the 19 th century. This embroidery worked in the Lixa area was generally less raised and smaller than that done by Guimarães countrywomenembroiderers, although it was also done without great attention to detail or quality of finish [Cat. n.º 30]. Guimarães embroidery, mainly the geometrical patterns, became fashionable and bourgeois ladies began to use it to decorate their summer clothes (CARVALHO, 1941: 126), along with those of their children and husbands [Cat. n.º 45]. It also entered into use for creating a new style of ceremonial dresses, like the christening [Cat. n.º 20] and evening gown [Cat. n.º 28]. As the latest vogue the ladies of the Guimarães bourgeoisie would embroider it when they met to socialize and have tea during their idle after-

44

45 BORDADO DE GUIMARÃES 47 Camisa de mulher Séc. XX, década de 50 Woman s blouse 1950 s Vestido de baptizado Séc. XX, 2º quartel Christening gown 2 nd quarter of 20 th century Camisa de homem, pormenor Séc. XX, 2º quartel Man s shirt, detail 2 nd quarter of 20 th century Camisa de mulher 1941 Woman s blouse 1941 também a ser usado para confeccionar vestidos de cerimónia com um novo design, tal como vestidos de baptizado [n.º cat. 20] e de soirée [n.º cat. 28]. Passou a ser moda, e, as próprias senhoras da burguesia de Guimarães executavam-no nas tardes de lazer, em que se reuniam para conviver e tomar chá, utilizando-o para dar um ar regional às festas que organizavam nas suas quintas e casas de campo dos arredores da cidade, em que as toalhas, o mobiliário, as camisas e aventais dos criados eram decorados com este bordado, que começava então a ter um desenho mais harmonioso e uma técnica cada vez mais cuidada e perfeita [n. os cat. 35 e 38]. Tudo isto se incrementou e se divulgou com extraordinária rapidez, quando em 1941, o vimaranense A. L. de Carvalho, no livro «Mesteres de Guimarães» (CARVA- LHO, 1941: 2, ), escreveu um capítulo designado «Bordados de Guimarães», ilustrado com alguns dos riscos usados. O autor referia a beleza das camisas de Guimarães, falando do ponto de canutilho, popularmente designado por «mercões», e dos favos, chamando a atenção para a Casa dos Linhos, que tinha trazido este tipo de bordado para as toalhas e guardanapos, lembrando ainda que as senhoras de bom gosto «alindam com eles os seus vestidos de Verão» (CARVALHO, 1941: 2, 126). Foi A. L. de Carvalho quem divulgou definitivamente o bordado de Guimarães. De notar que neste período havia um exacerbado nacionalismo, que culminou com as Festas Centenárias, que tiveram em Guimarães o seu início, com o hastear da bandeira da Fundação pelo Presidente da República, Marechal Óscar Fragoso Carmona, o que desencadeou o subir das bandeiras em todos os castelos portugueses. Defendia-se que Guimarães era o «Berço da Nacionalidade», pois foi aqui que nasceu Portugal. Este estado de espírito levou a que se adquirissem as toalhas de Bordado de Guimarães para oferecer a entidades oficiais ou para ostentar em festas particulares de noons. It served to give a regional air to the gatherings they organized at their estates and country houses in the surroundings of the city. Tablecloths, furniture, shirts and servants aprons were decorated with this embroidery, which began to assume more harmonious design and progressively more careful and perfected techniques [Cat. n. os 35 and 38]. This process increased in pace and publicity when in 1941 the Guimarães historian, A. L. de Carvalho, in his series Mesteres de Guimarães (CARVALHO, 1941: 2, ), wrote a chapter entitled Embroideries of Guimarães, illustrated with some of the patterns used. The author referred to the beauty of Guimarães shirts, speaking about the bullion knot, popularly designated as mercões, and of the honeycomb stitch, drawing attention to the fact that the Linen House had applied this type of embroidery to tablecloths and napkins, also informing the reader that ladies of good taste used them to beautify their summer dresses (CARVALHO, 1941: 2, 126). It was A. L. de Carvalho who definitively disseminated Guimarães embroidery. It is note worthy that in this period there was an intense nationalism, culminating in the Centennial Celebrations that began in Guimarães with the hoisting the flag of the Founding Fathers by the President of the Republic, Marshal Óscar Fragoso Carmona, an act which initiated the raising of flags in castles all across Portugal. The idea that Guimarães was the Cradle of Nationality gained protagonists since it was here that Portugal was born. This state of mind lead Guimarães embroidery tablecloths being offered to official entities, or to show at private events of regional or folkloric character in estates in the environs of the city. Guimarães embroidery became fashionable and it was publicised. It now began to be worked by professional embroiderers with more selective techniques who made

46 48 BORDADO DE GUIMARÃES carácter regional ou folclórico, em quintas minhotas dos arredores da cidade. O bordado de Guimarães tornou-se moda e divulgou-se, começando a ser executado por bordadeiras profissionais, possuidoras de uma técnica apurada, que faziam réplicas de camisas antigas, com maior perfeição e rigor. No entanto, neste período, face à grande diversidade de fontes de inspiração, não havia ainda uma definição rigorosa das características do Bordado de Guimarães [n.º cat. 24]. Nesta época foi também muito importante o incremento dado ao bordado de Guimarães, pela Escola Industrial e Comercial de Guimarães (hoje Escola Secundária de Francisco de Holanda), onde existia então o Curso de Formação Feminina, que embora criado em 1948, só foi trazido e implementado em Guimarães pelo Dr. Daniel Nunes de Sá, um grande entusiasta da arte de bordar, durante o ano lectivo de 1958/59, tendo funcionado até ao ano lectivo de 1976/77. O Dr. Daniel Nunes de Sá era então director da referida escola, licenciado em Ciências Históricas e Geográficas e professor efectivo da Escola Industrial e Comercial de Guimarães. Este curso feminino tinha como principais disciplinas desenho, bordados, corte e costura e ainda culinária. No primeiro ano contou apenas com quinze alunas, que desenhavam, cortavam a peça de vestuário, cosiam e bordavam. O desenho era muitas vezes deixado à sua criatividade, sob supervisão atenta dos professores. Embora aprendessem a técnica do bordado de todo o país, lentamente foram começando a fazer bordado de Guimarães. A pesquisa e estudo da identidade do bordado de Guimarães pela comunidade escolar, nesta época em que ainda não tinha uma caracterização própria, que o individualizasse, não foi fácil, e isso levou a que os desenhos e técnica de trabalho destas alunas tivesse uma forte influência do bordado de Viana, não só porque já era bastante conhecido e divulgado, mas também porque alguns professores eram naturais daquele distrito. Além disso, há que contar com a própria criatividade das alunas, que ao desenharem os motivos eram indirectamente inspiradas pelos desenhos e técnicas já conhecidas, dando aos seus bordados características algo diferentes dos executados pelas bordadeiras-lavradeiras. Por isso, neste bordado aparecem- -nos por vezes corações, com a extremidade ligeiramente retorcida [n.º cat. 51], e muitas silvas quase sem relevo [n.º cat. 48]. Havia ainda alguma influência do desenho composto pelas casas de bordados da Lixa, aonde as casas comerciais de Guimarães faziam as suas encomendas. Os desenhos destes bordados executados na Escola Industrial e Comercial de Guimarães, são mais fitomórficos do que geometrizados. Podemos mesmo dizer replicas of traditional shirts with great perfection and rigor. However, in this period the characteristics of Guimarães embroidery had still not been rigorously defined, faced with the great diversity of inspirational sources [Cat n.º 24]. At this time Guimarães embroidery received a very important impetus from the Escola Industrial e Comercial de Guimarães (today Escola Secundária de Francisco de Holanda). Although created in 1948, the course in female skills was only introduced and implemented in Guimarães by Dr. Daniel Nunes de Sá, during the academic year of 1958/59 and continued until the academic year of 1976/77. Dr. Daniel Nunes de Sá, a great enthusiast of the art of embroidering, was then director of the Escola Industrial e Comercial de Guimarães, MSC in History and Geography and member of the school s teaching-staff. This course in female skills had drawing, embroidery, dressmaking and cookery as its main subjects. In the first year it only counted fifteen students, who designed, cut, sewed and embroidered a garment. The design was often left to the creativity of the students under the attentive supervision of the teachers. Although they learned embroidery techniques from the whole of the country, they slowly began to focus on Guimarães embroidery. The research and study by the school community of the characteristics of Guimarães embroidery was not an easy task given that at this time its identity was not yet strongly individualized. This lead to a strong influence in the design and technique of these students work from Viana embroidery, not only because it was already better-known and fully divulged, but also because some teachers hailed from that district. Apart from that, the motifs included in the students creative designs were indirectly inspired by known designs and techniques, giving their embroidery characteristics somewhat different from those executed by the countrywomen. Therefore in their work hearts with the point slightly twisted sometimes appear [Cat n.º 51], and many brambles almost without relief [Cat n.º 48]. There was still some influence of the designs composed by the Lixa embroidery houses where Guimarães stores placed their orders. The designs of the embroideries worked in the Escola Industrial e Comercial de Guimarães are more phytomorphic than geometric. We can even affirm that some of the current theories on Guimarães embroidery and its renaissance first evolved here, given that the Escola Industrial e Comercial de Guimarães was the single institution most responsible for practising and publicising Guimarães embroidery. Some of its students are today the great Abajur de candeeiro, pormenor Séc. XX, 3º quartel Lamp shade, detail 3 rd quarter of 20 th century Toalha de mesa, pormenor Séc. XX, década de 60 Table cloth, detail 1960 s Avental, pormenor Séc. XX, 3º quartel Apron, detail 3 rd quarter of 20 th century

47

48

49 BORDADO DE GUIMARÃES 51 Toalha de mesa Séc. XX, década de 60 Table cloth 1960 s Toalha de mesa Séc. XX, 4º quartel Table cloth 4 th quarter of 20 th century Avental Séc. XX, 3º quartel Apron 3 rd quarter of 20 th century que algumas das teorias actuais sobre o «Bordado de Guimarães» e o seu renascimento, deram aqui os seus primeiros passos, tendo sido a Escola Industrial e Comercial de Guimarães a instituição que mais implementou e divulgou o bordado de Guimarães. Algumas das suas alunas são ainda hoje as grandes dinamizadoras desta arte, como por exemplo: as Sr. as D. Maria Amélia Miranda, D. Maria do Céu Freitas, D. Arlinda Pimenta, D. Aida Fernandes, D. Fátima Freitas e outras que são responsáveis pela formação das novas gerações. O objectivo do curso de Formação Feminina era «dar às alunas das Escolas Técnicas uma preparação que lhes permita ingressar nos Cursos de Especialização com a necessária bagagem; prepará-las para a admissão à Escola do Magistério Primário e Institutos Comerciais ou, para aquelas que não pretendam frequentar estes cursos, apetrechá-las devidamente para o desempenho das futuras funções de dona de casa e mães de família» (MOURA,1961: 7). Este curso era frequentado quer por alunas vimaranenses, quer por outras provenientes do Norte do país. Havia, por exemplo, como alunas, jovens naturais da zona da Lixa, cujos familiares possuíam casas de bordados e com quem, mais tarde, estas foram trabalhar. Para além dos professores de bordados e de corte e costura que também ensinavam os bordados tradicionais portugueses, havia os professores formados em desenho, geralmente arquitectos, que complementavam a técnica de bordar com um bom desenho. O programa do Curso determinava que no 2.º ano a aluna fizesse «esquemas de pontos de bordar e sua nomenprotagonists of this art, as for example Mrs. Maria Amélia Miranda, Mrs. Maria de Céu Freitas, Mrs Arlinda Pimenta, Mrs. Aida Fernandes, and Mrs. Fátima Freitas who, along with others, trained more recent generations of Guimarães embroiderers. The objective of the course of Female Skills was to give students of the technical colleges the necessary preparation to allow them to enter specialist courses with the required competence; to prepare them for admission to primary teaching colleges and commercial institutes; or, for those who do not intend to frequent these courses, properly equip them for their future role as housewife and mother of a family (MOURA, 1961: 7). This course was frequented both by students from Guimarães as well as those coming from the north of the country. There were, for example, students from the Lixa area, whose relatives owned embroidery houses and for whom they would later work. Besides the embroidery and dressmaking teachers who also taught traditional Portuguese embroideries there were the teachers trained in drawing, generally architects, who complemented the techniques of embroidery with good drawing skills. The course program determined that in the 2 nd year the student completed outlines of embroidery stitches and their nomenclature. Compositions for pinafores and aprons, and in addition in the provincial schools, especially study the embroideries typical of the area, inspired above by old documents. It also tried to cultivate local traditions (MOURA, 1961: 12), and in the program of the workshops the students learnt how to execute a great variety of stitches, being permitted works of a purely

50 52 BORDADO DE GUIMARÃES clatura. Composições para bibes e aventais», e ainda «na escola da província, estudar especialmente os bordados típicos da região, inspirados sobretudo em documentos antigos». Tentava-se também «cultivar as tradições locais» (MOURA, 1961: 12) e no programa de oficinas as alunas deviam saber executar uma grande variedade de pontos, permitindo-se a execução de trabalhos de carácter regional (MOURA, 1961: 23). No 3.º ano visava-se o «estudo de todos os bordados tradicionais portugueses». (MOURA, 1961: 9). Composição para os mesmos, a saber: Viana do Castelo, Guimarães, São Miguel, Tibaldinho, Castelo Branco, e outros. Professores de oficinas e professores de desenho colaboraram intensamente para o desenvolvimento do bordado de Guimarães. Fizeram- -se aventais (peça obrigatória pelo programa) [n.º cat. 48], com bordado de Guimarães [n.º cat. 49], toalhas de rosto, [n.º cat. 52], toalhas de mesa como trabalho de grupo [n.º cat. 50] e outras pequenas peças que não chegaram até nós. As alunas, depois de diplomadas, foram leccionar para outras escolas, divulgando as técnicas do bordado de Guimarães, principalmente como docentes do Liceu Martins Sarmento e da Escola do Magistério Primário de Guimarães. Através das peças a que tivemos acesso, sentimos que nos primeiros anos deste curso os professores e alunas andavam ainda a fazer estudos e pesquisas sobre o bordado de Guimarães. Como já vimos, neste período nota-se nitidamente a influência do bordado de Viana e também do bordado de Guimarães feito na zona da Lixa, nos desenhos, seja em motivos de grandes dimensões ou nos de pequenas dimensões, e também nas flores estilizadas, barras decorativas e corações [n.º cat. 50]. Apesar, do incentivo dado pela Escola Industrial e Comercial de Guimarães, a partir do final dos anos 60 o bordado de Guimarães entra em crise, sendo cada vez mais diminuta a sua produção e a sua procura. Vemos que neste período, apesar de se continuar a fazer o bordado a branco, as senhoras vimaranenses adoptam agora o bordado de Guimarães, aperfeiçoando-o e dando-lhe rigor, embora a sua identidade ainda não esteja completamente definida. Este foi talvez um dos períodos mais importantes do bordado de Guimarães, não só porque tem a sua maior divulgação, mas também porque há uma miscigenação de várias proveniências de bordados: das costureiras lavradeiras, a forte influência dos bordados executados na zona da Lixa e a intervenção, com tentativa de normalização, da Escola Francisco de Holanda [n. os cat ]. Dobra para lençol, pormenor Século XX, 2º quartel Turn down for a bed sheet, detail 2 nd quarter of 20 th century Toalha de rosto, pormenor Séc. XX, década de 60 Face towel, detail 1960 s

51 BORDADO DE GUIMARÃES O bordado de Guimarães renascimento e consolidação (anos 80, século XX) Nos anos 80, em Guimarães, renasceu de novo o interesse pelo Património. Foi fundada a Muralha: Associação de Guimarães para a Defesa do Património a qual, em colaboração com outras instituições locais, como a Câmara Municipal, a Sociedade Martins Sarmento, o Museu de Alberto Sampaio e outros, foram divulgando a necessidade de preservar o Património vimaranense. Olhou-se não só para o Património Edificado, mas também para o Património Móvel. Estas instituições organizaram conferências, exposições e visitas guiadas. O Museu de Alberto Sampaio, entre outras iniciativas de dinamização cultural, abriu ao público, de Dezembro de 1979 a Janeiro de 1980, uma exposição intitulada «Tecidos e bordados», em que expôs várias peças decoradas com bordado de Guimarães antigas ou executadas propositadamente para a ocasião e disponibilizou ao público uma «maleta pedagógica de Bordado de Guimarães» destinada a itinerar pelas escolas. Esta continha uma relação dos pontos bordados, várias amostras explicativas da sua execução e duas fotografias de bordadeiras antigas. Perante toda esta actividade os vimaranenses começaram a sentir necessidade de preservar o legado dos seus antepassados, e todo aquele sentir conduziu, nos anos 90, à candidatura à UNESCO, de Guimarães como cidade Património Cultural da Humanidade, a qual se concretizou em Entretanto, a Câmara sentiu necessidade de restaurar e revitalizar a cidade e começaram grandes obras de reordenamento do Centro Histórico, com o apoio de bons arquitectos, com vista à aprovação da candidatura. A autarquia, em conjunto com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, organizou vários cursos sobre preservação do património, entre os quais o 1.º Curso de Formação Profissional de Bordados, que decorreu em dois anos e meio (1989/91), e que numa segunda edição, passou apenas a designar-se como Curso de Bordados de Guimarães (1996/97). As monitoras foram as antigas alunas da Escola Industrial e Comercial de Guimarães (Profª. D. Amélia Miranda e Prof.ª D. Maria do Céu Freitas), que reviram as normas e estabeleceram então critérios bastante rígidos para a execução do Bordado de Guimarães. A perfeição do ponto marcado por um grande interesse pelo canutilho, profusamente executado, o desenho, a cor da linha e o próprio tecido vão caracterizar esta nova fase do bordado [n.º cat. 62]. Estabelece-se o linho 20 da DMC como suporte do bordado e é usado o fio de algodão perlé, marca DMC vermelha (n.º 321), azul (n.º 796), cinza (n.º 415), bege (n.º 644) e branca. regional character (MOURA, 1961: 23). In the 3 rd year the study was pursued of all traditional Portuguese embroideries. (MOURA, 1961: 9). For the composition of the same it was necessary to be familiar with the styles of Viana do Castelo, Guimarães, São Miguel, Tibaldinho, Castelo Branco, and others. Teachers of both practice and drawing collaborated intensely for the development of Guimarães embroidery. Aprons were made (obligatory under the program) [Cat n.º 48] with Guimarães embroidery [Cat n.º 49], face towels, [Cat n.º 52], tablecloths as group work [Cat n.º 50], and other small pieces that have not survived to the present day. After graduating, the students went on to teach in other schools mainly in the Liceu Martins Sarmento and the Escola do Magistério Primário de Guimarães, disclosing the techniques of Guimarães embroidery. From the pieces to which we have had access, we are left with the impression that in the first years of this course teachers and students alike sought to research and study Guimarães embroidery. As we have already seen, in this period the influence of Viana embroidery, as well as Guimarães embroidery worked in the Lixa area, is clearly noticeable in the designs, not only in motifs of both large or small dimensions, but also in stylized flowers, ornamental bands and hearts [Cat n.º 50]. In spite of the incentive given by the Escola Industrial e Comercial de Guimarães, Guimarães embroidery entered in crisis from the end of the sixties. Both production and demand were severely curtailed. In spite of continuing to do whitework embroidery, Guimarães ladies adopted Guimarães style embroidery at this time, improving on it and giving it greater rigor, although its identity had still not been completely defined. This was possibly one of the most important periods for Guimarães embroidery, not only because it was more widespread than ever, but also because there was a fusion of its various branches: from the embroideries of the countrywomen dressmakers to the intervention of the Escola Francisco de Holanda with its attempt at standardization, retaining a strong influence from the Lixa area embroiderers [Cat n.º 17-52]. 4. Guimarães embroidery renaissance and consolidation (1980 s) In the 1980 s interest in the heritage of Guimarães was revitalised. «A Muralha Associação de Guimarães para a Defesa do Património» was founded which, in collaboration with other local institutions such as the Câmara Municipal de Guimarães, the Sociedade Martins Sarmento, the Museu de Alberto Sampaio amongst others, promoted

52 Criou-se assim um conjunto de bordadeiras profissionais, especializadas no bordado de Guimarães, e que passaram a trabalhar exclusivamente neste tipo de bordado. Entretanto, renasce um grande interesse por estes trabalhos e no concelho começa a aparecer uma grande oferta para formação nesta área. Na Escola Secundária de Francisco de Holanda (antiga Escola Industrial e Comercial de Guimarães), criou-se no ano lectivo de 1992/93, um projecto para formação de um Clube de Têxteis, a fim de ocupar os tempos livres da comunidade escolar, destinado a criar hábitos de trabalho manual e artesanal, sendo a actividade escolhida o Bordado de Guimarães. A UNAGUI Universidade Autodidacta da Terceira Idade de Guimarães, fundada em 1994, passa também, pouco depois da sua criação, a incluir nos seus cursos a disciplina de Bordados de Guimarães. the need to preserve Guimarães s heritage. It was not only the built heritage that was contemplated, but also the intangible heritage. These institutions organized conferences, exhibitions and guided visits. Among other cultural initiatives, the Museu de Alberto Sampaio presented a public exhibition from December 1979 to January 1980 entitled Woven and Embroidered Textiles, which displayed various pieces decorated with Guimarães embroidery either antique or purpose-made for the occasion. An education pack on Guimarães Embroidery, containing a dossier of embroidery stitches, various explanatory samples for working them, and two pictures of old embroiderers, was also made available, designed to travel around schools. Given these considerations, the people of Guimarães began to feel the need to preserve the legacy of their ancestors, which in the 1990 s lead to Guimarães s candidacy to Toalha de chá, pormenor 2002 Tea towel, detail 2002

53 BORDADO DE GUIMARÃES 55 Também o Museu de Alberto Sampaio organiza periodicamente, desde o ano de 2001, aulas de bordados de Guimarães para crianças com mais de seis anos, ministradas durante a época de férias, como ocupação dos tempos livres, e integradas na actividade «Cursinhos do Museu de Alberto Sampaio». Para adultos, desde 2002 que o Museu organiza com regularidade cursos em horário pós-laboral. Também a Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais de S. Torcato dinamizou cursos sobre esta temática, quer na própria freguesia, quer noutras freguesias do concelho. Há ainda outras instituições vimaranenses que realizam periodicamente acções de formação para adultos nesta área, como por exemplo o Clube de Bordados da Casa do Povo de Fermentões. Refira-se ainda os clubes de bordados realizados em escolas básicas ou noutras instituições que organizam pontualmente esta actividade. Não esqueçamos que também em Fafe e em Riba d Ave existiram cursos de «Bordado de Guimarães» e que na zona da Lixa ainda se faz «Bordado de Guimarães», para comercializar quer em Guimarães, quer nas casas comerciais daquela cidade. Paralelamente algumas das bordadeiras vimaranenses, que aprenderam a técnica nos anos 50, voltam a fazer agora com maior entusiasmo o bordado de Guimarães, seja como profissionais ou por gosto, para ocupação das suas horas de lazer. Ao mesmo tempo vão sendo conhecidos bordados das antigas bordadeiras do meio rural, algumas falecidas recentemente, mas que trabalharam quase ininterruptamente desde os primeiros anos do século XX até quase ao novo milénio. É o caso de: A bordadeira de Covas, (n. ca f.? ); Rosa de Freitas, de Azurém (n. ca f. ca. 198-?). Bordadeira-costureira; Josefa de Freitas, de Penselo (n f. 2003). Bordadeira-costureira. Aprendeu a bordar com pessoas antigas e trabalhava com a irmã Joana Ferreira, que também bordava. Comprava as linhas à caixa, no Martins Chapeleiro, ao lado da Torre da Alfândega, e bordava consoante o tecido de linho que tinha, em casa dos clientes onde era costureira; Rosinha Reinuca ou Rosa de Sousa, de Fermentões (n f. 1994). Bordadeira-costureira, que também executou os coletes de rabos de vários ranchos folclóricos; Custódia Rodrigues, das Taipas (n. 1924). Bordadeira- -costureira; Lúcia da Silva, de Guimarães (n. 1931). Bordadeira, antiga aluna do Lar de Santa Estefânia; UNESCO for classification as World Cultural Heritage, granted in In response to the need to recuperate and revitalize the city, the local authority anticipated the approval of its candidacy with a major programme of urban renewal in the historical centre, with the collaboration of renowned architects. The autarchy, together with the Instituto do Emprego e Formação Profissional, organized various courses on heritage conservation. Among these was the 1 st Course of Professional Training in Embroidery, which continued over two and a half years (1989/91), and whose second edition, was simply designated the Guimarães Embroidery Course (1996/97). The monitors were the former students of the Escola Industrial e Comercial de Guimarães (the teachers Amélia Miranda and Maria de Céu Freitas) who established quite rigid criteria for working Guimarães Embroidery. This new phase of the embroidery came to be characterized by the perfection of the stitch marked by a preponderance of bullion knot the design, the colour of the thread and the ground fabric itself [Cat n.º 62]. They reviewed and established standards, using DMC 20 linen as the ground fabric for the embroidery, and stipulated the pearled cotton thread to be used: (DMC n.º 321) red, (n.º 796) blue, (n.º 415) grey, (n.º 644) beige and white. In this way a group of professional embroiderers, specialized in Guimarães embroidery, was created who started to work exclusively in this embroidery type. Meanwhile interest for these works was revived and greater training provision in this area began to appear in the borough. In the academic year of 1992/93 a project for the formation of a textile club was launched in the Escola Secundária de Francisco de Holanda (former Escola Industrial e Comercial de Guimarães). Its objective was to occupy the free-time of the school community by creating habits of handcrafts, Guimarães embroidery being the chosen activity. Shortly after its creation in 1994, UNAGUI also began to include the subject of Guimarães embroidery in its courses. Integrated in the programme Short courses at the Alberto Sampaio Museum, the museum has periodically organized classes of Guimarães embroidery for children over the age of six during the school holidays as a leisure time activity. Since 2002 the Museum has regularly organized adult courses after working-hours. The Associação de Comunidades Locais de S. Torcato has also run courses along these lines both in its own and in other parishes of the borough. Other Guimarães institutions periodically carry out training programmes for adults in this area, for example the Embroidery Club of the «Casa do Povo» in Fermentões. There are also embroidery clubs held in schools, or in other institutions that organize this activity from time to time. Let us not forget

54

55 BORDADO DE GUIMARÃES 57 Camisa de mulher Século XX, 2º quartel Lady s blouse 2 nd quarter of 20 th century Vestido de comunhão 2003 Communion dress 2003 Vestido de noiva 2000 Wedding dress 2000 Lurdes Azevedo, de Guimarães (n. 1940). Bordadeira, antiga aluna do Lar de Santa Estefânia; Josefa Pinto, que é conhecida na sua terra, Fermentões- -Guimarães, por Josefa Bordadeira (n. 1941). Bordadeira-costureira. Face a uma diversidade tão grande, a Câmara Municipal de Guimarães deliberou, na sua sessão de 9 de Novembro de 2000, formar uma Comissão dos Bordados de Guimarães, destinada a avaliar os trabalhos executados, com vista a tentar estabelecer critérios de uniformidade e perfeição, com vista à «garantia da autenticidade dos bordados regionais de Guimarães» (LIVRO DE ACTAS). Esta Comissão é dirigida pela Dr.ª Isabel Maria Fernandes, directora do Museu de Alberto Sampaio, e tem como membros efectivos as Prof. as D. Maria Amélia Ferreira Miranda e D. Maria do Céu Oliveira Freitas e as bordadeiras D. Maria da Conceição Miranda Ferreira e D. Isabel Vales Oliveira, sendo suplentes D. Maria do Rosário Ribeiro Pereira e D. Adélia Maria Pinto. O Bordado de Guimarães é essencialmente um bordado relevado, monocromático e de ostentação, que dá uma extraordinária sumptuosidade a uma peça têxtil. Por isso foi aproveitado pelos estilistas que lhe deram uma nova imagem e o adaptaram às suas criações: vestidos de noiva [n.º cat. 61]; camisas [n.º cat. 54]; vestidos da comunhão [n.º cat. 63]; prendinhas de casamento; bolsas; para além that there are also courses of Guimarães embroidery in Fafe and Riba d Ave and that Guimarães embroidery is still made in the Lixa area whether for sale in the shops of that town or for stores in Guimarães. Some of the Guimarães embroiderers who learned the technique in the fifties have taken up Guimarães embroidery again with greater enthusiasm both as professionals and as a way of occupying leisure time. At the same time some of the old embroideries of the rural embroiderers are becoming better known. Some of these craftswomen have only died recently, after working uninterruptedly from the first years of the 20 th century to almost the dawn of the new millennium. It is the case of: The embroiderer of Covas, (b c. d.?); Rosa de Freitas, of Azurém (b c. d. 198 c.?). Embroiderer-dressmaker; Josefa de Freitas, of Penselo (b d. 2003). Embroiderer-dressmaker. She learned how to embroider with elderly people and worked with her sister Joana Ferreira, who also embroidered. She bought boxes of thread in «Martins Chapeleiro», next to the «Torre da Alfandêga», and embroidered according to the linen cloth she had, in the house of her clients where she was a dressmaker; Rosa Reinuca or Rosa de Sousa, of Fermentões (b d. 1994). embroiderer-dressmaker, who also made tailed waistcoats for various folkloric groups;

56 58 BORDADO DE GUIMARÃES das tradicionais toalhas de mesa [n.º cat. 62] e de rosto [n.º cat. 56]; paninhos de tabuleiro e naperões [n.º cat. 39]. Por isso, e para se adaptar às novas necessidades, o suporte já não é apenas o tradicional pano de linho, mas pode ser também seda, voile de lã ou até malha de algodão. As casas comerciais que hoje comercializam o bordado em Guimarães são as seguintes, referindo-se por ordem, da mais antiga para a mais moderna 6 : «Casa Pastor», de António de Sousa Pastor. Alameda S. Dâmaso. Abriu ao público por volta de Tem bordadeiras em vários concelhos à volta de Guimarães. Maria Lúcia Ferreira Neto ou «Casa Belane». Alameda S. Dâmaso. Fundada há cerca de 18 anos. A maioria dos seus bordados são provenientes da zona da Lixa (Felgueiras e Amarante); «Oficina: Centro de Artes e Mesteres Tradicionais de Guimarães». Fundada em 1989, congrega algumas das bordadeiras profissionais de Guimarães, formadas pelos cursos do Instituto de Emprego e Formação Profissional: Maria do Rosário Ribeiro (1.º curso) e Maria da Conceição Miranda Ferreira, Maria Isabel Vales Oliveira, Adélia Maria Pinto (2.º curso). «Artesanato Bordados Regionais», de Maria da Conceição Pereira Ribeiro. Rua da Rainha. Está aberta desde 1994 como casa de bordados, embora já existisse como loja comercial desde As suas bordadeiras são de Felgueiras e da Lixa, mas o bordado de Guimarães é feito pela proprietária ou encomendado a bordadeiras particulares. «Caramba e olé». Abriu há cerca de oito anos, no Toural, mas em Novembro passado passou para a Alameda S. Dâmaso. Tem bordadeiras da zona da Lixa e de Guimarães. «Artesanato Santiago», de Ana da Costa Lopes Abreu. Fundada há cerca de 5 anos na Praça de Santiago. A proprietária é a própria bordadeira. Verificamos que o bordado de Guimarães ao longo do tempo se foi fazendo e refazendo, de acordo com gostos e saberes, com uma diversidade de locais de execução e diversas sensibilidades. Por isso pensamos que hoje a Custódia Rodrigues, of Taipas (b. 1924). Embroidererdressmaker; Lúcia da Silva, of Guimarães (b. 1931). Embroiderer, former student of Asilo de Santa Estefânia; Lurdes Azevedo, of Guimarães (b. 1940). Embroiderer, former student of Asilo de Santa Estefânia; Josefa Pinto, who is known in her area of Fermentões- Guimarães, as Josefa the Embroiderer (b. 1941). Embroiderer-dressmaker. Faced with such diversity, Guimarães town council decided, in its session of November 9 th, 2000, to form a Committee on Guimarães Embroidery with the purpose of evaluating finished works in order to try and establish criteria for uniformity and perfection, with view to guarantee the authenticity of Guimarães regional embroidery (LIVRO DE ACTAS). This Commission is presided over by Dr.ª Isabel Maria Fernandes, director of the Museu de Alberto Sampaio Museum, and has as permanent members the teachers Maria Amélia Ferreira Miranda, Maria de Céu Oliveira Freitas and as embroiderers Conceição Miranda Ferreira, Maria Vales Oliveira and Isabel Vales Oliveira with Maria de Rosário Ribeiro Pereira and Adélia Maria Pinto as substitutes. Guimarães embroidery is essentially a raised embroidery, monochrome yet ostentatious, that gives an extraordinary opulence to textile pieces. Stylists has taken advantage of its qualities and given it a new image, adapting it to their creations: wedding gowns [Cat. n.º 61]; shirts [Cat. n.º54]; communion dresses [Cat. n.º 63]; wedding presents; bags; besides the traditional tablecloths [Cat. n.º 62 face towels [Cat. n.º 56]; tray cloths and place mats [Cat. n.º 39]. To adapt to new needs, the ground fabric is no longer just the traditional linen cloth but can also be silk, woollen voile or even cotton mesh. The following shops, in order of antiquity 5, market Guimarães embroidery: «Casa Pastor», of António de Sousa Pastor, Alameda de S. Dâmaso. It opened to the public in about 1965 and has embroiderers in various boroughs around Guimarães. Toalha de chá, pormenor 2002 Tea towel, detail 2002 Toalha de rosto, pormenor Séc. XX, 4º quartel Face towel, detail 4 th quarter of 20 th century Naperão, pormenor Séc. XX, 3º quartel Place mat, detail 3 rd quarter of 20 th century

57 BORDADO DE GUIMARÃES 59 Colete de rabos Séc. XX, 4º quartel Woman s tailed waistcoat 4 th quarter of 20 th century designação Bordado de Guimarães se refere essencialmente ao local de comércio, uma vez que em Guimarães se encomenda o produto a diferentes bordadeiras da cidade ou de fora, e é principalmente nesta cidade que são comercializados e divulgados. De facto, Guimarães funciona quase como um entreposto comercial tal como o foi ao longo de séculos para outras artes. Os bordados são executados não só em Guimarães, mas também na zona da Lixa (Felgueiras e Amarante). As bordadeiras são naturais do concelho, mas também têm outras origens, sendo, por exemplo, antigas estudantes dos estabelecimentos de ensino vimaranenses, que regressaram às terras de origem, ou vimaranenses que foram viver para outras terras e que continuam a executar o bordado de Guimarães por lazer ou por motivos profissionais, nos mais variados locais: Lixa, Felgueiras, Amarante, Santo Tirso, Riba D Ave, Fafe, Braga, Barcelos, Coimbra e ainda outros locais afastados do concelho de Guimarães [n.º cat ]. Este bordado, devido ao grande número de pessoas que o sabem fazer, faz parte da identidade de Guimarães e já começa a ter nome no país. Com o objectivo de lhe assegurar a maior qualidade, a Câmara procura agora certificá-lo e internacionalizá-lo dando-o a conhecer à Europa como produto de excepção executado em Guimarães, cidade património da Humanidade. «Casa Belane» of Maria Lúcia Ferreira Neto. Alameda de S. Dâmaso. Founded about 18 years ago, most of its embroideries come from the Lixa area (Felgueiras and Amarante); «Oficina: Centro de Artes e Mesteres Tradicionais de Guimarães». Founded in 1989, it brings together some of Guimarães s professional embroiderers, trained on the Instituto de Emprego e Formação Profissional courses: Maria de Rosário Ribeiro (1 st course) and Maria da Conceição Miranda Ferreira, Maria Isabel Vales Oliveira, Adélia Maria Pinto (2 nd course). «Artesanato Bordados Regionais», of Maria da Conceição Pereira Ribeiro, Rua da Rainha. It has been open as an embroidery house since 1994, although the shop has existed since Its embroiderers are from Felgueiras and Lixa, but Guimarães embroidery is made by the proprietor or commissioned from private embroiderers. «Caramba e Olé», opened about eight years ago, in Toural Square, but last November moved to Alameda de S. Dâmaso. It has embroiderers in the Lixa area and Guimarães. «Artesanato Santiago», of Ana da Costa Lopes Abreu. Founded about 5 years ago in Santiago Square, the owner is the embroiderer. Over the years Guimarães embroidery has been fashioned and refashioned according to differing tastes, skills and sensibilities in a variety of places. For this reason we consider that today the designation Guimarães Embroidery refers essentially to the place where it is traded. It is in Guimarães that the orders are placed with the different embroiderers from the city or beyond, and it is mainly in this city that it is both sold and promoted. In fact, Guimarães functions as a trading post, just as it did over the centuries for other crafts. The embroideries are executed not only in Guimarães, but also in the Lixa area (Felgueiras and Amarante). Most of the embroiderers are native to the borough, but some have other origins, for example, former students of Guimarães teaching establishments who returned to their places of origin. Some natives of Guimarães have gone to live in other places, such as Lixa, Felgueiras, Amarante, Santo Tirso, Riba D Ave, Fafe, Braga, Barcelos, Coimbra as well those even further afield who continue to work Guimarães embroidery for professional reasons or as a leisure activity [Cat. n. os 53-63]. This embroidery is part of Guimarães s identity. Due to the large number of people producing it, it has already established itself on a country-wide basis. The local authority is now trying to gain certification with the objective of ensuring the highest quality for it and to take it beyond our borders making it known throughout Europe as an exceptional product from Guimarães, world heritage city.

58 60 BORDADO DE GUIMARÃES 1 Nesta época também se fazia localmente bordado a ouro, embora fosse bastante modesto e não possuísse a qualidade do bordado medieval. Uma das peças mais conhecidas, executada com vários pontos em fio metálico dourado pelas senhoras vimaranenses (numa época em que o bordado já se tinha tornado essencialmente feminino), foi a bandeira de seda verde, com a inscrição «antes quebrar que torcer», feita aquando da grande crise de 1885, entre Guimarães e Braga. Foi em 28 de Novembro de 1885 que os procuradores de Guimarães à Junta Geral do Distrito foram apedrejados e apupados na cidade de Braga, devido a uma divergência de opinião sobre o liceu de Braga, o que fez agudizar o antigo conflito entre Braga e Guimarães, cujas raízes remontam ao século XIII. Os vimaranenses indignados reagiram e organizaram marchas de apoio aos seus representantes e reuniões públicas de apoio e desagravo. A Câmara também reuniu em sessão extraordinária para desagravar a ofensa à cidade, e entre as várias decisões tomadas, pretendia-se a «união ao Porto» e o corte de relações oficiais com o Distrito de Braga. O então deputado João Franco veio pessoalmente à cidade de Guimarães, encarregado pelo governo fontista de tratar desta questão. Houve sessões de apoio de várias instituições da cidade, entre as quais a Sociedade Martins Sarmento e a Associação Comercial e Industrial, que tiveram grandes mostras de solidariedade por parte do público, e começou a ser editado o jornal «28 de Novembro», para actualizar todas as notícias sobre o caso. Foi enviada à rainha D. Maria II uma representação pedindo a sua protecção para que fosse feita justiça a Guimarães, e é neste contexto que as senhoras de Guimarães resolvem bordar uma bandeira em lâmina metálica dourada, com a legenda em grandes letras, que passou a ser o lema de Guimarães: «Antes quebrar que torcer» (OLIVEIRA, 1885). 2 Segundo o «Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea», da Academia das Ciências de Lisboa, negro significa que tem «a cor mais escura de todas, que se opõe ao branco». Embora se diga que as viúvas usavam colete preto, encontrámos mais frequentemente coletes bordados com linha escura em castanho matizado e em cinza escuro. 3 Horror ao vazio Termo usado em História de Arte, e que exprime a necessidade de ocupar todo o fundo do desenho com uma grande profusão de motivos, quase não deixando ver o fundo. 4 Adaptação ao quadro Termo usado na História de Arte para referir alteração das proporções do motivo desenhado, tentando que caiba num determinado contexto e resultando por isso uma distorção. 5 Informação do Sr.º Abel Ribeiro de Sousa, antigo funcionário da «Casa João Gualdino Pereira e Suc. Lda: Linhos e Atoalhados», onde trabalhou durante cerca de 45 anos. 6 O bordado tem procurado inovar-se, por um lado mantendo a qualidade, por outro apresentando novas aplicações com uma imagem mais actual, mais económica e apelativa, de modo a atrair os turistas 1 In this period gold thread embroidery was also practiced locally, although it was on a modest scale and did not demonstrate the quality of medieval embroidery. One of the best known pieces, executed in various stitches with gilt metal thread by the ladies of Guimarães (at a time when embroidery had already became a female preserve), was the standard of green silk, with the inscription «antes quebrar que torcer» (break rather than bend), made during the great crisis of 1885, between Guimarães and Braga. On the 28th of November 1885 the Guimarães delegates on the District Council (Junta Geral do Distrito) were verbally and physically insulted in the city of Braga, due to a difference of opinion in relation to the Braga High School. This served to deepen the ancient rift between Braga and Guimarães, whose roots go back to the 13 th century. The indignant citizens of Guimarães reacted by organizing marches and public meetings in support of their representatives and to express their dissatisfaction. The Town Council met in extraordinary session to redress the wrong committed against the city and among the various decisions made was the motion to cut official relations with Braga and seek a union with the District of Porto. The member of parliament for Guimarães, João Franco, personally came to the city with the mission to deal with the issue on behalf of the government lead by António Fontes Perreira de Mello. Various city institutions such as the Sociedade Martins Sarmento and the Associação Industrial e Comercial de Guimarães also held meetings in which the general public demonstrated their solidarity and unwavering support for the movement. A special newspaper entitled the «28 de Novembro», began to be published to keep the people abreast of the latest developments in the case. Representation was made to the monarch asking for royal protection so that justice could be done. It was in this context that the ladies of Guimarães embroidered their banner in gilt plate with the words in large letters, «Antes quebrar que torcer» which became the battle-cry of the city (OLIVEIRA, 1985). 2 According to the Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, black is the darkest of all colours, the negation of white. Although it is said that widows wore a waistcoat embroidered in black, it is more common to find waistcoats embroidered with dark brown graded thread or dark grey. 3 Aversion to emptiness is a term used in the History of Art which expresses the need to occupy all of the ground with a great profusion of motifs, hardly letting the base fabric be seen. 4 Information provided by Mr. Abel Ribeiro de Sousa, former employee of «Casa João Gualdino Pereira e Suc. Lda: linhos e atoalhados», where he worked for about forty five years. 5 Efforts have been made to innovate, while maintaining the quality of the embroidery. New applications have arisen with a more modern image, more attractive and less expensive, to attract tourists and young people. Therefore other pieces

59 BORDADO DE GUIMARÃES 61 e os jovens. Por isso apareceram outras peças influenciadas por ele, tal como belíssimas e económicas t-shirts, de malha de algodão, bordadas à máquina ou naperões e têxtil lar estampados. influenced by Guimarães embroidery have appeared, such as economical cotton t-shirts with machine embroidery or printed household linen. BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA SELECT BIBLIOGRAPHY Monografias Monographies ALARCÃO; CARVALHO, 1993 Teresa Alarcão, José Alberto Seabra de Carvalho Imagens em Paramentos Bordados: séculos XIV a XVI. Lisboa: Instituto Português de Museus, ALMEIDA, 1964 Fernando Louro de Almeida «Bordados de Tibaldinho ou Bordados de Alcafache». Boletim da Acção Educativa Escolas Técnicas. Lisboa: Direcção Geral do Ensino Técnico Profissional. N.º 35 (1964). BRAGA, 1928 Alberto Vieira Braga «Indústrias caseiras». In Guimarães, o labor da grei. Guimarães: Francisco Martins, Publicação comemorativa da Exposição Industrial e Agrícola, realizada em Agosto de CACHADA, 2004 Armindo da Costa de Sá Cachada O linho no campo e na arca. S. Torcato: Grupo Folclórico da Corredoura, 2004 ALMEIDA, Fernando Louro de Almeida «Bordados de Tibaldinho ou Bordados de Alcafache». Revista Bimensal Escola Democrática. Lisboa: Direcção Geral do Ensino Básico. Ano 5, n.º 3-5 ( ). ANTUNES, 1931 Maria Júlia Antunes «Rendas e Bordados da Beira». In Actas do IV Congresso e Exposição Regional das Beiras. Org. Jaime Lopes Dias. Castelo Branco: [s.n.], BORDADOS, 1994 Bordados e rendas nos bragais de Entre Douro e Minho = Embroidery and lace in the house linen of Entre Douro e Minho. Coord. Carlos Laranjo Medeiros. [Lisboa]: Programa de Artes e Ofícios Tradicionais; Grupo BFE, 1994 BORDADOS, 1995 Bordados de Guimarães. [Guimarães: Museu de Alberto Sampaio, 1995]. BORDADOS, 2005 Os bordados de Viana do Castelo = Embroideries of Viana do Castelo. Viana do Castelo: Câmara Municipal, BORRALHO, 1952 Maria Ermelinda Reis Gouveia Borralho Os segredos da agulha. Lisboa: Ed. da Agência de Publicações Ela, CARVALHO, 1941 A. L. de Carvalho «Bordados de Guimarães». In Os mesteres de Guimarães. Guimarães: [s.n.], Vol. 2, CENTENÁRIO [1985?] Centenário da Escola Secundária Francisco de Holanda: Guimarães, 1884/ /85. Guimarães: Comissão Executiva do Centenário, [1985?] CORDEIRO, 1991 José Manuel Lopes «A persistência do sistema antigo : a indústria em Guimarães na época da exposição de 1884». In Relatório da Exposição Industrial de Guimarães em Edição fac-similada. Guimarães: Muralha-Associação de Guimarães para a Defesa do Património, ª Edição 1884 EXPOSIÇÃO, 1979 Exposição: tecidos e bordados. [Guimarães: Museu de Alberto Sampaio, [1979]. Publicação fotocopiada. GANDERTON, 2000 Lucinda Ganderton Dicionário de pontos: um guia passo a passo com mais de 200 pontos clássicos. Porto: Livraria Civilização Editora, ISBN

60 62 BORDADO DE GUIMARÃES GERALDES, 1913 Manuel de Melo Geraldes Monografia sobre a indústria do linho no distrito de Braga. Coimbra: Imprensa da Universidade GUIMARÃES, 1928 Alfredo Guimarães «Bordados». In Guimarães: o labor da grei. Guimarães: Francisco Martins, Publicação comemorativa da Exposição Industrial e Agrícola, realizada em Agosto de GUIMARÃES, 1940 Alfredo Guimarães Guimarães: guia de turismo. Guimarães: edição de autor, LIMA, 1994 Rui Abreu de Lima O bordado tradicional português. [Lisboa]: Instituto de Emprego e Formação Profissional, 1994 LINO, 1984 António Lino Monografia de Guimarães e seu Termo. Lisboa: Instituto Fontes Pereira de Melo, MAGALHÃES, [19?] Manuel Maria Calvet de Magalhães A bordadeira. Lisboa: SNI, [194-?]. (Cadernos do Povo) MAGALHÃES, 1942 Manuel Maria Calvet de Magalhães «Bordados Portugueses». Revista Panorama. Ano 2, n.º 24 (1942). MAGALHÃES, 1956 Manuel Maria Calvet de Magalhães Bordados e Rendas de Portugal. Lisboa: Campanha Nacional de Educação de Adultos, (Colecção Educativa. Série N. N.º 10) MAGALHÃES, 1995 Manuel Maria Calvet de Magalhães Bordados e Rendas de Portugal. Lisboa: Vega, ISBN GUIMARÃES, 2000 Guimarães: mil anos a construir Portugal. Guimarães: Câmara Municipal de Guimarães; Museu de Alberto Sampaio, 2000 MOURA, 1961 Maria Clementina Carneiro de Moura O Desenho e as Oficinas no Curso de Formação Feminina. Lisboa: Direcção Geral do Ensino Técnico Profissional, MOURA, 1968 Maria Clementina Carneiro de Moura «Tapeçarias e Bordados». In A Arte Popular em Portugal. Direcção de Fernando de Castro Pires de Lima. Lisboa: Editorial Verbo, Vol. 3. OLIVEIRA, 1985 Manuel Alves de Oliveira Um motim de há 100 anos entre Braga e Guimarães. Guimarães: [s.n. ], 1985 OLIVEIRA, 2002 Aurélio de Oliveira «Oficinas e manufacturas do vale do Ave na época moderna». In Património e Indústria no Vale do Ave: um passado com futuro. Vila Nova de Famalicão: ADRAVE, p OLIVEIRA; GALHANO; PEREIRA, 1978 Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano, Benjamim Enes Pereira Tecnologia Tradicional Portuguesa: o linho. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica; Centro de Estudos de Etnologia, PERDIGÃO; CALVET, 2002 Teresa Perdigão, Nuno Calvet Tesouros do artesanato português. Lisboa: Verbo, Vol. 2, p PINTO, 2000 Teresa Pinto O ensino industrial feminino oitocentista: a escola Damião de Góis em Alenquer. Lisboa: Colibri, 2000 PIRES, 1998 Ana Pires «O bordado de Tibaldinho: um segredo bem guardado». In Bordado de Tibaldinho. Lisboa: Câmara Municipal de Mangualde; Museu Nacional do Traje, P PIRES, 2003 Ana Pires «Bordar em português: centros produtores de bordado». Mãos: Revista de Artes e Ofícios. Porto: CCRC, CEARTE, CRAA, CRAT, PPART. N.º 21 (2003) MOURA, [19?] Maria Clementina Carneiro de Moura Bordados Tradicionais de Portugal. Porto: Edição da Companhia de Linhas Coats & Clark, Limitada, [19?]. p. 29, 54. (Livro Âncora de Bordados; 1) PORTO, 1998 Nuno Porto «O bordado de Tibaldinho no Museu do Traje». In Bordado de Tibaldinho. Lisboa: Câmara Municipal de Mangualde; Museu Nacional do Traje, P

61 BORDADO DE GUIMARÃES 63 SAMPAIO; MEIRA, 1991 Alberto Sampaio; Joaquim José Meira Relatório da Exposição Industrial de Guimarães em Edição fac-similada. Guimarães: Muralha-Associação de Guimarães para a Defesa do Património, ª edição TAXINHA; GUEDES, 1975 Maria José Taxinha, Natália Correia Guedes O Bordado no Trajo Civil em Portugal. Lisboa: Secretaria de Estado da Cultura; Direcção Geral do Património Cultural, THESAURUS, 2004 Thesaurus: vocabulário de objectos do culto católico. Lisboa: Fundação Casa de Bragança, 2004 VIEIRA, 1886 José Augusto Vieira O Minho pitoresco. Lisboa: Livraria de Antonio Maria Pereira, Editor, vol. Manuscritos Manuscripts TEIXEIRA, 1992 Madalena Braz Teixeira O Traje Império ( ) e a Sua Época. Lisboa: Museu Nacional do Traje, TEIXEIRA, 1998 Madalena Braz Teixeira «As origens do bordado de Tibaldinho». In Bordado de Tibaldinho. Lisboa: Câmara Municipal de Mangualde; Museu Nacional do Traje, P Câmara Municipal de Guimarães Actas da Câmara, 2000 Escola Secundária Francisco de Holanda Livro de matrículas, n.º1, Sociedade Martins Sarmento Livro de Actas da Comissão de Senhoras, 1884.

62 64 BORDADO DE GUIMARÃES Bordado de Guimarães Guimarães Embroidery Catálogo The catalogue

63 Patrícia Moscoso O bordado de Guimarães, como todos os produtos artesanais, brotou da vontade, da sensibilidade e da destreza humana. Nas mãos da mulher o simples suporte em linho ganha forma e beleza, unicamente possíveis pela perícia da mão na orientação da agulha. O bordado que encontramos no século XIX desvela tal perícia nos belos motivos florais e monogramas bordados, característicos dos enxovais daquela época. Mas não fica por aqui! O bordado foi evoluindo e adoptando as características das épocas que o viram desenvolver, chegando aos nossos dias. Um estudo sobre a origem e a evolução de um bordado, típico de um território, depende da vontade daqueles que querem ou não abrir os seus baús e mostrar os seus bragais. Imperando a boa vontade, entramos em casa alheia e observamos, comparamos e recolhemos as peças mais interessantes. Conseguimos reunir no Museu de Alberto Sampaio um total de duzentas e sessenta e seis peças bordadas e, apesar de todas merecerem destaque, somente consideramos neste catálogo sessenta e três peças. Esta escolha assentou apenas numa necessidade de seleccionar tão-só as peças que melhor explicam a evolução do bordado de Guimarães e não no desprimor nem na falta de qualidade das peças que não foram eleitas. À medida que os nossos olhos descobriam e as nossas mãos tocavam o bordado, fomo-nos apercebendo, que tal como a história de uma vida, também o bordado de Guimarães embroidery, like all the handmade products, sprang from human will, sensibility and dexterity. In a woman s hands the simple linen base fabric gains form and beauty, only possible with skilled fingers guiding the needle. The embroidery that we find in the 11 th century demonstrated much skill in embroidering beautiful floral motifs and monograms, characteristic of the trousseaux of that time. But the story does not stop there! Embroidery continued to develop and adapt to the characteristics of each period through which it passed until it finally arrived to the present day. A study of the origins and evolution of a style of embroidery, typical of a region, also depends on the good-will of those who may or may not wish to open their linen chests to show us their contents. Good will prevailed and we entered into other people s homes and observed, compared and selected the most interesting pieces. We brought together a total of two hundred and sixty six embroidered pieces in the Museu de Alberto Sampaio and despite the fact that all of them deserve a place in the catalogue, we limited the entries to sixty three pieces. This choice rested solely on the need to select the pieces that best explain the evolution of Guimarães embroidery and not out of discourtesy nor for the lack of quality in the pieces that were not chosen. As our eyes discovered and our hands touched the embroidery, we realised that, like any biography, Guimarães

64

Vaporpunk - A fazenda-relógio (Portuguese Edition)

Vaporpunk - A fazenda-relógio (Portuguese Edition) Vaporpunk - A fazenda-relógio (Portuguese Edition) Octavio Aragão Click here if your download doesn"t start automatically Vaporpunk - A fazenda-relógio (Portuguese Edition) Octavio Aragão Vaporpunk - A

Leia mais

Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais: 1 (Portuguese Edition)

Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais: 1 (Portuguese Edition) Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais: 1 (Portuguese Edition) Marcelo Moreira Antunes (org.) Click here if your download doesn"t start automatically Aspectos Multidisciplinares das Artes Marciais:

Leia mais

Como testar componentes eletrônicos - volume 1 (Portuguese Edition)

Como testar componentes eletrônicos - volume 1 (Portuguese Edition) Como testar componentes eletrônicos - volume 1 (Portuguese Edition) Renato Paiotti Newton C. Braga Click here if your download doesn"t start automatically Como testar componentes eletrônicos - volume 1

Leia mais

Comportamento Organizacional: O Comportamento Humano no Trabalho (Portuguese Edition)

Comportamento Organizacional: O Comportamento Humano no Trabalho (Portuguese Edition) Comportamento Organizacional: O Comportamento Humano no Trabalho (Portuguese Edition) John W. Newstrom Click here if your download doesn"t start automatically Comportamento Organizacional: O Comportamento

Leia mais

A dança do corpo vestido: Um estudo do desenvolvimento do figurino de balé clássico até o século XIX (Portuguese Edition)

A dança do corpo vestido: Um estudo do desenvolvimento do figurino de balé clássico até o século XIX (Portuguese Edition) A dança do corpo vestido: Um estudo do desenvolvimento do figurino de balé clássico até o século XIX (Portuguese Edition) Francisca Dantas Mendes Click here if your download doesn"t start automatically

Leia mais

Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition)

Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Regina Panzoldo Click here if your download doesn"t start automatically Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Regina Panzoldo

Leia mais

Abraçado pelo Espírito (Portuguese Edition)

Abraçado pelo Espírito (Portuguese Edition) Abraçado pelo Espírito (Portuguese Edition) Charles Swindoll Click here if your download doesn"t start automatically Abraçado pelo Espírito (Portuguese Edition) Charles Swindoll Abraçado pelo Espírito

Leia mais

Conversação Para Viagem - Inglês (Michaelis Tour) (Portuguese Edition)

Conversação Para Viagem - Inglês (Michaelis Tour) (Portuguese Edition) Conversação Para Viagem - Inglês (Michaelis Tour) (Portuguese Edition) Antonio Carlos Vilela Click here if your download doesn"t start automatically Conversação Para Viagem - Inglês (Michaelis Tour) (Portuguese

Leia mais

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition)

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) Eduardo Gonçalves Click here if your download doesn"t start automatically PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese

Leia mais

Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition)

Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition) Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition) Robert K. Yin Click here if your download doesn"t start automatically Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de

Leia mais

Editorial Review. Users Review

Editorial Review. Users Review Download and Read Free Online Java SE 8 Programmer I: O guia para sua certificação Oracle Certified Associate (Portuguese Edition) By Guilherme Silveira, Mário Amaral Editorial Review Users Review From

Leia mais

Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition)

Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition) Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition) Sociedade Bíblica do Brasil Click here if your download doesn"t start automatically Bíblia

Leia mais

O PRíNCIPE FELIZ E OUTRAS HISTóRIAS (EDIçãO BILíNGUE) (PORTUGUESE EDITION) BY OSCAR WILDE

O PRíNCIPE FELIZ E OUTRAS HISTóRIAS (EDIçãO BILíNGUE) (PORTUGUESE EDITION) BY OSCAR WILDE Read Online and Download Ebook O PRíNCIPE FELIZ E OUTRAS HISTóRIAS (EDIçãO BILíNGUE) (PORTUGUESE EDITION) BY OSCAR WILDE DOWNLOAD EBOOK : O PRíNCIPE FELIZ E OUTRAS HISTóRIAS (EDIçãO Click link bellow and

Leia mais

Adoção: guia prático doutrinário e processual com as alterações da Lei n , de 3/8/2009 (Portuguese Edition)

Adoção: guia prático doutrinário e processual com as alterações da Lei n , de 3/8/2009 (Portuguese Edition) Adoção: guia prático doutrinário e processual com as alterações da Lei n. 12010, de 3/8/2009 (Portuguese Edition) Luiz Antonio Miguel Ferreira Click here if your download doesn"t start automatically Adoção:

Leia mais

Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais (Portuguese Edition)

Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais (Portuguese Edition) Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais (Portuguese Edition) Padre Paulo Ricardo Click here if your download doesn"t start automatically Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais (Portuguese

Leia mais

Aposentadoria e INSS: Entenda como funcionam e defenda-se (Coleção Seus Direitos) (Portuguese Edition)

Aposentadoria e INSS: Entenda como funcionam e defenda-se (Coleção Seus Direitos) (Portuguese Edition) Aposentadoria e INSS: Entenda como funcionam e defenda-se (Coleção Seus Direitos) (Portuguese Edition) Editora Melhoramentos Click here if your download doesn"t start automatically Aposentadoria e INSS:

Leia mais

Guia para Formacao de Analistas de Processos: Gestão Por Processos de Forma Simples (Portuguese Edition)

Guia para Formacao de Analistas de Processos: Gestão Por Processos de Forma Simples (Portuguese Edition) Guia para Formacao de Analistas de Processos: Gestão Por Processos de Forma Simples (Portuguese Edition) Mr. Gart Capote Click here if your download doesn"t start automatically Guia para Formacao de Analistas

Leia mais

Já Chegou Aos Confins Da Terra. E Agora? (Portuguese Edition)

Já Chegou Aos Confins Da Terra. E Agora? (Portuguese Edition) Já Chegou Aos Confins Da Terra. E Agora? (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Já Chegou Aos Confins Da Terra. E Agora? (Portuguese Edition) Já Chegou Aos Confins

Leia mais

Receitas na Pressão - Vol. 01: 50 Receitas para Panela de Pressão Elétrica (Portuguese Edition)

Receitas na Pressão - Vol. 01: 50 Receitas para Panela de Pressão Elétrica (Portuguese Edition) Receitas na Pressão - Vol. 01: 50 Receitas para Panela de Pressão Elétrica (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Receitas na Pressão - Vol. 01: 50 Receitas para Panela

Leia mais

O ABC da Fisioterapia Respiratória (Portuguese Edition)

O ABC da Fisioterapia Respiratória (Portuguese Edition) O ABC da Fisioterapia Respiratória (Portuguese Edition) George Jerre Vieira Sarmento (org.) Click here if your download doesn"t start automatically O ABC da Fisioterapia Respiratória (Portuguese Edition)

Leia mais

Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Portuguese Edition)

Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Portuguese Edition) Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes (Portuguese Edition) Os 7 Hábitos das

Leia mais

Transformando Pessoas - Coaching, PNL e Simplicidade no processo de mudancas (Portuguese Edition)

Transformando Pessoas - Coaching, PNL e Simplicidade no processo de mudancas (Portuguese Edition) Transformando Pessoas - Coaching, PNL e Simplicidade no processo de mudancas (Portuguese Edition) Felippe / Marcelo Click here if your download doesn"t start automatically Transformando Pessoas - Coaching,

Leia mais

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition)

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Ricardo De Moraes / André Luís De Souza Silva Click here if your download doesn"t start automatically Introdução A Delphi Com Banco

Leia mais

Princípios de Direito Previdenciário (Portuguese Edition)

Princípios de Direito Previdenciário (Portuguese Edition) Princípios de Direito Previdenciário (Portuguese Edition) Wladimir Novaes. Martinez Click here if your download doesn"t start automatically Princípios de Direito Previdenciário (Portuguese Edition) Wladimir

Leia mais

Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition)

Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition) Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition) Robert K. Yin Click here if your download doesn"t start automatically Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de

Leia mais

Poder sem limites - o caminho do sucesso pessoal pela programação neurolinguística

Poder sem limites - o caminho do sucesso pessoal pela programação neurolinguística Poder sem limites - o caminho do sucesso pessoal pela programação neurolinguística Anthony Robbins Click here if your download doesn"t start automatically Poder sem limites - o caminho do sucesso pessoal

Leia mais

Meditacao da Luz: O Caminho da Simplicidade

Meditacao da Luz: O Caminho da Simplicidade Meditacao da Luz: O Caminho da Simplicidade Leonardo Boff Click here if your download doesn"t start automatically Meditacao da Luz: O Caminho da Simplicidade Leonardo Boff Meditacao da Luz: O Caminho da

Leia mais

Minhas lembranças de Leminski (Portuguese Edition)

Minhas lembranças de Leminski (Portuguese Edition) Minhas lembranças de Leminski (Portuguese Edition) Domingos Pellegrini Click here if your download doesn"t start automatically Minhas lembranças de Leminski (Portuguese Edition) Domingos Pellegrini Minhas

Leia mais

Dinâmicas de leitura para sala de aula (Portuguese Edition)

Dinâmicas de leitura para sala de aula (Portuguese Edition) Dinâmicas de leitura para sala de aula (Portuguese Edition) Mary Rangel Click here if your download doesn"t start automatically Dinâmicas de leitura para sala de aula (Portuguese Edition) Mary Rangel Dinâmicas

Leia mais

Labrador: Guia prático ilustrado (Coleção Pet Criador) (Portuguese Edition)

Labrador: Guia prático ilustrado (Coleção Pet Criador) (Portuguese Edition) Labrador: Guia prático ilustrado (Coleção Pet Criador) (Portuguese Edition) Tatiane Poló Click here if your download doesn"t start automatically Labrador: Guia prático ilustrado (Coleção Pet Criador) (Portuguese

Leia mais

Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition)

Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Vicente Falconi Click here if your download doesn"t start automatically Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Vicente Falconi Gerenciamento

Leia mais

2ª AVALIAÇÃO/ º ANO / PRÉ-VESTIBULAR PROVA 1-25/04/2015 PROVA DISCURSIVA

2ª AVALIAÇÃO/ º ANO / PRÉ-VESTIBULAR PROVA 1-25/04/2015 PROVA DISCURSIVA 2ª AVALIAÇÃO/ 2015 3º ANO / PRÉ-VESTIBULAR PROVA 1-25/04/2015 PROVA DISCURSIVA ATENÇÃO! w Consulte a tabela abaixo para identificar a prova discursiva específica ao curso de sua opção. Curso com códigos

Leia mais

Curso Completo de Memorização (Portuguese Edition)

Curso Completo de Memorização (Portuguese Edition) Curso Completo de Memorização (Portuguese Edition) Silvio Luiz Matos Click here if your download doesn"t start automatically Curso Completo de Memorização (Portuguese Edition) Silvio Luiz Matos Curso Completo

Leia mais

As 100 melhores piadas de todos os tempos (Portuguese Edition)

As 100 melhores piadas de todos os tempos (Portuguese Edition) As 100 melhores piadas de todos os tempos (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically As 100 melhores piadas de todos os tempos (Portuguese Edition) As 100 melhores piadas

Leia mais

Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Portuguese Edition)

Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Portuguese Edition) Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Portuguese Edition) Astrologia, Psicologia

Leia mais

Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition)

Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Regina Panzoldo Click here if your download doesn"t start automatically Biscuit - potes (Coleção Artesanato) (Portuguese Edition) Regina Panzoldo

Leia mais

Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition)

Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition) Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition) Marina Vezzoni Click here if your download doesn"t start automatically Direito Processual Civil (Coleção Sucesso

Leia mais

Certificação PMP: Alinhado com o PMBOK Guide 5ª edição (Portuguese Edition)

Certificação PMP: Alinhado com o PMBOK Guide 5ª edição (Portuguese Edition) Certificação PMP: Alinhado com o PMBOK Guide 5ª edição (Portuguese Edition) Armando Monteiro Click here if your download doesn"t start automatically Certificação PMP: Alinhado com o PMBOK Guide 5ª edição

Leia mais

Guião N. Descrição das actividades

Guião N. Descrição das actividades Proposta de Guião para uma Prova Grupo: 006 Disciplina: Inglês, Nível de Continuação, 11.º ano Domínio de Referência: Um Mundo de Muitas Culturas Duração da prova: 15 a 20 minutos 1.º MOMENTO Guião N Intervenientes

Leia mais

GUIÃO F. Grupo: Minho. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades

GUIÃO F. Grupo: Minho. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades GUIÃO F Prova construída pelos formandos e validada pelo GAVE, 1/7 Grupo: Minho Disciplina: Inglês, Nível de Continuação 11.º ano Domínio de Referência: Um Mundo de Muitas Culturas 1º Momento Intervenientes

Leia mais

Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada (Portuguese Edition)

Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada (Portuguese Edition) Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada (Portuguese Edition) Naresh K. Malhotra Click here if your download doesn"t start automatically Pesquisa de Marketing: Uma Orientação Aplicada (Portuguese

Leia mais

Erros que os Pregadores Devem Evitar (Portuguese Edition)

Erros que os Pregadores Devem Evitar (Portuguese Edition) Erros que os Pregadores Devem Evitar (Portuguese Edition) Ciro Sanches Zibordi Click here if your download doesn"t start automatically Erros que os Pregadores Devem Evitar (Portuguese Edition) Ciro Sanches

Leia mais

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition)

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) Eduardo Gonçalves Click here if your download doesn"t start automatically PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese

Leia mais

Farmacologia na Pratica de Enfermagem (Em Portuguese do Brasil)

Farmacologia na Pratica de Enfermagem (Em Portuguese do Brasil) Farmacologia na Pratica de Enfermagem (Em Portuguese do Brasil) Click here if your download doesn"t start automatically Farmacologia na Pratica de Enfermagem (Em Portuguese do Brasil) Farmacologia na Pratica

Leia mais

DIBELS TM. Portuguese Translations of Administration Directions

DIBELS TM. Portuguese Translations of Administration Directions DIBELS TM Portuguese Translations of Administration Directions Note: These translations can be used with students having limited English proficiency and who would be able to understand the DIBELS tasks

Leia mais

Meu Filho é Alérgico! E Agora? (Portuguese Edition)

Meu Filho é Alérgico! E Agora? (Portuguese Edition) Meu Filho é Alérgico! E Agora? (Portuguese Edition) Lucimara Da Cunha Corbo Click here if your download doesn"t start automatically Meu Filho é Alérgico! E Agora? (Portuguese Edition) Lucimara Da Cunha

Leia mais

Sermões expositivos em todos os livros da Bíblia - Novo Testamento: Esboços completos que percorrem todo o Novo Testamento (Portuguese Edition)

Sermões expositivos em todos os livros da Bíblia - Novo Testamento: Esboços completos que percorrem todo o Novo Testamento (Portuguese Edition) Sermões expositivos em todos os livros da Bíblia - Novo Testamento: Esboços completos que percorrem todo o Novo Testamento (Portuguese Edition) ANTÔNIO RENATO GUSSO Click here if your download doesn"t

Leia mais

Conceitos de Linguagens de Programação (Portuguese Edition)

Conceitos de Linguagens de Programação (Portuguese Edition) Conceitos de Linguagens de Programação (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Conceitos de Linguagens de Programação (Portuguese Edition) Conceitos de Linguagens de

Leia mais

ESCOLA NAVAL DEPARTAMENTO DE MARINHA

ESCOLA NAVAL DEPARTAMENTO DE MARINHA ESCOLA NAVAL DEPARTAMENTO DE MARINHA CIÊNCIA E TÉCNICA NOS ANAIS DO CLUBE MILITAR NAVAL DA FUNDAÇÃO ATÉ 1879 ASPOF Rui Miguel David Coronha MESTRADO EM CIÊNCIAS MILITARES NAVAIS (MARINHA) 2013 ESCOLA NAVAL

Leia mais

Ganhar Dinheiro Em Network Marketing (Portuguese Edition)

Ganhar Dinheiro Em Network Marketing (Portuguese Edition) Ganhar Dinheiro Em Network Marketing (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Ganhar Dinheiro Em Network Marketing (Portuguese Edition) Ganhar Dinheiro Em Network Marketing

Leia mais

Estrelinhas Brasileiras: Como Ensinar a Tocar Piano de Modo Ludico Usando Pecas de Autores Brasileiros - Vol.2

Estrelinhas Brasileiras: Como Ensinar a Tocar Piano de Modo Ludico Usando Pecas de Autores Brasileiros - Vol.2 Estrelinhas Brasileiras: Como Ensinar a Tocar Piano de Modo Ludico Usando Pecas de Autores Brasileiros - Vol.2 Maria Ignes Scavone de Mello Teixeira Click here if your download doesn"t start automatically

Leia mais

MASTER S DEGREE IN INTELLECTUAL PROPERTY ADMISSION EXAM

MASTER S DEGREE IN INTELLECTUAL PROPERTY ADMISSION EXAM CADERNO DE QUESTÕES NOTA FINAL MASTER S DEGREE IN INTELLECTUAL PROPERTY ADMISSION EXAM Before reading the text, pay attention to these important and essential remarks. All the answers must be written in

Leia mais

EGAN. FUNDAMENTOS DA TERAPIA RESPIRATÓRIA (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY CRAIG L. SCANLAN

EGAN. FUNDAMENTOS DA TERAPIA RESPIRATÓRIA (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY CRAIG L. SCANLAN RESPIRATÓRIA (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY CRAIG L. SCANLAN DOWNLOAD EBOOK : EGAN. FUNDAMENTOS DA TERAPIA BY CRAIG L. SCANLAN PDF Click link below and free register to download ebook: EGAN. FUNDAMENTOS

Leia mais

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition)

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Ricardo De Moraes / André Luís De Souza Silva Click here if your download doesn"t start automatically Introdução A Delphi Com Banco

Leia mais

1. How will you ask someone where the outlet mall is? 2. How will you ask someone how to get to the outlet mall?

1. How will you ask someone where the outlet mall is? 2. How will you ask someone how to get to the outlet mall? Where s the outlet mall? How can I get to the outlet mall? Onde fica o shopping? Como posso chegar ao shopping? Where s the outlet mall? the duty-free shop? Onde fica o shopping? fica a loja Duty free?

Leia mais

Endomarketing de A a Z (Portuguese Edition) By Analisa de Medeiros Brum

Endomarketing de A a Z (Portuguese Edition) By Analisa de Medeiros Brum Endomarketing de A a Z (Portuguese Edition) By Analisa de Medeiros Brum Endomarketing de A a Z (Portuguese Edition) By Analisa de Medeiros Brum Em Endomarketing de A a Z, a publicitária, consultora e palestrante

Leia mais

Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition)

Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Vicente Falconi Click here if your download doesn"t start automatically Gerenciamento Pelas Diretrizes (Portuguese Edition) Vicente Falconi Gerenciamento

Leia mais

Da Emoção à Lesão: um Guia de Medicina Psicossomática (Portuguese Edition)

Da Emoção à Lesão: um Guia de Medicina Psicossomática (Portuguese Edition) Da Emoção à Lesão: um Guia de Medicina Psicossomática (Portuguese Edition) Geraldo José Ballone, Ida Vani Ortolani, Eurico Pereira Neto Click here if your download doesn"t start automatically Download

Leia mais

Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition)

Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition) Direito Processual Civil (Coleção Sucesso Concursos Públicos e OAB) (Portuguese Edition) Marina Vezzoni Click here if your download doesn"t start automatically Direito Processual Civil (Coleção Sucesso

Leia mais

VISION. Furniture Collection. GUAL Furniture Design

VISION. Furniture Collection. GUAL Furniture Design VISION Furniture Collection 1 VISION CONTENTS ÍNDICE 4 8 38 Introduction Introdução Products Produtos Technical Information Informações Técnicas 4 Vision Collection Technical Information Design is more

Leia mais

Transtorno de Personalidade Borderline Mais de 30 segredos para retomar sua vida Ao lidar com TPB (Portuguese Edition)

Transtorno de Personalidade Borderline Mais de 30 segredos para retomar sua vida Ao lidar com TPB (Portuguese Edition) Transtorno de Personalidade Borderline Mais de 30 segredos para retomar sua vida Ao lidar com TPB (Portuguese Edition) The Blokehead Click here if your download doesn"t start automatically Transtorno de

Leia mais

Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition)

Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition) Bíblia do Obreiro - Almeida Revista e Atualizada: Concordância Dicionário Auxílios Cerimônias (Portuguese Edition) Sociedade Bíblica do Brasil Click here if your download doesn"t start automatically Bíblia

Leia mais

Impostos Federais Estaduais e Municipais (Portuguese Edition)

Impostos Federais Estaduais e Municipais (Portuguese Edition) Impostos Federais Estaduais e Municipais (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Impostos Federais Estaduais e Municipais (Portuguese Edition) Impostos Federais Estaduais

Leia mais

Como escrever para o Enem: roteiro para uma redação nota (Portuguese Edition)

Como escrever para o Enem: roteiro para uma redação nota (Portuguese Edition) Como escrever para o Enem: roteiro para uma redação nota 1.000 (Portuguese Edition) Arlete Salvador Click here if your download doesn"t start automatically Como escrever para o Enem: roteiro para uma redação

Leia mais

Aprendi A Fazer Sexo Na Bíblia (Portuguese Edition)

Aprendi A Fazer Sexo Na Bíblia (Portuguese Edition) Aprendi A Fazer Sexo Na Bíblia (Portuguese Edition) Salomão Silva Click here if your download doesn"t start automatically Aprendi A Fazer Sexo Na Bíblia (Portuguese Edition) Salomão Silva Aprendi A Fazer

Leia mais

COMO ESCREVER PARA O ENEM: ROTEIRO PARA UMA REDAçãO NOTA (PORTUGUESE EDITION) BY ARLETE SALVADOR

COMO ESCREVER PARA O ENEM: ROTEIRO PARA UMA REDAçãO NOTA (PORTUGUESE EDITION) BY ARLETE SALVADOR Read Online and Download Ebook COMO ESCREVER PARA O ENEM: ROTEIRO PARA UMA REDAçãO NOTA 1.000 (PORTUGUESE EDITION) BY ARLETE SALVADOR DOWNLOAD EBOOK : COMO ESCREVER PARA O ENEM: ROTEIRO PARA UMA SALVADOR

Leia mais

Mitologia - Deuses, Heróis e Lendas (Portuguese Edition)

Mitologia - Deuses, Heróis e Lendas (Portuguese Edition) Mitologia - Deuses, Heróis e Lendas (Portuguese Edition) By Maurício Horta, José Francisco Botelho, Salvador Nogueira Mitologia - Deuses, Heróis e Lendas (Portuguese Edition) By Maurício Horta, José Francisco

Leia mais

O sistema único de assistência social no Brasil: uma realidade em movimento (Portuguese Edition)

O sistema único de assistência social no Brasil: uma realidade em movimento (Portuguese Edition) O sistema único de assistência social no Brasil: uma realidade em movimento (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically O sistema único de assistência social no Brasil:

Leia mais

Fr A Lógica Da Resolução Das Questões Usando Apenas Multiplicação E Divisão (Portuguese Edition)

Fr A Lógica Da Resolução Das Questões Usando Apenas Multiplicação E Divisão (Portuguese Edition) Fr A Lógica Da Resolução Das Questões Usando Apenas Multiplicação E Divisão (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Fr A Lógica Da Resolução Das Questões Usando Apenas

Leia mais

Vendors Enquiries for RFP 003/2015

Vendors Enquiries for RFP 003/2015 Date: 22/10/2015 Vendors Enquiries for RFP 003/2015 1) Question I am afraid the terms of the RFP cannot be complied by none of the companies we work with, the terms have limited the underwriters ability

Leia mais

Ligações Entre NANDA, NOC e NIC. Diagnósticos, Resultados e Intervenções (Em Portuguese do Brasil)

Ligações Entre NANDA, NOC e NIC. Diagnósticos, Resultados e Intervenções (Em Portuguese do Brasil) Ligações Entre NANDA, NOC e NIC. Diagnósticos, Resultados e Intervenções (Em Portuguese do Brasil) Marion Johnson Click here if your download doesn"t start automatically Ligações Entre NANDA, NOC e NIC.

Leia mais

Evangelho Segundo O Espiritismo (Em Portugues do Brasil)

Evangelho Segundo O Espiritismo (Em Portugues do Brasil) Evangelho Segundo O Espiritismo (Em Portugues do Brasil) Allan Kardec (Adaptacao:claudio D. Ferreira Jr) Click here if your download doesn"t start automatically Evangelho Segundo O Espiritismo (Em Portugues

Leia mais

Estado, classe e movimento social (Biblioteca Básica de Serviço Social Livro 5) (Portuguese Edition)

Estado, classe e movimento social (Biblioteca Básica de Serviço Social Livro 5) (Portuguese Edition) Estado, classe e movimento social (Biblioteca Básica de Serviço Social Livro 5) (Portuguese Edition) Carlos Montaño, Maria Lúcia Duriguetto Click here if your download doesn"t start automatically Download

Leia mais

A ENTREVISTA COMPREENSIVA: UM GUIA PARA PESQUISA DE CAMPO (PORTUGUESE EDITION) BY JEAN-CLAUDE KAUFMANN

A ENTREVISTA COMPREENSIVA: UM GUIA PARA PESQUISA DE CAMPO (PORTUGUESE EDITION) BY JEAN-CLAUDE KAUFMANN Read Online and Download Ebook A ENTREVISTA COMPREENSIVA: UM GUIA PARA PESQUISA DE CAMPO (PORTUGUESE EDITION) BY JEAN-CLAUDE KAUFMANN DOWNLOAD EBOOK : A ENTREVISTA COMPREENSIVA: UM GUIA PARA CLAUDE KAUFMANN

Leia mais

TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition)

TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) Kent Beck Click here if your download doesn"t start automatically TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) Kent Beck TDD Desenvolvimento

Leia mais

O que falta para você ser feliz? (Portuguese Edition)

O que falta para você ser feliz? (Portuguese Edition) O que falta para você ser feliz? (Portuguese Edition) Dominique Magalhães Click here if your download doesn"t start automatically O que falta para você ser feliz? (Portuguese Edition) Dominique Magalhães

Leia mais

MySQL: Comece com o principal banco de dados open source do mercado (Portuguese Edition)

MySQL: Comece com o principal banco de dados open source do mercado (Portuguese Edition) MySQL: Comece com o principal banco de dados open source do mercado (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically MySQL: Comece com o principal banco de dados open source

Leia mais

A necessidade da oração (Escola da Oração) (Portuguese Edition)

A necessidade da oração (Escola da Oração) (Portuguese Edition) A necessidade da oração (Escola da Oração) (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically A necessidade da oração (Escola da Oração) (Portuguese Edition) A necessidade da

Leia mais

Cartomancia: Conhecimento através das cartas (Coleção Autoconhecimento) (Portuguese Edition)

Cartomancia: Conhecimento através das cartas (Coleção Autoconhecimento) (Portuguese Edition) Cartomancia: Conhecimento através das cartas (Coleção Autoconhecimento) (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Cartomancia: Conhecimento através das cartas (Coleção

Leia mais

GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA A DIA (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI

GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA A DIA (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI Read Online and Download Ebook GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA A DIA (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI DOWNLOAD EBOOK : GERENCIAMENTO DA ROTINA DO TRABALHO DO DIA A Click link bellow and

Leia mais

Rádio Escolar: uma experiência de letramento midiático (Coleção Trabalhando com... na escola Livro 4) (Portuguese Edition)

Rádio Escolar: uma experiência de letramento midiático (Coleção Trabalhando com... na escola Livro 4) (Portuguese Edition) Rádio Escolar: uma experiência de letramento midiático (Coleção Trabalhando com... na escola Livro 4) (Portuguese Edition) Marcos Baltar Click here if your download doesn"t start automatically Rádio Escolar:

Leia mais

O Príncipe Feliz e Outras Histórias (Edição Bilíngue) (Portuguese Edition)

O Príncipe Feliz e Outras Histórias (Edição Bilíngue) (Portuguese Edition) O Príncipe Feliz e Outras Histórias (Edição Bilíngue) (Portuguese Edition) Oscar Wilde Click here if your download doesn"t start automatically O Príncipe Feliz e Outras Histórias (Edição Bilíngue) (Portuguese

Leia mais

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition)

Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Introdução A Delphi Com Banco De Dados Firebird (Portuguese Edition) Ricardo De Moraes / André Luís De Souza Silva Click here if your download doesn"t start automatically Introdução A Delphi Com Banco

Leia mais

Como deixar seus cabelos lindos e saudáveis (Coleção Beleza) (Portuguese Edition)

Como deixar seus cabelos lindos e saudáveis (Coleção Beleza) (Portuguese Edition) Como deixar seus cabelos lindos e saudáveis (Coleção Beleza) (Portuguese Edition) Edições Lebooks Click here if your download doesn"t start automatically Como deixar seus cabelos lindos e saudáveis (Coleção

Leia mais

TEN CATE. HISTOLOGIA ORAL (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY ANTONIO NANCI

TEN CATE. HISTOLOGIA ORAL (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY ANTONIO NANCI Read Online and Download Ebook TEN CATE. HISTOLOGIA ORAL (EM PORTUGUESE DO BRASIL) BY ANTONIO NANCI DOWNLOAD EBOOK : TEN CATE. HISTOLOGIA ORAL (EM PORTUGUESE DO Click link bellow and free register to download

Leia mais

Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro (Portuguese Edition)

Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro (Portuguese Edition) Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro (Portuguese Edition) Marcia Dessen Click here if your download doesn"t start automatically Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro (Portuguese Edition)

Leia mais

Algoritmos. Objetivos. Os alunos deverão ser capazes de:

Algoritmos. Objetivos. Os alunos deverão ser capazes de: Algoritmos Objetivos Os alunos deverão ser capazes de: * Sintetizar algoritmos para resolver computações simples. * Utilizar controle de fluxo de processamento (processamento condicional e laços) * Realizar

Leia mais

GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI

GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI Read Online and Download Ebook GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES (PORTUGUESE EDITION) BY VICENTE FALCONI DOWNLOAD EBOOK : GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES (PORTUGUESE Click link bellow and free register to

Leia mais

GUIÃO I. Grupo: Continente e Ilha. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades

GUIÃO I. Grupo: Continente e Ilha. 1º Momento. Intervenientes e Tempos. Descrição das actividades GUIÃO I Prova construída pelos formandos e validada pelo GAVE, 1/6 Grupo: Continente e Ilha Disciplina: Inglês, Nível de Continuação 11.º ano Domínio de Referência: Um mundo de Muitas Culturas 1º Momento

Leia mais

As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem (Portuguese Edition)

As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem (Portuguese Edition) As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem (Portuguese Edition) Arthur Freeman, Rose Dewolf Click here if your download doesn"t start automatically As 10 bobagens mais comuns que as

Leia mais

Dermatologia Clínica. Guia Colorido Para Diagnostico e Tratamento (Em Portuguese do Brasil)

Dermatologia Clínica. Guia Colorido Para Diagnostico e Tratamento (Em Portuguese do Brasil) Dermatologia Clínica. Guia Colorido Para Diagnostico e Tratamento (Em Portuguese do Brasil) Click here if your download doesn"t start automatically Dermatologia Clínica. Guia Colorido Para Diagnostico

Leia mais

Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (Portuguese Edition)

Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (Portuguese Edition) Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (Portuguese Edition) Medicina Integrativa

Leia mais

Direito & Rock o Brock e as Expectativas da Constituição 1988 e do Junho de 2013 (Portuguese Edition)

Direito & Rock o Brock e as Expectativas da Constituição 1988 e do Junho de 2013 (Portuguese Edition) Direito & Rock o Brock e as Expectativas da Constituição 1988 e do Junho de 2013 (Portuguese Edition) Click here if your download doesn"t start automatically Direito & Rock o Brock e as Expectativas da

Leia mais

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition)

PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese Edition) Eduardo Gonçalves Click here if your download doesn"t start automatically PL/SQL: Domine a linguagem do banco de dados Oracle (Portuguese

Leia mais

TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition)

TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) Kent Beck Click here if your download doesn"t start automatically TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition) Kent Beck TDD Desenvolvimento

Leia mais

A Teia de Aranha Alimentar: Quem come quem? (Portuguese Edition)

A Teia de Aranha Alimentar: Quem come quem? (Portuguese Edition) A Teia de Aranha Alimentar: Quem come quem? (Portuguese Edition) Máximo Ravenna Click here if your download doesn"t start automatically A Teia de Aranha Alimentar: Quem come quem? (Portuguese Edition)

Leia mais

Apêndice 1 Pedido de autorização das escalas que englobaram o protocolo. Pedido de autorização da Cognitive Test Anxiety Scale CTAR25

Apêndice 1 Pedido de autorização das escalas que englobaram o protocolo. Pedido de autorização da Cognitive Test Anxiety Scale CTAR25 APÊNDICES Apêndice 1 Pedido de autorização das escalas que englobaram o protocolo Pedido de autorização da Cognitive Test Anxiety Scale CTAR25 Dear Professor Jerrell C. Cassady, I am a student of Miguel

Leia mais