Eng Mauro Hernandez Lozano
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- Rachel de Almeida Quintão
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1 3. Fundações É o sistema de apoio de uma estrutura qualquer no solo ou rocha de maneira a obter segurança em relação a dois condicionantes fundamentais: - Ruptura: representa a situação limite de resistência do solo ou da resistência estrutural da fundação, na qual ocorre a ruptura geral levando a edificação à ruína. - Recalque: representa a situação em que as deformações impostas à edificação, pelos deslocamentos das fundações, passam a prejudicar seu funcionamento ou sua utilização Informações Necessárias Para o projeto de fundações deve-se conhecer basicamente o seguinte: - Topografia do terreno - Projeto de terraplenagem - Arquitetura da edificação - Condições estruturais de edificações vizinhas - Cargas da estrutura na fundação - Perfil geológico-geotécnico com camadas do subsolo, valores de SPT e Torque e nível do lençol freático Levantamento Planialtimétrico Cadastral (LPAC) O estudo do LPAC tem o objetivo de conhecer a topografia natural do terreno, as áreas de corte e aterro, e as possíveis interferências para a execução da obra (edificações vizinhas, ruas, postes, redes elétricas e hidráulicas, etc.) PGG Com o LPAC pode-se desenhar seções (perfis) transversais ou longitudinais da área em estudo. Com os perfis o engenheiro geotécnico terá uma boa visão dos trechos de corte e aterro assim como das cotas de apoio da estrutura e das fundações. A lado apresentamos um exemplo que além da topografia desenho deve apresentar edificações existentes, redes elétricas, acesso, sondagens executadas e locação perfil geológico geotécnico (PGG). de LPAC. Notar do terreno, o do 32
2 Investigações Geológico-Geotécnicas (IGG) A investigação geológico-geotécnica específica para um projeto de fundações é essencialmente a execução de sondagens à percussão com medidas de SPT e Torque a cada metro. É possível desenvolver um projeto de fundações somente com os resultados das sondagens à percussão. No entanto, sabe-se que as correlações semi-empíricas de N SPT para determinação da tensão admissível do solo são limitadas a regiões conhecidas e portanto investigadas, cujas correlações seriam validas Além da validade de correlações deve-se ressaltar as causas de erro no ensaio SPT apresentadas no capítulo 2. Assim, para dimensionamento das fundações deve-se realizar uma analise critica sobre o conhecimento a respeito do comportamento dos solos e atender a norma da ABNT NBR 6122/96 quanto aos coeficientes de segurança a serem adotados. É interessante complementar a investigação geotécnica com ensaios de campo e laboratório que fornecem resultados melhores e mais representativos das reais condições do solo em estudo. Mas qual seria o interesse de se fazer sondagens se os ensaios apresentariam resultados interessantes? As sondagens não têm como unico objetivo apresentar parâmetros de resistência do solo. As sondagens permitem definir, o perfil geológico geotécnico que contem a previsão das camadas de comportamento tipicamente igual, o tipo de solo pela caracterização tátil-visual, N SPT e valores de Torque, além do nível de água. O programa de coleta de amostras para ensaios de laboratório utilizará o perfil geológico geotécnico, para definir as profundidades de coleta das amostras. Além disso, as sondagens nos permitem saber a profundidade do lençol freático. Este fator é fundamental para escolha do tipo de fundação. Além da própria escolha do tipo de fundação. 33
3 A seguir segue um exemplo de perfil geológico geotécnico: SP-1B 10,00 5,00 0, SP-03 3,94 TORQUE SPT MAX MIN 6/ /25 15/15 28/ /25 20/15 30/ /05 * SP-2A 6,06 TORQUE SPT MAX MIN /15 28/ /03 * 1 2 LEGENDA 9,10 TORQUE SPT MAX MIN 12/25 6/32 30/05 * Argila arenosa, com detritos vegetais, cor marrom escura 11 2 Argila silto arenosa, cor marrom clara ,00 3 Solo de Alteração - Areia pouco argilosa, com pedregulho, cor variegada Camada impenetrável à percussão * 3.2. Classificação das Fundações Deve-se ressaltar os estudos de alternativas, pois em um projeto de fundações sempre existirão diversas soluções. Os tipos mais comuns de soluções de fundações são: - Sapatas (Isoladas, corridas ou radier); - Tubulões a Céu Aberto ou a Ar Comprimido; - Estacas Tipo Broca, manuais e mecânicas; - Estaca Pré Moldadas; - Estacas Tipo Strauss; - Estacas Tipo Franki; - Estacão (Estacas Escavadas de Grande Diâmetro com e sem lama bentonítica); - Estaca Hélice Continua; - Estacas Injetadas, raiz e micro-estaca Rasas ou Diretas São apoiadas próximas as superfícies do terreno (3 a 4 m) e distribuem as tensões sobre sua base. Sapatas São peças em forma de placa, em diversos formatos. A transferência de carga se dá pela base. São utilizadas quando as camadas superficiais apresentam resistência adequada transferências de cargas. CAMADA para suportar as MUITO RESISTENTE 34
4 Isoladas - Dão apoio a apenas um pilar. - A situação mais econômica é dimensionar com abas iguais. a b b Associadas - Podem ser associadas quando o espaço entre dois pilares próximos é reduzido, havendo superposição em planta das sapatas. - Quando associadas suportam dois ou mais pilares e são mais onerosas pois exije a construção de uma viga de rigidez, aumentando expressivamente o consumo de concreto armado. a L x y b a b a Sapata Associada Corridas - Usadas para apoio de paredes contínuas ou vários pilares alinhados. - Por questão econômica são aplicadas somente quando o solo de apoio se encontra a pequenas profundidades. b Radier Sapata Corrida Utilizados em casos de solos moles, com o objetivo de reduzir as diferenças de recalques entre os pilares. Por ser a solução mais onerosa, são utilizadas somente em casos excepcionais. b Profundas Radier 35
5 São apoiadas em camadas profundas, mais resistentes, transmitindo os esforços ao solo por tensões laterais e por tensão sobre sua base. As fundações profundas podem ser Tubulões e Estacas. Tubulões São peças com grande diâmetro de base, que atravessam solos menos resistentes e se apóiam em solos resistentes. Para ser classificado como tubulão e ter comportamento característico de tubulão, é fundamental ter base alargada. A situação mais econômica, em geral, é circular ou falsa elipse. Base Circular Base Falsa Elípse O mecanismo predominante de transferência de carga é por tensão transferida ao solo por contato da base. A carga por atrito lateral é pequena e se mobiliza com pequeno recalque, enquanto a carga na base é grande e se mobiliza com grande recalque. CAMADA POUCO RESISTENTE RESISTÊNCIA MÉDIA MUITO RESISTENTE Podem ser executados acima ou abaixo do nível d água. A escavação pode ser mecânica ou manual. Em caso de solos menos resistentes, onde há risco de desmoronamento, deve-se usar anéis de concreto. É essencial que o engenheiro geotécnico entre no tubulão para verificar as dimensões da base, do fuste e a execução de rodapé na base e verificar a tensão admissível e liberar concretagem. Base em Cunha Base com Rodapé 36
6 Tubulão a Céu Aberto - Em geral é utilizado quando a cota de assentamento está acima do nível d água; - Exige pouco espaço para escavação e concretagem, por isso são muito utilizados em locais onde há dificuldade para entrada de equipamentos; - Podem ser executados em solos argilosos onde seja possível realizar bombeamento ou rebaixamento do lençol freático; - Em solos em que podem ocorrer desmoronamentos durante a escavação, é necessária a utilização de revestimento com anéis de concreto. f>0,70m h>2,0m 0,20m 60 Tubulão a Ar Comprimido - Executado abaixo do nível d água quando não é possível esgotar a escavação; - Devido à pressão exercida pelo ar comprimido a profundidade máxima, suportada por um ser humano, é de 30 m; - Dificilmente é empregado devido ao alto custo e ao risco de segurança dos executores; - Em solos em que podem ocorrer desmoronamentos durante a escavação, é necessária a utilização de revestimento com anéis de concreto. NA NA 37
7 Estacas São elementos de fundação cuja seção transversal é pequena em relação ao seu comprimento. Sua utilização visa atingir camadas mais profundas do terreno, que apresentam maior resistência. A transferência da carga da estaca para o terreno e realizada pelo atrito entre a estaca e as camadas de solos (tensões laterais) e por tensões na base (tensões de ponta). CAMADA POUCO RESISTENTE RESISTÊNCIA MÉDIA Estacas Moldadas In Loco MUITO RESISTENTE São, basicamente, executadas no local preenchendo-se uma perfuração com concreto ou argamassa. Tipo Broca - Solução mais econômica em estacas; - Recomendadas para construções térreas e pequenos muros; - Escavada manualmente com trado concha, sem revestimento e sem lama estabilizante; - Não causam vibrações para execução; - Em geral não há necessidade de armação. Usa-se apenas armadura de topo para ligação com o bloco; - Comprimento é limitado até 5 a 6 metros; - Não é aconselhável ultrapassar o nível d'água, exceto em solos de baixa permeabilidade; - Carga nominal até 150 kn; - Controle tecnológico no processo executivo. Escavada com Trado Mecânico - São econômicas para profundidades acima de 6,0 metros. - No entanto com o aumento do diâmetro para cargas maiores, o custo aumenta expressivamente pelo consumo de concreto; - Escavada sem revestimento e sem lama estabilizante; - Alta velocidade de perfuração (cerca de 10 metros em menos de 30 minutos); - Não causam vibrações para execução; - Pode ser armada para suportar esforços transversais; - Comprimento limitado a 12 metros devido ao tamanho da haste; 38
8 - Não podem ser executadas abaixo do nível d'água; - O terreno deve ser plano para o acesso e manobra do equipamento; - Carga nominal até 700kN, dependendo do consumo de concreto e diâmetro; - Controle tecnológico: processo executivo. Tipo Strauss - Solução bastante econômica; - Executada com revestimento metálico recuperado; - Escavação feita com equipamento mecânico constituído basicamente de tripé, guincho mecânico elétrico ou a diesel e piteira de escavação. - Não causam vibrações para execução; - Como o equipamento é consideravelmente leve, podem ser executadas em locais de difícil acesso; - Podem ser executadas abaixo do nível d'água exceto em solos arenosos ou argilas moles e quando for possível o esgotamento antes da concretagem; - Apresentam dificuldades para execução próxima às divisas; - Não é aconselhável atravessar argilas moles, pois na retirada do revestimento pode ocorrer seccionamento do fuste; - Carga nominal até 1500 kn; - Controle tecnológico: processo executivo e capacidade de carga (provas de carga dinâmica e estática). 39
9 Tipo Franki - Executada com revestimento metálico recuperado; - Não há remoção de solo. O revestimento é cravado à percussão até a cota de assentamento e depois lançado o concreto; - Devido a vibrações excessivas não é aconselhável utilizá-las em áreas onde ao entorno existam edificações comprometidas; - A superfície rugosa apresenta boa resistência por atrito lateral; - A base é alargada aumentando a transferência de carga na ponta; - Pode-se utilizar armadura para suportar esforços laterais; - Podem ser executadas abaixo do nível d'água e não é preciso bombeamento para concretagem, uma vez que o revestimento impede a entrada da água; - Não é aconselhável atravessar argilas moles, pois na retirada do revestimento pode ocorrer seccionamento do fuste; - Pode atingir até 30 metros de comprimento, mas usualmente limita-se a 18 metros; - Carga nominal até 1.700kN, dependendo do consumo de concreto e diâmetro; - Controle tecnológico: processo executivo e capacidade de carga (provas de carga dinâmica e estática). Tipo Barrete - Apresenta custo elevado devido ao uso de equipamentos especiais de escavação, lama estabilizante e fornecimento de água; - Executada sem revestimento metálico e com lama estabilizante (tixotropica); - Em geral usa-se apenas uma estaca para cada pilar; - Não produz vibrações; - Podem ser utilizadas em camadas de solos resistentes, em rocha e abaixo do nível d'água; - Apesar de utilizar somente uma estaca por pilar não são necessárias vigas de travamento; - Não são adequadas para atravessar espessas camadas de solo mole submerso; - Só é possível ser executada com lençol freático 3,0 metros abaixo da superfície; - Carga nominal até kn, dependendo do consumo de concreto e das dimensões; - Controle tecnológico: processo executivo e capacidade de carga (provas de carga dinâmica e estática). 40
10 Estaca Raiz e Micro estaca - Alto custo pois depende de equipamento e equipe especializados; - Executadas com revestimento recuperado; - Equipamento pequeno, pode ser executado em locais com pé-direito limitado; - Não produz vibrações; - Pode ser inclinada para absorver esforços transversais; - Pode atravessar matacões, blocos de concreto, pisos e solos fortes; - Grande perda de material, pois a concretagem deve ir acima da cota de arrasamento para garantir o efeito de preenchimento; - Carga nominal até 1300 kn, dependendo do diâmetro da estaca; - Controle tecnológico: processo executivo e provas de carga. Hélice Contínua - O custo de instalação é alto, mas a agilidade de execução das estacas pode compensar a diferença em relação a outras soluções; - Executada sem revestimento e a estabilidade do furo é garantida pela própria hélice. E a hélice é removida durante a injeção de concreto; - Não produz vibrações; - Pode atravessar solos fortes e atingir camadas abaixo do nível d'água; - Em blocos com uma estaca, costuma-se dispensar vigas de travamento por ter grande inércia; - Não é recomendado o uso onde há camadas espessas de solo mole submerso; - Carga nominal até 3500kN, dependendo do diâmetro da estaca; - Controle tecnológico: processo executivo e capacidade de carga (provas de carga dinâmica e estática). 41
11 Estacas Pré-Moldada São elementos que já vêm prontos ou são confeccionados no canteiro de obra e são instalados por cravação ou prensagem. Madeira - Muito econômicas, fácil cravação e de fácil transporte; - Utilizadas em obras provisórias, pois apresentam duração máxima de 5 anos; - Comprimentos máximos dos troncos é cerca de 10 metros; - É fácil a execução de cortes e emendas; - O topo deve ser protegido durante a cravação; - É necessário tratamento antifungos. O tratamento é oneroso e de eficácia duvidosa; - Cravação realizada por martelo de queda livre; - Carga nominal de 100 kn a 300 kn dependendo do tipo de madeira. - Controle tecnológico: processo executivo. Aço - Muito onerosas, mas encontram aplicação em casos de grandes interferências (esforços transversais, presença de pedregulhos, camadas intercaladas de alta resistência); - Fácil transporte e cravação (não quebram); - Geometria variada: perfis laminados ou soldados I e H ; tubulares ou trilhos aproveitados de ferrovias; - Quando totalmente enterradas, mesmo abaixo do nível d água, não é necessário tratamento anticorrosivo; 42
12 - Em aterros com intempéries capazes de atacar o aço ou em trechos desenterrados é necessária proteção com camisa de concreto ou pintura antioxidante; - Emendas feitas com solda e telas; - Podem atingir grandes profundidades até a camada rochosa sem risco de quebrar; - Pode-se aproveitar sobras de corte e emenda; - Podem ser reaproveitadas de uma obra para outra; - Causam pouca vibração na cravação; - Em argilas duras ou rijas pode entortar durante a cravação; - Carga nominal de 200kN a 1200kN dependendo da geometria e das dimensões; - Controle tecnológico: processo executivo. Concreto - Custo atraente para a maior parte das soluções em estacas cravadas; - Podem ser fabricadas na obra ou industrialmente; - Compostas por concreto armado, pretendido ou centrifugado; - Seções vazadas reduzem o custo; - Diversas geometrias (circulares, quadradas, sextavadas, oitavadas ou estrela); - Permite armadura para esforços transversais; - Aplicáveis em quase todos os tipos de solo, principalmente quando o solo superficial não apresenta boa resistência; - É comum ocorrer perdas por quebra ou sobras em terrenos muito variados; - Apresenta considerável vibração para cravação; - Exige escarificação da cabeça para ligação com o bloco; - São cravadas à percussão com martelo: de queda livre, diesel, ou vibratório; - Também podem ser cravadas por prensagem ou vibração; - Carga nominal de 150kN a 2200kN dependendo das dimensões, do concreto e da armadura; - Controle tecnológico: processo construtivo e capacidade de carga (nega, repique, provas de carga dinâmica e estática) Modelos de Cálculo Fundações Rasas e Tubulões A tensão transferida ao solo, obtida pelo quociente da carga pela área da base, deve ser menor ou igual à tensão admissível. Deve-se também calcular os recalques das fundações e verificar a situação da estrutura diante dos recalques diferenciais. Tensão Admissível A tensão admissível pode ser obtida por: - Tensão de Ruptura (σ r ) obtida por fórmulas teóricas e resultados de ensaio triaxial, utilizando-se coeficiente de segurança; - Pressão de Pré-Adensamento (Pa) obtida no ensaio de adensamento; - Método Semi-Empírico obtido pelo N SPT, onde o cálculo para sua determinação já considera coeficiente de segurança. 43
13 Pela Tensão de Ruptura: Tensão de Cisalhamento (kpa) Coesão c' (kn/m2) ح = 15+σtg30º Tensão Norm al Efetiva (kpa) Ângulo de Atrito ϕ (º) Formula de Terzaghi σ R = (c. Nc. Sc) + (1/2. γ. b. Nγ. Sγ) + (q. Nq. Sq) Onde: σ R - tensão de ruptura c - coesão efetiva (obtido pelo ensaio triaxial) ϕ - ângulo de atrito (obtido pelo ensaio triaxial) Nc, Nγ, Nq - fatores de capacidade de carga obtidos em função do ângulo de atrito (ϕ ) Sc, Sγ, Sq - fatores de forma. γ - massa especifica natural do solo na cota de assentamento b - lado menor, base da fundação. q - sobrecarga em pressão efetiva 44
14 Pela Pressão de Pré-Adensamento Parâmetro obtido pelo ensaio de adensamento, realizado em laboratório. A pressão de pré-adensamento (Pa) corresponde à carga máxima que a camada de solo esteve anteriormente submetida. em A Pa é obtida graficamente na curva índice de vazios x pressão, resultante do ensaio de adensamento. Assim, σ adm = Pa. Semi-Empírico Com Base no N SPT A tensão admissível do solo na cota de assentamento das sapatas, foi determinada em relação à média dos valores de N SPT de acordo com a fórmula apresentada a seguir: N SPT(médio) = ΣN SPT n SP-01 Para fundações rasas: σ adm = N SPT(médio) 0,05 Para tubulões: σ adm = N SPT(médio) 0,03 Onde: σ adm tensão admissível em kn/m² SPTmédio média dos valores N SPT no espaço 2xb Os fatores de segurança do cálculo semi-empírico estão embutidos nas fórmulas apresentadas anteriormente b 90% 40% 10% 2xb 45
15 q B Bulbo de pressões - superfície de igual acréscimo de tensões verticais devido ao carregamento "q" 0,8 q 0,5 q 0,1 q (2,0 a 2,5).B Recalques na Fundação A aplicação de carga no solo provoca deformações. Com as deformações do solo de apoio a estrutura da edificação poderá sofrer os seguintes movimentos: - Rotação: inclinação do conjunto em relação à vertical; - Deformação: movimentos diferentes em cada trecho da estrutura; - Translação: movimento vertical de toda a estrutura. Estas deformações podem ser classificadas em: - Recalques imediatos: ocorrem no instante da aplicação da carga por acomodação dos grãos do solo. Em geral ocorre em solos arenosos; - Recalques por adensamento: ocorrem lentamente com a dissipação da pressão neutra. Em geral ocorre em solos argilosos. Num projeto de fundações deve-se calcular os recalques diferenciais e a distorção angular para verificar o comportamento da estrutura. Recalque diferencial ( ρ) é a diferença de recalques entre duas fundações. Distorção angular ( ρ/l) é a relação entre o recalque diferencial e a distância entre dois pilares L ρ/l ρ1 ρ2 46
16 Para fundações rasas o recalque imediato é calculado da seguinte forma: 1-µ² ρ = σ x B x x I E onde: ρ é o recalque imediato σ pressão aplicada pela sapata B menor dimensão da fundação µ coeficiente de Poisson do solo E módulo de elasticidade do solo I fator de fluência em função da geometria da sapata Estacas Existem diversos métodos de cálculo para dimensionamento de estacas. Apresentamos a seguir os métodos mais comuns, que utilizam resultados das sondagens à percussão. Método Decourt e Quaresma Método de cálculo empírico que usa resultados do ensaio de sondagem à percussão para determinação da capacidade admissível de carga da estaca. A capacidade de carga é calculada em função da resistência do solo que está em contato com a estaca. Portanto determina-se resistência lateral e resistência de ponta. P RT = P RL + P RP onde: P RT Carga total de ruptura P RL Carga lateral (resistida pelo solo) P RP Carga de ponta (resistida pelo solo) P RL = q L x A L P RP = q P x A P onde: q L e q P tensões lateral e de ponta resistidas pelo solo A L e A P áreas lateral e de ponta em contado com o solo Resistência Lateral q L = (N SPTmédio (lateral) 3) + 1 q P = C x N SPTmédio (ponta) de Ponta 47 Resistência
17 onde: C - coeficiente obtido em função do tipo de material Solo C Argila 120 Silte 250 Areia 400 O método de Decourt e Quaresma é utilizado quando o solo é homogêneo em toda extensão da estaca. Método Aoki e Velloso Método de cálculo empírico que usa resultados do ensaio de penetração de cone CPT para determinação da capacidade admissível de carga da estaca. Como o ensaio CPT é muito oneroso e dificilmente empregado nos empreendimentos, foi estabelecida uma relação entre os resultados dos ensaios de CPT e de SPT para diversos tipos de solo. Assim é possível dimensionar estacas por este método com base nas sondagens à percussão. O método de Aoki e Velloso, leva em consideração a mudança de camadas atravessadas pela estaca. Portanto a resistência lateral é a somatórias das resistências de cada camada. P RT = P RL + P RP onde: P RT Carga total de ruptura P RL Carga lateral (resistida pelo solo) P RP Carga de ponta (resistida pelo solo) P RL = q L x A L P RP = q P x A P onde: q L e q P tensões lateral e de ponta resistidas pelo solo A L e A P áreas lateral e de ponta em contato com o solo q L = q C F1 q P = α x q C F2 Resistência Lateral Resistência de Ponta ATERRO Argila arenosa Argila siltosa mole SOLO RESIDUAL Areia Siltosa, muito compacta com onde: q C - resistência à penetração de ponta no ensaio CPT 48
18 F1 e F2 fatores de correção em função do tipo de estaca α coeficiente em função do tipo de solo, usado quando não foi medido o atrito lateral unitário (obtido no ensaio CPT) q C = K x N SPT onde: K coeficiente de relação entre o N SPT e a resistência à penetração de ponta no ensaio CPT. S o lo T V K (kn /m ²) α E s ta ca F 1 F 2 Argila ,014 P ré-moldada 1,0 0 2,00 S iltosa ,020 F ranki 2,5 0 5,00 S ilto-arenosa ,024 M etálica 1,7 5 3,50 Arenosa ,030 E scavada 3,0 0 6,00 Areno-siltosa ,028 S ilte ,030 Arenoso ,022 Areno-argiloso ,028 Argiloso ,034 Argilo-arenoso ,030 Areia ,060 S iltosa ,024 S ilto-argilosa ,028 Argilosa ,040 Argilo-siltosa ,030 Calcula-se um P RL para cada camada até um metro antes da cota de assentamento da estaca. A somatória dos valores de P RL é a resistência lateral Escolha da Solução Em primeiro lugar deve-se analisar as seguintes condições: - Tipos de carregamentos e cargas de trabalho da fundação; - Características do solo local (camadas, resistência, nível d água, etc); - Condições locais (inclinação do terreno, espaço disponível para operação de máquinas, estado de conservação das edificações vizinhas, etc); - Projeto arquitetônico (cotas dos pisos) - Limitação dos tipos e dimensões de fundações existentes no mercado; - Disponibilidade de recursos financeiros (custo benefício em relação ao valor da obra); A escolha é feita por eliminação da seguinte forma: - Primeiro em função das cargas e da profundidade da camada resistente, determina-se se será fundação rasa ou profunda; 49
19 - Descartam-se os tipos de fundações que não têm capacidade estrutural para suportar as cargas de projeto; - Descartam-se os tipos de fundações que exijam espaço maior que o disponível para execução; - Se as edificações vizinhas apresentam trincas ou outros comprometimentos estruturais, descartam-se os tipos de fundações que causam vibrações; - Verifica-se a presença de lençol freático. Caso a camada de apoio esteja abaixo do nível d'água deve-se analisar a necessidade e a possibilidade de realizar bombeamento ou rebaixamento de lençol freático; - O rebaixamento de lençol freático é uma obra de custo elevado, portanto se o custo-benefício não for vantajoso deve-se descartar os tipos de fundação que apresentam problemas de execução abaixo do nível d'água; - Considerando o fator econômico descartam-se as soluções mais onerosas. Ao se analisar o fator econômico deve-se considerar o custo da mão-de-obra em relação ao tempo de execução da fundação. - Escolhidas as alternativas viáveis técnica e economicamente deve-se efetuar um estudo econômico e definir a mais vantajosa e conveniente ao cliente Informações de Projetos O projeto de fundações deverá conter as seguintes informações: - Desenhos: deverão apresentar as plantas de formas das fundações, contendo todas as informações necessárias para execução da obra. São apresentados planta e corte das peças de fundação com dimensões, cotas de assentamento, disposição e dimensões da armação quando existentes. - Relatório técnico apresentando: - Caracterização do empreendimento - Investigações geológico-geotécnicas executadas - Perfis geológico-geotécnicos - Análise e interpretação dos resultados; - Estudo de alternativas; - Memórias de cálculo; - Quantitativos. - Especificações Técnicas: constam no relatório técnico do projeto e deverão apresentar: - as características técnicas dos materiais (solo, cimento, concreto, aço, etc) como por exemplo tensão admissível do solo na cota de assentamento, resistência característica do concreto, etc; - seqüência construtiva, processos e procedimentos executivos; - procedimentos e critérios de controle tecnológico; - critérios de acompanhamento, medição e pagamento ATO e Avaliação de Desempenho 50
20 A execução do serviço de Acompanhamento Técnico da Obra deverá ser efetuada por uma empresa especializada, do setor de Engenharia Geotécnica. Recomenda-se que a contratação seja realizada pelo proprietário da obra. Os serviços de acompanhamento técnico de obras compreendem as três atividades descritas a seguir: Direção Técnica A direção técnica compreende o acompanhamento da obra por um Engenheiro Geotécnico atualizado com todas as informações sobre o histórico do projeto e ocorrências da obra. Este engenheiro efetuará visitas técnicas periódicas e atenderá a equipe da CONTRATANTE quando solicitado no local da obra ou escritório, para reuniões de andamento e/ou extraordinária a critério da CONTRATANTE. O acompanhamento e direção técnica dos serviços de campo e obras terão os seguintes objetivos: - Ajuste, adequação, complementação e programação de sondagens e ensaios; - Verificação de interferências de campo com o projeto; - Verificar se o atendimento às especificações do manual da ABEF; - Verificar o atendimento das especificações de projeto; - Adequação e ajuste do projeto às reais condições de campo; - Desenvolver e/ou complementar as especificações técnicas; - Execução de relatórios de visita e de acompanhamento; - Abertura e manutenção de um diário de obras onde deverão ser relatados todos serviços de acompanhamento, liberações e toda e qualquer ocorrência de obra; - Solicitação, orientação, verificação e liberação dos serviços de controle tecnológico. Controle Geométrico O controle geométrico compreende a orientação e verificação dos serviços executados pela empreiteira, fiscalizando a precisão e qualidade dos seguintes serviços: - Locação das fundações, cotas e medidas lineares necessárias à obra; - Cálculos e quantitativos da obra, quando solicitado pela Fiscalização; - Projeto como construído. Controle Tecnológico O controle tecnológico de materiais e execução das obras compreende a orientação, verificação e comprovação de todo e quaisquer resultados de ensaios apresentados pela empreiteira em atendimento às normas da ANBT e especificações técnicas do manual da ABEF ou que fazem parte dos editais de concorrência, e/ou que forem necessárias especificadas para as obras em execução. No controle tecnológico serão verificados os tipos, quantidades e freqüências de ensaios comprobatórios da qualidade das obras realizadas, executados pela CONTRATADA. 51
21 A avaliação de desempenho consiste em execução de procedimentos, ensaios e monitoramentos a fim de verificar se após a execução da obra foram verificados os comportamentos previstos. No caso de recalques verifica-se basicamente a movimentação das estruturas. A movimentação pode ser monitorada através de levantamentos topográficos; extensômetros de superfície ou piquetes de referência de cota. 52
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