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1 [Recensão a] Albertz, Rainer - Die Exilzeit. 6: jahrhundert v. chr Autor(es): Publicado por: URL persistente: Bouzon, Emanuel Instituto Oriental da Universidade de Lisboa URI: Accessed : 30-Oct :33:03 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt

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3 RAINER ALBERTZ, Die Exilzeit. 6. Jahrhundert v. Chr. Biblische Enzyklopädie Bd. 7 Verlag W. Kohlhmmer, Stuttgart, Berlin, Köln 2001, 344 p., 24x16cm, ISBN X. R. Albertz, professor na faculdade de teologia luterana da Universidade de Münster/Alemanha, vem com este trabalho preencher uma enorme lacuna existente no campo da história de Israel: a história do período exílico. O autor já é bem conhecido dos estudiosos da área por sua excelente obra em dois volumes sobre a história da religião do AT. (Religionsgeschichte Israels in alttestamentlicher Zeit, Göttingen 1992). Os estudiosos do Antigo Testamento acostumaram-se a considerar 0 período de 587 a.c. até aproximadamente 520 a.c, como uma espécie de hiato na história do povo de Israel. A religião de Israel viveu nesse período uma das piores crises de sua história. A perda da liberdade política e da integridade territorial com o exílio babilónico não representou, contudo, 0 fim da religião de Israel. Ela continuou no exílio sustentada pela consciência da continuidade da relação com YHWH e com a terra de onde haviam sido exilados. Assim, apesar do fim de Israel como nação política independente, a fé de Israel nas promessas de seu Deus subsistiram á catástrofe de 587. A exegese moderna tem, geralmente, atribuído ao período exílico uma actividade literária e teológica muito mais dinâmica do que fizera a exegese do início dos anos cinquenta. O livro está dividido em quatro grandes partes. Na primeira parte o autor analisa a imagem que 0 próprio AT fazia da época exílica. Na segunda parte tenta delinear a história do período exílico. A terceira parte estuda as obras que, de acordo com a exegese moderna, teriam surgido ou sido redigidas durante 0 exílio, para em uma quarta parte tentar detectar os acentos teológicos que surgiram ou receberam novos impulsos neste período. Na primeira parte 0 autor aponta para a constatação de que não se encontra no AT um relato completo do período exílico. Alguns textos comentam os motivos que levaram ao exílio (cfr. 2Rs 24-25; Jer 39; 2Cr 36) e como terminou (cfr. Esd 1-10). São mencionados, também, alguns episódios do período exílico como a fim do governo de Godolias e suas consequências (cfr. Jer 40-43,7; 2Rs 25,22-26) e 0 indulto concedido pelo rei babilónico Amel-Marduk ao rei Joaquim pelo ano 562 a. C. (cfr. 2Rs 25,27-30). O início do livro de Daniel relata, também, alguns episódios da vida de Daniel e seus companheiros na corte de Nabucodonosor e de seu filho (Dn 1-5). Mas, em geral, a história do período exílico permanece uma grande lacuna na historio 160

4 grafia israelita e 0 historiador judeu Flavius Josephus vê-se obrigado a recorrer a fontes extra-bíblicas para suprir a falta de fontes israelitas. O autor trata, em seguida, das diferentes interpretações que o AT deu ao exílio. O profeta Jeremias interpretou o exílio como uma chance de salvação perdida (Jer 39-43); a historiografia deuteronomista como um fim provisório da história (2Rs) já a obra historiográfica do Cronista interpreta-0 como uma espécie de descanso sabático para 0 país (2Cr). Albertz mostra, também, como algumas obras deuterocanónicas (Tobias; Judite) ou apócrifas (3Esd 3,1-5,6) tentaram preencher com diferentes episódios e narrativas as lacunas das fontes sobre o exílio. Na última parte deste primeiro capítulo 0 autor estuda como o exílio foi incorporado nas concepções historiográficas da literatura apocalíptica. No segundo capítulo Albertz dedica-se ao estudo da história do período exílico. Começa com uma visão panorâmica da história do Reino neobabilónico ( a. C.), É apresentada, em seguida, a história dos judeus durante o exílio, incluindo, aqui, tanto a Gólah do Egipto como a Gôlah da Babilónia. A terceira parte deste capitulo trata dos problemas relativos ao fim do exílio e à repatriação dos exilados. Esta parte começa com uma boa visão panorâmica da história do império persa entre os anos 538 e 520, durante os reinados de Ciro a Dario I. Este capítulo termina com uma interessante reflexão sobre as transformações sócio-históricas e religiosas que 0 exílio trouxe para Israel. O terceiro capítulo é, sem dúvida, a parte principal do livro. Albertz estuda, aqui, o processo de composição dos livros bíblicos que surgiram durante 0 exílio. Este época de perda de identidade politica e cúltica com 0 fim da cidade e do templo escolhidos por YHWH representa, contudo, um período de grande florescimento literário e teológico. Esta parte inicia com uma análise dos diferentes géneros literários que floresceram neste período, especialmente as lamentações colectivas, os oráculos salvíficos, os oráculos aos povos estrangeiros, homilias, etc. A análise das obras da literatura exílica começa com um estudo do processo de composição do «livro dos quatro profetas» («Vier- -Propheten-Buch»), O autor assume, aqui, a posição de que 0 complexo Dodekapropheton começou com um complexo de quatro livros, Oseias, Amos, Miqueias e Sofonias recebendo, ainda, no período exílico tardio 0 livro de Habacuc. Em seguida trabalha as diversas etapas de formação das tradições patriarcais durante 0 exílio. O autor dedica, também, um amplo espaço de 20 páginas ao estudo do processo de 161

5 composição da Obra Deuteronomista de História (DtrG) que abrange Dt-2Rs e representa 0 grande esforço historiográfico do período exílico (pp ). As diversas etapas redacionais dos livros de Jeremias e de Ezequiel merecem, também, um amplo estudo por parte do autor (pp ). Albertz dedica-se, nas pp , ao estudo do processo de composição do complexo que os pesquisadores modernos do livro de Isaías denominam 0 Deutero-lsaías. Trata-se da quarta grande obra profética do exílio, cujo estilo não é nem deuteronomista e nem sacerdotal, mas cuja linguagem é profundamente influenciada pelo estilo dos salmos. O exílio parece aqui uma realidade superada e o livro prepara seus leitores para a reconstrução. Na estrutura do Deutero-lsaías Albertz considera o célebre quarto canto do Servo de YHWH (Is 52,13-53,12) como um apêndice. No último capítulo do livro o autor mostra a riqueza teológica inesgotável que os setenta e sete anos do exílio ( a.c.) trouxeram para a religião de Israel. Surgiram, aqui, muitos acentos teológicos que marcaram definitivamente o judaísmo posterior e o cristianismo. Nesta época Israel chega a urna consciência de monoteísmo no sentido estrito do termo. Cresce a consciência ética da religião bem como seu caráter universalista e utópico. Mas Albertz distingue, principálmente, quatro aspectos da teologia exílica. Um grande esforço de trabalhar teologicamente a fracassada história de Israel e apresentar uma nova interpretação dessa história. Ao lado desses dois aspectos pode-se acentuar, também, o fim de toda e qualquer pretensão de uma teologia imperialista fundada na realeza davídíca; o templo ligado ao palácio fora destruído. No novo templo, dentro da perspectiva utópica de Ezequiel, a gloria de YHWH ocupa um lugar central e exclusivo. Além de uma tábua cronológica que contempla não só os dados de Judá e da Gôlah babilónica, mas também os da historia da Babilónia, Pérsia e Egipto, 0 autor introduziu, além disso, registros de nomes e citações bíblicas e extra-bíblicas que facilitam o manuseio do livro. Este trabalho do Prof. Albertz é, pois, uma importante contribuição para os estudiosos da história e da teologia do período exílico. Trata-se de uma obra crítica metodologicamente muito bem concebida, cuja abordagem é abrangente e não se contenta com aspectos puramente factuais. Além da história propriamente dita, baseada em fontes bíblicas e extra-bíblicas, o autor estuda, também, o processo de composição das obras que surgiram durante o exílio e procura descobrir as diversas instâncias em que essas obras surgiram bem como os géneros literários que privilegiaram. O leitor pode até não concordar com as posições aqui defendidas, mas 0 autor as fundamenta da me 162

6 lhor maneira possível e sempre com grande rigor científico. Por tudo isso Albertz deve ser felicitado por este grandioso trabalho e uma tradução portuguesa desta obra seria de grande utilidade para os estudos bíblicos nos países lusófonos. Emanuel Bouzon VÁRIOS, Aegyptiaca Animalia. II bestiario del Nilo, Museo di Antropologia ed Etnografia dell Universitá di Torino, Arké, Turim, 2000, 96 pp. Este volume, dedicado aos mais significativos animais da imensa fauna nilótica, é o reflexo de uma exposição realizada no Museo di Antropologia ed Etnografia de Turim, de Outubro de 2000 a Junho de 2001, numa organização conjunta da direcção do Museu Egípcio de Turim e do Dipartimento di Biologia Animale e deh Uomo dell Università di Torino. A obra tem um prefácio de Anna Maria Donadoni Roveri, directora do Museu Egípcio de Turim, e Emma Rabino Massa (pp. 4-5), seguindo-se um breve texto de apresentação da autoria de Renato Grilletto e Enrichetta Leospo (p. 7). O variado leque de colaborações abre com um texto de Giusto Benedetti, sobre «II bestiario del Nilo» (pp. 9-14), onde se enumeram alguns dos animais característicos da fauna nilótica, estabalecendo as suas relações com várias divindades: 0 hipopótamo que era a hipostase de Tauret, o crocodilo de Sobek, o babuíno de Tot. Quanto ao animal que era a representação de Anúbis, muitas vezes erradamente descrito como um chacal, era antes uma espécie de canídeo de focinho afilado em todo o caso, «non sciacallo, come molti ancora pensano, ma quasi sicuramente cane» (p. 13). A divindade associada ao cão era Khentamenti (depois absorvida por Osíris), enquanto 0 lobo hipostasiava Uepuauet. O autor identifica 0 controverso deus Set (cujo animal é visto como um lebreiro, um burro, uma girafa, um okapi, ou a mistura deles todos) como sendo 0 oriteropo. São ainda reproduzidas imagens de animais que se vêem em túmulos de funcionários, como 0 mangusto e 0 crocodilo da mastaba de Mereruka (Império Antigo), a girafa, a raposa e o cervo que figuram na mastaba de Ukh-hotep (Império Médio). Segue-se «II culto degli animali nell antico Egitto» (pp ), redigido por Enrichetta Leospo, lembrando que se detectam já na Paleta de Narmer animais venerados por qualidades particulares, muitos deles venerados como suportes materiais de certas divindades. Alguns 163