03/07/2011. História Deuteronomista. Estudos bíblicos mostram traços comuns entre vários livros: Deuteronômio Juízes 1 e 2 Samuel 1 e 2 Reis

Transcrição

1 Arquidiocese de Curitiba Curso de Teologia Introdução ao Antigo Testamento Prof. João Luis Fedel Gonçalves Fase das tradições quase só orais ( ). Pode ter durado quase oito séculos. Figuras: patriarcas e matriarcas, Moisés e Josué, Juízes. Evento fundamental: Êxodo 2. Reino unido ( a.c.). Samuel, Saul, Davi, Salomão 3. Reinos de Israel ( a.c.). Termina com a destruição total da Samaria pelos assírios 4. Reino de Judá ( a.c.). Acaba com a invasão do Império Babilônico 5. Exílio ( a.c.). Fase fundamental para a Bíblia. Crise. Judá perde tudo: terra, templo, rei 6. Depois do Exílio ( a.c.). Diferentes dominações: persa, grega, romana. Formação da Bíblia Começa a se formar nesse período os livros do Pentateuco. Dois pontos importantes: História Deuteronomista Profetismo História Deuteronomista Estudos bíblicos mostram traços comuns entre vários livros: Deuteronômio Juízes 1 e 2 Samuel 1 e 2 Reis Trata-se de um grande esforço de escrever a história de Moisés até o Exílio. No coração da História Deuteronomista está a experiência da aliança O livro do Dt faz solene proclamação da aliança e das normas e mandamentos que o povo deverá seguir No começo da HD, o povo está fora da terra (deserto). No final, novamente está fora da terra (Exílio). O que isso significa? Principais elementos da HD: fidelidade ao primeiro mandamento base histórica da libertação lista de promessas e ameaças aliança no Horeb, não no Sinai diferença no decálogo 1

2 Exercícios de leitura: a) 2Rs b) Dt 30,1-10 c) Jz 2,11-22 d) 1Sm 7,2-4 e) Dt 4,1-2 f) Dt 5,1-21 g) Dt 6,4-9 h) Dt 11,26-32 i) Dt 24 REZAR COM OS SALMOS Existem muitos tipos de Salmos. Vamos conhecer alguns: Hino: Sl 8; 103(102) Súplica: Sl 25(24); 35(34) Ação de Graças: 66(65); 116( ) Régio: 45(44); 101(100) Sapiencial: 34(33); 127(126) Profetismo No Profetismo é fundamental a palavra. Em Gn 1, Deus fala e tudo se cria. Pelos profetas, a palavra de Deus é pronunciada novamente. Mas não é palavra mágica, mas que depende tanto de quem proclama (o profeta) como de quem escuta (o povo, determinada pessoa, grupos) A característica da palavra profética vem na forma de oráculos: como instrução ou norma como interpretação dos fatos históricos como acusação e condenação como promessa Outra característica: a vocação profética, cuja estrutura é: introdução, teofania, missão, sinal, conclusão. Relação do profeta com outras instituições: com o sacerdote com o rei com o povo com o falso profeta Exercícios de leitura: Vocação profética a) Is 6,1-13 b) Jr 1,4-10 c) Am 7,10-17 Oráculos a) Os 2,4-25 b) Os 11,1-11 c) Am 1,3 2,16 d) Am 5,1-17 e) Is 5,1-7 f) Is 28,23-26 g) Mq 5,1-5 h) Jr 2,1-13 2

3 Exílio O rei Joaquim ( ) tinha se recusado a pagar tributo. Nabucodonosor invade Jerusalém e deporta o novo rei, Jeconias, (597) Sedecias é colocado no lugar de Jeconias. Em 588 recusa-se a pagar o tributo. Resultado: Jerusalém é sitiada e destruída, e uma nova leva é deportada para a Babilônia (587/6). Jeremias participou desse momento. Sugere que o rei se renda, mas sem sucesso (Jr 38,28b 39,14). Godolias é colocado como governador, mas acaba assassinado pelos opositores. Jerusalém, a invencível, foi tomada, o Templo destruído, a terra devastada, o rei deportado. O que restou ainda do povo de Israel e de suas principais instituições? Os judeus divididos em três regiões: Um grupo fugiu para o Egito e ali se estabeleceu, formando importante comunidade (2Rs 25,25-26 e Jr 41 44). Os que ficaram eram sobretudo os pobres e foram encaminhados para os campos. Ocuparam casas e campos dos exilados, o que causou grandes conflitos (Ag 1,2-11 e Zc 5,1-5). Os exilados viviam entre a tentação do luxo da Babilônia e a fidelidade a Javé Edito de Ciro, retorno e tentativas de restauração da monarquia Ciro toma o poder do reino persa e conquista os outros reinos: medo, lídio, egípcio, babilônico. Em 539 toma a capital e entra na Babilônia acolhido pelo povo como novo senhor. O autor da segunda parte do livro de Isaías, conhecido como Deutero-Isaías. Ciro restaurou o culto a Marduk e reconduziu os povos a seus países (Esd 6,3-5) O primeiro grupo de exilados retorna em 538 a.c. (1Cr 3,18; Esd 1,5). O edito de Ciro não parece ter produzido os efeitos esperados. Ciro morre em 530. O império conquista sua força com Dario I ( ), que se utiliza de governantes locais fiéis ao imperador para manter o controle. Em Judá torna-se governador Zorobabel (Ag 1 2, Zac, Esd 3 e 5 e 1Cr 3) O cap. 4 de Zacarias fala de dois ungidos: Zorobabel como príncipe e Josué como sacerdote. 3

4 Duas figuras se destacam nesse tempo: Neemias e Esdras Neemias, funcionário na corte persa, intercede junto ao rei para reconstruir Jerusalém Também busca repovoar a cidade, mas faz isso acentuando o caráter nacional (Ne 13), em detrimento dos estrangeiros e dos pobres Esdras atua no reinado de Artaxerxes II. Vem com a missão de retomar o culto e a lei. Assim como Neemias, também Esdras está assegurado por decreto real. Reafirmação da identidade sem questionar o poder dos persas Em contraposição, os matrimônios mistos são vistos como problema nacional. Os livros de Rute e Jonas, duas novelas de sabor pré-exílico, são clara reação contra o modelo dominante. Em ambos a figura do estrangeiro aparece matizada por uma visão bem mais aberta da questão. Jeremias previu a derrocada do reino de Judá, enfrentou falsos profetas, animou a comunidade exilada, viu-se forçado a fugir para o Egito. Profeta rico de imagens A mensagem de Jeremias se aparenta da tradição deuteronômica. Propõe uma Nova Aliança entre Israel e Deus Ezequiel, ao contrário, foi para Babilônia. Lá, buscou motivar a comunidade em crise. Imagens carregadas, cheias de vida, mas também de difícil compreensão. A mais intensa é o vale de ossos secos (37) Outra imagem: novo templo que deverá ser construído Em dois pequenos capítulos, Ageu também provoca o povo para a mudança. Sua insistência na construção do Templo era mensagem que ia além: a convocação do povo para que prestasse atenção em Javé e em seus sacerdotes. Esse profeta também pede ao povo para que preste atenção ao tempo e façam o discernimento necessário. 4

5 Isaías é também conhecido como Segundo Isaías. Trata-se de um projeto de restauração para o povo que se encontra exilado. Conhecido como livro da consolação de Israel. Uso na quaresma nos tornou familiar com a figura do servo sofredor O Terceiro Isaías reúne os capítulos restantes, de 56 a 66. Apesar do retorno nem todas as esperanças se confirmaram Volta ao tema da justiça social: os conflitos de terra, pobreza, corrupção, indiferença religiosa, influência dos cultos idolátricos Outra novidade: visão universalista de salvação. Javé não é apenas o Deus de Israel, mas é o criador do mundo e senhor de todos os povos Zacarias é formado por dois textos bem distintos. O primeiro, dos capítulos 1 ao 8. Contemporâneo do profeta Ageu, também motivou o povo para a reconstrução do Templo. Duas figuras se detacam: o governador Zorobabel e o sacerdote Josué. O Segundo Zacarias, de 9 a 14, é acréscimo posterior, provavelmente já no período de dominação grega (300 a.c.) Anúncio de um messias, de um salvador, é mais contundente Refaz a tradição profética, falando de um rei (9,9-10), de um pastor (11,4-17) ou de um sofredor (12,9-14) Caráter sempre mais escatológico. Abdias é o menor livro do Primeiro Testamento, apenas 21 versículos. Fala do castigo que recaiu sobre o povo, com a destruição de Jerusalém Anuncia o Dia do Senhor De Joel pouco se sabe. Retoma a imagem dos gafanhotos, uma das pragas do Egito, mas aqui talvez se refiram ao inimigo. Convoca profetas, sacerdotes e todo à prática da penitência e do jejum Derramamento do espírito do Senhor: Depois disso, acontecerá que derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivo: vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos anciãos terão sonhos, e vossos jovens terão visões (3,1). 5

6 Malaquias é o último dos profetas. Condena o formalismo que se sucedeu à inauguração do Templo. Acusa os sacerdotes pelos abusos, pois, ao invés de conduzir o povo ao conhecimento, o fazem tropeçar. Como em Esdras e Neemias, debate-se o problema dos casamentos com estrangeiras. Com estas palavras termina o Primeiro Testamento: Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a quem prescrevi ordenações e mandamentos para todo o Israel no monte Horeb. Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor, e ele converterá o coração dos pais para os filhos, e o coração dos filhos para os pais, de sorte que não ferirei mais de interdito a terra. A Bíblia no coração da Bíblia Dt 6,20-25 A Palavra é memória dos atos de Deus Js 24,26 A Palavra é aliança escrita, feita livro da Lei 2Rs 23,1-3 Livro da Aliança Jr 31,33 A Lei estará no peito Ne 8,1-3 A Lei reconstrói o Povo de Deus Aliança e Lei no AT e NT Aliança (Gn 9 e 12; Ex 19; Dt 30; Jr 31; Lc 22): A Aliança é uma constante ao longo da Bíblia. Em Nóe, com todos os povos; em Abraão, com todos os fiéis; em Moisés com a nova lei e o novo povo; no Exílio e pós-exílio, nova aliança com o povo judeu e também com todos os povos; em Jesus, a definitiva (para os cristãos). Antiga e Nova Lei (Ex 19-24; Mt 5-7). O Sermão da Montanha retoma e refaz a legislação do Sinai. 6