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- Talita Rosa Mangueira
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1 [Recensão a] Jean-Charles Sournia, História da medicina Autor(es): Publicado por: URL persistente: DOI: Pita, João Rui; Pereira, Ana Leonor Imprensa da Universidade de Coimbra URI: DOI: Accessed : 1-Nov :26:09 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso. impactum.uc.pt digitalis.uc.pt
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3 RECENSÕES CRÍTICAS Jean-Charles Sournia, História da medicina, Lisboa, Instituto Piaget, 1995, 406 pp. A tradução portuguesa editada pelo Instituto Piaget da obra de Jean-Charles Sournia, Histoire de la médecine, tem sido um instrumento didáctico fundamental para todos aqueles que necessitam de alcançar uma visão panóptica e actualizada da história universal da medicina. Esta é uma daquelas obras que não envelhecem de um ano para o outro. A abordagem que o conceituado historiador Jean-Charles Sournia faz da história da medicina é cronológica e comporta os seguintes capítulos: l. - "A Pré-História"; 2. - "As etnomedicinas"; 3. - "Arqueologia da Medicina"; 4. - "Os Gregos, fundadores da nossa medicina"; 5. - "A Idade Média mediterrânica"; 6. - "Medicinas diferentes na América, na índia e na China"; 7. - "Os anatomistas do Renascimento"; 8. - "O racional Século XVIII"; 9. - "A Medicina das Luzes"; "A conversão anátomo- -clínica"; "A Medicina de Laboratório"; "Dos Raios X à penicilina"; "A explosão do saber e das técnicas". Finaliza com uma bibliografia e um índice remissivo, para além de um glossário de termos médicos utilizados no decurso da obra. Este glossário é muito útil para os estudiosos e compreende a definição de termos como por exemplo bilharzíase, blefarite, endorfina, fibrina, litíase, rickettsiose, talassemia, vulvite, etc. A bibliografia não é muito vasta, mas dá-nos indicações de trabalhos fundamentais de autores consagrados como sejam Jean Théodoridès, Jacques Ruffié, Jacques Léonard, Jacques Roger, Mirko Grmek, Michel Foucault, Georges Vigarello, além do próprio Sournia. 501
4 A presente historia da medicina começa com a problemática da paleomedicina, dá conta da medicina pré-histórica, estende-se por toda a historia da humanidade e termina com a abordagem ligeira de temas da actualidade: hormonas, enzimas, reanimações, hereditariedade e genética, imagiologia, enxertos, sistemas de saúde, SIDA, etc. Dada a vastidão da matéria, dificilmente o autor podia apresentar um trabalho exaustivo. Mas encontramos nesta obra uma lacuna pois ela passa por cima do esforço desenvolvido no século XVI por portugueses e espanhóis no campo da chamada "matéria médica". De facto, nomes capitais como Garcia da Orta e Amato Lusitano estão ausentes nesta história da medicina. E notório que Jean-Charles Sournia privilegiou a anatomia e a cirurgia. Por isso, no século XVI destaca, e bem, os contributos de Vesálio e de Paré. Essa preferência pelas temáticas anatómicas e cirúrgicas nota-se também no tratamento que faz da medicina posterior ao século XVI. Deste modo, o autor remete para segundo plano dados significativos como acontece, por exemplo, às novas vertentes terapêuticas no início do século XIX, possibilitadas pelo isolamento das substâncias activas. No processo gradual de afirmação da medicina de rigor no plano da observação, impunha-se relevar o contributo de Xavier Bichat em princípios do século XIX, o que infelizmente não acontece nesta obra. Reparo é devido também à diminuta referência feita a Egas Moniz. Um Prémio Nobel da Medicina e da Fisiologia (1949) merecia ser tratado com alguma problematicidade, dado o teor das matérias em causa. No entanto, o fundamental, isto é, a invenção da angiografia cerebral é salvaguardado na obra de Sournia. Apesar do que fica registado, é justo reconhecer que a presente história da medicina não foge à regra que tem pautado as diversas histórias panorâmicas da medicina. Com efeito, as histórias da medicina feitas em França tendem a valorizar acentuadamente os contributos dos cientistas franceses e o mesmo se verifica no caso da Espanha, da Inglaterra, da Alemanha, da Itália, etc. Assim sendo, é de calcular que o valor internacional de alguns cientistas portugueses venha a ser plenamente reconhecido quando, entre nós, se fizer a primeira história universal da medicina. Mas, não esqueçamos que esta pressupõe uma história da medicina portuguesa que, por seu turno, não é uma tarefa exequível no curto prazo. Noutros países europeus e designadamente em Espanha, a história da medicina encontra-se profissionalizada há largas décadas. 502
5 Há escolas que se dedicam exclusivamente à história da medicina. Por exemplo, em Espanha, a escola de Pedro Lain Entralgo, de J.M. Lopez Piñero, de Juan Riera, Sanchez Granjel, etc., que formam profissionais que trabalham a tempo inteiro neste campo. Não é mais possível fazer história da medicina nos intervalos de uma vida dedicada à clínica ou a outras opções profissionais. Aliás, tomando como modelo o que se passa na Europa, a história da medicina não tem que ser feita necessariamente e apenas por médicos. Muito diferentemente, na Europa, nos E.U.A., no Brasil, etc., o historiador da medicina e das ciências da saúde é um profissional especializado ou graduado. Para a obtenção dessa graduação têm, em regra, acesso licenciados em História, Sociologia, Antropologia, Filosofia, Medicina, Farmácia, Biologia, etc. Os exemplos são muitos a começar pela nossa vizinha Espanha. Mas, limitamo-nos a referir um dos historiadores das ciências que conhecemos pessoalmente: Patrícia Aceves, actual Reitora da Universidade Autónoma Metropolitana-Xochimilco - México, a partir de uma licenciatura em farmácia é actualmente uma historiadora conceituada dentro do domínio da história da química e da saúde pública; os seus trabalhos são regularmente citados nas listas bibliográficas da mais antiga e conceituada revista de história da ciência, ISIS - An International Review Devoted to the History of Science and its Cultural Influences. João Rui Pita Ana Leonor Pereira Carlos Cordeiro, Nacionalismo, Regionalismo e Autorita-rismo nos Açores durante a I República, Lisboa, Edições Salamandra, 1999, 479 pp. Há trabalhos de investigação, oportunamente editados, que reflectem com clareza trajectórias bem definidas, coerentes e referenciáveis. O percurso investigativo de Carlos Cordeiro - autor de Insularidade e Continentalidade - os Açores e as Contradições da Regeneração, (1992), Açorianidade e Autonomia (em colaboração, 1989) e ainda de diversos artigos, prefácios e introduções a obras sobre a mesma temática - é disso um bom e indiscutível 503
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