PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR E PLANEAMENTO DE EQUIPAMENTOS EDUCATIVOS

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1 PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR E PLANEAMENTO DE EQUIPAMENTOS EDUCATIVOS Lúcia Santos Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BD/91094/2012) Cristina Barros Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Rui Gama Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra António M. Rochette Cordeiro Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

2 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Profundas transformações demográficas no território nacional nas últimas décadas Quebra dos nascimentos associada ao processo acelerado de envelhecimento populacional e à diminuição do ISF Decréscimo da procura escolar (cerca de menos cem mil alunos no ensino obrigatório no final da presente década) Graves desequilíbrios entre a oferta e a procura escolar Necessidade de repensar o parque escolar português para a próxima década Projeções da população em idade escolar como elemento crucial no processo de planeamento de equipamentos educativos

3 ENQUADRAMENTO Assegurar a adequação da oferta à procura escolar efetiva: Localização e dimensionamento dos equipamentos educativos (número de salas e infraestruturas de apoio); Oferta educativa e formativa; Recursos humanos (docentes e não docentes). Ordenar o espaço da forma mais adequada, gerindo mais eficazmente recursos que, como bens escassos que são, exigem ponderação na tomada de decisão, para que esta seja devidamente fundamentada e consciente, uma vez que os custos associados a uma má gestão têm efeitos duradouros e crescentemente elevados

4 POPULAÇÃO ALVO, ESCALA TERRITORIAL E METODOLOGIA População alvo Crianças e jovens em idade de frequência nos diferentes níveis de ensino: 6 a 9 anos no 1º CEB, 10 a 11 anos no 2º CEB, 12 a 14 anos no 3º CEB e 15 a 17 anos no ensino secundário Escala territorial Região de Coimbra, analisando-se o comportamento dos 19 concelhos que a integram e das respetivas freguesias, mesmo tendo em atenção as dificuldades técnicas Metodologia Projeção da população escolar através do método das componentes por coortes Previsão do número de alunos através do método dos nascimentos registados

5 PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR MÉTODO DAS COMPONENTES POR COORTES Este método destaca o papel da fecundidade, mortalidade e migrações na dinâmica futura da população e permite sugerir quantitativos populacionais futuros por sexo e idade num horizonte temporal de duas décadas para diferentes unidades territoriais Embora seja uma componente importante, é comum não se utilizarem as migrações, pela dificuldade de obtenção dos valores e pelo seu caráter imprevisível (Neste trabalho, a ausência de dados estatísticos detalhados fizeram com que os fluxos migratórios não fossem considerados) Neste trabalho o momento de partida utilizado foi a data do último recenseamento (21 de março de 2011), projetando-se para períodos de 5 anos até 2031

6 PREVISÃO DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR MÉTODO DOS NASCIMENTOS REGISTADOS Este método considera apenas os nascimentos ocorridos em cada unidade geográfica e assenta no princípio de quem nasceu num determinado território vai frequentar, anos mais tarde, o ensino básico e secundário nesse mesmo território Dando como exemplo o ano letivo 2021/2022, parte-se do pressuposto de que as crianças nascidas entre os anos 2004 e 2015 estarão, em 2021/2022, a frequentar o ensino básico e secundário, nomeadamente entre 2012 e 2015 no 1º CEB, entre 2010 e 2011 no 2º CEB, entre 2007 e 2009 no 3º CEB e entre 2004 e 2006 no ensino secundário

7 FATORES LIMITATIVOS Acontecimentos de natureza excecional (catástrofes, guerras, epidemias, entre outros) Condicionalismos que podem interferir com a frequência escolar, nomeadamente: Cobertura da rede escolar; Diversidade da oferta educativa e formativa; Acessibilidade da população aos equipamentos educativos; Mobilidade interterritorial dos alunos (fluxos escolares); Acessibilidade económica e sociocultural; Migração ou emigração; Taxas de conclusão/transição, retenção e abandono.

8 VALIDADE DOS RESULTADOS: ANÁLISE DO ANO 2011 Níveis de ensino Projeções Previsões (Coortes) (Nascimentos) População em idade de frequência Diferença População em idade de frequência - Projeções (Coortes) Diferença População em idade de frequência - Previsões (Nascimentos) 2011 nº % nº % 6-9 anos (1º CEB) , , anos (2º CEB) , , anos (3º CEB) , , anos (Secundário) ,6 40 0,3 Total , ,5

9 O FUTURO: PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS Concelhos População Previsões Projeções (Coortes) em idade de (Nascimentos) frequência Variação (%) Variação (%) Arganil ,2-26, ,6 Cantanhede ,8-30, ,0 Coimbra ,5-27, ,4 Condeixa-a-Nova ,3-39, ,5 Figueira da Foz ,6-34, ,6 Góis ,9-53, ,4 Lousã ,0-30, ,8 Mealhada ,9-37, ,6 Mira ,6-18, ,9 Miranda do Corvo ,8-40, ,0 Montemor-o-Velho ,4-28, ,1 Mortágua ,4-35, ,5 Oliveira do Hospital ,5-27, ,9 Pampilhosa da Serra ,2-34,0 84-1,2 Penacova ,6-31, ,7 Penela ,8-22, ,0 Soure ,2-40, ,9 Tábua ,6-41, ,7 Vila Nova de Poiares ,1-26, ,4 Região de Coimbra ,0-31, ,7 1º CEB

10 O FUTURO: PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS População Previsões Projeções (Coortes) em idade de (Nascimentos) Concelhos frequência Variação (%) Variação (%) Arganil ,6-25, ,4 Cantanhede ,3-34, ,5 Coimbra ,2-29, ,7 Condeixa-a-Nova ,7-43, ,5 Figueira da Foz ,5-36, ,1 Góis ,8-61, ,4 Lousã ,7-37, ,1 Mealhada ,3-44, ,9 Mira ,2-31, ,5 Miranda do Corvo ,4-55, ,5 Montemor-o-Velho ,3-26, ,1 Mortágua ,7-42, ,4 Oliveira do Hospital ,9-41, ,8 Pampilhosa da Serra ,8-55, ,2 Penacova ,3-40, ,3 Penela ,3-39, ,6 Soure ,4-43, ,7 Tábua ,5-40, ,0 Vila Nova de Poiares ,5-35, ,3 Região de Coimbra ,8-35, ,4 2º CEB

11 O FUTURO: PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS População Previsões Projeções (Coortes) em idade de (Nascimentos) Concelhos frequência Variação (%) Variação (%) Arganil ,7-28, ,1 Cantanhede ,2-36, ,8 Coimbra ,1-24, ,7 Condeixa-a-Nova ,3-29, ,4 Figueira da Foz ,5-32, ,1 Góis ,2-61, ,5 Lousã ,7-25, ,6 Mealhada ,2-31, ,2 Mira ,1-26, ,7 Miranda do Corvo ,2-51, ,1 Montemor-o-Velho ,6-12, ,8 Mortágua ,1-31, ,9 Oliveira do Hospital ,1-40, ,8 Pampilhosa da Serra ,4-21, ,2 Penacova ,8-38, ,0 Penela ,7-33, ,7 Soure ,0-45, ,0 Tábua ,5-41, ,3 Vila Nova de Poiares ,1-45, ,6 Região de Coimbra ,8-31, ,6 3º CEB

12 O FUTURO: PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS População Previsões Projeções (Coortes) em idade de (Nascimentos) Concelhos frequência Variação Variação Arganil ,2-39, ,1 Cantanhede ,2-36, ,3 Coimbra ,6-20, ,4 Condeixa-a-Nova ,2-0, ,2 Figueira da Foz ,3-23, ,6 Góis ,4-55, ,2 Lousã ,3-16, ,5 Mealhada ,6-24, ,5 Mira ,7-19, ,0 Miranda do Corvo ,0-46, ,5 Montemor-o-Velho ,1-12, ,1 Mortágua ,2-33, ,8 Oliveira do Hospital ,6-36, ,6 Pampilhosa da Serra ,5-37, ,4 Penacova ,9-37, ,3 Penela ,5-33, ,8 Soure ,5-41, ,9 Tábua ,3-41, ,1 Vila Nova de Poiares ,1-25, ,4 Região de Coimbra ,5-26, ,3 ENSINO SECUNDÁRIO

13 O FUTURO: PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS De uma forma geral o método das componentes por coortes apresenta quebras mais expressivas em todos os níveis de ensino (com exceção do 1º CEB) Em termos globais, considerando a população em idade escolar total (dos 6 aos 17 anos): No método das componentes por coortes estima-se uma diminuição de 15,5% (-7858 crianças e jovens); No método das nascimentos registados estima-se uma redução de 14,5% (-7366 crianças e jovens). Este problema não se reflete de modo homogéneo em toda a Região de Coimbra, sendo as regiões do interior e mais envelhecidas as mais afetadas, o que coloca as autoridades locais e nacionais perante um evidente problema de coesão territorial

14 CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES A PARTIR DE CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS A partir da utilização do método das componentes por coortes foram considerados três cenários, com base em diferentes hipóteses em termos da esperança de vida e fecundidade

15 CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES A PARTIR DE CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS Cenário normal Cenário otimista Cenário extraordinário Considera que as premissas de base em termos de fecundidade e esperança média de vida permanecerão inalteráveis Assume uma evolução da fecundidade mais favorável (ISF de 1,6 filhos por mulher) Adota níveis de fecundidade que permitem a substituição das gerações (ISF de 2,1 filhos por mulher) Mais previsível Mais desfavorável Mais otimista Concretização extremamente difícil

16 CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES A PARTIR DE CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS Cenário normal Verifica uma diminuição das crianças e jovens em idade escolar mais expressivo (-7858, correspondendo a -15,5%) Cenário otimista Observa um decréscimo das crianças e jovens em idade escolar menos expressivo (- 2405, correspondendo a -4,7%) relativamente ao cenário normal Cenário extraordinário Regista um aumento das crianças e jovens em idade escolar (4661, correspondendo a 9,2%)

17 CONSTRUÇÃO DE HIPÓTESES A PARTIR DE CENÁRIOS DEMOGRÁFICOS 2011 e 2031 Cenário normal A redução poderá ser de crianças e jovens em idade escolar (-30,7%) Cenário otimista A diminuição poderá ser de 4598 crianças e jovens em idade escolar (-9,1%) Cenário extraordinário Antevê-se um acréscimo de 9843 crianças e jovens em idade escolar (19,4%)

18 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ambas as metodologias registam perdas muito assinaláveis de crianças e jovens em idade escolar, em virtude das baixas taxas de natalidade, do declínio do ISF e da consequente diminuição do número de nascimentos As quebras são mais significativas quando considerado o intervalo , neste caso apenas no método das componentes por coortes Os contrastes espaciais são idênticos nas duas metodologias, sendo os territórios do interior e mais envelhecidos a apresentar os decréscimos mais expressivos de população escolar As reduzidas margens de erro observadas em exercícios passados mostram que estes valores de população escolar poderão mesmo ser uma realidade em 2021 e 2031

19 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados apresentados dão indicações de um futuro preocupante em termos de diminuição da população escolar, colocando imensos desafios em matéria de adequação da oferta à procura escolar efetiva e necessidades ao nível da oferta educativa e formativa e dos recursos humanos (docentes e não docentes) A forte diminuição da população escolar indica que poderá vir a ocorrer uma nova fase de encerramento de escolas na Região de Coimbra, mesmo após a reorganização do parque escolar levada a cabo nos últimos anos, que conduziu ao encerramento de mais de 200 escolas de 1º CEB, correspondendo a uma diminuição superior a 50% Importa, no entanto, salientar que, para uma ou outra metodologia, os valores são apenas os expectáveis, uma vez que para uma análise mais próxima da realidade há que ter em consideração todo um conjunto de fatores determinantes na manutenção ou não das crianças e jovens no sistema de ensino