UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS VIII PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL

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1 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - CAMPUS VIII PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL LIDIANE NUNES LIMA MELIPONICULTURA NO SERTÃO BAIANO: OS CAMPONESES CRIADORES DE ABELHAS DE CÍCERO DANTAS-BA PAULO AFONSO/BA ABRIL/2015

2 2 LIDIANE NUNES LIMA MELIPONICULTURA NO SERTÃO BAIANO: OS CAMPONESES CRIADORES DE ABELHAS DE CÍCERO DANTAS-BA Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental. Orientadora: Dra. Eliane Maria de Souza Nogueira. PAULO AFONSO/BA ABRIL/2015

3 3 [...] as abeia Mandaçáia e jandaíra Sanharó e uruçú Faz um mel que admira [...] Zé Dantas e Luiz Gonzaga

4 4 AGRADECIMENTOS A cada passo que trilhamos encontramos muitas pessoas que tornam nossa caminhada mais leve e completa, a cada uma delas que me auxiliaram ao longo da minha vida acadêmica, muito obrigada. Meus sinceros agradecimentos a minha orientadora Dra. Eliane Maria de Souza Nogueira, por sua paciência e auxílio desde a graduação. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental, agradeço pelos aportes ao longo desses dois anos. Aos professores Carlos Alberto Batista, Flávia Barros de Prado Moura, Eltamara Souza da Conceição, Ednilza Maranhão dos Santos e Henrique Costa Hermenegildo da Silva, agradeço pelas contribuições na qualificação. A Carleandro Dias, por me apresentar o mundo das pessoas que cuidam das abelhas. As pessoas da cidade de Cícero Dantas-BA, que me acolheram, sem eles a realização deste trabalho não seria possível. Aos funcionários de UNEB, em especial as Helenas, Jovelina, Leonardo, Rodrigo, Virgínio e as meninas da Biblioteca. Aos meninos da graduação em ciências biológicas da UNEB, Gilliard, Tássio, Roberto, Elis, Paloma e Larissa, obrigada pelo auxílio e companhia durante as visitas a Cícero Dantas- BA. Aos meus amigos do mestrado, Arthur, Thiago, Luiza, Marcella, Thayse, Luanna Percília, Bárbara e Késsia, agradeço pelas conversas acadêmicas e não acadêmicas. Aos meus amigos da graduação que até hoje me acompanham. Aos meus amigos da biblioteca pelo carinho. A minha família república, Jailton, Kelly, Silvânia, Leide, Elaine e em especial a Zaline, obrigada pelo carinho e apoio. A minha família fraterna, em especial a minha mãe, por nunca perder a fé e por seu imenso amor, aos meus irmãos pelo apoio incondicional e respeito mútuo e a minha prima Viviane por sempre torcer por mim. MUITO OBRIGADA!!!!

5 5 Nosso tesouro está onde estão as colmeias do nosso conhecimento. Estamos sempre a caminho delas, sendo por natureza criaturas aladas e coletoras do mel do espírito, tendo no coração apenas um propósito levar algo para casa. Friedrich Nietzsche em GENEALOGIA DA MORAL: Uma Polêmica

6 6 RESUMO GERAL Os diferentes grupos humanos se relacionam com as abelhas há muitos séculos, seja através de rituais religiosos, consumo de seus produtos ou utilização simbólica. A criação racional de abelhas nativas (meliponicultura) é uma atividade mais recente e garante fontes renováveis de produtos como o mel, além de contribuir na conservação de diversas espécies nativas, que são de fundamental importância para a manutenção de serviços ecossistêmicos. O presente estudo tem como objetivo investigar as relações que os meliponicultores da região de Cícero Dantas- BA têm com as abelhas sem ferrão, e como seu conhecimento pode contribuir na conservação das espécies de meliponídeos na região. A pesquisa foi realizada na área rural da cidade, entre os meses de março e dezembro de 2014, contando com a participação de 21 criadores de abelhas nativas residentes em 12 povoados. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário semiestruturado, com perguntas centradas em aspectos sobre a criação das abelhas nativas. Os criadores de abelhas têm uma representação particular acerca dos fatores edafoclimáticos da região em que vivem, dentre eles a variação do período de chuvas caracterizado pelas trevoadas, e influência do elevado índice pluviométrico na fenologia e floração das espécies vegetais que ocorrem na região. A meliponicultura na região é tida como uma atividade secundária, praticada em sua maioria de forma tradicional, onde os conhecimentos repassados ao longo das gerações possibilitam a identificação de cada espécie, reconhecimento das atividades de cada abelha e identificação das plantas melíferas. As principais espécies de abelhas nativas criadas são: mandaçaia (Melipona mandacaia), moça branca (Frieseomelitta doederleini), mosquitinho (Plebeia sp.), jataí (Tetragonisca angustula), manduri (Melipona asilvai), caruara (Trigona sp.) e cupinheira (Partamona sp.). Várias motivações levaram a criação, dentre elas a apreciação estética e o investimento como fonte de renda, algumas técnicas de alimentação são empregadas na manutenção dos enxames. O principal produto utilizado pelos meliponicultores é o mel, que é vendido ou aproveitado na alimentação e preparação de medicamentos. Diversos fatores são tidos como responsáveis pelo desaparecimento dos meliponíneos na região, dentre eles, o desmatamento, que afeta tanto a nidificação, quanto as fontes de alimento; o uso de agrotóxicos nas lavouras da região; a inserção de espécies de Apis mellifera (abelha africanizada) e alguns predadores como lagartixas e forídeos que costumam atacar os enxames. O desaparecimento das abelhas nativas pode trazer algumas consequências para a região, como a diminuição do potencial agrícola e a dissipação de plantas nativas importantes, decorrente da diminuição do processo de polinização. O entendimento das relações entre as comunidades rurais nordestinas e as abelhas, bem como fatores relacionados é de fundamental importância para a implementação de políticas públicas que venham a melhorar a meliponicultura na região, bem como contribuir para a conservação dos meliponíneos nativos. Palavras-chave: Caatinga; Semiárido; Chuvas; Polinização; Manejo tradicional; Conservação; Predadores naturais.

7 7 ABSTRACT Different human groups are related to bees for centuries, how religious rituals, consumption of its products or symbolic use. The rational breeding of native bees (beekeeping) is a more recent activity and ensures renewable products such as honey, as well as contribute to the conservation of many native species, which are of fundamental importance for the maintenance of ecosystem. The purpose of this study was to investigate the relationship that the beekeepers of Cicero-BA region with stingless bees, and how their knowledge can contribute to the conservation of bee in the region. The survey was conducted in the rural area of the city, from March to December 2014, with the participation of 21 breeders of native bees residing in 12 villages. Data collection used a semi-structured questionnaire, with questions focusing on aspects of the breeding of native bees. The bee breeders have a particular representation about edaphoclimatic factors of the region in which they live, including the variation of the rainy season characterized by "trevoadas" and influence of high rainfall on phenology and flowering plant species occurring in the region. The beekeeping in the region is seen as a secondary activity, practiced for the most part, the traditional way, and knowledge are passed on through the generations enable the identification of each species recognition of the activities of each bee and identification of honey plants. The main species of native bees are created: mandaçaia (Melipona mandacaia), moça branca (Frieseomelitta doederleini), mosquitinho (Plebeia sp.), jataí (Tetragonisca angustula), manduri (Melipona asilvai), caruara (Trigona sp.) and cupinheira (Partamona sp.). The aesthetic appreciation and investment as a source of income are reasons for the creation of bees and some power techniques are employed in the maintenance of swarms. The main product used by beekeepers is honey, which is sold or used in the preparation of food and medicines. Several factors may be responsible for the disappearance of stingless bees in the region, among them deforestation, which affects both nesting, as food sources; the use of pesticides on farm work in the region; the inclusion of species of Apis mellifera (Africanized bees) and some predators such as lizards and phorid that usually attack the swarms. The disappearance of native bees can bring some consequences for the region, such as decreased agricultural potential and the dissipation of important native plants, as a result of the reduction in the pollination process. Understanding of the relationship between the northeastern rural communities and the bees, and also related factors is of fundamental importance for the implementation of public policies that will improve beekeeping in the region and contribute to the conservation of native stingless bees. Key words: Caatinga; Semiarid; Rain; Pollination; Traditional management; Conservation; Natural predators.

8 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL REFERENCIAL TEÓRICO As pessoas do campo e o campesinato A meliponicultura Uso, relações e conhecimento sobre as abelhas REFERÊNCIAS ARTIGO ARTIGO ARTIGO APÊNDICE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TCLE Termo de concessão de uso de imagem e som ANEXO Parecer consubstanciado do CEP... 78

9 9 INTRODUÇÃO GERAL Os diferentes grupos sociais em distintas partes do mundo aprendem a perceber e conviver com a realidade na qual estão inseridos, reconhecendo a importância dos seres vivos e o meio com os quais convivem (ITTERBEECK et al., 2014; POSEY, 1987). Várias práticas de interação são realizadas por essas populações, dentre elas a meliponicultura, que é a prática de criação racional de abelhas nativas (KERR et al.,1996). A meliponicultura é uma atividade geralmente realizada por comunidades tradicionais, e suas características seguem o conhecimento regional e tradicional (CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006). Sua prática pelas populações humanas contribui para a conservação das abelhas e seus habitats, garante a produção de mel e pólen para inúmeras populações do norte e nordeste, além de permitir a elaboração de produtos medicinais (KERR, 1997). Esta atividade associa-se a uma grande quantidade de práticas e saberes locais, que marcam a relação entre o âmbito biofísico e o sociocultural e tem implicações na conservação, manejo e gestão da fauna nativa (NATES-PARRA e ROSSO-LONDOÑO, 2013). É normalmente sustentável em comunidades rurais, contribuindo para proteção dos biomas tropicais. Sua prática conduz para a conservação e reposição das espécies nos seus habitats naturais e, caso haja flora abundante, para a comercialização do mel. Normalmente são adotadas espécies de abelhas dóceis, com indumentária aberta, equipamentos simples, com baixo custo operacional. O foco produtivo para mel é essencialmente artesanal, de reconhecido valor terapêutico, alcançando preços elevados no mercado (ALVES et al., 2005ab). As abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70% das áreas agrícolas que fornecem alimento ao mundo, além de contribuírem para polinização da flora em geral, possibilitando a reestruturação das áreas verdes que fornecem oxigênio para o mundo (GONÇALVES, 2013). Cerca de 30% das plantas fanerógamas da caatinga e do pantanal são polinizadas por meliponínios (KERR, 1997). A origem do conhecimento sobre as abelhas e sua criação pode vir através dos pais ou parentes próximos ou de cursos (GEHRKE, 2010; CÁMARA et al., 2004), podendo sofrer alteração dentro das próprias gerações (CARVALHO, et al, 2014). Entre os Guaraní M Byá, por exemplo, é transmitido principalmente através da oralidade, além da assimilação através do acompanhamento e observação do comportamento dos mais velhos e replicação de suas práticas pelos mais jovens (RODRIGUES, 2005).

10 10 O conhecimento sobre a biologia das abelhas e sua forma de uso é descrito ao longo dos anos, por diversos autores nas distintas localidades do mundo, especialmente por comunidades tradicionais. Camargo e Posey (1990) descrevem o conhecimento do grupo indígena Kayapó, detalhando aspectos sobre a biologia e ecologia das abelhas nativas, narrando desde a estrutura dos ninhos (tipos de entrada e formação internas), formação de novos indivíduos (ciclo de vida e castas), alimentação das abelhas (pólen e néctar), até a sua morfologia. Dada a importância das abelhas nativas para o semiárido brasileiro, o presente estudo tem como temática a relação socioambiental dos camponeses de Cícero Dantas-BA com a criação de abelhas nativas (meliponicultura). O trabalho está dividido em quatro partes: (1) levantamento bibliográfico sobre os principais elementos que norteiam a dissertação; (2) primeiro artigo, o qual aborda a compreensão dos criadores sobre a importância das chuvas de verão (trevoadas), sua relação com a floração de plantas ocorrentes na região e produção de mel pelas abelhas nativas; (3) segundo artigo, que trata da descrição dos aspectos da produção de mel, dentre eles as motivações, técnicas de manejo, destinação dos produtos das abelhas e utilização do mel, além da visão dos criadores sobre a ecologia e biologia das abelhas nativas ocorrentes na região; (4) terceiro artigo, que versa sobre as causas e consequências do desaparecimento das abelhas nativas na região na concepção dos meliponicultores locais. Vários questionamentos norteiam esse trabalho, dentre eles: Em comunidades rurais a exemplo das ocorrentes em Cícero Dantas-BA, os meliponicultores mantêm as práticas culturais e ao manejo tradicional na meliponicultura? Essas práticas contribuem para a conservação das espécies nativas? Quais as causas e consequências do desaparecimento das abelhas para a região? Partindo das premissas supracitadas, o estudo objetivou investigar as relações que os meliponicultores da região de Cícero Dantas-BA, têm com as abelhas sem ferrão, e como seu conhecimento pode contribuir na conservação das espécies de meliponídeos na região, com os seguintes objetivos específicos: Listar as técnicas de manejo empregadas na manutenção dos enxames; Identificar quais motivações levaram os camponeses à criação de meliponínios; Identificar qual a origem do conhecimento sobre abelhas entre os camponeses; Listar as plantas visitadas pelas abelhas;

11 11 Verificar como os camponeses caracterizam e diferenciam as abelhas nativas; Identificar os fatores que contribuem para o desaparecimento das abelhas na região de Cícero Dantas-BA.

12 12 REFERENCIAL TEÓRICO AS PESSOAS DO CAMPO E O CAMPESINATO Os camponeses antigos eram agricultores neopolíticos, que residiam nas áreas consideradas não urbanas. Mantinham uma identidade cultural e subcultural própria, estruturavam suas residências nas áreas próximas as terras que cultivavam. Relatos históricos evidenciam que sua produção excedente ou artesanato eram absorvidos através do pagamento de impostos ou negociados em feiras livres localizadas nas aldeias ou cidades, e se mantinham por meio de intercâmbio e consumo dos estados locais, além dos impérios dos quais faziam parte (HOBEL e FROST, 2006). Nos anos 50 o conceito de camponês adquire lugar de destaque nas ciências sociais brasileiras, simultaneamente se afirma como identidade política em nível nacional. Anterior a essa época recebia nomenclaturas locais de acordo com a sua história e sua região, tais como: caipira em São Paulo, Minas Gerais e Goiás; caiçara no litoral paulista; colono ou caboclo no sul, a depender de sua origem e considerando se era imigrante ou não (MARQUES, 2008). Há inúmeras definições para camponeses, podem ser descritos ou condicionados como agricultores territoriais, que se enquadram por diversos fatores, a ocupação do espaço, as tradições acumuladas e as identidades afirmadas, que possibilitam fazer do meio rural uma alternativa da qual retiram sua fonte de renda e alimentação, em diferentes atividades e escalas (WANDERLEY, 2009). A autodenominação por outros termos pode ocorrer, como exemplo, como pequenos agricultores, com seus alicerces estabelecidos na família, no trabalho e no uso da terra (MACEDO e SOUZA, 2010). Em virtude das relações culturais que o campesinato apresenta, envolvendo questões de identidades territoriais, compreendidas como formas de organização local, que se constitui, manifesta-se e se reproduz por meio de uma cultura vinculada ao seu meio biofísico, podem também ser consideradas populações tradicionais (CUNHA, 2012). Na condição de camponeses estão inseridos os proprietários e posseiros de terras públicas e privadas, extrativistas, dentre eles, povos das florestas, agroextrativistas, ribeirinhos, pescadores artesanais e catadores de caranguejos, castanheiros, quebradeiras de coco-babaçu, açaizeiros; grupos que utilizam os fundos de pasto, os parceiros, os foreiros e os que utilizam

13 13 a terra por cessão; quilombolas e parcelas dos povos indígenas que se integram a mercados, os serranos, os caboclos e os colonos, povos das fronteiras no sul do país, agricultores familiares mais especializados, novos poliprodutores resultantes dos assentamentos de reforma agrária (GODOI et al., 2009; WANDERLEY, 2009). Quando analisada como uma categoria analítica e histórica é constituída por poliprodutores integrados nas causas sociais da atualidade. Sua história social é reconhecida no Brasil pela produção que ocorre em diferentes escalas e distribuídas em diferentes locais de acordo com os diferentes tipos de produtos, tendo como principal característica a alocação e ou recrutamento de mão de obra familiar segundo valores sociais que prezam desde a hierarquia familiar até a distribuição de tarefas (WELCH et al., 2009). Pode ser entendido como uma classe social e não apenas como um setor da economia, uma forma de organização da produção ou um modo de vida, que possui uma organização da produção baseada no trabalho familiar e no uso como valor (MARQUES, 2008). Quanto à origem do campesinato brasileiro, existem distintas discussões sobre a sua existência ou não. Tomando-se por base a análise ortodoxa marxista, não há, muito menos houve, camponeses no Brasil. Sob este aspecto, só existiria sistema camponês a partir da transformação do sistema feudal da serventia, desmistificando a ideia de serventia (PRADO JR, 1960 apud SABOURIN, 2009). Não obstante, a construção de um espaço camponês se efetuou na maioria dos casos, sob o signo da precariedade estrutural, incapaz de desenvolver todas as potencialidades do próprio sistema clássico de produção e de vida social, diferenciando-o, portanto, da estrutura europeia, antes considerada, capaz de fechar o círculo da subsistência (WANDERLEY, 1996). No nordeste brasileiro, por exemplo, a condição camponesa é considerada apenas parcial, pois uma parcela dessa população desempenha atividades que não estão ligadas ao campo, estando sujeita a evoluções (SABOURIN, 2009). Atualmente, mesmo depois do rápido processo de urbanização da população do planeta e da propagação em massa de tecnologias utilizadas na agricultura, cerca de 1,2 bilhão de camponeses e pequenos agregados familiares agrícolas constituem cerca de dois quintos da humanidade e fornecem a maior parte da alimentação consumida no planeta. O papel das agriculturas de base familiar camponesa não pode ser negado, uma vez que as mesmas continuam cumprindo um papel central e determinante para o desenvolvimento das sociedades contemporâneas (SILVEIRA, 2010).

14 14 A luta pela terra é uma característica marcante na história do campesinato brasileiro, além de ser consequência do avanço do capital no campo, que possibilita a trabalho assalariado em contraposição o trabalho camponês (JESUS, 2010). Portanto o camponês constitui-se classe na medida em que desenvolve ações políticas de enfrentamento com outras classes dominantes no campo, cujos interesses no lucro e na renda lhe são antagônicos (SOUZA, 2008, p. 138, apud JESUS, 2010). A MELIPONICULTURA A criação de abelhas sem ferrão, também conhecida como meliponicultura, tem uma grande tradição em alguns países latino-americanos, em que os indígenas souberam como manejá-las (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2005). Recebe esse nome por tratar-se da criação dos meliponínios, que é como são conhecidas as abelhas sem ferrão (FRAZÃO, 2013). É uma atividade geralmente realizada por comunidades tradicionais, e suas características seguem o conhecimento regional e tradicional (CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006). Sua prática pelas populações humanas contribui para a conservação das abelhas e seus habitats (KERR et al., 1996). No Brasil é de extrema importância para a polinização das plantas, produção de mel e, principalmente para as populações do norte e nordeste (KERR, 1997). Além disso, constituise numa alternativa de renda para as populações que residem em várias localidades do país, principalmente no interior da Amazônia e nordeste. É vista como uma prática sustentável, uma vez que se utiliza dos recursos naturais sem comprometer o ambiente, pois sua prática não promove a remoção da cobertura vegetal (VENTURIERE, 2008). O manejo de abelhas nativas sem ferrão de uma forma sistemática parece ter sido uma prática de avançadas culturas mesoamericanas pré-colombianas (ACERETO, 2012). No Brasil, um dos casos mais conhecidos de domesticação e criação de abelhas sem ferrão foi registrado entre os Kayapó, que costumam coletar o mel de um ninho por anos, ou em alguns casos levalos pra casa no próprio tronco ou em cestos e coloca-los dentro das residências (CAMARGO e POSEY, 1990). Segundo Venturieri (2006) as primeiras tentativas de criação racional na região amazônica com o uso de caixas padronizadas e adaptadas à arquitetura comportamental dos meliponínios

15 15 iniciaram-se quando os pesquisadores Virgílio de Portugal-Araújo e Warwick Estevan Kerr passaram a fazer parte da equipe do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, em Manaus-AM. Os mesmos são considerados os pioneiros na criação racional de abelhas nativas sem ferrão. As principais espécies de abelhas nativas do nordeste, geralmente se repetem, a exemplo jandaíra (Melípona subnitida Ducke), a rajada (Melipona asilvae Moure), amarela (Frieseomelita doederlini Friese), moça branca (Tetragona varia Lepeletier), cupira (Partamona cupira Smith) e mosquito (Plebeia mosquito Smith) citada para o Rio Grande do Norte (CÁMARA et al., 2004). Outros exemplos no Brasil podem ser encontrados no Rio Grande do Sul, onde a espécie Plebeia nigriceps é criada de forma racional em caixas feitas com a finalidade de criação e troncos de árvores, obtendo ótimos resultados apesar da pouca produtividade de mel pela espécie (WITTER, et al., 2012). Em comunidades quilombolas na Paraíba, a criação de abelhas sem ferrão, principalmente a uruçu (Melipona scutellaris), é tida como uma atividade tradicional, caracterizada por técnicas de manejo cercadas por conhecimentos ecológicos e crenças que são passadas de geração em geração (CARVALHO et al., 2014). Além de proporcionar mel, resina e cera, o arrendamento de colônias para o serviço de polinização pode ser uma alternativa econômica (CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006). Pode ser integrada a plantios florestais, de fruteiras e de culturas de ciclo curto, podendo contribuir, através da polinização, com o aumento da produção agrícola e regeneração da vegetação natural (VENTURIERI et al., 2003, p 2). Proporciona uma melhor qualidade nos frutos e maior produção destes nas regiões onde é implementada. Porém os estudos que já foram realizados sobre a eficácia destas abelhas na polinização e comprovação da eficácia de abelhas nativas como polinizadores não são bem conhecidos e empregados nos projetos agrícolas (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2005). A Resolução do CONAMA n 346 de 2004 através do Art. 1º disciplina a proteção e a utilização das abelhas silvestres nativas, a implantação de meliponários, sua regulamentação, bem como a obtenção de enxames. Porém a regulamentação da comercialização dos produtos dessas abelhas ainda sofre um grande vazio legal, sendo aplicadas em alguns casos, as normas utilizadas para a comercialização dos produtos das abelhas africanizadas (Apis mellifera) (LOPES et al., 2005). O que em alguns casos pode trazer alguns transtornos aos criadores,

16 16 pois o mel das abelhas nativas possuem características físico-químicas diferenciadas e teor de água maior no mel (ALVES et al., 2005). A regularização das atividades referentes ao manejo de fauna silvestre, dentre elas a criação de abelhas nativas é estabelecida pela Instrução Normativa IBAMA 169, de 20 de fevereiro de A Resolução n 346 em seu Art. 3º informa que é permitida a utilização e o comércio de abelhas e seus produtos, procedentes dos criadouros autorizados pelo órgão ambiental competente, na forma de meliponários, bem como a captura de colônias e espécimes a eles destinados por meio da utilização de ninhos-isca. O 2º do Art. 5º diz que os meliponários com menos de cinquenta colônias e que se destinem à produção artesanal de abelhas nativas em sua região geográfica de ocorrência natural ficam dispensados da obtenção de autorização de funcionamento. Em regiões secas são indicadas as seguintes espécies e abelhas: Mandaçaia (Melipona quadrifasciata anthidioides Lepeletier), Mandaçaia (Melipona mandaçaia Smith), Jandaira (Melipona subnitida Ducke), Munduri (Melipona asilvae Moure), Jatai (Tetragonisca angustula Latreille), Moça branca (Frieseomelitta varia Lepeletier). Alves et al. (2005) consideram que as condições de clima e vegetação das regiões devem ser compatíveis aquelas necessárias para cada tipo de abelha. USO, RELAÇÕES E CONHECIMENTO SOBRE AS ABELHAS As abelhas nativas pertencem à superfamília Apoidea, família Apidae e subfamília Meliponinae, esta última dividida em duas tribos: Meliponini e Trigonini. Dentro dos Meliponinae se encontram mais de 300 espécies, distribuídos em 52 gêneros espalhadas em todo o mundo, desde o Rio Grande do Sul até o Centro do México, mais África, Índia, Malásia, Indonésia e Austrália (KERR et al., 1996). As abelhas produzem o mel, a cera, a própolis e outros produtos que são utilizados dentro de um contexto histórico e cultural por diferentes grupos humanos no Brasil e no mundo (RODRIGUES, 2005; GEHRKE, 2010; BALLESTER, 2006; CAMARGO E POSEY, 1990, LÉVI-STRAUSS, 2004). A forma de uso pode variar conforme a localidade, no Rio Grande do Sul, por exemplo, seu uso é mais comum como adoçante para bebidas ou na cuia de chimarrão por meliponicultores do Rio Grande do Sul (GEHRKE, 2010). Entre os Kaiabi do Mato Grosso, o mel de algumas espécies de abelhas nativas é utilizado na alimentação e no tratamento de algumas doenças como gripes e dores de garganta (BALLESTER, 2006).

17 17 Entre os Kayapó do Pará o pólen e o mel de alguns meliponíneos são utilizados na alimentação (CAMARGO E POSEY, 1990). Já os Pankararé da Bahia utilizam o mel, o pólen e a cera das abelhas nativas principalmente no tratamento de algumas doenças como gripes, inflamações na garganta, asma, tosse, sapinho, picada de cobra, mordida de cachorro, impotência, entre outras (COSTA-NETO, 1998). Dentre as principais abelhas das quais o mel é utilizado como medicinal destaca-se a Uruçú (Melipona subnitida), abelha branca (Frieseomielitta doederleini) e mandaçaia (Melipona mandacaia) (NUNES et al., 2009). Os Guaraní M Byá de São Paulo utilizam o mel principalmente da jataí (Melipona bicolor schencki) na alimentação, consumido puro ou utilizado como adoçante em bebidas, bolos e pães, o tratamento de doenças também foi relatado, dentre as quais resfriados, gripes, tosses, queimação, azia, dores estomacais, ou preparado junto a infusões no tratamento de vermes (RODRIGUES, 2005). Entre os Kaiabi, a cera é empregada no artesanato, e queimada como repelente de insetos, na alimentação fazem uso de crias, de 11etnoespécies (BALLESTER, 2006). A utilização dos produtos das abelhas está inserida em um contexto de manutenção ecocultural. Povos como os Pankararé da Bahia utilizam a cera das abelhas para a fabricação de peças artesanais ligadas às práticas culturais. Os Guaraní M Byá de São Paulo utilizam a cera para a fabricação de velas utilizadas em rituais religiosos e as crias no preparo de um produto que é ingerido com a intenção de estimular a fertilidade tanto feminina quanto masculina (RODRIGUES, 2005). Essas formas de uso são amplamente registradas no Brasil, e, até o século XIX, o mel e a cera eram utilizados na alimentação pelos índios e não-índios, assim como a confecção de velas pelos padres jesuítas (PALAZUELOS BALLIVIÁN, 2008). O conhecimento sobre as abelhas e sua forma de uso são descritos ao longo dos anos, por diversos autores nas distintas localidades do mundo, especialmente por comunidades tradicionais. Camargo e Posey (1990) descrevem o conhecimento do grupo indígena Kayapó, detalhando aspectos sobre a biologia e ecologia das abelhas nativas, narrando desde a estrutura dos ninhos (tipos de entrada e formação internas), formação de novos indivíduos (ciclo de vida e castas), alimentação das abelhas (pólen e néctar), até a sua morfologia. Ainda com comunidades indígenas há registros para os Pankararé da Bahia, onde Costa-Neto (1998) descreve o conhecimento e nomenclatura especifica sobre as abelhas, com descrição detalhada dos caracteres morfológicos adaptativos.

18 18 Estudos apontam que os Kaiabi do Mato Grosso apresentam um vocabulário específico para descrever a morfologia das abelhas (BALLESTER, 2006). Por outro lado os Guaraní M Byá de São Paulo descrevem as estruturas internas dos ninhos das abelhas, a divisão de trabalho entre elas e a função de cada uma, bem como diferenciam algumas espécies através de características antropomórficas (RODRIGUES, 2005). Os Enawene-Nawe do Mato Grosso classificam as abelhas de acordo com aspectos ecológicos, etológicos e características sociais, além das características morfológicas (SANTOS e ANTONINI, 2008). Os Kaiabi acima citados afirmam que as abelhas costumam nidificar em ocos de árvores, e detém o conhecimento sobre em quais plantas as abelhas constroem seus ninhos e buscam seus alimentos (BALLESTER, 2006), meliponicultores do Rio Grande do Sul, relatam o processo de enxameação, bem como o acasalamento de uma rainha (WITTER et al., 2007). O conhecimento sobre as abelhas e sua criação pode vir através dos pais ou parentes próximos ou de cursos (GEHRKE, 2010; CÁMARA et al., 2004), podendo sofrer alteração dentro das próprias gerações (CARVALHO, et al, 2014). A transmissão do conhecimento sobre as abelhas entre os Guaraní M Byá, por exemplo, é transmitido principalmente através da oralidade, além da assimilação através do acompanhamento e observação do comportamento dos mais velhos e replicação de suas práticas pelos mais jovens (RODRIGUES, 2005). A meliponicultura é uma prática entre famílias que tem como base atividades agrícola, como citado por Gehrke (2010), os meliponicultores no vale do rio Rolante, Rio Grande de Sul tem a meliponicultura como atividade secundária, que apresenta diversas características peculiares, como a construção de caixas em diferentes formatos, baseados no conhecimento herdado dos pais além das informações técnicas que receberam (GEHRKE, 2010). Cámara et al. (2004) constataram em uma pesquisa realizada com meliponicultores do Rio Grande do Norte, que para 13,64% dos entrevistados a atividade era tida como a principal fonte de renda. Nas cidades de Afogados da Ingazeira, São José do Egito e Igarassu, localizadas em Pernambuco, Caraúbas no Rio Grande do Norte, algumas famílias rurais investem na meliponicultura como alternativa para o complemento da renda, além de contribuírem para a conservação da biodiversidade local, através da criação de espécies de abelhas nativas e plantio e conservação da flora nativa (FERNANDES, 2012). Na Amazônia, incentivos de melhoria na criação foram bem vistos pelos criadores tradicionais de abelhas da região, que atrelaram o manejo tradicional com técnicas introduzidas (VENTURIERI et al., 2003).

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23 23 ARTIGO 01: Trevoadas, flores e mel no sertão baiano 1 RESUMO: Este estudo tem como objetivo identificar a relação entre as variações de chuva, florada das plantas da região, polinização realizada pelas abelhas e produção de mel na percepção dos criadores de abelhas de Cícero Dantas-BA. Os dados foram obtidos no mês de julho de 2014, tendo como instrumento de pesquisa a observação participante auxiliada com questionário semiestruturado, aplicado aos meliponicultores das áreas rurais. Os criadores de abelhas têm uma representação particular acerca dos fatores edafoclimáticos da região em que vivem, dentre eles a variação do período de chuvas caracterizado pelas trevoadas, a influência desse volume de chuva na fenologia e floração das espécies vegetais que ocorrem na região, entre as quais são citados o cajueiro (Anacardium occidentale L.) e a jurema (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir), dentre outras espécies perenes. O período de floração é citado como ocorrente pós trevoadas, e um total de 11 espécies de plantas com potencial apícola e meliponícola também são reconhecidas pelos criadores. As interpretações dos meliponicultores sobre as características edafoclimáticas e sua relação com a produção de mel das abelhas da região permitem entender como os mesmos se relacionam com o ambiente e buscam na natureza os meios para sua subsistência, possibilitando estabelecer perspectivas futuras para a melhoria no uso das abelhas nativas e flora associada ocorrente na região. Palavras-chave: Pessoas; Caatinga; Semiárido; Chuvas; Polinização. ABSTRACT: This paper identify the relationship between the rainfall variations, flowering plants in the region, pollination by bees and honey production in the perception of beekeepers of Cicero-BA. Data were collected in July 2014, through participant observation aided by semi-structured questionnaire, applied to beekeepers in rural areas. The bee breeders have a particular representation about edaphoclimatic factors of the region in which they live, including the variation of the rainy season characterized by "trevoadas", the influence of rain volume in phenology and flowering plant species occurring in the region, among which are cited cajueiro (Anacardium occidentale L.) and jurema (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir), among other perennial species. The flowering period is quoted as occurring after the "trevoadas", and a total of 11 species of plants have beekeeping potential and are recognized by the breeders. Interpretations of beekeepers about edaphoclimatic characteristics and its relation to the production of honey bees in the region allow us to understand how beekeepers relate to the environment and seek in nature the means for subsistence, allowing establish future prospects for improvement in the use of native bees and associated flora occurring in the region. Key words: People; Caatinga; Semiarid; Rain; Pollination. 1 Texto aprovado e apresentado na forma de resumo expandido no II Seminário Internacional de Ecologia Humana-2014.

24 24 1. Introdução A trovoada é um fenômeno meteorológico muito comum no semiárido do nordeste do Brasil, especialmente no período seco, onde os índices pluviométricos são baixíssimos. Geralmente está associada às pancadas de chuvas, trovões e raios de grande quantidade de energia eletromagnética, decorrentes da instabilidade atmosférica, umidade elevada e ascensão do ar. No semiárido, registrando-se precipitação pluviométrica nos limites de 400 a 800 mm de chuvas (MMA, 2007; ARAÚJO et al., 2011), com um regime de chuvas fortemente concentrado em quatro meses, de fevereiro a maio, e uma grande variabilidade interanual (CIRILO et al., 2015). Em áreas com menor continentalidade o período seco é menor, atingindo no máximo seis meses. Por outro lado, este período aumenta proporcionalmente chegando até oito meses, em áreas maiores (REIS, 2004). A escassez de chuvas causa vários problemas à população local, com sérias implicações no âmbito socioeconômico, principalmente sobre aqueles que têm menor poder de compra, a exemplo de pequenos agricultores, que dependem das chuvas para uma boa colheita dos seus produtos do campo (CIRILO et al., 2015). No entanto, estudos mais detalhados tem demonstrado que a região apresenta uma grande diversidade de quadros naturais e socioeconômicos (SILVA et al., 2003), como por exemplo as comunidades de fundo de pasto, que criam caprinos, bovinos e ovinos, além de praticarem a agricultura de subsistência (FREITAS, 2007). De um modo geral, a população da região tem se concentrado nas adjacências das cidades maiores, polos industriais e perímetros irrigados (SANTOS, 2005). Sabe-se que convivência com o semiárido não é fácil, principalmente em anos onde o índice pluviométrico é baixo, prejudicando principalmente a atividade agrícola (SILVA, et al., 2003). Esta, por depender de ciclos regulares de chuvas, é uma das mais prejudicadas, visto que as variações climáticas representam prejuízos, principalmente aos pequenos agricultores, que passam a concentrar suas atividades econômicas na pecuária, praticada com o auxílio de subsídios para a manutenção dos rebanhos (ALVES, 2007). Este trabalho objetivou identificar a percepção dos camponeses criadores de abelhas nativas quanto às variações de chuva ocorrentes na região, buscando entender como esses índices pluviométricos (trovoadas) vão interferir na floração de plantas melíferas e produção de mel na cidade de Cícero Dantas-BA.

25 25 2. Material e métodos O município de Cícero Dantas-BA está localizado no nordeste da Bahia, pertencendo, segundo a nova regionalização estadual, ao território de identidade Semiárido Nordeste II (FIGURA 1). Situado nas coordenadas de 10º36 00"S e 38º23 00"W, distante km da capital Salvador, cobrindo uma área de Km 2, à m de altitude em relação ao nível do mar. O clima é subúmido a seco, típico do bioma caatinga, com temperatura média anual de 23.1 C, precipitação pluviométrica média anual de 901,9 mm e período chuvoso de maio a julho (SEI-BA, 2011). A população estimada é de habitantes (IBGE, 2010). Figura 01- Localização do município de Cícero Dantas/BAHIA - IBGE Autor: SILVA, A. L. da (2015) A região encontra-se inserida nas Bacias dos rios Vaza Barris e Real, os principais rios são: Quingomes, Baixa do Tubarão e riacho do Saco. O relevo, esculpido em rochas sedimentares da bacia do Tucano, corresponde tabuleiros dissecados por drenagem relacionada à bacia hidrográfica do rio Vaza-Barris. O tipo de vegetação predominante é a caatinga (SEI-BA, 2011), caracterizada como florestas arbóreas ou arbustivas, com a presença principalmente de

26 26 árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas (PRADO, 2003). Coleta de dados Como método da pesquisa utilizou-se o diagnóstico rural participativo (DRP), que consiste em um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico, através do gráfico histórico que, segundo Sieber e Albuquerque (2010), pode ser usado como ferramenta que representa graficamente as mudanças que afetaram a comunidade em relação a alguma questão específica de interesse do pesquisador. A pesquisa foi realizada no mês de junho de 2014 e contou com a participação de 21 criadores de abelhas residentes na zona rural de Cícero Dantas-BA, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecimento concordando em participar da pesquisa, aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, parecer nº Os dados foram analisados pelo modelo de união de diversas competências individuais, que consiste em considerar todas as informações obtidas nas entrevistas (SOUZA, 2007). A identificação das espécies vegetais foi feita com base nas fotos e nomes vernáculos informados pelos criadores de abelhas, através da consulta de material bibliográfico. As espécies de abelhas coletadas foram preservadas de acordo com as técnicas usuais para coleções entomológicas e identificadas por especialistas da Universidade do Recôncavo da Bahia - UFRB. 3. Resultados e discussão Várias regiões do nordeste brasileiro costumam passar por grandes períodos de estiagem, no entanto apresentam períodos de trevoada, que são as chuvas que acontecem fora do período de inverno. Segundo os meliponicultores, as trevoadas ocorrem normalmente entre os meses de novembro e dezembro, podendo se estender por mais alguns meses. Ab Saber (1999) considera o homem do sertão como um grande conhecedor dos assuntos relacionados a terra, dentre os quais os sinais das trevoadas com suas chuvas, a chegada da época de chuvas chamada inverno, bem como o conhecimento das potencialidades produtivas das diversas áreas dos sertões.

27 27 Reis (1976) relata essa variação de chuva que ocorre entre os últimos e os primeiros meses do ano, como causados através do deslocamento da massa de ar úmida equatorial continental que se origina ao longo da Amazônia e produzindo fortes chuvas de convecção podendo chegar a região nordeste entre os meses de novembro a janeiro, podem estender-se até fevereiro ou abril no norte e nordeste. A intensidade dessas chuvas bem como sua frequência determina a produtividade de atividades agrícolas e pecuárias da região, bem como influenciam na criação de abelhas realizada pelos meliponicultores da região de Cícero Dantas-BA, que dependem diretamente da ocorrência destas chuvas para manutenção das espécies de plantas com flores, ocorrentes na região, das quais as abelhas coletam o néctar e pólen. Quando chove bem, a flor é muita (INFORMANTE 01), assim como confirma o informante 02, tem mais mel se ela for uma chuva continuada, ai a produção de mel aumenta. Almeida et al. (2003), ressaltam que a chuva, é um fator determinante na época da pré-floração, garantindo as condições necessárias para uma eficiente floração. As espécies de plantas nativas que florescem logo após o período de trevoadas nomeadas como matos de inverno, o cajueiro (Anacardium occidentale L.) e outras espécies polínicas (TABELA 01), podem ser consideradas uma das principais fontes de néctar e pólen para as abelhas que ocorrem na região, ressaltando que algumas plantas produzem apenas néctar ou apenas pólen, e em alguns casos os dois recursos. Cerca de 70 espécies de plantas endêmicas da caatinga são visitadas por abelhas do gênero Centris, que buscam pólen e néctar nas flores (AGUIAR et al., 2003). Uma variedade de árvores e arbustos endêmicos da caatinga, além de árvores frutíferas foi relatada para a região do agreste pernambucano, como fontes de recursos por abelhas nativas de diversos gêneros (MILET-PINHEIRO e SCHLINDWEIN, 2008). Tabela 01: Espécies de plantas polínicas citadas pelos meliponicultores de Cícero Dantas BA NOME VERNÁCULAR NOME CIENTIFÍCO Jurema-de-raso Murta Sabiá Candeia Abóbora braba Moleque-duro Quipé Berduegua Velande Ervanço Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir Murraya paniculata (L.) Jack Mimosa caesalpinifolia Benth. Gochnatia oligocephala (Gardener) Cabreira Cucurbita sp. Varronia globosa Jacq Piptadenia sp. Portulaca sp. Croton sp. Sida galheirensis Ulbr.

28 28 O cajueiro apresenta um período de floração muito curto, porém suas flores são em grande quantidade e representa uma das espécies mais acessíveis para as abelhas na região. O cajueiro é uma árvore bastante comum na região nordeste e demais parte do país, encontrado em pomares, praças, quintais, etc (MAIA-SILVA et al., 2012). A jurema na região é considerada uma espécie que fornece muito pólen, Dá pólen, e muito pólen, não é considerada uma espécie produtora de néctar pela maioria dos meliponicultores, os mesmos relatam que nunca perceberam a busca das abelhas por esse recurso, o que para os mesmo seria de grande relevância: [...] bom mermo era se a jurema desse mel (INFORMANTE 01), nesse contexto a palavra mel é usa para descrever o néctar que é produzido pelas plantas. Considerada arbusto ou arvoreta, a jurema pode chegar a 5 m de altura, distribuindo-se em regiões secas (GIULIETTI, 2006). Floresce durante um longo período do ano, porém predominantemente durante a estação seca, fornecendo recursos florais, pólen e néctar para muitas espécies de abelhas, vespas, moscas e outros insetos (MAIA-SILVA et al., 2012). Outras espécies como o sabiá (Mimosa caesalpinifolia), a jurema-de-raso ou jurema-preta (Mimosa tenuiflora), o velande (Croton sp.), o quipé (Piptadenia sp.) e o ervanço (Sida sp.) são plantas tidas como potenciais para o fornecimento de pólen para espécies de abelhas nativas em diferentes cidades da Bahia (SANTANA et al., 2011). As espécies de abelhas nativas, como a mandaçaia (Melipona mandacaia) e a africanizada (Apis mellifera), segundo um dos meliponicultores aumentam consideravelmente sua produção de mel em períodos de grande volume de chuva. O número de coletas pode chegar a três em se tratando da abelha Apis, nesse período você tira duas três colheitas de mel tranquilo, num período de uma trovoada dessas, porque são várias plantas ao mesmo tempo florando (INFORMANTE 03), os meliponicultores associam o aumento das chuvas à floração das plantas ocorrentes nas proximidades dos enxames. O principal recurso para os polinizadores é o néctar, embora o pólen também costume ser coletado por alguns polinizadores, incluindo algumas espécies de abelhas, a exemplo das abelhas solitárias do gênero Centris, conhecidas como abelhas coletoras de mel, principais polinizadoras do cajueiro, e espécies de abelhas sem ferrão como a abelha jandaíra (Melipona subnitida Ducke), que também coletam néctar nas flores do cajueiro (MAIA-SILVA et al., 2012).

29 29 Durante dez meses do ano, as abelhas eussociais retiram alimento da natureza na caatinga (LORENZON et al., 2003). A produção anual de mel em colmeias de abelhas nativas pode chegar, em média, a dois litros de mel por colmeia dependendo da espécie, em alguns casos em estações de chuva essa quantidade pode aumentar consideravelmente podendo chegar a seis litros (CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006). O processo de polinização realizado pelas abelhas ao coletarem o néctar e o pólen é descrito pelo informante 01, ela vai tirando o pólen de uma levando pra outra..., assim como os benefícios desse processo no aumento da produção de frutos: [...] também aumenta os frutos [...] (informante 02). Este processo é descrito por Imperetariz-Fonseca et al. (2004), onde as abelhas ao visitarem as flores em buscas de pólen e néctar realizam o processos de polinização, garantindo a fertilização cruzada e consequentemente o aumento da produção de frutos. 4. Considerações finais Os meliponicultores da região rural de Cícero Dantas-BA, através de suas representações culturais reconhecem a variação das chuvas no sertão, as quais de acordo com características como duração e época do ano, podem ser classificadas como trevoadas. Sua intensidade e frequência determinam o produto resultante das atividades agropecuárias e agrícolas da região, bem como a produção de mel das abelhas que são criadas. A disponibilidade de recursos florais como o néctar e o pólen decorrente da floração das plantas locais determina a quantidade de mel que é produzido pelas abelhas, e, consequentemente, sua intensidade influencia diretamente no número de coletas de mel, constatada em maior quantidade nos enxames de Apis mellifera em relação à espécie nativa Melipona mandacaia. Uma das alternativas para a melhoria da produção de mel é a elaboração de um calendário polínico com os meses de florada das plantas nativas ocorrentes no período pós trevoadas, além da implementação de alimentação artificial dos enxames de abelhas quando não houver florada na região.

30 30 5. Referências bibliográficas AB'SÁBER, A. N. Sertões e sertanejos: uma geografia humana sofrida. Estudos Avançados. ISSN São Paulo, v. 13, n. 36, maio/ago, AGUIAR, C. M. L.; ZANELLA, F. C. V.; MARTINS, C. F.; CARVALHO, C. A. L. Plantas Visitadas por Centris spp. (Hymenoptera: Apidae) na Caatinga para Obtenção de Recursos Florais. Neotropical Entomology. v. 32, n. 2, p ALMEIDA, D.; MARCHINI, L. C.; SODRÉ, G. S.; D ÁVILA, M.; ARRUDA, C. M. F. Plantas visitadas por abelhas e polinização. Piracicaba: ESALQ - Divisão de Biblioteca e Documentação, 40 p ALVES, J. J. A. Geoecologia da caatinga no semi-árido do nordeste brasileiro. Climatologia e Estudos de Paisagem. Rio Claro, v. 2, n. 1, p 58. jan/jun, ARAÚJO, S. M. S. A região semiárida do nordeste do Brasil: Questões Ambientais e Possibilidades de uso Sustentável dos Recursos. Rios Eletrônica- Revista Científica da FASETE. n CIRILO, J. A.; MONTENEGRO, S. M. G. L.; CAMPOS, J. N. B. A Questão da Água no Semiárido Brasileiro. Disponível em: < Acesso em: 12 fev CORTOPASSI-LAURINO, M.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; ROUBIK, D. W.; DOLLIN, A.; HEARD, T.; AGUILAR, I. B. VENTURIERI, G. C.; EARDLEY, C.; NOGUEIRA-NETO, P. Global Meliponiculture: challenges and opportunities. Apidologie. v. 37, p FREITAS, S. F. Conservação ambiental e populações tradicionais. In: As Caatingas: debates sobre a ecorregião do Raso da Catarina. Juracy Marques (Org.). Paulo Afonso: Fonte Viva, 216p GIULIETTI, A. M. (Ed.). Plantas da caatinga: perfil botânico, fitoquímica e atividade biológica. Recife, Associação Plantas do Nordeste, v. 4, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em: < cicer o-dantas infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em: 15 mar IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CONTRERA, F. A. L.; KLEINERT, A. M. P. A Meliponicultura e a iniciativa brasileira dos polinizadores. In: XV Congresso Brasileiro de Apicultura. Natal, RN, p

31 31 LORENZON, M. C. A.; MATRANGOLO, C. A. R.; SCHOEREDER, J. H. ECOLOGY, BEHAVIOR AND BIONOMICS. Flora Visitada Pelas Abelhas Eussociais (Hymenoptera, Apidae) na Serra da Capivara, em Caatinga do Sul do Piauí. Neotropical Entomology. v. 32, n. 1, p MAIA-SILVA, C.; SILVA, C. I.; HRNCIR, M.; QUEIROZ, R. T.; IMPERATRIZ- FONSECA, V. L. Guia de plantas: visitadas por abelhas na Caatinga. 1. ed. Fortaleza, CE: Editora Fundação Brasil Cidadão, MILET-PINHEIRO, P.; SCHLINDWEIN, C. Comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) e plantas em uma área do Agreste pernambucano, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia. v. 52, n. 4, p MMA-Ministério do Meio Ambiente. Atlas das áreas susceptíveis à desertificação do Brasil. Universidade Federal da Paraíba; Marcos Oliveira Santana (Org.). Brasília: MMA, p PRADO, D. E. As Caatingas da América do Sul. In: LEAL, R. I.; TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Ed. Universitária da UFPE, p REIS, R. R. A. Paulo Afonso e o Sertão baiano: sua geografia e o seu povo. 1 ed. Paulo Afonso-BA: Editora Fonte Viva, REIS, A. C. S. Clima da caatinga. Anais da academia brasileira de ciências, v. 48, n. 2, p , SANTANA, A. L. A.; FONSECA, A. A. O.; ALVES, R. M. O.; CARVALHO, C. A. L.; MELO, P. A.; SILVA, E. S.; SOUZA, B. A.; JESUS, J. N.; SODRÉ, G. S. Tipos polínicos em amostras de méis de abelhas sem ferrão de municípios do semiárido baiano. Magistra. Cruz das Almas, v. 23, n. 3, p SANTOS, J. M. Ecologia de Homens e Mulheres do Semi-árido. (Org.) SANTOS, J. M. Paulo Afonso-BA: Editora Fonte Viva, SEI-BA. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Estatística dos municípios baianos. Salvador, BA. v. 25, p SIEBER, S. S.; ALBUQUERQUE, U. P. Métodos Participativos na Pesquisa Etnobiológica. In: Métodos e Técnicas na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecologica. Albuquerque et al. (Org.). Recife-PE. NUPEEA, v

32 32 SILVA, J. M. C.; FONSECA, M. T.; LINS, L. V. (Orgs.) Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente: Universidade Federal de Pernambuco. p SOUZA, J.H. Os aracnídeos (Arachnida: Araneae, Scorpiones) na comunidade quilombola de Mesquita, Goiás: um estudo de caso sobre etnobiologia. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) Universidade de Brasília, Brasília, p 114, 2007.

33 33 ARTIGO 02: A meliponicultura praticada pelos camponeses de Cícero Dantas-BA RESUMO: Os diferentes grupos humanos se relacionam com as abelhas há muitos séculos, seja através de rituais religiosos, consumo de seus produtos ou utilização simbólica. Já a criação racional de abelhas é uma atividade mais recente e garante fontes renováveis de produtos como o mel, além de contribuir para a conservação de diversas espécies nativas. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo descrever os tipos de relações que os camponeses criadores de abelhas mantêm com as abelhas, bem como seus conhecimentos sobre as abelhas nativas ocorrentes na região de Cícero Dantas-Ba. A pesquisa foi realizada na área rural da cidade, entre os meses de março e dezembro de Contou-se com a participação de 21 criadores de abelhas nativas residentes em 12 povoados. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário semiestruturado, que foi aprovado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa CEP. A meliponicultura na região de Cícero Dantas é uma atividade secundária, praticada em sua maioria de forma tradicional, as principais espécies criadas são mandaçaia (Melipona mandacaia), moça branca (Frieseomelitta doederleini), mosquitinho (Plebeia sp.), jataí (Tetragonisca angustula), manduri (Melipona asilvai), caruara (Trigona sp.) e cupinheira (Partamona sp.). O conhecimento que os meliponicultores detêm sobre as abelhas foi passado através dos pais ou parentes mais velhos e por meio dele é possível à identificação de cada espécie, reconhecimento das atividades de cada abelha e identificação das plantas melíferas. Várias motivações levaram a criação, dentre elas a apreciação estética e o investimento como fonte de renda, algumas técnicas de alimentação são empregadas na manutenção dos enxames. O principal produto utilizado pelos meliponicultores é o mel, que é vendido ou utilizado na alimentação e preparação de medicamentos. O pólen e a resina também são aproveitados, porém com menor frequência. O entendimento das relações entre as comunidades rurais nordestinas e as abelhas é de fundamental importância para a implementação de políticas públicas que venham a melhorar a meliponicultura na região, bem como contribuir para a conservação dos meliponíneos nativos. Palavras-chave: Nordeste; Manejo tradicional; Meliponíneos; Conservação. ABSTRACT: The different human groups relate to the bees many centuries, either through religious rituals, consumption of their products or symbolic use, the rational beekeeping is a more recent activity and ensures renewable products such as honey and contribute to the conservation of several native species and therefore, this paper describe the types of relationships that the creators of peasants keep bees with bees, as well as their knowledge of the native bees occurring in the region of Cicero-Ba. The survey was conducted in rural town, from March to December 2014, counted on the participation of 21 creators of native bees residents in 12 villages. For data collection we used a semi-structured questionnaire, which was approved by the Ethics in Research Committee - CEP. The beekeeping in the region of Cicero is a secondary activity, practiced mostly in the traditional way, the main species created are mandaçaia, white girl, mosquito, jataí, Mandi, Caruara and cupinheira. The knowledge that beekeepers holds about bees was passed through parents or older person and

34 34 through it is possible to identify each species recognition of the activities of each bee and identification of honey plants. Several reasons led to the creation, among them the aesthetic appreciation and investment as a source of income, some feeding techniques are used for the maintenance of swarms. The main product used by beekeepers is honey, which is sold or used to supply and preparation of medicines. Pollen and resin are also utilized, but less frequently. Understanding the relations between the rural northeastern communities and bees is of fundamental importance for the implementation of public policies that will improve beekeeping in the region and contribute to the conservation of native stingless bees. Keywords: Northeast; Traditional management; Stingless bees; Conservation. INTRODUÇÃO Grupos humanos brasileiros se relacionam com várias espécies de abelhas nativas, utilizando o mel e outros recursos na alimentação, no tratamento de doenças, na preparação de bebidas, entre outros (POSEY, 1982; CARVALHO et al., 2014). Sua importância ultrapassa os valores econômicos, agregando valores simbólicos, místicos, cosmológicos e ecológicos (CAMARGO e POSEY, 1990; POSEY, 1983). Nos ecossistemas brasileiros, as abelhas nativas são responsáveis pela polinização de cerca de 30% das espécies da caatinga e do pantanal, até 90% em algumas manchas de mata atlântica e algumas partes da Amazônia (KERR, 1997), a principal contribuição que as abelhas podem dar a natureza é através desse processo e consequentemente a melhoria da produção de sementes e frutos (KERR et al., 1996; IMPERATRIZ-FONSECA, 2004). A prática da criação das abelhas nativas (meliponicultura) pelas populações humanas contribui para a conservação das abelhas e seus habitats (KERR et al., 1996). É mantida no Brasil principalmente por povos indígenas, comunidades tradicionais e camponeses (ALVES et al., 2007). Pode ser uma alternativa econômica para comunidades agrícolas familiares, através da venda dos produtos oriundos das atividades das abelhas, como o mel e o pólen, além de aumentar à produtividade das lavouras próximas as regiões de criação (VENTURIERI et al., 2003). Além da diversidade biológica, a meliponicultura associa-se a uma grande quantidade de práticas e saberes locais, que marcam a relação entre o âmbito biofísico e o sociocultural e tem implicações na conservação, manejo e gestão da fauna nativa (NATES-PARRA e ROSSO-LONDOÑO, 2013). Atendendo os preceitos do uso sustentável dos recursos naturais, uma vez que não necessita da remoção da cobertura vegetal (VENTURIERE, 2008).

35 35 A diminuição dos polinizadores nas últimas décadas tem intensificado as pesquisas para ampliar o conhecimento sobre as abelhas nativas, uma vez que há uma lacuna muito grande em várias regiões do Brasil (FREITAS et al., 2009). Os estudos sobre os meliponíneos e a meliponicultura no nordeste estão fragmentados por regiões ou por estados, o que dificulta ter uma visão geral sobre aspectos mais relacionados, como tipo de manejo, espécies criadas e práticas sustentáveis, alguns autores trabalham apenas com determinados aspectos em algumas dessas regiões, como por exemplo, Carvalho et al (2014) e Carvalho e Martins (2014), que trazem aspectos mais culturais da meliponicultura na Paraíba, enquanto que Modercin et al. (2007) e Sampaio et al. (2009) descrevem a utilização dos recursos das abelhas por grupos indígenas na Bahia, já Alves et al. (2005) trata de aspectos mais técnicos da criação. O município de Cícero Dantas-BA, caracteriza-se por apresentar uma economia baseada no comércio e na agropecuária, incluindo a produção de mel de abelhas exóticas (SEI-BA, 2011). De acordo com análises do solo da região, suas terras apresentam uma maior capacidade de uso voltado para a implementação de pastagens, muito embora a indicação metodológica aponte para o uso de pastagens, é aconselhável a conservação e/ou recuperação da mata nativa (MARQUES et al., 2011), contribuindo para a manutenção de características do solo, prevenindo a desertificação da área. No nordeste, a meliponicultura praticada por comunidades tradicionais está impregnada de valores culturais, como crenças sobre algumas espécies e técnicas tradicionais de manejo. A atividade pode contribuir para a conservação das espécies de abelhas nativas (CARVALHO et al., 2014), além de ser uma alternativa econômica para as famílias que a praticam, uma vez que o mel pode ser vendido em pequenos frascos por um valor médio de US $ 40 em lojas especializadas (CORTOPASSI-LAURINO et al., 2006), ou a depender da espécie, o litro pode chegar a R$ 100 (ALVES et al., 2005). Com base nessas premissas o presente estudo tem como objetivo descrever os tipos de relações que os camponeses criadores de abelhas mantêm com as abelhas, bem como seus conhecimentos sobre as abelhas nativas ocorrentes na região de Cícero Dantas-Ba.

36 36 MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O município de Cícero Dantas está localizado no nordeste da Bahia (FIGURA 02), nas coordenadas de 10º36 00"S e 38º23 00" W, distante km da capital Salvador, cobrindo uma área de Km 2. Está a m de altitude em relação ao nível do mar, numa área de clima de subúmido a seco, típico do bioma caatinga, com temperatura média anual de 23.1 C, precipitação pluviométrica média no ano de 901,9 mm e período chuvoso de maio a julho (SEI-BA, 2011). A população estimada é de habitantes, dos quais pessoas residem na área urbana e na área rural (IBGE, 2010). Figura 02: Localização do município de Cícero Dantas-BAHIA Autor: SILVA, A. L. da (2015) A região encontra-se inserida na Bacia do rio Vaza Barris e Bacia do Rio Real, e seus principais rios são: Quingomes, Baixa do Tubarão e Riacho do Saco. O relevo, esculpido em rochas sedimentares da bacia do Tucano, corresponde tabuleiros dissecados por drenagem relacionada à bacia hidrográfica do rio Vaza-Barris. O tipo de vegetação predominante é a caatinga (SEI-BA, 2011), caracterizada como florestas arbóreas ou arbustivas, com a presença

37 37 principalmente de árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas, tendo como principais espécies botânicas a Amburana cearensis imburana de cheiro, Anadenanthera colubrina angico, Caesalpinia pyramidalis catingueira, várias espécies de Croton marmeleiros e velames, espécies de Mimosa calumbíes e juremas, além de algumas espécies de Cactaceae, Bromeliaceae e lianas (PRADO, 2003). As receitas municipais provêm basicamente da agricultura, pecuária e avicultura. Na agricultura destaca-se a produção expressiva de feijão e milho. Os maiores rebanhos são os bovinos, suínos e ovinos. O município produz ainda mel de abelhas do tipo Apis e leite de vaca (SEI-BA, 2011). Escolha dos sujeitos da pesquisa, coleta análise dos dados Para a escolha dos participantes da pesquisa utilizou-se como critério ser criador de abelhas nativas sem ferrão na área rural da cidade de Cícero Dantas-BA, bem como praticar algum tipo de atividade agrícola, ou manter algum vínculo com atividades ligadas a terra. Como técnica de amostragem utilizou-se o tipo bola de neve, que segundo Bailey (1994) consiste em conversar com o primeiro informante indicado e perguntar quais outras pessoas da área estudada podem ser tidas como informantes detentores de conhecimento, repetindo-se o processo com os demais participantes até que as indicações se repitam por exaustividade. Para a coleta de dados foi utilizada um modelo de entrevista semiestruturada. Este tipo de entrevista possibilita uma maior flexibilidade as perguntas que foram aplicadas, como resalta Albuquerque et al. (2010), permitindo ao entrevistador aperfeiçoar as perguntas ao longo da entrevista conforme a necessidade de relevância das informações durante a sua realização. Inicialmente foram realizadas visitas aos camponeses criadores de abelhas sem ferrão nas comunidades rurais da região de Cícero Dantas-BA, para a apresentação do projeto e contato prévio com as pessoas da comunidade. Este primeiro contato teve por objetivo observar o trabalho dos criadores de abelhas sem ferrão, bem como saber da disponibilidade dos mesmos para responder as entrevistas. As visitas à comunidade para a coleta de dados foram realizadas de acordo com um calendário elaborado, baseado na disponibilidade das pessoas da comunidade.

38 38 Foram realizadas 21 entrevistas com meliponicultores residentes nos povoados Rodeador, Quixaba, Baixa da Onça, Baixa de Fora, Bela Vista, Faleira, Faleira II, Fazenda Estrelo, Fazenda Lagoa Seca, Fazenda Saco, Campina de Castro, Curral Falso (próximo ao município de Ribeira do Pombal-BA) e nas imediações da área urbana da cidade. As visitas para a aplicação dos questionários iniciaram-se em março de 2014 e finalizaram em dezembro de Todas as entrevistas foram gravadas com o auxílio de uma câmera filmadora. Para isso, foi assinado o termo de cessão de imagem e som pelos informantes, o material, vídeos e transcrições das entrevistas estão depositados no Núcleo de Estudos em Povos e Comunidades Tradicionais e Ações Socioambientais (NECTAS), localizado no campus da Universidade do Estado da Bahia em Paulo Afonso. Utilizou-se como recursos extras, diário de campo e caderno de anotações. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo comitê de ética da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, parecer nº , e o consentimento dos informantes para publicação dos resultados e quaisquer imagens que o acompanham foi obtido através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para identificação das plantas visitadas pelas abelhas e usadas pelas mesmas como local de nidificação na natureza, construção de cortiços, bem como fontes de néctar, pólen e resina, foi utilizado o método de turnê guiada, o qual segundo Albuquerque et al. (2010) consiste na excursão numa área de vegetação com um dos representantes da comunidade para que o mesmo informe os nomes vernáculos de plantas e animais que ocorrem na região, bem como suas utilidades. Este método foi aplicado somente com aqueles que informaram saber a relação entre as abelhas e as plantas. As espécies de plantas apontadas pelos camponeses foram fotografadas e seus nomes vernáculos anotados. Para a identificação das espécies seguiu-se a metodologia do tipo pista taxonômica, que consiste na comparação dos nomes vernáculos citados com trabalhos da mesma região, complementando a identificação com a comparação das fotos das plantas encontradas no catálogo eletrônico Flora do Brasil. A identificação do material zoológico (abelhas) foi realizada através de coleta de alguns exemplares de cada espécie criada pelos camponeses, posteriormente os mesmos foram preparados e depositados no laboratório de ecologia animal da UNEB - Universidade do Estado da Bahia e enviados para especialista da UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Os dados foram analisados pelo modelo de união de diversas competências individuais, que consiste em considerar todas as informações obtidas nas entrevistas (SOUZA, 2007).

39 39 Complementando com uma análise a partir de uma abordagem qualitativa (AMOROZO e VIERTLER, 2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO A meliponicultura na região de Cícero Dantas, Bahia Os meliponicultores da região de Cícero Dantas-BA representam 0,065% da população da região, sendo uma atividade, praticamente masculina (20 entrevistados), com idades que variaram entre 22 e 82 anos. A atividade da meliponicultura é desenvolvida paralelamente à agricultura e pecuária, além destas atividades também foram encontrados trabalhadores autônomos, ajudante de pedreiro, pedreiro, agente de saúde, marceneiro, apicultor e aposentados, seguindo o padrão de outras localidades. Venturiere et al. (2003) relatam o caso dos agricultores de Bragança-PA, que também praticam a criação concomitante a outras atividades. A meliponicultura no Brasil normalmente é tida como uma atividade secundária, como é o caso dos agricultores e pecuaristas do município de Paritins na Amazônia, que a pratica com o intuito de complementar a renda familiar e ter opções de polinização para seus pomares (COSTA et al., 2012). A renda média das famílias desses meliponicultores variou entre menos de um a três salários mínimos, o número médio de pessoas por residência foi de 2,91. A venda do mel e de outros produtos das abelhas não apresenta contribuição considerável em relação às outras atividades principais. Foram registrados 243 enxames de sete espécies de abelhas nativas (TABELA 02), com destaque para mandaçaia, com um total de 211 enxames. Um dos fatores que influenciam a preferência pela criação dessa espécie é o fato da mesma produzir mais mel em relação às demais espécies, bem como a maior apreciação por seus produtos. As espécies de abelhas encontradas na região são conhecidas apenas por seus nomes vernaculares (TABELA 02). A nomenclatura e designação dos nomes das abelhas nativas pode variar de acordo com a região e grupo tradicional, como é o caso do grupo indígena Kayapó no Brasil (POSEY, 1987; CAMARGO e POSEY, 1990), Mbya-Guaraní do Paraná (BADIE, 2009), população da Península de Yucatán no México (ACERETO, 2012),

40 40 agricultores familiares amazônicos (VENTURIERE, 2006; VENTURIERE et al., 2003; COSTA et al., 2012), populações rurais da floresta atlântica Argentina (ZAMUDIO e HILGERT, 2012), além dos meliponicultores da Colômbia, que nomeiam as abelhas nativas muitas vezes com base em suas características ecológicas (NATES-PARRA e ROSSO- LONDOÑO, 2013). A nomenclatura local utilizada para nomear as abelhas nativas muitas vezes é perdida, este fato pode estar associando a perda cultural, principalmente em populações mestiças (ACERETO, 2012). Tabela 02: Espécies de abelhas nativas sem ferrão criadas pelos meliponicultores da região de Cícero Dantas-BA NOME VERNÁCULAR (n=7) NOME CIENTIFÍCO Nº DE ENXAMES Nº DE CRIADORES Mandaçaia Melipona mandacaia Smith, % Moça branca Frieseomelitta doederleini Friese, ,8% Mosquitinho Plebeia sp. Schawarz, ,3% Jataí Tetragonisca angustula Latreille, ,52% Manduri Melipona asilvai Schwarz, ,52% Caruara Trigona sp. 3 4,76% Cupinheira Partamona sp. 1 4,76% Não existe um padrão para a criação dos enxames. Os resultados indicam que sete meliponicultores criam os enxames de abelhas em caixas racionais ou rústicas, sete em cortiços (troncos ocos de árvores), e os demais tanto criam em caixas quanto em cortiços (FIGURA 03), nas áreas próximas as residências, disposta sobre alpendres 2. Lopes e Nogueira (2012) citaram a acomodação em alpendres de caixas ou cortiços das abelhas mandaçaia, mosquitinho e jataí, suspensas por arames nas laterais das casas, nas varandas ou em árvores no entorno das casas na mesma comunidade. Figura 03: Locais de criação das abelhas nativas. A - Caixas racionais modelo IMPA, utilizadas pelos meliponicultores para a criação de abelhas nativas; B - Caixas rústicas utilizadas na criação de abelhas nativas; C- Cortiços utilizados pelos meliponicultores para a criação das abelhas. 2 Nome dado às estruturas de madeiras montadas próximas as residências normalmente compostas por pilares de madeira e uma cobertura de telhas.

41 41 Em outras regiões do mundo como no México, ao invés do uso de troncos de árvores ocos para criar abelhas, costuma-se utilizar jarros ou potes de barros feitos com essa finalidade (ACERETO, 2012). No Brasil, mais precisamente na região Sul e Nordeste a utilização de troncos de árvores (cortiços) como local de criação de abelhas também foi identificado (LOPES e NOGUEIRA, 2012; CARVALHO e MARTINS, 2014; WITTER et al., 2007), já o uso de caixas rústicas é mais comumente usada por meliponicultores mais novos, que é justificado pela facilidade de manejo (CARVALHO e MARTINS, 2014). O conhecimento dos meliponicultores sobre as abelhas As espécies de abelhas encontradas na forma de criação são diferenciadas de acordo com sua cor, tamanho, origem, características morfológicas e comportamento (QUADRO 01), destacando-se a diferenciação das espécies principalmente através da cor. Este tipo de identificação foi registrado por Zamubio e Hilgert (2012) em estudo realizado em comunidades rurais na Argentina, onde constataram a diferenciação de espécies de abelhas nativas através da observação da cor, tamanho e comportamento. Quadro 01: Características usadas pelos criadores das comunidades de Cícero Dantas-BA para diferenciar as abelhas CITAÇÕES DAS PESSOAS [...] a mandaçaia tem uma listrazinha, amarela a mandaçaia tem o fundinho amalero, a frente é preta [...]a Europa tem o ferrão [...]elas são muito valente o sanharó ele é pretinho [...]o besouro da irapuá é pretinho [...] o arapuá é preto, todo pretinho [...]a moça-branca é vermelhinha, [...] [...]a mosquito é bem miudinha... [...]o mosquitinho é miudinho CITAÇÕES DA LITERATURA As espécies do gênero mandacaia podem ser caracterizadas por apresentarem listras amarelas no abdômen (SILVA et al., 2012). As abelhas da espécie Apis Mellifera apresentam comportamento defensivo como forma de proteção contra roubos e saques de mel (DE SOUZA et al., 2012). Coloração preta, mandíbulas desenvolvidas, asas transparentes, com ferrão atrofiado. Medem cerca de 5 a 7,5 mm de comprimento (VIEIRA et al.2007). A abelha adulta da espécie Trigona spinipes apresenta coloração preta (ZUCCHI et al., 1993). Outras abelhas do gênero apresentam o tegumento predominantemente castanho-enegrecido (OLIVEIRA et al. 2013). Abelhas do gênero Pebleia, como por exemplo, Plebeia minima podem ser consideradas pequenas com comprimento total aproximado em torno de 2,6 mm (OLIVEIRA et al. 2013).

42 42 As espécies de abelhas nativas também podem ser identificadas de acordo com características morfológicas do ninho (FIGURA 04). Das abelhas citadas, oito foram descritas como ocupantes de ninhos do tipo cortiço. Quando utiliza esse termo, o meliponicultor está referindo-se a nidificação em ocos de árvores. Já o termo ninho do tipo cupim é utilizado para nomear as estruturas construídas nos galhos das árvores da caatinga ou no solo que lembram um cupinzeiro, e o tipo aéreo são aqueles construídos sobre os galhos das árvores, a uma altura média que vária entre 1,5m e 3m a depender da árvore, os mesmos são constituídos de barro e cera das abelhas. Figura 04: Tipos de ninhos observados pelos meliponicultores na Comunidade de Cícero Dantas-BA Esse tipo de categorização faz inferências a observações feitas não somente às espécies criadas, como também às outras que ocorrem na região ou simplesmente às demais espécies que os criadores já ouviram falar ou tem algum tipo de informações. Na Argentina a identificação das diferentes espécies de abelhas nativas também foi feita por comunidades rurais através da observação dos diferentes tipos de ninhos que as abelhas constroem (ZAMUBIO e HILGERT, 2012). Características ecológicas como descrição do nicho ecológico, tipos de ninhos, entrada do ninho, comportamento e características morfológicas, como tamanho e cor do corpo e das asas foram utilizadas para identificar, caracterizar e agrupar os diferentes tipos de abelhas conhecidos pelos kayapó (CAMARGO e POSEY, 1990), assim como entre nativos da cultura

43 43 Mbye-Guraní, que fazem a distinção entre as abelhas de diferentes gêneros e vespas com base no comportamento, características morfológicas, características do mel, tipos de mordidas, além do local de construção dos ninhos, e contexto mitológico no qual estão inseridos (BADIE, 2009). Estruturas internas dos ninhos das abelhas, como os discos de crias são descritas e diferenciados em algumas espécies, abelha sem ferrão, como a Mandaçaia e o Jataí é em forma de disco, a Moça-branca já é outro formato, no formato de uva, cacho de uva..., assim como a funcionalidade de algumas estruturas também, como explica um dos meliponicultores, que detalha como é feito o armazenamento do néctar trazido pelas abelhas que dará origem ao mel, usado para a alimentação das mesmas. A palavra depositozinho faz inferência aos potes presentes nos ninhos, feitos pelas abelhas com a função de guardar o pólen e néctar trazido pelas abelhas, [...] tem um depositozinho, que elas bota dentro [...] elas leva na boca, chega lá elas derrama dentro. Os Enawene Nawe descrevem e nomeiam as diferentes estruturas do ninho das abelhas, como a entrada do ninho, os potes e os favos de mel (SANTOS e ANTONINI, 2008). Assim como alguns grupos indígenas do Vietnã, que descrevem as estruturas dos ninhos de determinados insetos sociais, como as estruturas do corpo e suas funções, apresentando inclusive uma nomenclatura para os integrantes dos ninhos de acordo com as castas e funções, como é o caso das formigas que coletam (ITTERBEEK et al, 2014). A função de cada abelha no ninho também é observada por um dos criadores as campeiras elas vai pro campo, buscar o alimento, a resina também pra vedar a caixa, outro meliponicultor complementa, Tem um bucado que ganha o mato, ai trás aquela água, uma aguinha do mel, da flor, ai entra, bota coloca ai dentro. As expressões campeiras ou aquelas que ganham o mato, são usadas para fazer inferência às abelhas operárias ocorrentes nos enxames, que saem em busca de néctar, pólen e resina trazidos para a o interior do ninho. As funções de cada abelha no enxame são bem diferenciadas e descritas por alguns criadores: cada uma cuidando de uma coisa, umas vão pro campo [...] outras ficam na porta, outras ficam organizando a estrutura. Oia, umas vai pro mato pegar mel, outras fica dentro de casa fazendo a casa, outras vão refinar o mel também, porque elas tem que

44 44 refinar, é muito trabalho pra elas, de noite so vê a zuada delas zuando ai. as campeiras elas vão pro campo, buscar o alimento, a resina também pra vedar a caixa. se tiver alguma lascadurinha no curtiço, por dentro ela tapa todo, num deixa brecha nenhuma. A divisão de trabalho pelos meliponinios é relatada por Kerr et al. (1996), que explica a mudança de função de cada indivíduo de acordo com a idade e casta. Badie (2009) descreve segundo a visão dos nativos, as funções de cada abelha na manutenção dos ninhos, como a produção dos novos indivíduos, coleta de pólen e néctar e processamento do mel. Além das descrições de trabalho, analogias feitas às atividades das abelhas em relação às atividades humanas também foram descritas: Porque elas são cuidadosas, elas são trabalhadeiras, puxou o dono, porque o dono também gosta de trabalhar, [...] é, porque elas gostam de trabalhar, e eu também gosto de trabalhar, né, ai elas parte de um lado e eu de outro, pra ver se bota o Brasil pra frente. Cano-Contreras et al. (2013) junto a moradores do município de Tacotalpa, Tabasco localizado no México também identificou a associação do nome das abelhas nativas a características humanas, ik winik no vocabulário ch ol significa homem negro e se refere a abelha Melipona beecheii, considerada muito trabalhadora. Para a manutenção dos enxames os camponeses informaram a busca pelas abelhas por diversos materiais, dentre eles água, barro, resina e esterco (fezes de animais): [...] pega o barro, faz tapagem uma coisa ou outra ai por dentro [...]. barro [...] pra vedação, pra boquinha de entrada. já observei elas trazendo esterco de animais. O excesso de umidade é retirado pelas abelhas se trouxer alguma gotinha de água, junto com o mel lá por dentro do cortiço elas bota pra fora, a senhora vê a água pingando pela boquinha no chão [...]. A busca de água e lama (barro) pelas abelhas foi relatada por Posey (1987), que descreveu a observação dessas ações pelos xamãs com a finalidade de saber a localização dos enxames na natureza. Alves et al., (2007) descreve a utilização de barro,

45 45 resinas e cera pelas abelhas da espécies mandaçaia com a finalidade de construção do ninho, fechamento de aberturas, construção da entrada e proteção contra inimigos. Os meliponicultores informaram que as abelhas visitam plantas que ocorrem no entorno das casas em busca de néctar e pólen trazem assim umas coisinhas nas patinhas [...] elas sempre trazem o néctar da flor né [...], [...] as vezes trás o saborá [...]. O termo saborá é utilizado para designar o pólen que é encontrado nas flores. Dentre as 32 espécies de plantas citadas (TABELA 03) estão o cajueiro, a candeia e a abobora-braba. Já a mandioca-braba (Manihot sp.), o eucalipto (Eucalyptus grandis) e a moringa (Moringa oleifera) foram citadas como plantadas intencionalmente nas áreas próximas as abelhas, com o intuito de fornecer pólen e néctar. Além do pólen e do néctar, a retirada de resina de algumas plantas também foi citada como uma substância que as abelhas buscam, não havendo diferenciação de indicação das plantas que dão origem a cada tipo de material. Maia-Silva et al. (2012) listaram um total de 81 espécies de plantas visitadas por abelhas nativas na região da caatinga. Já os meliponicultores citaram um total de 17, apenas 21% deste total para a região, porém das espécies citadas apenas 12 eram iguais, entre elas Anacardium occidentale, Poincianella bracteosa, Mimosa arenosa e Mimosa tenuiflora, o que pode ressaltar que o conhecimento é reduzido quanto ao número de espécies polínicas da região. Em outros estados como na região do sertão pernambucano, Milet-Pinheiro e Schlindwein (2008) registraram 87 espécies vegetais, distribuídas em 38 famílias e 76 gêneros, sendo as espécies vegetais cujas flores foram visitadas por abelhas, destacaram-se, Asystasia gangetica (visitada por 19 espécies), Stemodia pratensis (14 spp.), Borreria verticillata (13 spp.), Caesalpinia echinata (13 spp.), Byrsonima sericea (11 spp,), Ipomoea carnea (11 spp.), Tecoma stans (9 spp.), Duranta repens (8 spp.), Machaerium hirtum (8 spp.) e Vernonia scorpioides (8 spp.). Espécies de plantas em floração citadas pelos criadores da região de Cícero Dantas-BA foram coletadas e identificadas por Ramos e Nogueira (2012), entre elas Pimenta malagueta (Capsicum frutescens), Acerola (Malpighia glabra), Carambola (Averrhoa carambola), Guixabeira (Sideroxylon obtusifolium), Mangueira (Mangifera indica) e Pata-de-Vaca (Bauhinia forticata), outras espécies tidas com potencial alimentício para as abelhas também foram citadas, como o Cajueiro (Anacardium sp.), Mandioca Braba (Manihot sp.), Júa de Bode (Physalis sp), Jurema (Mimosa sp.), Murta (Myrtus sp.), Velame Branco (Croton

46 46 Tabela 03: Classificação das plantas visitadas pelas abelhas citadas pelos meliponicultores da localidade de Cícero Dantas-BA NOMES VERNÁCULOS NOMENCLATURA CIENTIFICA FAMÍLIA NÚMERO DE CITAÇÕES Cajueiro Anacardium occidentale Anacardiaceae 8 Mangueira Mangifera indica L. Anacardiaceae 1 Candeia Gochnatia oligocephala (Gardener) Cabreira Asteraceae 12 Urucum Bixa orellana L. Bixaceae 1 Abobora-braba/ abroba-braba Cucurbita sp. Cucurbitaceae 6 Mandioca Manihot sp. Euphorbiaceae 1 Mandioca-braba Manihot sp. Euphorbiaceae 2 Velande-branco Croton sp. Euphorbiaceae 4 Velande-preto Croton sp. Euphorbiaceae 1 Algaroba Prosopis juliflora Fabaceae 1 Pau-de-rato (Catingueira) Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz Fabaceae-Caesalpinioideae 1 Tamarindo Tamarindus indica L. Fabaceae-Leguminosae 1 Calumbi Mimosa arenosa Fabaceae-Mimosoideae 1 Jurema branca Mimosa sp. Fabaceae-Mimosoideae 5 Jurema preta Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir Fabaceae-Mimosoideae 2 Quipé Piptadenia sp. Fabaceae-Mimosoideae 4 Leucena Leucaena leucocephala Lam (De Witt) Fabaceae-Mimosoideae 1 Acerola Malpighia sp. Malpighiaceae 1 Ervanço Sida galheirensis Malvaceae 1 Malva-preta Sida rhombifolia L. Malvaceae 1 Moringa Moringa oleifera Lamarck Moringaceae 1 Araça Psidim sp. Myrtaceae 1 Eucalipto Eucalyptus grandis W. Hill. ex. Maiden Myrtaceae 2 Berduega Portulaca oleracea L. Portulacaceae 1 Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart. Rhamnaceae 1 Laranjeira Citrus L. Rutaceae 3 Murta Murraya paniculata (L.) Jack Rutaceae 3 Quixabeira Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) Sapotaceae 1 Mutre Aloysia virgata (Ruiz et Pav.) Juss. Verbenaceae 1 Caatinga de cheiro Cipó-de-cavalo Pó-de-cururu - - 1

47 47 sp.), Mandacaru (Cereus sp.), Algaroba (Prosopis sp.), Pé-de-feijão (Phaseolus sp.). Técnicas empregadas na criação das abelhas nativas A atividade de criação de abelhas é uma prática corriqueira para parte dos criadores desde a infância, dos vinte e um entrevistados, oito informaram ter contato com as abelhas desde a infância através dos pais ou avôs que já realizavam a atividade: eu fui seguindo a tradição de mel avô. [...] tem muito tempo, desde eu menino, pai criava, eu também, quando ele morreu e eu fiquei criando no lugar dele. quando meu pai era vivo, ele já tinha. O meu pai criava, o povo mais velho de primeiro criava, tinha muita mata nessa época [...]. o finado meu pai tinha também e eu fiquei naquilo [...]. Camargo e Posey (1990) relatam que os jovens Kayapó, devido a outras ocupações, como trabalhos fora da comunidade ou escola, não têm mais tempo para observar as práticas com as abelhas, e o conhecimento que as pessoas mais velhas possuem podem se perder ao longo das gerações. Essa realidade também pode ser aplicada aos meliponicultores de Cícero Dantas-BA, uma vez que, dos 21 participantes, apenas os filhos de sete informaram ter interesse pela atividade, o que pode ocasionar a extinção da prática nas próximas gerações. Observou-se que o tempo de prática da atividade variou entre três e 70 anos. Registrou-se a ocorrência de um cortiço em uma das residências com mais de 40 anos. No que se refere ao hábito de criação, os enxames tanto podem ser encontrados em cortiços, quanto em caixas, de tamanho e formas diferentes, como citado anteriormente. O número de enxames de abelhas nativas encontradas variou de dois a 46 por criador. Sete criadores informaram criar apenas em caixas, um deles justifica a preferência pela criação em caixas: porque é melhor pra pessoa labutá, é melhor pra tirar o mel, que não tem que tá esbagaçando os filhinhos. A criação tanto em caixas, quanto em cortiços também foi registrada entre outros sete meliponicultores, os demais preferem o método tradicional e criam

48 48 apenas em cortiços, informando que a abelha rende mais no cortiço eu achei que no tronco ela coloca mais mel do que na caixa, quando era no tronco daqueles ali dava mais mel, do que na caixa. São muitas as motivações para a criação de abelhas nativas na área, como se observa no Quadro 02, verificando-se que há um apelo para a sua utilidade como fonte de alimento e como remédio. Quadro 02: Motivações que levaram os meliponicultores a criarem abelhas nativas em Cícero Dantas-BA MOTIVAÇÃO Observação do funcionamento dos enxames e atividades desenvolvidas pelas abelhas Apreciação estética Aspiração pela prática Observação de características do comportamento Manutenção de uma fonte de alimento e renda Utilização como alternativa de preparação de medicamentos caseiros CITAÇÃO DOS MELIPONICULTORES Porque eu achei interessante assim o trabalho delas, a importância delas na natureza também. Porque eu acho bonitinho Eu gosto de criar, acho bonito, gosto de pelejar com elas... É porque eu gosto de pelejar com elas, porque elas são umas abelhas que não estraga, não ofende a ninguém, e so da casinha delas, so pro mato pra fulor Produção de alimento, uma pequena fonte de renda e paixão, primeiro a paixão, depois vem as outras coisas é também uma, é uma fonte de proteína, para o ser humano, os produtos dela, e de remédio, pra quem num sei ainda acredita, que é bom pra remédio. pra alguma coisa, pra doença. na hora que quiser um pouco de mel pra fazer um remédio. A criação de abelhas nativas por famílias rurais da região de Cícero Dantas-BA como complemento da renda familiar foi citada por Lopes e Nogueira (2012), que relata a venda do mel de Arapuá (Trigona spinipes) e Mandaçaia (Melipona sp) por pessoas da região. Geralmente o mel das abelhas sem ferrão é o único produto comercializado pelos criadores, sua procura em relação às demais abelhas é maior, o preço de venda do mel é mais alto (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2005). Ramos e Nogueira (2012) informaram que a atribuição a efeitos medicinais ao mel produzindo pela abelha mandaçaia é um dos fatores que levam ao manejo e criação da mesma pelos criadores da região de Cícero Dantas-BA. Em outras regiões do mundo, como no México, a produção do mel de abelhas sem ferrão atrelado ao valor medicinal, pode ser tida como um dos incentivos para a meliponicultura (ACERETO e EUÁN, 2010). No Brasil, além do interesse pela criação para fins terapêuticos, o uso nutricional e o interesse pela venda do mel, com o intuito do aumento da renda familiar também são observados como fatores de incentivo a prática (KERR et al., 1996).

49 49 Os saberes sobre a forma de manejar as abelhas foram adquiridos de diversas formas, alguns criadores informaram que aprenderam a cuidar das abelhas através da explicação de outras pessoas (amigos ou vizinhos): Dominguinhos foi e veio me ensinar como era as caixinhas, veio me ensinar como era que mudava, me ensinar a dividir a família ; sozinho, através da prática [...] foi mexendo no cortiço [...], eu mesmo fiz sozinho [...] ; ou através dos pais ou avôs, assim como de pessoas mais velhas : Porque eu vejo o povo mais velho, a criar, ai eu comecei também ficar aprendendo com aquilo ali né, eles criando e eu aprendendo, fazendo as coisas também [...] é que o povo mais velho ta fazendo, agente somo mininote e agente fica vendo e aprendendo né. aprendi com meu pai Os saberes e práticas dos grupos humanos perpassam entre as gerações graças às ações cotidianas que são executadas e transferidas entre pais, filhos e avôs. Carvalho e Martins (2014) identificaram que o saber sobre as abelhas é passado através das gerações e segue uma resignificação ao longo das gerações. Cano-Contreras et al., (2013) levantam a questão da perda do conhecimento acerca das abelhas nativas devido a pressão de mercado que favorecem a produção e gestão da Apis mellifera, o que contribui para o deterioramento do conhecimento sobre os meliponínios. Além das práticas cotidianas, alguns criadores receberam informações mais técnicas através de cursos e vídeo aulas, como informa um deles: um pouquinho daqui, um pouquinho daculá, um pouquinho de vídeo aula, um pouquinho da pessoa que fala de um jeito, que fala de outro ; outro complementa, eu já participei de poucos, so aqui um de Ribeira do Pombal um semináriozinho. Os cortiços ou caixas são abertos (FIGURA 05) para a retirada do mel e mudança de local do enxame, como descreve um dos meliponicultores Eu abro pra tirar o mel [...], ai eu tiro o mel, tiro o saborá pra fora, abro pra tirar mel, às vezes agente arrancha elas também..., o termo arranchar é utilizado pelo criador para explicar a mudança local da abelha, que pode ser transferida de um cortiço para outro, bem como de um cortiço para uma caixa racional ou de uma árvore para um cortiço ou caixa. Normalmente o processo de abertura é feito com o auxílio de uma faca ou facão, que ajuda na retirada do barro que é colocado pelo meliponicultor para vedar a caixa ou cortiço externamente.

50 50 Figura 05: Abertura das caixas e cortiços para a retirada de mel A preocupação com a alimentação e formas de alimentar as abelhas também é demonstrada pelos criadores, [...] às vezes abro pra colocar algum alimento nas caixas que tá mais fraca, alguns explicam como é feita essa alimentação. Normalmente se utiliza um pequeno recipiente colocado dentro da caixa (FIGURA 06), e no seu interior na maioria das vezes é disposto o mel puro de abelhas do tipo Apis, ou uma mistura de água e açúcar, numa proporção de 50%, que é fervida e resfriada a temperatura ambiente. [...] pego uma vasilhazinha, coloco umas pedrinhas, que é pra elas não morrer afogada, ai elas fica pegando [...] so boto água, porque não tem outro tipo de comida pra ponhar [...] so boto água com açúcar [...] nós ponhamo uma vez, elas beberam, ai elas acostumaram, você ponhe e elas bebe tudinho. Essas da caixa o menino ta botando, abre e bota garapa dentro [...]. Figura 06: Recipiente utilizado na alimentação das abelhas em Cícero Dantas-BA Figura 07: Retirada do mel das caixas de abelhas nativas em Cícero Dantas-BA

51 51 A variação da frequência de manutenção e manejo dos cortiços está ligada a períodos de tempo determinados, para um dos criadores a abertura dos cortiços não é feita em períodos de lua minguante [...] quando a lua ta minguante agente não mexe, se mexe no minguante elas vão embora [...] tando forte a quadra pode mexer, o termo quadra forte é utilizado para denominar períodos de lua cheia e crescente. Posey (1987) relatou a relação com os períodos lunares no manejo das abelhas, onde a coleta do mel da ngài-pêrê-y (Apis mellifera) é feita apenas em períodos de lua nova pelos Kayapó. Para a retirada do mel, a maioria dos meliponicultores utilizam ferramentas como uma vareta e um recipiente para armazenarem o mel, essa retirada em alguns casos é feita através da perfuração dos potes com a vareta e a caixa ou cortiço é posicionado para que o mel escorra e caia no recipiente (FIGURA 07). Entre os meliponicultores da Amazônia a colheita normalmente é feita através da perfuração dos potes de mel, que posteriormente são virados para que o mel escorra para um recipiente (VENTURIERI et al., 2003), a mesma técnica foi observada em comunidades do México e nordeste brasileiro (BLÁSQUEZ et al., 2009). Em outros casos, os meliponicultores preferem utilizar seringas descartáveis de cerca de 20 ml sem a agulha para a retirada do mel. Os potes que contém mel são perfurados e a ponta da seringa é introduzida em seu interior para facilitar a sucção. Um dos criadores informou utilizar um tipo de bombinha de sucção. No nordeste brasileiro alguns meliponicultores fazem uso de seringas para fazer a retirada do mel, o que diminui o risco de contaminação por resíduos que venham a estar no interior das caixas (ALVES et al., 2007). Produção e uso do mel, pólen e resina O mel é o principal produto de interesse dos meliponicultores de Cícero Dantas-BA. Em média é relatada a retirada de 300 ml a um litro de mel por enxame. Essa quantidade varia de acordo com a espécie criada e disponibilidade de flores melíferas nas áreas próximas aos enxames. A retirada é feita em períodos de tempo irregular pela maioria dos criadores, que a condicionam a florada local: se tiver flor você pode tirar de mês em mês [...] agora não tendo flor, de seis em seis meses. Dois criadores confirmaram a retirada a cada seis meses e outros dois, apenas uma vez por ano: eu sempre gosto de bolir de ano em ano, porque às vezes a fulo não é certa né, que as vezes agente futuca assim e elas fraquea né. Entre os Enawenê-Nawêe do Mato Grosso, a retirada do mel ocorre durante as atividades diárias

52 52 normais, em qualquer época do ano, bem como durante os períodos de rituais (SANTOS e ANTONINI, 2008). O mel muitas vezes não é retido dos enxames devido à preocupação com fornecimento de alimento para as abelhas: eu tenho medo de coisar, e elas enfraquecer, e com um verão bravo [...] ai não tem a flor, pras bicinhas se alimentar ; nessa fala o criador transparece a preocupação com fontes de alimentação para as abelhas, um dos criadores informa que não retira o saborá, termo utilizado pra nomear o pólen, pois o mesmo é o alimento das abelhas: O saborá é o dicomer delas [...]. O principal fator que determina a produção de mel na região é o volume de chuva, e consequentemente a florada local: Ai é devido o tempo, porque tem tempo que ajuda mais, outro tempo é mais fraco, porque é devido a fulo né, porque a trovoada, a trovoada faz o mel né mermo, que rende a fulor, quando chove, quando não chove só dá mesmo pra eles comer o mel, que nem bulir eu não bulo, que é pra elas num morrer de fome. Lima et al. (2014) expõem de forma mais clara essa relação do aumento da produção de mel no período de trevoadas, caracterizado na região como ocorrente entre os meses de novembro e dezembro. Posterior a esse período de chuva, as plantas melíferas da região apresentam flores nas quais as abelhas coletam néctar e pólen, e consequentemente a produção de mel aumenta. Lopes e Nogueira (2012) também descreveu a coleta do mel em épocas propícias, que seriam logo após o período de chuvas identificado pelas trevoadas. A venda do mel ocorre de acordo com a quantidade que é retida em cada coleta: O cunstruimento do mel, eu pego todo ano tiro delas, quando a renda é grande [...] vendo... ; nesta fala o criador explica que a venda é feita na condição de uma boa produção de mel. O preço do mel pode variar muito: um dia desses nos tava vendendo de oitenta, mas o pessoal estava vendendo a cento e dez, [...] agente cria pra poder... porque acha bonito ; nesse caso o criador não vê muita vantagem em criar para ter retorno financeiro, sua intenção maior é apreciar a beleza das abelhas que cria. Em algumas comunidades da Amazônia o mel é comercializado localmente entre R$ 10,00 e 15,00 (VENTURIERI et al., 2003), no México e no nordeste brasileiro o preço do mel de algumas espécies de abelhas nativas pode variar entre cinco e US $ 80 o litro (BLÁSQUEZ et al., 2009).

53 53 A venda na maioria dos casos não possibilita a aquisição direta de bens, em um caso apenas o criador informou ter comprado um garrote : eu comprei o garrote de bom, por 400 reais, ai, com o dinheiro de mel, ai troquei numa vaca graúda, com vinte arroba, ai a vaca não morreu no verão, deixo so o bizerrinho, e tem outro em casa que eu comprei com ajuda de mel também, o garrotinho já ta bom com umas duas arrobas, comprei com ajuda de mel. O dinheiro da venda na maioria das vezes é investido na compra de comida e produtos para a manutenção das residências, como informaram oito dos criadores: gasto com feira com essas coisas, não faço gasto pra comprar não, compra ai qualquer coisa pra dentro de casa. Apenas um disse comprar madeira para a construção de novas caixas para as abelhas: madeira, pra caixa, pra aumentar a criação, investir na criação ; em outro caso o dinheiro da venda foi utilizado na compra de água em épocas de seca: [...] vendi os litros, pra comprar três ou foi quatro carrada de água. A venda normalmente é realizada diretamente aos interessados, a quantidade vendida está condicionada ao preço, só vende de pouco em pouco. Porque é muito caro e o pessoal não pode comprar, porque é muito caro. A procura normalmente é feita diretamente ao criador ou é através de encomenda prévia. Pequenos produtores nordestinos que residem em comunidades normalmente comercializam seu mel ao retirá-lo do cortiço uma vez por ano, essa venda é feita diretamente ao interessado (ALVES et al., 2007). Em alguns casos o mel não é vendido, mas doado aos amigos dos criadores: Eu tiro as vezes ajudo os amigos, do pra fazer remédio, que muitos serve pra remédio, ai serve pra remédio, ai eu ajudo eles, pede um bucadinho pra remédio, ai eu do, não vou vender a eles, [...]. O mel que é produzido na maioria dos casos é utilizado no tratamento de algumas doenças: aí se um menino tem uma ferida na boca, é só melar o bico e ela sara, bom demais, o mel da mandaçaia, o mel, ele é cicatrizante, ao mesmo tempo é antibiótico, pra criança que tem, antigamente saía né, que o povo chamava de sapinho na boca [...]. Nesses dois casos o mel é utilizado no tratamento de enfermidades na boca, como sapinho ou feridas. Badie (2009) descreve a utilização do mel da pyeguarí mirî (Friesella schrottky) pelos Mbye-Guraní na prevenção de aftas em recém-nascidos. Blásquez et al. (2009) cita o uso do mel no tratamento de tosses, bronquite, asma, além de doenças relacionadas a garganta, olhos e estômago, ou tônico geral.

54 54 O tratamento de enfermidades na garganta também é relatado, Eu tirei porque às vezes a gente tem alguma coisa na garganta, uma coisinha, uma coceira e bebe um pouquinho, faz um chá, faz uma coisa ai bota e bebe. O mel produzido pelas abelhas tem um papel muito importante na medicina para os Kayapó, que acreditam que os diferentes tipos de méis produzidos pelas abelhas apresentam propriedades curativas específicas, e consequentemente são empregados na cura de diversas doenças (POSEY, 1987). Além do mel, o pólen também é empregado na alimentação: agente come o pólen também, o pólen a gente mistura com o mel e às vezes come. Pode ser utilizado como alternativa no tratamento de gripes: eu uso porque aquilo é bom pra gripe, [...] é bom pra gripe o saborá da mandaçaia. O mesmo ainda explica como é feito o uso: agente chupa assim um pouquinho, au joga o bagui assim no mato. Além da utilização no tratamento de gripes e resfriados Costa-Neto (1998) descreveu a utilização do mel de diversas espécies de abelhas e vespas pelos Pankararé no tratamento de diabetes, asma, bronquites, tuberculoses, verminoses, impotência dentre outras patologias. Ainda no nordeste há um relato de utilização para fins medicinais, mais precisamente no tratamento de problemas de vista, onde há a utilização do mel da abelha Cupira (Partamona sp), que é descrita como ocorrente na caatinga em cupinzeiro de terra vermelha (LOPES et al., 2005). A utilização da cera das abelhas foi relatada na vedação de recipientes utilizados para armazenar grãos, [...] agente aproveita a cera [...] pra gente lacrar isso daqui [...], ao pronunciar esta fala um dos meliponicultores aponta para vários cilos 3 encontrados em sua varanda. A utilização de cera para a conservação de produtos agrícolas foi citada por Sampaio et al. (2009) em um estudo com os Pankararé do Nordeste. Já entre os moradores do município de Tacotalpa, Tabasco localizado no México a cera dos meliponínios é utilizada para fins ritualísticos, através da preparação de velas e poções medicinais (CANO- CONTRERAS et al., 2013). A meliponicultura e conservação das espécies de abelhas nativas A meliponicultura praticada pelos camponeses de Cícero Dantas-BA, pode contribuir para a conservação das espécies nativas na visão dos meliponicultores. Esse fato deve-se 3 Recipientes de cerca de um ou dois metros confeccionados a partir de folhas de zinco em formato cilíndrico, utilizados para armazenar grãos como feijão e milho.

55 55 principalmente ao cuidado empregado no manejo das abelhas: [...] no caso, cuidando delas elas vão rendendo, e quando elas rendem, elas vão embora, num ficam no cortiço não, ela se espalha [...] elas ficam fortes, o enxame cresce e elas vão embora no caso. O cuidado pode ser entendido como a preocupação com as técnicas de manejo e manutenção dos cortiços ou caixas, render família é a expressão usada para explicar o aumento da quantidade de abelhas por enxame, devido às condições favoráveis de crescimento: É porque aí é o seguinte, aí quando ela rende muita família, aí aquela família mais velha sai, [...] sai pro mato, percura morada, e fica esse lote novo dentro do cortiço aí, vai se gerando e se mudando. Kerr (1997) descreve que o grande desenvolvimento da colmeia, aliado a fatores climáticos e hormonais, determinam a enxameação ou divisão dos enxames de abelhas nativas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os meliponicultores da região de Cícero Dantas- BA criam suas abelhas de forma artesanal, apenas uma pequena minoria emprega técnicas mais modernas. O conhecimento acerca das mesmas é adquirido normalmente através dos pais e parentes próximos ou da prática cotidiana, podendo assim ser considerada uma prática tradicional, que envolve não somente o aspecto econômico, como também características culturais, ambientais e de cunho afetivo. As ações de manejo realizadas pelos criadores para a manutenção dos enxames contribuem diretamente na conservação das espécies de abelhas nativas que ocorrem na região, bem como da flora nativa associada, uma vez que os meliponicultores reconhecem a importância das plantas no fornecimento de néctar, pólen e resina para as abelhas. Essas questões devem ser reforçadas entre os membros da mesma família para que o conhecimento sobre as abelhas nativas não se perca ao longo das gerações. A criação de abelhas além de ser uma alternativa econômica para a região, contribui para a polinização de espécies nativas da caatinga, bem como de lavouras cultivadas próximas às áreas de criação, aumentando a variabilidade genética e qualidade dos frutos. Maiores ações de estímulo a prática da meliponicultura são necessárias junto aos criadores da região e cidades vizinhas, como Jeremoabo-BA, Fátima-BA e Ribeira do Pombal-BA, pois a atividade pode trazer grandes contribuições econômicas e ecológicas. O investimento na melhoria das técnicas de criação junto aos meliponicultores e pessoas interessadas, assim

56 56 como o acompanhamento inicial da melhoria da atividade, deve ser uma prioridade para os órgãos municipais e instituições públicas que possam vir a contribuir. A montagem junto aos meliponicultores de um calendário de florada local que possa permitir a programação de alimentação das abelhas, através da disponibilização de plantas nativas durante todo ano, assim como instrução técnica quanto aos melhores tipos de caixa para a criação, de acordo com cada espécie de abelha nativa, e orientação quanto à captura e divisão de enxames de abelhas para não causar danos aos enxames existentes na natureza devem ser ações de prioridade nos planos de manejo. A divulgação de trabalhos como este é de fundamental importância para que os moradores do município de Cícero Dantas-BA e região, como também a comunidade acadêmica possam conhecer a diversidade de abelhas que existem na região, assim como no recôncavo da Bahia, e consequente maiores ações possam ser tomadas para sua conservação. REFERÊNCIAS ACERETO, J. A. G. La importancia de la meliponicultura en México, con énfasis en la Península de Yucatán. Bioagrociencias. v. 5, n ACERETO, J. A G.; EUÁN, J. J. Q. Producctión tradicional de miel: abejas nativas sin aguijón, (trigonas y meliponas). Biodiversidad y Desarrolllo Humano em Yucatán. Usos de la biodiversidad. p ALBUQUERUQUE, P. U.; LUCENA, R. F. P.; ALENCAR, N. L. Métodos e técnicas para coletas de dados etnobilógicos. In: Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. ALBUQUERUQUE, P. U.; LUCENA, R. F. P.; CUNHA, L.V. F. C. Recife, PE: NUPEAA. p ALVES, R. M. O.; SOUZA, B. A.; CARVALHO, C. A. L. notas sobre a bionomia de Melipona mandacaia (Apidae: Meliponina). Magistra. Cruz das Almas-BA, v. 19, n. 3, p ALVES, R. M. O.; SODRE, G. S.; SOUZA, B. A.; CARVALHO, C. A. L.; FONSECA, A. A. O. Desumidificação: uma alternativa para a conservação do mel de abelhas sem ferrão. Mensagem Doce. n. 91, p ALVES, R. M. O.; CARVALHO, C. A. L.; SOUZA, B. A.; JUSTINA, G. D. Sistema de Produção para abelhas sem ferrão: uma proposta para o Estado da Bahia. Cruz das Almas: Universidade Federal da Bahia/SEAGRI-BA, p

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61 61 ARTIGO 03: Se não tem pau, não tem abelha: diversidade, ameaças e conservação de abelhas nativas na região de Cícero Dantas - BA RESUMO: As abelhas nativas são de fundamental importância na manutenção dos serviços ecossistêmicos. As populações que praticam a criação das abelhas nativas (meliponicultura) compreendem uma série de fatores que contribuem para seu desaparecimento. Assim, o presente trabalho tem como objetivo identificar quais são as principais ameaças a conservação das espécies de abelhas nativas da região de Cícero Dantas-BA, segundo o entendimento dos meliponicultores locais. A pesquisa foi realizada na área rural da cidade, entre os meses de março e dezembro de Contou-se com a participação de 21 criadores de abelhas nativas residentes em 12 povoados. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário semiestruturado, aprovado junto ao CEP, parecer nº Na região de Cícero Dantas-BA foi relatada a criação de sete espécies de abelhas nativas. Diversos fatores são tidos como responsáveis pelo desaparecimento dos meliponíneos na região, dentre eles o desmatamento que afeta tanto a nidificação, quanto as fontes de alimento; o uso de agrotóxicos nas lavouras da região; a inserção de espécies de Apis mellifera, que acabam concorrendo pelas fontes de alimento com as nativas; e alguns predadores. O desaparecimento das abelhas nativas pode trazer algumas consequências para a região, como a diminuição do potencial agrícola e ocorrência de plantas nativas dependentes da polinização realizada pelos meliponíneos. Maiores ações de incentivo devem ser tomadas junto aos meliponicultores da região e população local, para que as abelhas nativas não corram o risco de desaparecerem. Palavras-chave: Meliponíneos; Nidificação; Meliponicultura; Predadores naturais. ABSTRACT: Native bees are of fundamental importance in the maintenance of ecosystem services. The people who practice the creation of native bees (beekeeping) understand a series of factors that contribute to their disappearance. This paper identify what are the main threats to the conservation of species of native bees of Cicero-BA, according to the understanding of the local beekeepers. The survey was conducted in a rural area of the city, from March to December 2014, counted on the participation of 21 creators of native bees residents in 12 villages. For data collection we used a semi-structured questionnaire, which was approved by the CEP. In the region of Cicero-BA was reported the creation of seven species of native bees. Several factors are thought to account for the loss of stingless bees in the region, including deforestation affecting both the nesting, as food sources; the use of pesticides on crops in the region; the inclusion of species of Apis mellifera, which end up competing for food sources with native; and some predators. The disappearance of native bees can bring some consequences for the region, with a decline in agricultural potential and occurrence of native plants dependent on pollination carried out by stingless bees. Greater incentive actions must be taken together with the beekeepers in the area and local people so that native bees do not have the risk of disappearing. Keywords: Stingless bees; Nesting; Beekeeping; Natural predators.

62 62 INTRODUÇÃO O Brasil apresenta uma grande diversidade de abelhas, com um número estimado de espécies (PEDRO e CAMARGO, 1999). Na caatinga estima-se que há um total de 187 espécies de abelhas, pertencentes a 77 gêneros, porém, essa análise é considerada subamostrada, uma vez que os estudos realizados muitas vezes abrangem apenas trechos da região (ZANELLA e MARTINS, 2003). A cada ano novas espécies são descritas em várias regiões do Brasil (ZANELLA 2000; AZEVEDO et al., 2008; PEREIRA et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2013). As abelhas são responsáveis pela polinização de mais de 70% das áreas agrícolas que fornecem alimento ao mundo, além de contribuírem para polinização da flora em geral, possibilitando a reestruturação e manutenção das áreas verdes que fornecem oxigênio para o mundo (GONÇALVES, 2013), além de proporcionar uma melhor qualidade aos frutos e aumentar a produção agrícola da região a qual habitam (IMPERATRIZ-FONSECA et al., 2004), apresentando um grande potencial para a melhoria dos resultados na agricultura nacional (PINHEIRO-MACHADO et al., 2002). A diminuição das abelhas incluídas no grupo dos polinizadores em áreas agrícolas normalmente é atribuída ao uso de defensivos agrícolas, e aos desmatamentos que eliminariam as fontes de alimento (pólen, néctar, óleos vegetais), locais de abrigo do clima e predadores e para nidificação e reprodução (KREMEN et al., 2002). Além da competição de abelhas exóticas pelos recursos existentes e caça insustentável do mel (FREITAS et al., 2009). Em várias áreas do Brasil habitadas por populações tradicionais esses fatores também contribuem para a diminuição da população de abelhas nativas, e essa influência é percebida pelas pessoas, como é o caso dos Pankararé da Bahia. Segundo os mesmos, a diminuição da população de abelhas nativas, pode estar ligada à coleta de mel e à captura de cortiços com perda da colônia e o desmatamento que restringe as possibilidades de nidificação das abelhas (MODERCIN, et al., 2007). Com base nessa premissa o presente trabalho tem como objetivo identificar quais são as principais ameaças para a conservação das espécies de abelhas nativas da região de Cícero Dantas-BA, segundo o entendimento dos meliponicultores locais.

63 63 MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O município de Cícero Dantas está localizado no nordeste da Bahia (FIGURA 08), nas coordenadas 10º36 00"S e 38º23 00" W, distante km da capital Salvador, cobrindo uma área de Km 2. Está a m de altitude em relação ao nível do mar, numa área de clima de subúmido a seco, típico do bioma caatinga, com temperatura média anual de 23.1 C, precipitação pluviométrica média no ano de 901,9 mm e período chuvoso de maio a julho (SEI-BA, 2011). A população estimada é de habitantes, dos quais pessoas residem na área urbana e na área rural. (IBGE, 2010). Figura 08: Localização do município de Cícero Dantas-BAHIA Autor: SILVA, A. L. da (2015) A região encontra-se inserida na Bacia do rio Vaza Barris e Bacia do Rio Real, e seus principais rios são: Quingomes, Baixa do Tubarão e Riacho do Saco. O relevo, esculpido em rochas sedimentares da bacia do Tucano, corresponde tabuleiros dissecados por drenagem relacionada à bacia hidrográfica do rio Vaza-Barris. O tipo de vegetação predominante é a caatinga (SEI-BA, 2011), alguns trechos são preservados, mas a grande maioria da região a área sofreu grandes perdas de cobertura vegetal original.

64 64 Caracterizada como florestas arbóreas ou arbustivas, com a presença principalmente de árvores e arbustos baixos, muitos dos quais apresentam espinhos, microfilia e algumas características xerofíticas, tendo como principais espécies botânicas a Amburana cearensis imburana de cheiro, Anadenanthera colubrina angico, Caesalpinia pyramidalis catingueira, várias espécies de Croton marmeleiros e velames, espécies de Mimosa calumbíes e juremas, além de algumas espécies de Cactaceae, Bromeliaceae e lianas (PRADO, 2003). As receitas municipais provêm basicamente da agricultura, pecuária, avicultura e indústria. Na agricultura destaca-se a produção expressiva de feijão e milho. Os maiores rebanhos são os bovinos, suínos e ovinos. O município produz ainda mel de abelhas do tipo Apis e leite de vaca (SEI-BA, 2011). Escolha dos sujeitos da pesquisa, coleta análise de dados Para a escolha dos participantes da pesquisa utilizou-se como critério ser criador de abelhas nativas sem ferrão na área rural da cidade de Cícero Dantas-BA, bem como praticar algum tipo de atividade agrícola, ou manter algum vínculo com atividades ligadas à terra, como técnica de amostragem utilizou-se o tipo bola de neve segundo Bailey (1994). Para a coleta de dados foi utilizada um modelo de entrevista semiestruturada, este tipo de entrevista possibilita uma maior flexibilidade as perguntas que serão aplicadas como resalta Albuquerque et al. (2010). Foram realizadas 21 entrevistas com meliponicultores, sendo uma mulher e 20 homens, com idade variando de 22 e 82 anos residentes nos povoados Rodeador, Quixaba, Baixa da Onça, Baixa de Fora, Bela Vista, Faleira, Faleira II, Fazenda Estrelo, Fazenda Lagoa Seca, Fazenda Saco, Campina de Castro, Curral Falso (próximo ao município de Ribeira do Pombal). As visitas para a aplicação dos questionários iniciaram-se em março de 2014 e finalizaram em dezembro de As entrevistas quando permitidas foram gravadas com o auxílio de uma câmera filmadora, para isso foi assinado o termo de cessão de imagem e som pelos informantes. O material, vídeos e transcrições das entrevistas estão depositados no Núcleo de Estudos em Povos e Comunidades Tradicionais e Ações Socioambientais (NECTAS), localizado no campus da Universidade do Estado da Bahia em Paulo Afonso. Utilizou-se como recursos extras, diário de campo e caderno de anotações. A pesquisa foi submetida e

65 65 aprovada pelo comitê de ética da Universidade do Estado da Bahia-UNEB, parecer nº O consentimento dos informantes para publicação dos resultados e quaisquer imagens que o acompanham foi obtido através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Para identificação das plantas visitadas pelas abelhas e usadas pelas mesmas como local de nidificação na natureza, construção de cortiços, bem como fontes de néctar, pólen e resina, foi utilizado o método de turnê guiada segundo Albuquerque et al. (2010). As espécies de plantas apontadas pelos camponeses foram fotografadas e seus nomes vernáculos anotados. A identificação das espécies seguiu-se através da metodologia do tipo pista taxonômica, que consiste na comparação dos nomes vernáculos citados com trabalhos da mesma região, complementando a identificação com a comparação das fotos das plantas encontradas com catálogos específicos. A identificação do material zoológico (abelhas) foi realizada através de coleta de alguns exemplares de cada espécie criada pelos camponeses, cujos exemplares identificados estão depositados no laboratório de ecologia animal da UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Os dados foram analisados pelo modelo de união de diversas competências individuais, que consiste em considerar todas as informações obtidas nas entrevistas (SOUZA, 2007). Complementando com uma análise a partir de uma abordagem qualitativa (AMOROZO e VIERTLER, 2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ocorrência e criação das abelhas na região Os meliponicultores da região de Cícero Dantas-BA criam um total de sete espécies de abelhas nativas (FIGURA 09), destacando-se a mandaçaia, citada por 100% dos criadores (TABELA 04). Nas regiões Norte e Nordeste, as abelhas nativas alcançam maior destaque devido à criação racional de várias espécies, dentre elas a mandaçaia (Melipona mandacaia) e a jandaíra (Melípona subnitida) (ALVES et al., 2007, CÁMARA et al., 2004). No semiárido nordestino, a abelha Melipona mandacaia é estabelecida em habitat onde a sobrevivência é afetada por condições ecológicas adversas como a falta de espécies de árvores nativas para a nidificação. No município de São Gabriel, por exemplo, a umburana-de-

66 66 cambão (Commiphora leptophloeos) é a principal espécie vegetal utilizada como substrato de nidificação na região estudada (ALVES et al., 2007). A Melipona asilvai, ocorre na região semiárida do estado da Bahia e é considerada endêmica, nidificava em troncos de árvores de diversas árvores da caatinga, porém preferencialmente umburana (Amburana cearensis) (SOUZA et al., 2008). Tabela 04: Espécies de abelhas criadas pelos meliponicultores de Cícero Dantas-BA NOME VERNÁCULAR NOME CIENTIFÍCO Nº DE CRIADORES Mandaçaia Melipona mandacaia Smith 100% Moça branca Frieseomelitta doederleini Friese 23,8% Mosquitinho Plebeia sp. Schawarz 33,3% Jataí Tetragonisca angustula Latreille 9,52% Manduri Melipona asilvai Schwarz 9,52% Caruara Trigona sp. 4,76% Cupinheira Partamona sp. 4,76% Já espécies do gênero Partamona podem ser encontradas associadas a ninhos de outros insetos, ou a termiteiros arborícolas externos, ativos, construídos de terra e localizados na base das árvores ou em termiteiros, em ocos de troncos e em galhos de árvores vivas. Enquanto que abelhas do gênero Trigona costumam construir seus ninhos sobre ramos de árvores e apoiados em forquilhas, ou próximo ao solo e na base de árvores, assim como as abelhas do gênero Tetragonisca (SERRA et al., 2009). Figura 09: Espécies de abelhas criadas na região de Cícero Dantas-BA. A-Moça branca (Frieseomelitta doederleini). B-Manduri (Melipona asilvai). C-Caruara (Trigona sp.). D-Mandaçaia (Melipona mandacaia). E- Cupinheira (Partamona sp.). F-Mosquitinho (Plebeia sp.).

67 67 Além dessas, a arapuá ou irapuá (Trigona spinipes Fabricius) é encontrada com muita frequência na região, seu mel é citado como utilizado por alguns dos criadores, o sanharó ou trigueiro também é bastante comum, porém sua criação também não é realizada. O desaparecimento das abelhas nativas e suas causas A retirada das áreas de flora nativa é um dos fatores que contribui para o desaparecimento dos meliponíneos, uma vez que a composição da flora local é determinante numa série de fatores ecológicos. Como exemplo, o local de nidificação, que corresponde no local para as abelhas arrancharem, pois sem locais para a construção de seus ninhos, as abelhas deixam de existir nas matas, ocorrendo somente no quintal das pessoas que as criam na região de Cícero Dantas-BA. As florestas nativas são o ambiente preferencial das espécies silvestres de abelhas (LOPES et al., 2005), e o desmatamento pode ser considerado como uma das principais causas do desaparecimento das abelhas, cerca de 300 a 350 espécies de abelhas vivem em ocos de árvores, que são destruídas com os desmatamentos (KERR et al., 2005). Apenas algumas espécies de plantas servem para determinadas espécies de abelhas nativas, como a Melipona compressipes e Melipona scutellaris, que utilizam menos de 30 espécies de árvores das 2200 que usualmente ocorrem em uma área de floresta de 100 Km 2 (KERR et al., 2000). No ambiente semiárido ocorre uma menor diversidade de espécies vegetais e são poucas as que possuem diâmetro suficiente para abrigar ninhos populosos (ALVES et al., 2007). Dentre as árvores nativas citadas pelos meliponicultores como boas para a nidificação na natureza estão a Imbura (Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett) e o umbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda). Cámara et al. (2004) registrou a imbura como uma das árvores mais usadas para a nidificação por espécies de abelhas nativas. Por outro lado, Souza (2003) citou a aroeira (Myracrodruon urundeuva), algaroba (Prosopis juliflora), umburana (Amburana cearensis), quixabeira (Sideroxylon obtusifolium), umbuzeiro (Spondias tuberosa), como as espécies mais procuradas para nidificação por Melipona asilvai nas cidades de Tucano e Itaberaba na Bahia. Pesquisas recentes tem demonstrado a preocupação com o desmatamento, visto que o desparecimento de plantas nativas compromete as populações de abelhas, agentes polinizadores importantes. No Rio Grande do Norte, por exemplo, a derrubada de árvores

68 68 como imburana e catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.) é relatada como uma das causas do desaparecimento das abelhas (PEREIRA et al., 2011). Outras árvores foram apontadas como utilizadas para a produção dos cortiços (TABELA 05), que são produzidos a partir de galhos destas árvores nativas com espaço interno considerado suficiente para o desenvolvimento das abelhas. Entre meliponicultores do nordeste, Cámara et al. (2004) registrou o uso do cajueiro na fabricação de cortiços. Entre os Pankararé da Bahia, a retirada de cortiços em alguns casos tem como agravante o fato de implicar na derrubada da árvore onde está o ninho da abelha. Ele pode estar em um dos galhos da árvore ou no tronco principal, sendo que no primeiro caso a árvore não será comprometida, mas se ele estiver no tronco principal ela será derrubada totalmente (MODERCIN et al., 2007). Tabela 05: Árvore utilizada na fabricação dos cortiços NOME VERNÁCULAR NOME CIENTIFÍCO Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemão Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenam Bandola - Cajueiro Anacardium occidentale L. Candeia* Gochnatia oligocephala (Gardener) Cabreira Catingueira Poincianella bracteosa (Tul.) L.P.Queiroz Cipipira - Massaranduba - Murici - Quixabeira Sideroxylon obtusifolium (Roem & Schult.) Quipé Piptadenia sp. Para a fabricação das caixas foi citada a utilização do cedro e do capoeiro, madeira normalmente comprada pelos meliponicultores, identificada como não nativa da região. Além de servirem de fonte de moradia, as árvores também são fundamentais como fonte de alimentação para as abelhas, de onde as mesmas retiram o melzinho, segundo os meliponicultores, que corresponde ao néctar das flores, e o saborá, que corresponde ao pólen utilizado como fonte de proteína e carboidrato. Em uma área do Agreste pernambucano a ausência de abelhas nativas sem ferrão dos gêneros Plebeia, Frieseomelitta, Partamona, Scaptotrigona e Trigonisca, assim como de outras espécies de Euglossini, esta relacionada à falta de sítios de nidificação e à escassez de fontes de pólen e néctar nessa área degradada (MILET-PINHEIRO e SCHLINDWEIN, 2008).

69 69 Segundo os meliponicultores é comum à aplicação de pesticidas e defensivos agrícolas nas lavouras, seu uso também é comum em plantações de pastos para bovinos. Essa prática é apontada, também, como uma das causas do desaparecimento das abelhas: Veneno, se botar na roça [...], Os agrotóxico né, principalmente esses que tão usando agora nas pastagens pras ervas daninhas. O uso de pesticidas agrícolas em área de ocorrência de abelhas sociais pode provocar mudança de comportamento e perda dos sentidos das mesmas, alteração e inibição da comunicação (FREITAS e PINHEIRO, 2010), além de gerar contaminação do mel, mutação gênica, morte das abelhas e possível extinção de espécies (SOUZA et al., 2013). A inserção de abelhas exóticas como a oropa, como é chamada as variações da Apis mellifera, também é considerada um fator que contribui para o desaparecimento das abelhas nativas, esse fato se deve principalmente pela competição por alimento. A introdução de Apis mellifera para produção de mel é um dos fatores que contribui para o processo de desaparecimento das abelhas nativas (LOPES et al., 2005), uma vez que as mesmas podem invadir e pilhar as famílias de espécies de abelhas nativas, além do forrageamento competitivo que pode levar às famílias menos populosas à fraquejar por falta de alimento (PEREIRA et al., 2011). A ocorrência da Apis em áreas próximas às áreas habitadas por espécies nativas pode ocasionar o declínio de algumas populações, como é o caso da Melipona beecheii Bennet ocorrente no México, que tem seu número reduzido em função da competição por alimento com a Apis mellifera (VILLANUEVA et al., 2005). Alguns animais são considerados predadores das abelhas pelos meliponicultores, dentre eles a lagartixa (catende) e passarinhos (bem-te-vi, maria-farinha e andorinha) (FIGURA 10). Os criadores associam essas espécies como prejudiciais às abelhas, por comerem os indivíduos que saem do ninho, como é o caso dos passeriformes, sapos, aranhas e catendes (lagartixas) citado por 14 dos 21 participantes, além dos forídios e formigas que afetam os novos indivíduos que estão para nascer. Os inimigos naturais mais comuns são os forídeos, que são moscas pequenas, escuras, atraídas principalmente pelo odor do pólen fermentado e penetram nas colmeias pondo seus ovos nos potes de pólen ou nos discos de cria mais novos (KERR et al., 1996).

70 70 Figura 10: Número de citações dos inimigos naturais das abelhas nativas segundo os meliponicultores. Para prevenir o ataque dessa praga, uma das sugestões é a manutenção das colônias fortes, além do cuidado em não machucar potes de pólen e células de cria, como também a remoção da colônia dos potes de pólen abertos e fermentados. Em caso de ataque, é necessário realizar uma limpeza, removendo e queimando todo pote de pólen e disco de cria infestado (PEREIRA et al., 2010). Formigas, lagartixas, algumas abelhas ladras, ácaros, aves e o frio também são considerados inimigos naturais para diversas espécies de abelhas (KERR et al., 1996), além de pássaros, pequenos mamíferos e sapos (PEREIRA et al., 2010). Algumas espécies de formigas conseguem exterminar colônias de abelhas, a depender da frequência com que é feita a manutenção dos enxames (KERR et al., 2005). Apesar dos predadores naturais representarem uma parcela significativa dos fatores que contribuem para a diminuição das espécies de abelhas nativas, Freitas et al. (2009) acredita que o principal problema enfrentado na América Latina para conservação da fauna de abelhas nativas é a falta de informação sobre a riqueza, a diversidade, taxonomia, distribuição, dinâmica populacional e impacto das atividades humanas sobre a maioria dessas espécies. A perda dos polinizadores nativos pode trazer grandes danos para a região, um deles seria a diminuição do potencial da produção agrícola, como também o desaparecimento de espécies vegetais, que dependem diretamente da polinização realizada pelas abelhas. Na região da caatinga cerca de 30% das espécies de plantas nativas são polinizados por meliponíneos (KERR, 1997). Quezada-Euán (2009) indica o uso de meliponíneos na polinização de áreas tropicais, como uma alternativa promissora para o aumento da produção de hortaliças.

71 71 A diminuição da população de abelhas nativas pode desencadear a perda da prática cultural da meliponicultura passada de pai para filho, como é o caso de alguns criadores, que adquiriram interesse pela atividade e informações sobre a prática através de observações feitas na infância e na adolescência. A perda de fontes de medicação, alimentação e renda também pode ser afetada, uma vez que a espécies mais comuns como a mandaçaia e a moça-branca, deixariam de existir, como relatam boa parte dos meliponicultores, que observaram que há algumas décadas estas espécies eram mais encontradas na natureza. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os meliponicultores do município de Cícero Dantas-BA reconhecem uma série de fatores que contribuem para o desaparecimento das abelhas nativas na região, com destaque para: a aplicação de pesticidas e defensivos agrícolas nas lavouras, a ocorrência de abelhas exóticas, os inimigos naturais e principalmente o desmatamento da vegetação nativa, que ao longo dos anos diminui os locais de nidificação e fontes de alimentação. Juntamente com o desaparecimento das abelhas nativas na região, as plantas que dependem exclusivamente da sua polinização podem sofrer perdas em relação à produção de frutos e manutenção da espécie. Assim como pode ocorrer à extinção da prática econômica e cultural da meliponicultura pela ausência de meliponíneos. Para conservar as abelhas nativas ocorrentes na cidade, bem como aumentar o número de enxames na natureza é necessário ações de intervenção junto à população local, para que a mesma possa compreender a importância dos meliponíneos para a região. Quanto aos meliponicultores, os órgãos municipais, privados ou instituições de educação das redondezas devem propor estratégias de suporte técnico para os mesmos, principalmente em relação ao manejo, multiplicação e aquisição de enxames. REFERÊNCIAS ALBUQUERUQUE, P. U.; LUCENA, R. F. P.; ALENCAR, N. L. Métodos e técnicas para coletas de dados etnobilógicos. In: Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. ALBUQUERUQUE, P. U.; LUCENA, R. F. P.; CUNHA, L.V. F. C. Recife, PE: NUPEAA. p

72 72 ALVES, R. M. O.; SODRE, G. S.; SOUZA, B. A.; CARVALHO, C. A. L.; FONSECA, A. A. O. Desumidificação: uma alternativa para a conservação do mel de abelhas sem ferrão. Mensagem Doce. n. 91. p AMOROZO, M. C. M.; VIERTLER, R. B. A abordagem qualitativa na coleta e análise de dados em etnobiologia e etnoecologia. In: ALBUQUERQUE UP; LUCENA RFP; CUNHA LVFC. Métodos e técnicas na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. Recife: NUPEEA, p AZEVEDO, A. A.; SILVEIRA, F. A.; AGUIAR, C. M. L.; PEREIRA, V. S. Fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço (Minas Gerais e Bahia, Brasil): riqueza de espécies, padrões de distribuição e ameaças para conservação. Megadiversidade. v. 4, n BAILEY, K. Methods of social research. 4 ed. New York: The Free Press, p CÁMARA, J. Q.; SOUSA, A. H.; VASCONCELOS, W. E.; FREITAS, R. S.; MAIA, P. H. S.; ALMEIDA, J. C.; MARACAJÁ, P. B. Estudos de meliponíneos, com ênfase a Melípona subnitida D. no município de Jandaíra, RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra. vol. 4, n FREITAS, B. M.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; MEDINA, L. M.; KLEINERT, A. M. P.; GALETTO, L.; NATES-PARRA, G.; QUEZADA-EUÁN, J. J. G. Diversity, threats and conservation of native bees in the Neotropics. Apidologie. v. 40, n. 3, p , FREITAS, B. M.; PINHEIRO. J. N. Efeitos sub-letais dos pesticidas agrícolas e seus impactos no manejo de polinizadores dos agroecossistemas brasileiros. Oecologia Australis. v. 14, n. 1, p GONÇALVES, L. S. Um alerta sobre os prejuízos causados pelos pesticidas na apicultura e meliponicultura no Brasil. Mensagem Doce. n Disponível em: < >. Acesso em: 23 jan IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Disponível em: < cice ro-dantas infograficos:-informacoes-completas>. Acesso em: 15 mar IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; CONTRERA, F. A. L.; KLEINERT, A. M. P. A Meliponicultura e a iniciativa brasileira dos polinizadores. In: XV Congresso Brasileiro de Apicultura. Natal, RN, p KERR, W. E.; CARVALHO, G. A.; NASCIMENTO, V. A. Abelha Uruçu: Biologia, Manejo e Conservação. Belo Horizonte, MG: Acangaú

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74 74 PINHEIRO-MACHADO, C.; SANTOS, I. A.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L.; KLEINERT, A. M. P.; SILVEIRA, F. A. Brazilian Bee Surveys: State of Knowledge, Conservation and Sustainable Use. IN: KEVAN, P.; IMPERATRIZ-FONSECA, V. L. (Eds) - Pollinating Bees - The Conservation Link Between Agriculture and Nature - Ministry of Environment.Brasília. p QUEZADA-EUÁN, J. J. G. Potencial de las abejas nativas en la polinización de cultivos. Acta Biologica Colombiana, v. 14, n. 2, p SEI-BA. Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Estatística dos municípios baianos. Salvador. v 25, p SERRA, B. D.; DRUMMOND, V. M. S.; LACERDA, L. M.; AKATSU, I. P. Abundância, distribuição espacial de ninhos de abelhas Meliponina (Hymenoptera, Apidae, Apini) e espécies vegetais utilizadas para nidificação em áreas de cerrado do Maranhão. Iheringia, Série Zoologia, Porto Alegre, v. 99, n. 1, p 12-17, SOUZA, J. R. L.; AMARANTE-JUNIOR, O. P.; BRITO, N. M.; FRANCO, T. C. R. S. Ação de pesticidas sobre abelhas: avaliação do risco de contaminação de méis. Acta Tecnológica. v. 8, n. 1, p SOUZA, B. A.; CARVALHO, C. A. L.; ALVES, R. M. O. Notas sobre a bionomia de Melipona asilvai (Apidae: Meliponini) como subsídio à sua criação racional. Archivos de Zootecnia. vol. 57, n. 217, p SOUZA, J.H. Os aracnídeos (Arachnida: Araneae, Scorpiones) na comunidade quilombola de Mesquita, Goiás: um estudo de caso sobre etnobiologia. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) Universidade de Brasília, Brasília, p ZANELLA, F. C. V. The bees of the Caatinga (Hymenoptera, Apoidea, Apiformes): a species list and comparative notes regarding their distribution. Apidologie. n. 31, p ZANELLA, F. C. V. & MARTINS, C. F. Abelhas da Caatinga: Biogeografia, Ecologia e Conservação. In: Ecologia e conservação da caatinga/editores Inara R. Leal, Marcelo Tabarelli, José Maria Cardoso da Silva; prefácio de Marcos Luiz Barroso Barros. Recife: Editora Universitária da UFPE, p VILLANUEVA, R. G.; ROUBIK, D. W.; COLLI-UCÁN, W. Extinction of Melipona beecheii and traditional beekeeping in the Yucatán península. Bee World. v. 86, n.2. p

75 75 APÊNDICE UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VIII PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL- PPGEcoH TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da pesquisa: Etnoecologia e Agroecologia dos camponeses de Cícero Dantas, Bahia O senhor(a), está sendo convidado(a) a participar, como voluntário de uma pesquisa que tem o objetivo de estudar caracteristicas etnoecológicos e agroecológicos dos camponeses de Cícero Dantas Bahia, assim como analisar o perfil socioambiental e socioeconômico que estão relacionados à atividade de criação de abelhas nativas sem ferrão, procurando listar quais as técnicas de manejo empregadas por vocês para a manutenção das abelhas sem ferrão que criam. Informo que este estudo não visa nenhum benefício econômico para o pesquisador ou qualquer outra pessoa ou instituição. Informo que as informações registradas serão utilizadas para construção de trabalhos científicos e, possivelmente publicados em revistas científicas, apresentação de trabalhos em eventos e palestras, no qual divulgará a cultura e conhecimento que você tem sobre os as abelhas nativas sem ferrão da região. O estudo emprega técnicas de entrevistas e conversas informais, bem como observações diretas, sem riscos de causar prejuízo aos participantes, exceto um possível constrangimento com as nossas perguntas ou presença. Caso você concorde em tomar parte nesse estudo, será convidado a responder a um questionário sob forma de entrevista. Também usaremos gravador e tiraremos fotos (caso concorde) e faremos anotações em diário de campo. Os dados coletados ficarão guardados por dois anos e após este período serão destruídos. Todos os dados coletados com sua participação serão organizados de modo a proteger a sua identidade. Sempre que quiser, você poderá tirar suas dúvidas sobre essa pesquisa através do telefone (75) , pelo lidiane.linu@gmail.com ou no seguinte endereço: Rua São Francisco, n 487, CEP: , Paulo Afonso BA, Apt. 02. Você também poderá desistir de participar em qualquer momento que desejar, sem que isso lhe cause qualquer problema. Assim, se está claro para o senhor (a) o objetivo dessa pesquisa e se você aceita participar, peço que, por favor, assine este documento e o senhor (a) também receberá uma cópia. Muito obrigada por sua colaboração.

76 76 Data: / / Assinatura do voluntário/ RG Impressão digital Assinatura do pesquisador/ RG

77 77 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS VIII PAULO AFONSO MESTRADO EM ECOLÓGIA HUMANA E GESTÃO SOCIOAMBIENTAL TERMO DE CONCESSÃO DE USO DE IMAGEM E SOM Eu,, CPF/RG, AUTORIZO Lidiane Nunes Lima, responsável pela pesquisa intitulada: ETNOECOLÓGIA E AGROECOLÓGIA DOS CAMPONESES DE CÍCERO DANTAS, BAHIA a fixar, armazenar e exibir a minha imagem por meio de foto, áudio e/ou vídeo com o fim específico de inseri-la nas informações que serão geradas na pesquisa, aqui citada, e em outras publicações dela decorrentes, quais sejam: livros, revistas científicas, congressos e jornais. A presente autorização abrange, exclusivamente, o uso de minha imagem para os fins aqui estabelecidos e deverá sempre preservar o meu anonimato. Qualquer outra forma de utilização e/ou reprodução deverá ser por mim autorizada. O pesquisador responsável Lidiane Nunes Lima, assegurou-me que os dados serão armazenados sob sua responsabilidade, por 2 anos, e após esse período, serão destruídas. Assegurou-me, também, que serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou solicitar a posse de minhas imagens. Paulo Afonso, de de Assinatura do participante da pesquisa Assinatura do pesquisador responsável

78 ANEXO 78

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