ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - GEOPROCESSAMENTO ANÁLISE MULTITEMPORAL DO DESMATAMENTO E QUEIMADAS NA AMAZÔNIA LEGAL

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1 ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - GEOPROCESSAMENTO ANÁLISE MULTITEMPORAL DO DESMATAMENTO E QUEIMADAS NA AMAZÔNIA LEGAL KARLA DE SOUZA SANTOS, DAYANE DANTAS DA SILVA, RICARDO JOSÉ DE PAULA SOUZA E GUIMARÃES O estudo teve como finalidade elaborar mapas temáticos a partir de análise multitemporal do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal no período de 2005 a As informações referentes aos focos de queimadas e desmatamento foram obtidas no site INPE. O processamento dos dados foram realizados no software ArcGIS. Após as análises verificou-se que houve aumento de queimadas na Amazônia Legal. Nos anos de 2005 a 2015 os focos de queimadas dobraram, pois foram detectados focos em 2005, e focos em 2015, apresentando uma diferença de focos entre os anos. Em 2005 os estados com maior incidência de queimadas e desmatamento foram Mato Grosso, Pará e Rondônia, em 2010 foram Tocantins, Pará e o Mato Grosso, em 2015 foram Rondônia, Pará e Mato Grosso. Em todos os períodos analisados o estado do Pará e do Mato Grosso estavam presentes. Este estudo mostrou a importância das análises espaciais como uma solução para o monitoramento e diagnostico ambiental. Palavras-chave: Focos de Queimadas; Geoprocessamento; Sistema de Informação Geográfica. INTRODUÇÃO A ocupação e o desmatamento na Amazônia intensificaram-se a partir da década de 1970, principalmente pelo incentivo a agricultura e pecuária oferecido pelo governo federal aos agricultores e pecuaristas que vinham principalmente do sul e sudeste do país (LEMOS; SILVA, 2011). A cada ano, o fogo na Amazônia brasileira atinge uma área dez vezes o tamanho da Costa Rica (NESPSTAD et al., 1999), principalmente em tempos de estiagem, a vegetação fica mais seca

2 e o fogo alastra-se com maior facilidade, de forma que qualquer faísca, dependendo da localidade, pode provocar uma verdadeira catástrofe (PENA, 2016). O desmatamento na região Amazônica é um fenômeno atribuído a diversos fatores, tais como a conversão de floresta em pastagens, o corte e a queima de floresta para cultivos, a abertura de estradas ilegais, as quais expõem extensas áreas de floresta intacta a exploração madeireira predatória e a grilagem de terras (ALENCAR et al., 2004). As atividades econômicas agropastoris ou florestais são as principais causadoras do desmatamento e se perpetua ao longo do tempo na região. No período menos chuvoso, os produtores rurais realizam queimadas para limpeza e preparo da terra, com o objetivo de torná-la cultivável. Esse é o método mais disseminado, e barato, nas atividades agropastoris, adotado pelos diversos setores produtivos rurais (PARDO, 2012). Embora áreas extensas ainda permaneçam intactas, a taxa de perda da floresta é drástica, em especial no arco do desmatamento, região onde se encontram os maiores índices de desmatamento da Amazônia, que se situa a leste e sul do Pará em direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre (IPAM, 2015). Os incêndios florestais e o uso do fogo em sistemas agrícolas afetam o equilíbrio dos ecossistemas, a saúde humana, e causam a perda da biodiversidade e impactos climáticos (GONÇALVES, 2012). Neste contexto, existe a necessidade de se avançar continuamente no controle às queimadas em ambientes naturais, o que motiva a produção de tecnologias que proporcionem o monitoramento da ocorrência das queimadas (SANTOS et al., 2016). O Sistema de Informação Geográfica (SIG), com dados oriundos de sensoriamento remoto, podem proporcionar uma visão geral da distribuição temporal, espacial e identifica padrões dos incêndios florestais em diferentes escalas (PEREIRA et al., 2013). Segundo Júnior et al. (2005), os estudos de análise temporal permitem o acompanhamento sazonal da superfície da Terra como, por exemplo, o monitoramento da evolução dos desmatamentos, crescimento urbano, monitoramento agrícola, entre outras aplicações (BENEDETTI, 2010). OBJETIVOS O estudo teve como finalidade elaborar mapas temáticos a partir de análise multitemporal do desmatamento e queimadas na Amazônia Legal no período de 2005 a 2015.

3 METODOLOGIA ÁREA DE ESTUDO A Amazônia Legal é composta pelos estados do Pará, Amapá, Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, conforme a figura 01 salienta-se que alguns estados não estão totalmente contidos na Amazônia Legal, como o Tocantins, com 98% da sua área dentro da Amazônia Legal e o Maranhão, com 79% (D Antona et al., 2013). Estes totalizam uma área de ,30 km2, correspondendo a 60% do território brasileiro (LEMOS; SILVA, 2011), e residem aproximadamente 24 milhões de pessoas, distribuídas em 775 municípios de acordo com o Censo 2010 (IBGE, 2016). Figura 01: Mapa de localização da Amazônia Legal. COLETA DE DADOS Coletou-se informações de focos de queimadas na Amazônia Legal a partir do ano 2005 com intervalo de 5 anos até 2015, assim o período analisado foi de 2005, 2010 e Os dados foram obtidos através de download de dados do portal do Instituto Nacional de

4 Pesquisas Espaciais - INPE ( que trata do monitoramento de focos de queimadas e de incêndios florestais detectados por satélites. E segundo o INPE (2016), os dados para a América do Sul e a Central, África e Europa, são atualizados a cada três horas, todos os dias do ano. Entretanto, os satélites somente detectam frente de fogo com cerca de 30 m de extensão por 1 m de largura, menos que isso não é contabilizado. Utilizou-se dados de desmatamento disponibilizados pelo INPE no portal do Projeto de Estimativa do Desflorestamento da Amazônia - PRODES que realiza monitoramento da floresta amazônica brasileira por satélite ( Usou-se ainda outras fontes secundárias para o estudo como: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, revistas, artigos técnicos e rede mundial de computadores. PROCESSAMENTO DE DADOS Todo processamento, análise e interpretação dos dados de foco de queimada foram realizadas no software ArcGIS Desktop 10. Após a obtenção dos dados de queimada, transformou estes em polígonos para a criação de uma camada que demonstrasse melhor a área de abrangência dos locais de queimada com as áreas desmatadas. Utilizou-se apenas dados vetoriais de desmatamento do ano de 2014, pois o PRODES ainda não disponibilizou os dados de Depois realizou-se os procedimentos de análises espaciais, que resultou em mapas com distribuição espacial e temáticos. RESULTADOS Elaborou-se mapa de distribuição multitemporal dos focos de queimadas e verificouse que ao decorrer dos anos estudados houve aumento de queimada na Amazônia Legal, conforme a figura 02.

5 Figura 02: Mapa de distribuição dos focos de queimadas na Amazônia Legal nos anos de 2005; 2010 e Este aumento de queimadas é evidenciado no gráfico 01, que contém informações sobre a quantidade de focos de queimadas nos anos estudados. Nota-se que de 2005 a 2015 dobrou a quantidade de queimadas na Amazônia Legal, pois em 2005 havia focos de queimada e em , uma diferença de focos de queimadas. Salienta-se que este aumento pode estar relacionado também à melhora do monitoramento ao longo do tempo. Gráfico 01: Apresentação do aumento da quantidade de focos de queimadas na Amazônia Legal entre os anos estudados.

6 Elaborou-se mapas de distribuição multitemporal do desmatamento, porém notou-se ao longo das análises como demonstrado na figura 03 que o desmatamento diminuiu ao longo dos anos estudados. Figura 03: Mapa de distribuição temporal do desmatamento na Amazônia Legal, no período de 2005; 2010 e E ainda, conforme o gráfico 02, o desmatamento apresentou-se de maneira inversa as queimadas, com redução de km² se comparado 2010 (19.014) a 2015 (5.831), em relação a área total da Amazônia Legal. Gráfico 02: Apresentação da redução do desmatamento na Amazônia Legal entre os anos estudados.

7 A interpretação visual não mostrou uma relação entre o desmatamento com os focos de queimadas, como observado nas figuras 02 e 03. Porém, quando os dados foram sobrepostos verificou-se que o desmatamento se encontrava principalmente em áreas que houve queimadas, ou vice-versa como observado nas figuras 04, 05 e 06. Na sobreposição do ano de 2005, (figura 04) existe um grande índice de desmatamento e queimadas, onde os três estados com maior incidência de queimadas e desmatamento foram Mato Grosso, Pará e Rondônia. Figura 04: Mapa da sobreposição do desmatamento e das queimadas na Amazônia Legal no ano de Em 2010 o desmatamento continua nas áreas que também ocorreram queimadas como demonstra a figura 05, dentre os três estados que mais desmataram destacam-se Pará, Mato Grosso e Maranhão. Porém o Maranhão não é um dos três principais estados que (desmataram ou queimaram) e sim o Tocantins.

8 Figura 05: Mapa da sobreposição do desmatamento e das queimadas na Amazônia Legal no ano de Em 2015, houve o maior índice de queimada do período estudado na Amazônia Legal, apesar da diminuição do desmatamento, este continuou em áreas de queimadas como mostra a figura 06. Neste ano o desmatamento voltou a crescer em Rondônia e os estados do Pará e Mato Grosso continuaram com altos índices de desmatamento inclusive de queimadas. O Maranhão apresentou altos números de queimadas.

9 Figura 06: Mapa da sobreposição do desmatamento e das queimadas na Amazônia Legal no ano de Averiguou-se os estados que compõe a Amazônia Legal que apresentaram maiores relações entre queimadas e desmatamento, assim constatou-se que está relação pode ser mais explicita nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, conforme a tabela 01. Nestes estados as queimadas variam EVENTOS ESTADOS PERÍODO conforme o 2005 desmatamento nos anos abordados. Q* Q* *Q = Queimadas *D = Desmatamento Tabela 01: Índices de queimada e desmatamento no período de estudo. Verifica-se que em 2015 houve maior incidência de focos de queimadas, salienta-se que este aumento pode ter relação com o desmatamento em alguns casos, porém, pode também ter ocorrido queimadas acidentais.

10 CONCLUSÕES A partir das análises de distribuição multitemporal das queimadas e do desmatamento nos anos de 2005, 2010 e 2015 verificou-se que houve aumento no número de queimadas na Amazônia Legal, após a sobreposição dos dados, as queimadas se apresentaram diretamente proporcionais ao desmatamento. Em 2005 os estados com maior incidência de queimadas e desmatamento foram os estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia, no ano de 2010 foram os estados do Tocantins, Pará e o Mato Grosso, sendo que o Maranhão apresentou um aumento no desmatamento. Para o ano de 2015 houve o maior índice de queimadas do período estudado, mesmo apresentado uma diminuição no desmatamento, os estados que mais apresentaram números de queimadas foram Rondônia, Pará e Mato Grosso. Em todos os períodos analisados o estado do Pará e do Mato Grosso estavam presentes, podendo ser relacionados a atividade agropecuária, e levando em consideração que o estado do Pará possui o maior rebanho bovino do País. Este estudo mostrou a importância das análises espaciais como uma solução para o monitoramento e diagnostico ambiental. REFERENCIAS ALENCAR, Ane; et al. Desmatamento na Amazônia: indo além da Emergência Crônica. Instituto de Pesquisas Ambiental da Amazônia. Belém. 85p BARBOSA JÚNIOR, J. S; ALMEIDA, A. S. de. Análise multitemporal com a utilização da técnica de sensoriamento remoto e geoprocessamento no município de Bonito Pará. In: III SIMPOSIO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS GEODÉSICAS E TECNOLOGIAS DA GEOINFORMAÇÃO. Recife, 2010.p , BENEDETTI, Ana Caroline Paim. Modelagem dinâmica para simulação de mudanças na cobertura florestal das Serras do Sudeste e Campanha Meridional do Rio Grande do Sul. 166 f. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.

11 D ANTONA, Álvaro de Oliveira; BUENO, Maria do Carmo Dias; DAGNINO, Ricardo de Sampaio. Estimativa da população em unidades de conservação na Amazônia Legal brasileira uma aplicação de grades regulares a partir da Contagem R. bras. Est. Pop., Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, p , GONÇALVES, Karen dos Santos; CASTRO, Hermano Albuquerque de; HACON, Sandra de Souza. As queimadas na região amazônica e o adoecimento respiratório. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 6, p , IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Disponível em: < defa ult.shtm>. Acesso em: 08 de abr INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios. Disponível em: < Acesso em: 08 de abr IPAM - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Glossário - Arco do desmatamento Disponível em: < Acesso em: 05 abr LEMOS, André Luiz Ferreira; SILVA, José de Arimatea. Desmatamento na Amazônia Legal: Evolução, Causas, Monitoramento e Possibilidades de Mitigação Através do Fundo Amazônia. Floresta e Ambiente, v. 18, n. 1, p , NEPSTAD, Daniel C.; MOREIRA, Adriana G; ALENCAR, Ane A. A Floresta em Chamas: Origens, Impactos e Prevenção de Fogo na Amazônia. Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, Brasília, PARDO, David Wilson Abreu. Direito e sociedade na Amazônia: Sobre a proibição legal do uso do fogo em atividades econômicas agropastoris. Revista Direito Gv, São Paulo, v. 8, n. 2, p , PEREIRA, Allan Arantes; et al. Análise da distribuição espacial de áreas queimadas através da função K de Ripley. Scientia Forestalis, v. 41. n. 100, p , 2013.

12 SANTOS, Karla de Souza; SILVA, Dayane Dantas; CATETE, Clístenes Pamplona; GUIMARÃES, L. H. R. GUIMARÃES, Ricardo José de Paula Souza. Análise espacial das queimadas nos municípios do estado do Pará, no período de In: XVII SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 2016 Florianópolis Anais Soluções para um melhor Saneamento Ambiental. Abes, 2016.