Programa Plante Bonito
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- Martín Minho Castel-Branco
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1 Programa Plante Bonito Relatório Técnico de Restauração Florestal Lagoa Misteriosa Bacia hidrográfica do Rio da Prata Plantio de mudas Bonito/MS, 27 de julho de 2013
2 Sumário 1. Introdução Objetivo Caracterização 3.1 Área Contratos de parceria Atividades realizadas Relação das espécies utilizadas no plantio Modo operacional 4.1 Técnica de plantio Procedimentos adotados na área Registro fotográfico Dados estruturais (altura e diâmetro a altura do solo) Considerações finais Equipe envolvida no plantio Observações... 15
3 1. Introdução A Serra da Bodoquena encontra-se inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Miranda e ocupa uma posição estratégica para a conexão dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal, o que também lhe confere uma alta diversidade biológica. Além disso, devido as suas características peculiares, no ano de 2000 foi criado o primeiro Parque Nacional do Estado do Mato Grosso do Sul, o Parque Nacional da Serra da Bodoquena com cerca de hectares. Porém, apesar de abrigar um imenso patrimônio natural e ser fundamental para conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos da região, a Serra da Bodoquena vem sofrendo com vários impactos ambientais advindos da ocupação e atividades econômicas desenvolvidas na região. Um estudo realizado pela ONG Conservação Internacional estimou que até 2004, cerca de 40% dos km2 da Bacia do Alto Paraguai teve sua vegetação original suprimida. Destes, cerca de 140 km2 ou 37,44% da BAP foi em áreas de Planalto e o restante na própria planície pantaneira. O estudo ainda apontou que municípios como Jardim e Bodoquena já perderam entre 40 e 60% de sua vegetação original, enquanto Bonito já perdeu entre 60 e 80%. Outro estudo aponta que boa parte da vegetação original localizada no entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena já foi substituída por áreas de pastagem cultivada. O resultado dessa ocupação é uma grande perda da biodiversidade original da região. Apesar disso, a Serra da Bodoquena ainda possui o maior remanescente de florestas do Estado do Mato Grosso do Sul com formações de cerrado, floresta estacional semidecidual e floresta estacional decidual. Esta última considerada uma das formações vegetais mais seriamente ameaçadas do Brasil. Assim, iniciativas de conservação adotadas por diversas instituições são essenciais para desacelerar o processo de degradação da região. Neste contexto, o Programa Plante Bonito, desenvolvido pelo Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB é voltado à recuperação florestal de áreas, preferencialmente matas ciliares por sua contribuição para a conservação da água e incremento da biodiversidade. Visa também promover ações socioambientais por meio de atividades sustentáveis que auxiliem na conservação da Serra da Bodoquena. O Programa Plante Bonito é patrocinado por empresas preocupadas com a proteção aos recursos naturais, que encontram no IASB a parceria para colocar em prática esses valores. O apoio dado pelas empresas possibilitam que o Plante Bonito realize plantios de mudas de árvores nativas em diversas áreas e, realize ainda, atividades de Educação Ambiental nos locais onde atua, estimulando nos envolvidos, empresários, proprietários de terra, estudantes, a adoção de práticas sustentáveis, valorização dos recursos naturais e mudanças de atitude. Na perspectiva dos benefícios trazidos pelo Programa à sociedade e à Natureza, empresas do ramo turístico, escolas visitantes e diversos eventos iniciaram a parceria com o IASB a partir do ano de 2007 e até a presente data, foram plantadas 5143 mudas florestais de essências nativas. Este texto foi produzido com informações extraídas da página: <h p:// no dia 05 de fevereiro de
4 2. Objetivo Este Relatório Técnico de Restauração Florestal tem por objetivo registrar as atividades de plantio de mudas na área de mata ciliar pertencente ao lago denominado Lagoa Misteriosa, localizada dentro da Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 4, município de Jardim/MS. 3. Caracterização 3.1 Área Nome da propriedade: Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 4 Tamanho da área em recuperação florestal: 0,1 ha Quantidade de mudas plantadas até a presente data: 30 (trinta) mudas Quantidade de reposições e mudas plantadas até a presente data: não houve reposições Município: Jardim/MS. Coordenadas: 21º 27' S / 56º 27' O Curso d água: Bacia Hidrográfica do Rio da Prata A fazenda Lagoa Misteriosa é formada basicamente pela vegetação que margeia um lago de águas azuis que impressiona por sua incrível transparência e profundidade. O lago fica no fundo de uma dolina, um tipo de formação geológica similar a um buraco. A Lagoa Misteriosa, como é conhecida, é considerada a sétima caverna mais profunda do país e uma das mais profundas cavernas inundadas do mundo, atingindo mais de 220 metros de coluna d água. Mesmo com grande presença de mata nativa, a vegetação ciliar da lagoa ainda apresenta concentração elevada do capim braquária, o que justifica os plantios de restauração florestal a fim de proteger esta região tão sensível e de beleza inigualável. Para facilitar o acompanhamento, os plantios feitos neste local são setorizados, onde cada setor possui um patrocinador diferente. Figura 1. Imagem da Lagoa Misteriosa e mapa evidenciando a área total da fazenda (mapa superior) e a área de restauro (mapa inferior) 4
5 3.2 Contratos de parceria A tabela 1 apresenta um resumo dos contratos de parceria entre as empresas que apoiaram plantios na Fazenda Lagoa Misteriosa - setor 4, com quantidade de mudas e respectivas datas de plantios. Tabela 1. Contratos de parcerias efetivados no mês de julho de Data Empresa / Escola Quantidade de mudas Status 27/08/2013 Wetiga Hotel 30 Plantio concluído 3.3 Atividades realizadas Por meio do Programa Plante Bonito, o IASB assume o compromisso de plantar, vistoria e repor as mudas, caso seja necessário. O primeiro passo é a seleção das áreas de plantio, cujo cadastros feitos pelos produtores anteriormente, direciona o melhor local a ser beneficiado pelo programa, baseado em critérios como: interesse do proprietário da terra, disponibilidade para cercamento, comprometimento com a manutenção das mudas plantadas e, principalmente, o estado de degradação da área e sua importância ecológica. Após esta etapa, o passo seguinte é a avaliação do local para a implantação das ações de restauração florestal mais adequadas à realidade encontrada, por exemplo, adoção de plantios de enriquecimento, plantios adensados, plantios em linhas, metodologia ilhas verdes, técnicas de nucleação, dentre outros. Feito o plantio, as manutenções ficam a cargo dos proprietários das áreas beneficiadas. A cada seis meses, num período de dois anos, o IASB realiza visitas de vistoria a fim de avaliar o desenvolvimento das mudas nativas, identificação de perturbações, definição de medidas de manejo, condução ou replantio e, para verificação dos métodos e espécies empregadas. Desta forma, as vistorias consistem na avaliação visual do estado da área e coleta de dados como altura e diâmetro de pelo menos 30% do número total de mudas plantadas. Durante estas vistorias é identificada a necessidade de reposição das mudas que vierem a morrer. Para facilitar o controle e a logística, a instituição adotou a prática de realizar os plantios de reposição somente quando a área completa 1 ano. Assim, poderão ser feitos 2 replantios em cada área participante do programa. As reposições são planejadas para iniciarem no período de chuvas posterior à vistoria. Como forma de transmitir conceitos ambientais a um grupo de voluntários do IASB, foi realizada uma visita técnica no dia 27 de julho nas Fazendas Cabeceira do Prata e Lagoa Misteriosa, dentre as diversas atividades desenvolvidas, como produção de mudas, identificação de sementes, auxílio para coleta de húmus e compostagem, os jovens participaram de um plantio de mudas visando a recomposição da mata ciliar do lago conhecido como Lagoa Misteriosa. Após o plantio, todos foram levados para conhecer o Mirante da Lagoa, local onde é possível ter uma vista aérea do lago. 5
6 Para realização do plantio em área de mata ciliar no interior da fazenda foi solicitada autorização ao proprietário, que prontamente permitiu e ainda, ofereceu toda a alimentação ao grupo de jovens. A limpeza dos coroamentos e a abertura das covas foi feita um dia antes pelos funcionários do local, visando deixar a área preparada para receber os voluntários. Esta ação contou com a orientação do Biólogo Thyago Sabino e do Engenheiro Ambiental Valdenir Souza. É importante constar que as mudas utilizadas são produzidas no viveiro mantido pela RPPN Cabeceira do Prata, como também o adubo, obtido através da compostagem da mistura esterco e restos de comida. Foram introduzidas na área essências florestais características do local, distribuídas em 15 espécies, além das sementes nativas lançadas aleatoriamente Relação das espécies (sementes e mudas) utilizadas no plantio Espécie Quantidade Para-tudo 2 Farofa de sementes: canafístula, pororoca, amendoim-bravo, pau-sal, mandiocão Aroeira 2 Pororoca 2 Ipê-roxo 2 Cabrito 2 Jatobá-mirim 2 Cedro 2 Ingá 2 Jacarandá-branco 2 Embaúba 2 Figura 2. Aspecto das mudas do viveiro RPPN Cabeceira do Prata no dia do plantio Carne-de-vaca 2 Ipê-amarelo 2 Olandi 2 Bocaiúva 2 Angico-vermelho 2 Figura 3. Grupo de voluntários separando as mudas que seriam plantadas no período vespertino 6
7 4. Modo operacional 4.1 Técnica de plantio Entre os anos de 2007 a 2012, o Programa Plante Bonito adotava nos projetos de reflorestamento o método do plantio convencional. A partir de 2013, todos os plantios efetuados utilizam da metodologia de Ilhas Verdes, um técnica de recuperação florestal baseada no conceito de nucleação, pesquisada pela instituição durante dois anos. Ilhas Verdes consiste no plantio adensado de mudas, pelo menos 3 a 7 unidades em cada coroamento, acrescentado de sementes de espécies nativas de diferentes estratos vegetais. Além disso, também preza pela diminuição da manutenção dos plantios. Quando bem conduzida em sua fase de implantação, com coroamentos grandes e sem a presença de raízes de gramíneas, o capim demora a nascer e crescer próximo à muda, permitindo que as manutenções sejam feitas a cada 5 ou 6 meses pelo menos. Como a manutenção dos plantios é de responsabilidade do proprietário da terra, facilita em muito seu envolvimento, pois diminui os esforços e o tempo gasto nesta tarefa. 4.2 Procedimentos adotados na área Para o plantio das 30 mudas foram feitos 6 coroamentos, seguindo as orientações da metodologia de ilhas verdes: uma limpeza manual com o auxílio de enxadas, enxadão e pá cavadeira foi realizada no dia anterior ao plantio para retirar a parte aérea do capim braquiária e todos os vestígios de raízes. Com exceção desta gramínea, as outras plantas presentes no coroamento foram preservadas. Ao todo cada coroamento recebeu 5 covas, como indica a metodologia de ilhas. O plantio foi realizado no dia 27 de julho com a participação de 14 jovens do grupo de voluntários IASB. Estes adolescentes vêm participando de diversas ações com a instituição para receberem maiores informações sobre as questões ambientais do município e assim, poderem atuar como monitores nos eventos e ações promovidas pelo IASB. Também estiveram presentes, além da equipe e estagiária do IASB, os funcionários da fazenda. Após o plantio das mudas, os coroamentos receberam o lançamento de sementes nativas de diversas espécies. Cada coroamento foi identificado por estacas, afixada no final da atividade. Posteriormente a equipe do IASB fez as medições iniciais nas mudas, colhendo dados de altura e diâmetro de 30% do total de mudas plantadas. Figura 4. Grupo de voluntários e funcionários da fazenda chegando no local do plantio. O microônibus foi cedido pela Secretaria de Educação Figura 5. Aspecto da área de plantio 7
8 5. Registro fotográfico Figura 6. Voluntários recebendo orientações sobre o plantio Figura 7. Demonstração de como fazer o plantio em ilhas 8
9 Figura 8. Jovens participando do plantio Figura 9. Membro do grupo de voluntários IASB. Esquerda: aluna da Escola Estadual Luiz da Costa Falcão. Direita: aluno da Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes 9
10 Figura 10. Voluntárias durante o plantio Figura 11. Estagiária do IASB, Gisele Gonzales e voluntárias 10
11 Figura 12. O sorriso no rosto demonstra a animação do grupo Figura 13. Após o plantio das mudas, sementes nativas foram lançadas aleatoriamente em cada ilha 11
12 Figura 14. Sementes lançadas nas ilhas Figura 15. Coleta de dados estruturais: altura 12
13 Figura 16. Aspecto da ilha após o plantio Figura 17. Jovens conhecendo o Mirante da Lagoa 13
14 Figura 18. Grupo de voluntários que participaram do plantio 6. Dados estruturais: altura e diâmetro à altura do solo (DAS) Nº ilha (estaca) Quantidade de mudas por ilha Nome da muda monitorada Altura DAS 1 5 Olandi 30cm 0,9cm 2 5 Ingá 41cm 0,6cm 3 5 Embaúba 43cm 0,7cm 4 5 Pororoca 49cm 0,9cm 5 5 Angico-vermelho 47cm 0,4cm 6 5 Aroeira 36cm 0,5cm 14
15 7. Considerações finais Após seis meses do plantio o IASB realizará uma visita de vistorias para avaliação do estado desta área e o desenvolvimento das mudas, além de fazer o levantamento da taxa de mortalidade do plantio. Novamente dados quanto à altura e diâmetro a altura do solo (DAS) serão colhidos a fim de que se possa comparar o crescimento obtido pelas mudas no período de intervalo entre o plantio e a vistoria. Avaliações visuais serão feitas, principalmente no que se refere à mortandade destas novas mudas plantadas e a eficiência da metodologia de plantio utilizada. A vistoria deste plantio está agendada para o mês de janeiro de Equipe envolvida no plantio Equipe técnica - IASB Liliane Lacerda Bióloga e Técnica Ambiental Nadiani dos Santos Pereira Pedagoga e Secretária Gisele Gonzales Estagiária Colaboradores produção de mudas e orientação para o plantio - RPPN Cabeceira do Prata: Valdenir de Souza Engenheiro Ambiental Thyago Sabino Biólogo Colaboradores para o plantio - Grupo de voluntários IASB 2013 Colaboradores para limpeza e abertura de covas - Equipe Fazenda Cabeceira do Prata 9. Observações Os plantios, vistorias e reposições de mudas realizadas no ano de 2013, tanto desta quanto de outras áreas participantes do programa estão sendo apoiados pelo Fundo Socioambiental CASA. 15
16 INSTITUTO DAS ÁGUAS DA SERRA DA BODOQUENA - IASB O IASB é uma organização não governamental sem fins lucrativos fundada em 2002 por pessoas com formação e experiências variadas na área rural e ambiental. Desde então promove ações e implanta projetos com a temática de recuperação florestal e educação ambiental, buscando incentivar e promover a conservação da natureza. Contato Instituto das Águas da Serra da Bodoquena - IASB Rua 24 de fevereiro, nº , - Centro Bonito/MS - CEP Telefone: (67) (67) iasb@iasb.org.br
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