4.4. Análises dos Animais do Município de Itupeva

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1 4.4. Análises dos Animais do Município de Itupeva Dos 60 soros de cães analisados, o método que apresentou maior soroprevalência foi o MAT com 56,7% (34/60) das amostras positivas para anticorpos IgG anti-t. gondii, enquanto que a RIFI apresentou 46,7% (28/60) e o ELISA apresentou 43,3% (26/60) conforme Figura 13. Figura 13 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii em cães provenientes do município de Itupeva, Estado de São Paulo, coletados nos anos de 2007 e 2008, detectados por RIFI, ELISA e MAT. As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 65

2 A Tabela 7 apresenta os resultados da detecção de anticorpos IgG anti- T. gondii pela RIFI, demonstrando que 57,1% (16/28) das amostras encontravam-se com título Tabela 7 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, através da Reação de Imunofluorescência Indireta segundo título de anticorpos (16, 1024), em soros de cães do município de Itupeva, São Paulo, 2007 e Títulos de Anticorpos RIFI Espécie Total Cães ,8% 57,1% A Tabela 8 apresenta os resultados da detecção de anticorpos IgG anti- T. gondii através do MAT, demonstrando que os títulos com maior incidência de amostras foram 16 com 35,3% (12/34) e 256 com 32,4% (11/34). Tabela 8 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, segundo título de anticorpos (16, 256, 1024, 2048, 4096), em soros de cães do município de Itupeva, São Paulo, Títulos de Anticorpos MAT Espécie Total Cães ,3% 32,4% 8,8% 5,9% 17,6% 66

3 4.5. Análises dos Animais do Município de Sorocaba Dos 50 soros de cães analisados, o método que apresentou maior soroprevalência foi o MAT com 40% (20/50) das amostras positivas para anticorpos IgG anti-t. gondii, enquanto que a RIFI apresentou 16% (8/50) de soroprevalência e o ELISA apresentou 14% (7/50) de positividade de acordo com a Figura 14. Figura 14 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii em cães provenientes do município de Sorocaba, Estado de São Paulo, coletados no ano de 2007, detectados por RIFI, ELISA e MAT. As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 67

4 A tabela 9 apresenta a detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii,pela RIFI, demonstrando que 62,5% (5/8) das amostras encontravam-se com título 16. Tabela 9 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando a técnica de Imunofluorescência Indireta segundo título de anticorpos (16, 1024), em soros de cães do município de Sorocaba, São Paulo, Títulos de Anticorpos RIFI Espécie Total Cães ,5% 37,5% A tabela 10 apresenta a detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, demonstrando que os títulos com maior incidência de amostras no MAT foram 256 com 40% (8/20) e 16 com 30% (6/20). Tabela 10 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, segundo título de anticorpos (16, 256, 1024, 2048, 4096), em soros de cães do município de Sorocaba, São Paulo, Títulos de Anticorpos MAT Espécie Total Cães % 40% 5% 5% 20% 68

5 4.6. Análises dos Animais do Município de Mogi das Cruzes Dos 99 soros de cães analisados, o método que apresentou maior soroprevalência foi o MAT com 32,3% (32/99) das amostras positivas para anticorpos IgG anti-t. gondii, enquanto que a RIFI apresentou 19,2% (19/99) de soroprevalência e o ELISA apresentou 13% (13/99) de positividade conforme a Figura 15. Figura 15 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii em cães provenientes do município de Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, coletados no ano de 2006, detectados por RIFI, ELISA e MAT. As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 69

6 A Tabela 11 apresenta a detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, pela RIFI, demonstrando que 52,6% (10/19) das amostras incidiram sobre o título 16. Tabela 11 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, pela técnica de Imunofluorescência Indireta segundo título de anticorpos (16, 1024), em soros de cães do município de Mogi das Cruzes, São Paulo, Títulos de Anticorpos RIFI Espécie Total Cães ,6% 47,4% A Tabela 12 apresenta a detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, demonstrando que os títulos com maior incidência de amostras no MAT foram 16 com 44% (14/32) e 1024 com18,7% (6/32). Tabela 12 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, segundo título de anticorpos (16, 256, 1024, 2048, 4096), em soros de cães do município de Mogi das Cruzes, São Paulo, Títulos de Anticorpos MAT Espécie Total Cães % 15,6% 18,7% 6,2% 15,6% 70

7 4.7. Resultados da Soroprevalência Através dos Títulos de RIFI e MAT nos Soros de Cães dos Municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes As Tabelas 13 e 14 apresentam os resultados compilados dos soros positivos dos cães por município estudado e distribuídos por títulos. Tabela 13 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando a RIFI, segundo título de anticorpos (16 e 1024), nos soros de cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, São Paulo Município Título de Anticorpos Total Caraguatatuba 88 (48,9%) 92 (51,1%) 180 Bauru 34 (66,7%) 17 (33,3%) 51 Itupeva 12 (42,8%) 16 (57,1%) 28 Sorocaba 5 (62,5%) 3 (37,5%) 8 Mogi das Cruzes 10 (52,6%) 9 (47,4%) 19 71

8 Tabela 14 - Detecção de anticorpos IgG anti-t. gondii, utilizando o MAT, segundo título de anticorpos (16, 256,1024, 2048 e 4096), nos soros de cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, São Paulo Município Título de Anticorpos Total Caraguatatuba 39 (18,7%) 35 (16,7%) 48 (23%) 19 (9,1%) 68 (32,5%) 209 Bauru 30 (40,5%) 12 (16,2%) 7 (9,5%) 8 (10,8%) 17 (23%) 74 Itupeva 12 (35,3%) 11 (32,4%) 3 (8,8%) 2 (5,9%) 6 (17,6%) 34 Sorocaba 6 (30%) 8 (40%) 1 (5%) 1 (5%) 4 (20%) 20 Mogi das Cruzes 14 (44%) 5 (15,6%) 6 (18,7%) 2 (6,2%) 5 (15,6%) Análise Estatística das Amostras de Cães As amostras de cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba (N=302), Bauru (N=169), Itupeva (N=60), Sorocaba (N=50) e Mogi das Cruzes (N=99) foram analisadas conjuntamente pelos testes imunológicos, RIFI, ELISA e MAT. Os dados provenientes dos testes imunológicos foram avaliados por meio de um pacote de programas estatísticos (Epi info 6.04, Prisma 3.0 e Statsoft Statistica 7.0), 72

9 Análise das Amostras pela Reação de Imunofluorêscencia Indireta RIFI Um total de 680 amostras de soro de cães foram submetidas ao teste de RIFI. Essa análise demonstrou que os animais provenientes da cidade de Caraguatatuba apresentaram maior soropositividade com 59,60% (180/302), seguido da cidade de Itupeva com 46,67% (28/60) e Bauru com 30,18% (51/169). As menores porcentagens de prevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii foram encontradas nas cidades de Sorocaba com 16% (8/50) e Mogi das Cruzes com 19,19% (19/99), conforme Figura 16. Figura 16 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii, detectados por RIFI, em cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, coletados entre os anos de 2006 e As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 73

10 Análise das Amostras pelo Ensaio Imunoenzimatico - ELISA As 680 amostras de soro sanguíneo de cães foram submetidas ao teste imunológico ELISA. Os municípios que demonstraram maior soroprevalência foram Caraguatatuba com 57,28% (170/302), Itupeva com 43,33% (26/60) e Bauru com 43,2% (73/169). As menores soroprevalências, com considerável semelhança estatística, foram encontradas nos municípios de Sorocaba com 14% (7/50) e Mogi das Cruzes com 13,13% (13/99), Figura 17. Figura 17 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii, detectados por ELISA, em cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, coletados nos anos de 2006 a As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 74

11 Análise das Amostras pela Reação de Aglutinação Modificada MAT As 680 amostras foram analisadas pelo MAT. Diferente dos testes RIFI e ELISA, o MAT apresentou as maiores porcentagens de anticorpos IgG anti-t. gondii. As maiores soropositividades foram apresentadas pelo município de Caraguatatuba com 69,21% (209/302), Itupeva com 56,67% (34/60) e Bauru com 44,38% (75/169). Enquanto que os municípios de Mogi das Cruzes com 32,32% (32/99) e Sorocaba com 40% (20/50) demonstraram ter as menores soroprevalências da análise, Figura 18. Figura 18 - Soroprevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii,detectados por MAT, em cães provenientes dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, coletados no ano de 2007 e As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 75

12 4.9. Análise Estatística das Amostras Correlacionadas ao Sexo A tabela 15 mostra as analises dos testes de RIFI, ELISA e MAT por sexo, demonstrando que não existe diferença estatística significante entre o sexo dos animais analisados. 76

13 Tabela 15 - Correlação entre os resultados obtidos por RIFI, ELISA e MAT, com o sexo dos cães, nos município de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo RIFI ELISA MAT SEXO Reagentes Não Reag. total Reagentes Não Reag. total Reagentes Não Reag. total Fêmeas 41,6% (146) 58,4% (205) 43,30% (152) 56,70% (199) 56,41% (198) 43,59% (153) Machos 43,08% (137) 56,92% (181) 43,40% (138) 56,60% (180) 53,14% (169) 46,86% (149) RIFI: X 2 =0,0005 P=0,98 ELISA : X 2 =0,15 P=0,69 MAT : X 2 =0,71 P=0,39 (P<0,001) 77

14 4.10. Análise Estatística da Concordância entre RIFI, ELISA e MAT Para compreensão da concordância dos resultados entre os testes imunológicos RIFI, ELISA e MAT foram realizadas análises estatísticas, representadas na Figura 19. Foi observado que o município de Caraguatatuba apresentou o maior índice de concordância entre os testes imunológicos RIFI, ELISA e MAT, seguido do município de Itupeva. Figura 19 - Concordância entre RIFI, ELISA e MAT, nas amostras dos cães dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba e Mogi das Cruzes, Estado de São Paulo, coletados nos anos de 2006 a As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 78

15 4.11. Análise dos Indicadores de Desempenho dos Testes Imunológicos ELISA e MAT. A Figura 20 apresenta os índices de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo. De acordo com as análises, o ELISA apresentou todos os índices de desempenho acima de 0,75 (P<0.001). O MAT no que se refere ao valor de especificidade e valor preditivo positivo apresentou índices acima de 0,75 (P<0.001). Figura 20 - Índices de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativos do ELISA e MAT em relação ao teste gold standard RIFI. As barras representam desvio padrão com IC de 95%. 79

16 5. DISCUSSÃO No presente estudo, realizado com amostras de soro de cães provenientes dos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) dos municípios de Caraguatatuba, Bauru, Itupeva, Sorocaba, Mogi das Cruzes e amostras de eqüinos provenientes do CCZ de Caraguatatuba, analisou-se a presença de anticorpos IgG anti-t. gondii, por métodos sorológicos, com intuito de compreender a soroprevalência de anticorpos anti-t. gondii nos animais e a distribuição da infecção nas regiões avaliadas. Desse modo o trabalho foi desenvolvido em duas partes, a primeira foi a realização da RIFI, ELISA e MAT, técnicas imunológicas reconhecidas na literatura científica como eficientes na procura de anticorpos IgG anti-t. gondii. Em seguida com a obtenção dos resultados foram realizadas as análises estatísticas entre os testes, com intervalos de confiança de 95%. Inicialmente verificou-se que a presença de anticorpos anti-t. gondii na amostragem de cães foi de 61,3%, sendo que as amostras apresentaram-se positivas ao menos em uma das três técnicas utilizadas e 32,7% dos animais foram diagnosticados negativos em todas as técnicas. Uma considerável discrepância em relação à prevalência de anticorpos contra T. gondii em cães é descrita em várias regiões do Brasil, empregando diferentes métodos imunológicos, onde esta pode variar de 6% a 85% (Souza et al., 2004; Langoni et al., 2006, Garcia et al., 1999a). A presença de 61,3% de soroprevalência encontrada na população canina avaliada neste trabalho pode ser considerada alta, porém a presença de anticorpos IgG anti-t.gondii não significa necessariamente que o animal tem toxoplasmose, isso somente indica que o animal entrou em contato com o parasita que está no meio ambiente e assim o adquiriu. Esses animais que convivem com o homem e dividem com este as ruas, bairros, praias, terrenos baldios, ou seja, o ambiente em que vivem, podem demonstrar o risco ao qual o homem está exposto nas localidades estudadas. Após a avaliação sorológica, as amostras provenientes de cães do município de Caraguatatuba apresentaram 59,6% na RIFI, 57,28% no ELISA e 80

17 69,21% no MAT, índices esses considerados de alta positividade em relação à presença de anticorpos IgG anti-t. gondii. Na cidade de Itupeva e Bauru também foram encontrados altos índices de anticorpos IgG anti-t. gondii apresentando respectivamente: 46,67% e 30,18% na RIFI; 43,33% e 43,2% no ELISA; e por último 56,67% e 43,38% no MAT. Semelhante soroprevalência foi encontrada por Meireles et al.(2004), na cidade de São Paulo, que utilizando o método de ELISA, constatou 50,5% de positividade para anticorpos IgG anti-t. gondii no soro de cães errantes. No município de Botucatu, estado de São Paulo, também foi observada alta soropositividade com 33,1% no teste de RIFI, em uma amostragem de 258 soros de cães (Langoni et al., 2006). Outra pesquisa realizada no mesmo município revelou semelhante soroprevalência, no qual 32,5% de cães que apresentavam sintomas neurais, foram positivos para anticorpos anti-t. gondii (De Brito et al., 2002). Comassi et al.(2008) também desenvolveram estudos em Botucatu, num bairro classificado pelos autores como de baixa renda, encontrando 56% de positividade para cães examinados pela RIFI. As porcentagens de resultados positivos para a presença de anticorpos contra o T. gondii verificadas nesse trabalho também vão ao encontro dos relatados na cidade de Jaboticabal, que num ensaio com 276 amostras de soros provenientes de cães capturados ou atendidos no Hospital Veterinário da Faculdade de Ciências Agrárias da UNESP, apresentou 46,01% na RIFI e 62,5% no ELISA (Dominguez et al., 1998). Outras regiões do país como o município de Jaguapitã, norte do estado do Paraná, a sorologia realizada em cães revelou uma elevada prevalência à toxoplasmose com 84,1% de positividade na RIFI (Garcia et al., 1999a). Mineo et al. (2004) na cidade de Uberlândia, com um total de 369 amostras de soros caninos, encontraram 30,3% de soropositividade. Resultados que se assemelham aos observados neste trabalho foram relatados por Azevedo et al. (2005), na cidade de Campina Grande, com 45,1% de positividade entre 129 animais avaliados pela RIFI e por Figueiredo et al. (2008) em Pernambuco, nas cidades de Paulista, Amaraji e Garanhuns, onde 57,6% dos 170 cães avaliados apresentavam anticorpos IgG contra o T. gondii. Barbosa et al. (2003) estudando a freqüência de cães reagentes à RIFI para anticorpos IgG anti T. gondii em 225 soros de cães errantes oriundos de dez 81

18 bairros da cidade de Salvador, estado da Bahia, também encontraram uma soropositividade alta de 63,55%. Na região norte do país, no estado de Rondônia, município de Monte Negro, Cañón-Franco et al. (2003) também encontraram positividade alta para anticorpos IgG anti-t. gondii em amostragem de 157 soros de cães, no qual 65% foram positivas no MAT e 76,43% na RIFI. Em contraste com os resultados encontrados nos municípios de Caraguatatuba, Itupeva e Bauru, que apresentaram altos índices de prevalência de anticorpos IgG anti-t. gondii, baixos índices foram observados entre os cães das cidade de Sorocaba e Mogi das Cruzes, respectivamente, 15% e 19,2% na RIFI; 13,2% e 13% no ELISA e por último 37,7% e 32,3% no MAT. Baixas positividades, em outras regiões do Brasil, também são relatadas, como no Rio de Janeiro, onde 18,5% de 259 cães, atendidos na Policlínica Veterinária da Universidade Federal Fluminense, apresentaram positividade no teste de hemaglutinação indireta (Souza Pinto et al., 2004). Uma freqüência de anticorpos contra o T. gondii inferior ao encontrado no Rio de Janeiro é descrita por Souza et al. (2004), em um estudo com 60 amostras de soros de cães provenientes do atendimento do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi-Morumbi de São Paulo, no qual 6,60% das amostras se apresentaram positivas no teste RIFI. Diferenças na positividade também foram encontradas em pesquisas realizadas fora do Brasil, com uma grande variação na prevalência de anticorpos contra T. gondii em cães. Na Turquia, entre 116 amostras de soros de cães considerados aparentemente saudáveis, verificou-se que 62,06% das amostras apresentavam-se positivas para T. gondii (Aslantas et al., 2005), enquanto no Caribe, na ilha de Trindade e Tobago, um estudo de soroprevalência com cães domésticos, de caça e errantes, revelou que 32% desses animais apresentavam-se positivos para T. gondii. Neste mesmo estudo, as amostras provenientes de cães errantes revelaram uma alta positividade de 60,5% (Ali et al., 2003). Na República Checa e República Eslovaca, 39,3% dos cães utilizados pelo exército apresentavam anticorpos IgG anti-t. gondii no teste Sabin-Feldman e 15,4% no teste de Fixação de Complemento (Hejlícek et al., 1995). 82

19 É importante destacar que a maioria dos trabalhos citados acima utilizou apenas um ou dois testes imunológicos para avaliar a positividade das amostras estudadas, enquanto que no presente trabalho foram empregados três testes que reforçaram a fidedignidade dos resultados obtidos. Há de se destacar, todavia, que outros fatores podem influenciar a variação de positividade de região para região, em decorrência do nível de exposição que o animal sofreu. Ou seja, nas cidades que apresentaram maiores índices de soropositividade, provavelmente os cães estavam mais expostos a ambientes e solos contaminados pelo T. gondii, o que, em conseqüência, aumenta o risco de aquisição da toxoplasmose. Outra possibilidade de infecção envolve o acesso e ingestão de água contaminada com oocistos do parasita. Além disso, estudos prévios descritos na literatura indicam que a discrepância de soroprevalência encontrada entre as cidades, tanto neste trabalho como em outros, podem ser explicadas pelas diferenças de localidade geográfica e climática (Backer et al., 2001; Garcia et al., 1999; Germano et al.,1981, Hill et all.,2005, Meireles et al., 2004). Os títulos de anticorpos encontrados na RIFI e no MAT, respectivamente, que apresentaram maior freqüência nos municípios foram: Caraguatatuba com 1024 (51,1%) e 4096 (32,5%); Itupeva com 1024 (57,1%) e 16 (35,3%); Bauru com 16 (66,7%) e 16 (40,5%); Sorocaba com 16 (62,5%) e 256 (40%) e a cidade de Mogi das Cruzes com 16 (52,6%) e 16 (66%). Em relação à variação de incidência de títulos que foi encontrada, esse fato pode ser relacionado às diferenças nas taxas de infecção dos cães, a sensibilidade dos testes, número de animais estudados e área geográfica (Aslantas et al., 2005; Silva et al.,1997). É sabido que outro fator que influencia a resposta imunológica e o grau em que essa é gerada é a condição nutricional dos animais, uma vez que a boa nutrição é fundamental na manutenção da resposta imune e no desenvolvimento das infecções (Dionigi, et al., 1977 ; Maggini et al., 2007). Admite-se que os animais envolvidos neste estudo, por serem provenientes de Centros de Controle de Zoonoses, em sua maioria, eram errantes e possivelmente não tinham nutrição adequada. As correlações estatísticas realizadas entre os resultados obtidos da RIFI, ELISA e MAT e o sexo dos cães nos municípios avaliados não foram estatisticamente significantes concordando com outros estudos científicos 83

20 (Garcia et al., 1999a; Aslantas et al., 2005; Azevedo et al.,2005; Cañón-Franco et al, 2003; Langoni et al., 2006). Avaliando a concordância entre a RIFI, ELISA e MAT em cada cidade, foi possível a distribuição das amostras em quatro grupos: amostras negativas, amostras reativas a um dos exames sorológicos, amostras reativas a dois exames sorológicos e amostras reativas aos três exames. Assim, verifica-se que no grupo onde as amostras foram reativas nos três testes imunológicos, os resultados dos exames entre os cães dos municípios de Caraguatatuba e Itupeva possuiam, respectivamente, concordância de 52,65% (159/302) e 36,67% (22/60). Essa concordância foi maior do que as observadas nos municípios de Mogi das Cruzes com 12,12% (12/99) e Sorocaba com 8% (4/50). A menor soropositividade entre os animais de Mogi das Cruzes e Sorocaba é devida a quantidade de amostras negativas e menor número de amostras analisadas nessas cidades. Em Bauru, a concordância de 24,26% (41/169) dos reativos aos três testes imunológicos foi semelhante ao grupo das amostras reativas a um método imunológico com 27,22% (46/169). Como a utilização de três métodos imunológicos para a avaliação de soroprevalência em cães, eqüinos ou até mesmo em outros animais não é comum na literatura, poucas referências foram encontradas para comparar com os resultados obtidos neste trabalho. Contudo, trabalhos que apresentam a avaliação sorológica utilizando dois métodos imunológicos como o desenvolvido por Johnson et al. (1989), descrevem a existência de diferença de sensibilidade e especificidade entre o teste de aglutinação do látex em relação ao MAT, dado esse que concorda com o descrito neste estudo. Considerando as amostragens definidas e a soroprevalência dos cães por cidade, verificamos que em Sorocaba e Mogi das Cruzes, áreas com menor soroprevalência, seriam interessantes testes imunológicos de alta sensibilidade e alto valor preditivo positivo, como a RIFI, com o propósito de diagnosticar os verdadeiros positivos para a toxoplasmose canina. Em Caraguatatuba, Itupeva e Bauru, onde a porcentagem de cães positivos se apresentou maior, seria conveniente além da utilização da RIFI, a aplicação de testes imunológicos que apresentem alta especificidade e alto valor preditivo negativo, como o ELISA, com a intenção de diagnosticar os animais que são verdadeiros negativos. 84

21 Com base no trabalho desenvolvido com os testes para o diagnóstico dos animais, podemos apontar o MAT como teste imunológico a ser usado na triagem de amostragem, pois além de simples realização, não utiliza conjugado, baseando-se na formação do imunocomplexo antígeno-anticorpo, o que torna o seu desenvolvimento economicamente viável. Ainda no presente estudo foi realizada a comparação entre os testes ELISA e MAT, utilizando o RIFI como teste gold standard, no qual se nota sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo no ELISA acima de 0,85 (85%). O MAT apresenta menor sensibilidade, mas bom valor preditivo positivo, acima de 0,70 (70%). Contudo, sua especificidade e valor preditivo negativo se mostram acima de 0,80 (80%). A variação encontrada relativa à concordância entre os testes e a avaliação de comparação com a RIFI é situação anteriormente descrita na literatura em estudos que utilizaram mais de um teste para a avaliação da presença de imunoglobulinas IgG anti-t. gondii. As diferenças encontradas podem ser causadas pela utilização de diferentes antígenos para cada reação, de técnicas de fundamentos diferentes, baixos níveis de anticorpos nas amostras utilizadas, variação das populações caninas, variação de área geográfica e da circulação do agente epidemiológico da toxoplasmose no ambiente (solo, água, alimentos) (Cañón-Franco et al., 2003; Meireles et al., 2004; Domingues., 1998; Silva et al.,1997;silva et al.,2007; Higa et al.,2000). Nesse estudo também foram analisadas amostras de soros de eqüinos oriundas do município de Caraguatatuba, capturados e provenientes da área urbana. Tais amostras apresentaram soropositividade de 24,7% na RIFI; 31,5% no ELISA e 53% no MAT. Na literatura são encontradas poucas pesquisas sobre a procura de anticorpos IgG anti-t. gondii ou sobre a melhor metodologia para a busca de anticorpos em eqüinos. Dubey (1987) descreve que os eqüinos são animais que provavelmente possuem alta prevalência em toxoplasmose, porém, no estudo realizado por esse autor, no qual 13 equinos são oralmente infectados e seus soros analisados pelo MAT, somente 2 animais apresentaram positividade. Trabalho que descreve baixa prevalência contra o T. gondii também é descrito por Albuquerque et al. (2004), que com amostras de eqüinos provenientes do Jockey Club do Brasil no Rio de Janeiro demonstraram que de 94 amostras de soro pesquisadas, 3,19% foram 85

22 positivas no teste de hemaglutinação. A investigação sorológica de Garcia et al. (1999), em 173 soros de eqüinos de propriedades rurais do município de Jaguapitã, no Paraná, apresentou 12,1% de anticorpos IgG anti-t. gondii, soroprevalência essa inferior a que descrevemos nos eqüinos de Caraguatatuba. Entretanto, Ghazy et al. (1985) numa pesquisa realizada com cavalos de idade, sexo e raça diferentes, provenientes de fazendas no Egito, encontraram soroprevalência de 38,1% no ELISA, 40,5% na RIFI e 48,1% no MAT. Dos poucos trabalhos encontrados que avaliam a soroprevalência em eqüinos com mais de um método imunológicos, o citado acima é o que mais se aproxima do tipo de avaliação realizada nesse trabalho e tanto as consideráveis prevalências descritas nele quanto a diferença de soroprevalências encontradas entre os testes utilizados corroboram com dados encontrados no presente estudo. Outra avaliação sorológica no Rio de Janeiro, utilizando a RIFI, apontou que as áreas que mais apresentaram animais positivos, no caso, as regiões da Baixada de Araruama (11,54%) e Baixada de Guanabara (10%) são áreas quentes e úmidas semelhantes ao município de Caraguatatuba (Gazêta et al., 1997). Destacamos, que a muito é descrito na literatura, que regiões onde o clima é quente e úmido, favorecem a permanência de oocisto esporulados por períodos superiores há um ano (Tenter et al., 2000; Okolo, 1985). Esse é um dos fatores que possivelmente explica as altas taxas de anticorpos IgG anti-t. gondii encontradas nos animais da região de Caraguatatuba, pois esses estariam em contato com uma das formas infectantes (oocistos esporulados) que provavelmente sobreviveriam por longos períodos na região, o que conseqüentemente aumentaria as chances dos animais de entrarem em contato com o parasita e adquirir a doença. É importante esclarecer que esses eqüinos, provenientes de Caraguatatuba, foram capturados por estarem deambulando no município, com risco de causarem acidentes envolvendo veículos e aparentemente sem dono. Muitos desses animais alimentam-se das gramíneas de terrenos baldios ou nas vias de circulação. Porém, esses também se alimentam do que lhes for oferecido e/ou dos restos dos lixos jogados nos locais onde esses animais foram encontrados. Desse modo, estão propensos não só a ingestão de 86

23 oocistos de T. gondii através da pastagem, mas também de cistos de T. gondii provenientes desses restos alimentares humanos. É importante considerar que a água também consiste em provável fonte de infecção. Essas situações podem esclarecer a soropositividade mais alta encontrada nessa região. Mas é fundamental pontuar que os resultados obtidos com as amostras de eqüinos com alta positividade de anticorpos IgG anti-t. gondii no município de Caraguatatuba corroboram com os dados obtidos na sorologia dos cães onde o resultado demonstrou valores elevados nas três técnicas utilizadas. Baseado nesse estudo de soroprevalência acreditamos que os cães podem ser utilizados como sentinelas da contaminação ambiental pelo T. gondii, principalmente animais provenientes dos Centros de Controle de Zoonoses como os que foram aqui utilizados. Isso ocorre, pois ao estarem soltos nas ruas e possuírem estreito relacionamento com o meio ambiente em que estão, retratam possivelmente a contaminação do solo, da água e da alimentação humana. Pois esses cães errantes provavelmente se alimentam do lixo gerado pela população das localidades estudadas. O mesmo se estende aos eqüinos, mas sendo esses animais de costume alimentar herbívoro e tento assim contato íntimo com gramíneas e o solo em que nascem, consegue-se provavelmente verificar a contaminação ambiental do solo e da água principalmente. 87

24 6. CONCLUSÃO A soroprevalência nos cães do Município de Caraguatatuba foi elevada nas três técnicas utilizadas. Nos cães do município de Bauru, a soroprevalência foi alta no MAT e ELISA, e menor na RIFI. Nas amostras de cães do município de Itupeva, em todas as técnicas utilizadas, a soroprevalência foi alta. A soroprevalência nos cães de Sorocaba foi alta quando utilizado MAT e baixa no ELISA e RIFI. No município de Mogi das Cruzes o ELISA e RIFI demonstraram baixa positividade, sendo maior quando utilizado o MAT. Houve concordância significante entre RIFI, ELISA E MAT nas amostras dos cães de todas as regiões. Os testes ELISA e MAT apresentaram bons índices de sensibilidade e especificidade, valor preditivo positivo e negativo em relação ao teste gold standard RIFI. A soroprevalência nos eqüinos foi alto quando utilizado o MAT e apresentou valores inferiores no RIFI e ELISA. 88

25 7. BIBLIOGRAFIA Albuquerque GR, Munhoz AD, Flausino W, Silva RT, Almeida CR, Medeiros SM, Lopes CW. Prevalence of anti-toxoplasma gondii antibodies in dairy cattle from Sul Fluminense Paraíba Valley, State of Rio de Janeiro. Rev Bras Parasitol Vet. 2005; 14(3): Albuquerque GR, Summa RP, Carvalho Filho PR, Medeiros SM. Frequência de anticorpos anti T. gondii em cavalos residentes no Jockey Club do Brasil, Rio de Janeiro. Rev Bras Parasitol Vet. 2004; 16 (1): 214. Ali CN, Harris JA, Watkins JD, Adesiyun AA. Seroepidemiology of Toxoplasma gondii in dogs in Trinidad and Tobago. Vet Parasitol. 2003; 113(3-4): Amato Neto V, Medeiros EAS, Levi GC, Duarte, MIS. Toxoplasmose. 4ª Edição. São Paulo. Savier, Aslantaş O, Ozdemir V, Kiliç S, Babür C. Seroepidemiology of leptospirosis, toxoplasmosis, and leishmaniosis among dogs in Ankara, Turkey. Vet Parasitol. 2005; 129(3-4): Azevedo SS, Batista CS, Vasconcellos SA, Aguiar DM, Ragozo AM, Rodrigues AA, Alves CJ, Gennari SM. Seroepidemiology of Toxoplasma gondii and Neospora caninum in dogs from the state of Paraíba, Northeast region of Brazil Res Vet Sci. 2005; 79(1): Backer LC, Grindem CB, Corbett WT, Cullins L, Hunter JL. Pet dogs as sentinels for environmental contamination. Sci Total Environ. 2001; 274(1-3): Barbosa MVF, Guimarães JE, Almeida MAO, Gondim LFP, Regis GB. Freqüência de anticorpos IgG anti T. gondii em soro s de cães errantes da cidade de Salvador-Bahia, Brasil. Braz. J Vet Anim Sci. 2003; 40(6):

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