EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

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1 EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA) REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM 06 DE JANEIRO- BATISMO DO SENHOR - ANO A Primeira Leitura: Isaías 42, Leitura do livro do profeta Isaías - Assim fala o senhor, 1 Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião. 2 Ele não grita, nunca eleva a voz, não clama nas ruas. 3 Não quebrará o caniço rachado, não extinguirá a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a franqueza a verdadeira religião; não desanimará, nem desfalecerá, 4 até que tenha estabelecido a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus ensinamentos. 6 Eu, o Senhor, chamei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para ser a aliança com os povos, a luz das nações; 7 para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas. Palavra do Senhor. Salmo Responsorial (28/29) REFRÃO: Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo! 1. Tributai ao Senhor, ó filhos de Deus, tributai ao Senhor glória e poder! Rendei-lhe a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor com ornamentos sagrados. - R.

2 2. Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas! O Deus de grandeza atroou: o Senhor trovejou sobre as águas imensas! A voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade! - R. 3. A voz do Senhor retorce os carvalhos, desnuda as florestas. E em seu templo todos bradam: glória! O Senhor preside ao dilúvio, o Senhor trona como rei para sempre. - R. Segunda Leitura: Atos dos Apóstolos 10, Leitura dos Atos dos Apóstolos - Naqueles dias, 34 Então Pedro tomou a palavra e disse: Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 35 mas em toda nação lhe é agradável aquele que o temer e fizer o que é justo. 36 Deus enviou a sua palavra aos filhos de Israel, anunciando-lhes a boa nova da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. 37 Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 38 Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o

3 Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. Palavra do Senhor. Evangelho: Lc 3, Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas Naquele tempo, 15 Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16 ele tomou a palavra, dizendo a todos: Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 21 Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi. E estando ele a orar, o céu se abriu 22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição. Palavra da Salvação. Festa do Batismo do Senhor O Evangelho deste dia se inicia com uma síntese sobre a pregação de João Batista, na qual ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma profunda transformação. As multidões acorrem ao rio Jordão e aderem à proposta do Batista, que consiste na

4 conversão dos pecados como caminho para quem deseja receber o Reino de Deus que está próximo. A primeira condição para acolhê-lo é reconhecer-se pecador. Assim, às margens do Jordão, afluíram aqueles que desejavam libertar-se do pecado. Os fariseus e os saduceus não procuravam o batismo de João porque se consideravam justos, sem pecado(cf.lc7,30). Naqueles dias, também, Jesus chegou de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no rio Jordão. À primeira vista, o batismo de Jesus nas águas do rio Jordão pode parecer inútil. Eram as pessoas conscientes de seus pecados que procuravam o batismo, perante a iminente chegada do Messias prometido. Jesus, além de não ter pecados, não precisava mudar de vida. Mas sua vinda ao mundo tinha um objetivo: ir ao encontro e oferecer a salvação aos pecadores. Aderindo ao batismo de João, Jesus expressa sua solidariedade para com os pecadores e se coloca próximo a eles não como juiz, mas como salvador. Mais que fazer uma crônica do que aconteceu, o evangelista quer revelar quem é Jesus e o faz servindo-se de três imagens. Jesus, ao sair das águas, "viu o céus se abrindo". "Os céus fechados" lembram o silêncio e o distanciamento de Deus de seu povo (cf. Is 65,15-19). O evangelista revela que o início da atividade pública de Jesus reconstitui a aliança entre o céu e a Terra, Deus e seu povo.

5 "O Espírito Santo em forma de pomba desceu sobre ele ". Na compreensão de Israel, a pomba era símbolo da doçura e do amor. O estilo suave dessa ave expressa o agir de Jesus que se aproxima dos pecadores e os trata com misericórdia. Além disso, o Espírito, que antes era como uma pomba que voava sem encontrar sobre quem repousar, agora repousa em Jesus para consagrá-lo. "E do céu veio uma voz: 'Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição. " -. A voz é expressão de alguém sendo solenemente apresentado para determinada missão. O Pai apresenta Jesus como o servo fiel e predileto. A missão do Filho de Deus tem sua imagem na do servo sofredor de Isaías: aquele que carrega sobre si os pecados do povo. Ao sair das águas do Jordão, Jesus é proclamado "Filho bem-amado", sobre o qual pousou o Espírito que o consagrou para a missão de anunciar a Boa-Nova da Salvação. Como o Messias esperado e Salvador, Ele recebe a força de Deus para conduzir a humanidade rumo ao novo céu e à nova Terra.

6 RENASCER PELA ÁGUA E PELO ESPÍRITO SANTO Com a festa do Batismo do Senhor, recebido pelas mãos de João Batista nas águas do rio Jordão, encerra-se o ciclo de Natal. O dia seguinte já pertence ao Tempo Comum, cuja primeira fase se estende até à terça-feira antes da quarta-feira de Cinzas. Esta festa do Batismo de Jesus é, portanto, um marco importante. Mas não só no calendário litúrgico. Significa a entrada de Jesus para sua vida pública, depois dos trinta anos de vida oculta em Nazaré. Pelo sinal do Batismo, João Batista reconheceu a Cristo como o Messias, e o pôde apresentar ao povo: "Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado domundo"(jo1,2.9). É muito saudável o costume de nossas igrejas - principalmente as mais antigas - de reproduzir num painel na parede do batistério a cena do Batismo de Jesus. Pinturas como essas já foram definidas como a Bíblia dos humildes, dos que não sabem ler. E não faltam catequistas que, quando ensinam o capítulo do batismo para os seus pequeninos, levam-nos a visitar o batistério e lhes explicam todos os pormenores do sugestivo quadro. O rio Jordão, que já era o rio sagrado dos hebreus, e que, pela presença de Cristo em suas águas, ficou sendo sagrado para os cristãos e para todo o mundo. Sobre Jesus, na hora em que Ele é batizado, paira o Espírito Santo em forma de pomba. E se ouve a voz do Pai eterno dizendo - uma inscrição na parede o indica -"Este é o meu Filho muito amado, no qual ponho toda a minha complacência" (Mt 3, 17).

7 Não há dúvida de que a Igreja, ao celebrar esta festa, não quer apenas louvar a Deus pela grandeza e santidade de seus mistérios, como se faz sempre na Liturgia. Ela quer chamar a atenção para a realidade - tantas vezes esquecida - de nosso batismo, do qual o de João Batista era apenas um humilde prelúdio, como ele próprio o diz: "Agora eu batizo com água, mas já vem Aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias, Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo"(lc3,16). Aí a referência é ao fogo purificador profundo, que penetra a alma para libertá-ia de toda a maldade, em oposição àquele batismo de água, puramente exterior. Aliás, línguas de fogo apareceram em Pentecostes, essa solene descida do Espírito Santo, que se pode considerar como sendo o batismo da Igreja. O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para reformular o rito do batismo, tanto de crianças como de adultos, a fim de indicar com mais clareza o sentido profundo desse sacramento (Sc, 66/129). E o esforço pastoral da Igreja hoje é no sentido de que o batismo seja cada vez menos um rito puramente tradicional e social, e cada vez mais uma entrada consciente do homem para o mundo de Cristo e do seu Evangelho. Um "mergulhar" em Cristo, talvez pudéssemos dizer, traduzindo a palavra "batismo" que tem exatamente esse significado. Como os israelitas, pela circuncisão, eram agregados ao antigo Povo de Deus, assim o batismo nos faz agora "concidadãos dos santos" (Ef 2.19) - não mais estrangeiros -, e destinados a ser na eternidade habitantes f "daquela Roma onde Cristo é romano", conforme disse alegremente Dante na Divina Comédia

8 (Purg. XXXII, 102). O cristão é alguém que tem que sentir e viver essa realidade sublime: ele entrou para o mundo de Cristo. Deixou para! trás o mundo dos valores puramente terrenos e recebeu o Espírito Santo para viver uma vida nova. A água que se derramou sobre ele no rito do batismo não significa apenas ablução, purificação. Significa vida, e vida nova. O batismo é um "renascer"- um nascer de novo: "Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5). Nessa nova vida - convém recordar - não se introduz alguém de maneira automática, como se fosse por um passe de mágica. É como uma semente que se recebe para se cultivar. Quem se batiza assume um compromisso para ser cumprido ao longo de toda a vida. Dia por dia, com sinceridade, realizando a verdade na caridade -é São Paulo que no- 10 ensina - temos que crescer em tudo, na direção daquele que é a Cabeça, Cristo" (Ef4,15). Leituras da Festa do Batismo do Senhor - Ano C: 1a)IS 42,1-4,6-7 2a)At 10, a) Lc 3,15-16, %20Domingo%20do%20Batismo.pdf

9 EVANGELHO DO DIA E HOMILIA (LECTIO DIVINA) REFLEXÕES E ILUSTRAÇÕES DE PE. LUCAS DE PAULA ALMEIDA, CM 06 DE JANEIRO- BATISMO DO SENHOR - ANO A RENASCER PELA ÁGUA E PELO ESPÍRITO SANTO Com a festa do Batismo do Senhor, recebido pelas mãos de João Batista nas águas do rio Jordão, encerra-se o ciclo de Natal. O dia seguinte já pertence ao tempo Comum, cuja primeira fase se estende até à terça-feira antes da quarta-feira de Cinzas. Esta festa do Batismo de Jesus é, portanto, um marco importante. Mas não só no calendário litúrgico. Significa a entrada de Jesus para sua vida pública, depois dos trinta anos de vida oculta em Nazaré. Pelo sinal do Batismo, João Batista reconheceu a Cristo como o Messias, e o pôde apresentar ao povo: "Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do mundo" (Jo 1,2.9). É muito saudável o costume de nossas igrejas - principalmente as mais antigas - de reproduzir num painel na parede do batistério a cena do Batismo de Jesus. Pinturas como essas já foram definidas como a Bíblia dos humildes, dos que não sabem ler. E não faltam catequistas que, quando ensinam o capítulo do batismo para os seus pequeninos, levam-nos a visitar o batistério e Ihes explicam todos os pormenores do sugestivo quadro. O rio Jordão, que já era o rio sagrado dos hebreus, e que, pela presença de Cristo em suas águas, ficou sendo sagrado para os cristãos e para todo o mundo. Sobre Jesus, na hora em que Ele é batizado, paira o Espírito Santo em forma de pomba. E se ouve a voz do Pai eterno dizendo - uma inscrição na

10 parede o indica -"Este é o meu Filho muito amado, no qual ponho toda a minha complacência" (Mt. 3,17). Não há dúvida de que a Igreja, ao celebrar esta festa, não quer apenas louvar a Deus pela grandeza e santidade de seus mistérios, como se faz sempre na Liturgia. Ela quer chamar a atenção para a realidade - tantas vezes esquecida - de nosso batismo, do qual o de João Batista era apenas um humilde prelúdio, como ele próprio o diz: "Agora eu batizo com água, mas já vem Aquele que é mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias, Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo"(lc. 3,16). Aí a referência é ao fogo purificador profundo, que penetra a alma para libertá-ia de toda a maldade, em oposição àquele batismo de água, puramente exterior. Aliás, línguas de fogo apareceram em Pentecostes, essa solene descida do Espírito Santo, que se pode considerar como sendo o batismo da Igreja. O Concílio Vaticano II orientou a Igreja para reformular o rito do batismo, tanto de crianças como de adultos, a fim de indicar com mais clareza o sentido profundo desse sacramento (Sc, 66/129).

11 E o esforço pastoral da Igreja hoje é no sentido de que o batismo seja cada vez menos um rito puramente tradicional e social, e cada vez mais uma entrada consciente do homem para o mundo de Cristo e do seu Evangelho. Um "mergulhar" em Cristo, talvez pudéssemos dizer, traduzindo a palavra "batismo" que tem exatamente esse significado. Como os israelitas, pela circuncisão, eram agregados ao antigo Povo de Deus, assim o batismo nos faz agora "concidadãos dos santos" (Ef. 2.19) - não mais estrangeiros -, e destinados a ser na eternidade habitantes "daquela Roma onde Cristo é romano", conforme disse alegremente Dante na Divina Comédia (Purg. XXXII, 102). O cristão é alguém que tem que sentir e viver essa realidade sublime: ele entrou para o mundo de Cristo. Deixou para! trás o mundo dos valores puramente terrenos e recebeu o Espírito Santo para viver uma vida nova. A água que se derramou sobre ele no rito do batismo não significa apenas ablução, purificação. Significa vida, e vida nova. O batismo é um "renascer"- um nascer de novo: "Quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5). Nessa nova vida - convém recordar - não se introduz alguém de maneira automática, como se fosse por um passe de mágica. É como uma semente que se recebe para se cultivar. Quem se batiza assume um compromisso para ser cumprido ao longo de toda a vida. Dia por dia, com sinceridade, realizando a verdade na caridade - é são Paulo que no - 10 ensina - temos que crescer em tudo, na direção daquele que é a Cabeça, Cristo" (Ef. 4,15). DIFERENÇA ENTRE O BATISMO DE JESUS E O DE JOÃO BATISTA O ENTERRO DA COMUNIDADE Um padre muito experiente foi nomeado Pároco de uma Igreja no interior. Lá chegando, percebeu que sua missão de evangelizar seria difícil, pois aquele povo não queria nada com a Igreja. O padre convidava para a missa e quase ninguém aparecia, convidava para um encontro e não vinha ninguém, nem com o terço o povo se importava. Então o padre ia

12 ficando cada vez mais desanimado, e o desinteresse da comunidade já começava a refletir-se também no sustento da igreja: ninguém doava o Dízimo e, quando o padre tentava falar sobre as necessidades da comunidade e orientar sobre a importância de todos doarem o Dízimo, o que ele ouvia era sempre a mesma coisa: "Que é isso seu vigário? Esse negócio de Dízimo já era. A Igreja aqui, já morreu há muito tempo". Foi aí que o padre teve uma idéia: já que a Igreja morreu, vamos enterrá-la. Então anunciou pelos quatro cantos da cidade, o dia e a hora do enterro da Igreja. No dia marcado a Igreja lotou, todos estavam curiosos para presenciar o que seria o enterro da Igreja. O padre preparou tudo direitinho; bem no centro do templo, um enorme caixão de defunto. O povo cantou e rezou como nunca, e, no final da missa, antes de levar o caixão para o cemitério, o padre convidou um a um os que estavam presentes para dar adeus à defunta Igreja e acrescentou: "Aquele que considera a defunta morta e digna de ser enterrada, quando passar pelo caixão dê-lhe um beijo e fique de pé... mas quem a beijar e mudar de idéia, fique sentado". Então, um a um, todos os que passavam pelo caixão e olhavam lá dentro saíam assustados e corriam para sentar. O fato é que não houve ninguém que ficou de pé. Houve um profundo silêncio. É que o padre colocara um enorme espelho dentro do caixão, e cada um que se inclinava para olhar o seu interior via sua imagem refletida e percebia que o defunto era quem estivesse olhando. Foi assim que aquela cidade compreendeu que a igreja é o povo. Não participar da comunidade, não doar o Dízimo é estar contribuindo para o enterro da Igreja, aliás, o próprio enterro. No dia 24 de junho é a festa de São João Batista, primo segundo de Jesus por parte de mãe e destinado por Deus a preparar a chegada de Jesus como Messias.

13 JOÃO SIGNIFICA JAVÉ É FAVORÁVEL. Os dois tinham somente seis meses de diferença de idade (Lc. 1,36), mas o Evangelho deixa bem claro a grande diferença entre os dois: João era um profeta, o maior de todos (Lc. 7,28), mas simplesmente profeta, isto é, aquele que fala da presença de Deus entre os homens; Jesus era mais que profeta, era a própria presença de Deus entre os homens, o Filho de Deus (Lc. 1,34). O próprio Deus (João 10,20; 14,10) em carne humana. O grande encontro entre Jesus e João se deu às margens do rio Jordão. Na hora do batismo de Jesus feito por João (Lc. 3,21-22) nesse momento os evangelistas não deixam dúvida sobre a diferença entre os dois. JOÃO, A AURORA. CRISTO, O SOL O nascimento de João é misterioso. Nasce de pais velhos já passados da idade de conceber, de procriar (Lc1,18). No entanto, seu nascimento é prenúncio de uma idade nova, de novos céus e nova terra (Ap 1,21,1). De fato, João (Batista é apelido que lhe deram os evangelistas, porque usava o rito de batizar, isto é, de lavar com água ou mergulhar na água, como símbolo de purificação dos pecados e início de uma conversão) é o último dos grandes homens do antigo testamento e prepara o novo, como a aurora indica a chegada do sol. João nasce de pais velhos, como se nascesse do fundo do velho testamento, e nasce para preparar o novo como se todo o antigo testamento fosse uma preparação para a missão de Jesus. Seu pai, Zacarias, estava mudo, símbolo da incapacidade do antigo testamento de cantar toda glória e o louvor de Deus. Volta a falar para marcar a missão de João: Serás caminho para aquele que é nossa salvação (Lc. 1,76-77). No Novo Testamento, por Cristo, com Cristo e em Cristo, será dada a Deus Pai toda Honra e toda Glória. Celebrar João Batista, o primo segundo de Jesus, significa celebrar uma parte expressiva do mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus que veio ao mundo para iluminar, isto é, para salvar os que estavam envelhecidos e mudos na sombra da morte (Lc. 1,78). CAMINHARÁ À FRENTE DO SENHOR João Batista é chamado de precursor de Jesus. Jesus mesmo reconhece esta missão específica (Lc 7,27). Precursor é aquele que caminha na frente. O pai Zacarias já dissera dele:

14 Caminhará à frente do Senhor (Lc. 1,76). Caminhar tem sentido de movimento. Jesus foi o Mestre itinerante que chegou a chamar-se a si mesmo de Caminho (João 14,6). Há em toda vida e doutrina de Jesus um sentido dinâmico, um ainda por fazer, um ainda por chegar. Até mesmo na grande promessa feita sobre a perenidade da igreja, Jesus usa um verbo no futuro: Edificarei (Mt. 16,18) que significa que ele estará sempre em construção. A pessoa de João Batista nos poderia lembrar esse sentido dinâmico do cristianismo porque também nós devemos caminhar. Talvez não na frente, mas com Ele. Mas não apenas na juventude, mas sobretudo na idade madura quando a tendência normal é ir parando, ir-se acomodando, ir-se contentando com o que se conquistou, ir-se fixando até à imortalidade do defunto em funeral. Não se trata de ser borboleta em jardim. Mas de estar atento a todos os passos de Jesus e acompanhá-lo. O cristianismo não tem apenas a medida histórico-temporal dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos. É vivo e, portanto, sempre em construção, sempre em transformação. Celebrar o precursor de Jesus, seu primo primeiro, significa lembrarmos desta força interna do cristianismo, que nos exige estar sempre a caminho. O MAIOR E O MENOR AO MESMO TEMPO João Batista jamais quis ser um mestre paralelo a Jesus. Jamais disputou o lugar neste âmbito. Apresenta-se como seu servo quando diz que não é digno de carregar-lhe ou calçarlhe as sandálias (Mt. 3,11). Por outro lado, Jesus lhe dá um elogio inaudito: De ventre de mulher não nasceu outro homem maior que João (Mt. 11,11; Lc. 7,28). Esta lição de humildade é outra grande lição de João Batista. No fundo do coração de cada homem, existe, menos ou mais forte, o desejo de ocupar o lugar de Jesus. Não raro lermos o Evangelho apenas para ver o que me serve. Isso significa que eu quero fazer o meu caminho, quero ser o mestre de mim mesmo. Esta atitude, no fundo, é expressão de orgulho. No momento em que Jesus elogia João, acrescenta: "O menor do Reino dos Céus é maior que João."

15 Isso quer dizer: quanto mais humildemente se recebe a pessoa e a doutrina de Jesus tanto mais perto se estará Dele. Talvez fosse bom lembrar que humildade não é nem timidez, nem passividade. João foi corajoso e homem de iniciativa. EXPLICAÇÃO O BATISMO DE JOÃO ERA UM RITUAL Quando Jesus começou a sua vida pública Ele quis ser batizado por João Batista no Rio Jordão. Por isso Jesus saiu de Nazaré e foi até o Sul da Palestina, onde João batizava. E Jesus foi batizado e naquele instante manifestaram-se sensivelmente, as três pessoas da Santíssima Trindade. João pregava a penitência e a conversão, preparando o povo para a vinda de Jesus. Quando as pessoas aceitavam sua pregação, recebiam seu batismo o chamado batismo de penitência. Jesus Cristo também entrou no meio do povo e foi batizado com o batismo de João e foi manifestado, de maneira visível o Espírito Santo. O batismo de João por conseguinte não era o nosso batismo, mas uma cerimônia penitencial para o povo arrepender-se e converter-se: O Reino está próximo: convertam-se! (Mt. 3,2). A apresentação para mergulhar nas água do Jordão significava uma confissão pública dos pecados. Um gesto que acompanhava o desejo de mudança de vida. Naquele momento se criava uma divisão entre o antes e o depois na vida da pessoa. A sua eficácia, porém, se achava na dependência da boa vontade de quem recebia o batismo. O próprio João acentuava isso ao afirmar que batizava apenas com água, enquanto o outro haveria de batizar realizando aquilo que significava a cerimônia, porque era acompanhado do Espírito santo. Jesus também entrou na fila para ser batizado

16 A superioridade do Espírito sobre a água, elemento natural, fica evidente. Por que Jesus apresentou-se para ser batizado por João, uma vez que era semelhante em tudo aos homens, exceto no pecado? Pode alguém responder que se trataria de humildade da parte de Jesus. Jesus não precisava. Ele é Deus mas quis dar um exemplo de humildade, de penitência e de serviço a Deus, aos homens. Jesus se submeteu ao batismo de João, não porque tivesse algum pecado mas para assumir a missão salvífica proposta pelo Pai, que iria se consumar com o seu batismo de sangue e o sacrifício da cruz. Na verdade, Jesus assumiu sobre si os nossos pecados e deu sentido ao nosso Batismo, pelo qual, renascendo pela água e pelo Espírito Santo, iniciamos vida nova como filhos adotivos de Deus e por força do nosso Batismo somos chamados a participar do sacerdócio de Cristão anunciando a salvação aos outros e trabalhando pela justiça e pelo amor entre os homens. A DIFERENÇA DO BATISMO DE JOÃO E DE JESUS O próprio João Batista já previa uma grande diferença entre o batismo que ele administrava e o batismo que Jesus Cristo iria instituir. Ele dizia: Eu batizo vocês na água, mas aquele que virá vai batizar no fogo e no Espírito Santo. Aí está a diferença. O batismo de João era apenas um ritual para quem aceitava sua pregação. É o batismo de penitência. Ao passo que o batismo de Jesus Cristo não era apenas o marco de entrada na Igreja. Isso também. Mas não é só isso. O nosso batismo confere o Espírito Santo à pessoa que o recebe. Ela, no dizer de São Paulo, torna-se Templo vivo do Espírito Santo.

17 É uma das razões, pela qual o Espírito Santo se manifesta, de maneira visível, no batismo de Jesus. É Uma figura daquilo que se dá com o batismo que Jesus Cristo deixou para nós. No batismo de Jesus nós recebemos o Espírito Santo. PRODUZ FORÇA E GRAÇA O batismo, no Evangelho que acabamos de ler está ligado ao fogo. Fogo dá à gente a idéia de inquietude, de atividade, de movimento. É isso que o Espírito Santo faz com a gente. Ele impulsiona a gente a corresponder com a sua presença. A estar em constante crescimento na nossa vida cristã. ESPÍRITO SANTO FAZ A GENTE SER FILHO DE DEUS Deus chamou Jesus Cristo no momento de seu Batismo, de Meu Filho Querido. Jesus Cristo é o Filho de Deus por natureza. Quer dizer: Ele é que é Filho mesmo. Mas nós também somos filhos Dele por adoção. E isso por causa de Jesus Cristo. O ESPÍRITO SANTO FAZ A GENTE SER MEMBRO DA IGREJA A Igreja é o Corpo de Jesus Cristo. Pelo batismo, eu passei a ser irmão de Jesus. Passei a ser um membro Dele. Então, eu passei a pertencer à sua Igreja. Por isso, nós dizemos que o batismo é a porta da Igreja.

18 O FILHO MUITO AMADO Quando o profeta Eliseu mandou que o general Naamã, do exército do rei da Síriase banhasse 7 vezes no rio Jordão, para ser curado da lepra, Naamã reclamou, dizendo que os rios de Damasco eram mais belos que o Jordão. E ele tinha razão. O Jordão não era um rio bonito. É, talvez, um rio geograficamente curioso. Nasce ao norte da Palestina, de nascentes alimentadas pelo degelo das neves do Hermon e corre para o sul. Atravessa a região pantanosa do lago Huleh (hoje drenada), depois o lago de Tiberíades, e depois, em curso extremamente sinuoso, cujos meandros triplicam a distância de seu percurso, vai descendo até desaguar no Mar Morto, mas de 440 mt. abaixo do nível do mar. O vale do Jordão faz parte da depressão geológica mais profunda da terra. A natureza é austera e a água do rio é turva. Mas o Jordão é o rio mais sagrado do mundo. Em suas águas desceu Jesus Cristo, o filho de Deus, para ser batizado por João Batista, não por ser Ele pecador, mas para si solidarizar com a turma penitente. Para santificar a água do rio e todas as águas da terra, e para fazê-las capazes de serem mensageiras da graça de Deus no batismo. O batismo cristão, do qual o de João Batista era apenas um prelúdio. Com o batismo de Jesus encerram-se as festas do Natal Hoje, no encerramento das festas de Natal, a Igreja celebra o batismo de Jesus, para honrarmos este mistério e para meditarmos em nosso batismo. O batismo de Cristo no Jordão é uma terceira epifania - isto é, manifestação de Deus - depois da segunda, que foi a visita dos magos a Belém. E haverá ainda uma quarta, que será começo dos milagres de Jesus, em Caná da Galiléia. Quando Jesus se aproximou para ser batizado, João quis recusar: Ele é que

19 devia ser batizado por Jesus, tão pequeno ele era, e tão grande era o Mestre! Mas Jesus insistiu para que se cumprisse toda a justiça (Mt. 3,14). E João cedeu. Mas aí aconteceu a gloriosa manifestação da grandeza de Cristo. Logo que foi batizado, Cristo se pôs em oração. E, nessa hora, os céus se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele sob aparência corpórea de uma pomba; e do céu fez-se ouvir uma voz: Tu és o meu filho amado, em ti eu ponho toda a minha complacência (Lc. 3,21 ss.). Nos batistérios de nossas Igrejas quase sempre é reproduzida nas paredes essa cena, numa viva catequese para cada grupo que se apresenta para batizar uma criança. Na cena evangélica está presente uma eloquente manifestação da Santissima Trindade: O Pai do céu que fala das nuvens entreabertas, o Espírito Santo em forma de pomba, e o Filho Unigênito, saindo das águas do rio. E é uma viva referência ao batismo cristão que é ministrado, segundo a ordem de Jesus, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É riquíssima na Igreja a teologia do batismo. Ele é a porta dos sacramentos. É o primeiro passo que nos coloca dentro do povo de Deus no N.T. Lamentavelmente há muito cristão que não toma conhecimento dessa nobilíssima condição. Batizados na infância - e o batismo das crianças é legítimo e sempre se praticou na Igreja - não foram depois oportunamente instruídos sobre seus compromissos de cristão. Deploravelmente faltou a família. Ou faltou na família a consciência cristã. E, dificilmente, haverá alguma coisa que possa suprir essa falha. O batismo nos faz filhos de Deus. Verdadeiramente filhos de Deus! Não só de nome, mas de fato (1Jo. 3,1). Cristo é o Filho por natureza, nascido do Pai desde todos os séculos. Nós somos os filhos adotivos e pelo batismo nos tornamos participantes da natureza divina.

20 E, assim, Cristo que é o Unigênito, é, ao mesmo tempo, o Primogênito entre muitos irmãos (Rm. 8,29). A cena gloriosa do batismo de Jesus de algum modo acontece no batismo de cada catecúmeno. Não se vê o céu se abrir. Mas nossa fé nos garante que o Pai do céu está dizendo desse neófito: Este é o meu Filho querido. Que é que se pode dizer de maior ou de mais belo? O CRISTÃO É MOTIVO DE ALEGRIA PARA DEUS Deus Pai falou também para Jesus Cristo nesse Evangelho: Em você está a minha alegria. Se eu sou morada do Espírito Santo através do meu batismo, tenho de viver de tal modo que todo mundo perceba que dentro de mim está morando o Espírito Santo. Se eu sou assim, então eu sou um motivo para Deus ser glorificado. E por isso mesmo, eu sou a alegria de Deus. Seria interessante você se perguntar a si mesmo: Será que eu estou sendo motivo para alegrar ou para entristecer a Deus que mora dentro de mim? O batismo faz a gente ser filho de Deus. Mas o que vale ser filho de Deus, se a gente vive como filho do demônio? O batismo faz a gente ser templo vivo do Espírito Santo. Mas o que adianta ser residência do Espírito de Deus, se quem mora na gente é o espírito das trevas? O batismo faz a gente pertencer a Igreja comunidade. Mas, que valor tem ser da Igreja, se a gente vive muito pouco unidos com os de casa e também com os vizinhos? A gente precisa se perguntar: será que estou vivendo o meu batismo? Sinto dentro de mim uma vontade de amar, de lutar, de anunciar a Palavra com minha vida? Às vezes a pessoa só se lembra que foi batizada quando precisa da certidão do batistério. A própria palavra batizar significa limpar, mergulhar-se na água. O batismo nos transforma em homens novos, que se esforçam para realizar na própria vida, o Evangelho anunciado por Cristo. O batismo não é uma camisa que a gente troca ou joga fora quando quiser. O batismo é como a nossa pele: Não podemos trocar a nossa pele pois ela faz parte da vida da gente.

21 O batismo é como o sangue que corre dentro das nossas veias. Como o sangue dá vida a todo o nosso corpo, assim o batismo dá vida a todo o nosso espírito. Vivemos o nosso batismo se praticamos tudo de bom que o Espírito Santo pede de nós. E onde está o meu batismo? No papel, no registro da paróquia onde fui batizado ou está dentro de mim, me empurrando para o bem? Feliz tu que ainda acreditas Naquele tempo, Maria levantou-se... Feliz tu que te levantas pela manhã e ainda acreditas que podes fazer o mundo ser um pouco melhor, por teu esforço, por tua dedicação, por teu trabalho....e foi às pressas à montanha. Feliz tu que ainda tens pressa para ir ajudar o irmão mais necessitado, pois acreditas que, se não fizeres, ninguém o fará por ti e aquele bem ficará eternamente não feito. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Feliz tu que ainda visitas um parente, uma amigo; que levas tua presença amiga a um lar e a um coração precisando de um gratuito gesto de amor. Quando Isabel, grávida de seis meses, ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu em seu ventre. Feliz tu que ainda acreditas que uma criança, um filho, é o maior investimento no banco da vida do qual o próprio Deus é diretor-geral. Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Feliz tu que abres teu coração para que o Espírito de Deus possa ali construir seu mundo de justiça, de perdão e de paz.

22 Bendita és tu entre as mulheres... Feliz tu que ainda acreditas que a dignidade não passou da moda e é, para os homens de verdade, o grande ornamento das mulheres de verdade....e bendito é o fruto de teu ventre. Feliz tu que ainda saúdas com alegria um dilatado ventre de mulher e acreditas que todos que nascem são sinal de que Deus não perdeu a esperança nos homens. Como posso merecer que a mãe do meu Senhor vem até a mim? Feliz tu que não te julgas grande demais para servir e pequeno demais para pedir. Mal a tua saudação ressoou em meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu seio. Feliz tu que ainda sabes parar para ouvir. Ouvir a saudação de um amigo, um coração em pranto, a exploração de alegria, o grito por justiça, o canto de esperança, a palavra de fé, a palavra do perdão e a eterna palavra de amor. Feliz és tu que acreditaste que se cumpriu tudo o que foi dito da parte do Senhor. Feliz tu que ainda acreditas num amigo, que ainda acreditas na vida, que ainda acreditas no homem, que ainda acreditas em Deus.