Avaliação Técnica e Económica de Sistemas Duais de Abastecimento de Água

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1 Avaliação Técnica e Económica de Sistemas Duais de Abastecimento de Água João Nuno Salvador de Paiva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Prof. Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira Orientador: Prof. Doutor João Torres de Quinhones Levy Vogal: Prof. Doutor Jorge Luís Silva Santos Temido Dezembro 2008

2 Resumo: O aumento dos consumos de água e a deterioração dos recursos hídricos devido às alterações climáticas e à acção humana suscitam a análise de novas alternativas para a gestão deste recurso. Consideraram-se como soluções para o problema a reutilização de efluentes tratados e a dessalinização de água do mar. Neste trabalho procedeu-se à avaliação técnica e económica de sistemas duais de abastecimento de água, que utilizam para além das origens tradicionais as duas técnicas acima referidas. Estes sistemas baseiam-se na distinção entre usos primários e secundários a partir da duplicação da rede. A avaliação económica efectuada partiu dos tarifários como forma de comparação entre estes sistemas e os existentes a nível nacional. O critério de comparação utilizado deveu-se ao facto de serem os utilizadores que no fundo suportam os custos inerentes aos sistemas, importando para estes um tarifário reduzido sem por em causa a qualidade do serviço. A análise dos resultados permitiu verificar e concluir que a reutilização de efluentes tratados é a origem mais económica, e que a dessalinização apesar de ser a origem mais dispendiosa torna-se atractiva para situações de carências de água ou quando os preços são mais elevados devido a progressividade dos tarifários, como o caso dos sectores da indústria ou do turismo. Conclui-se finalmente que os sistemas duais permitem não só uma redução dos tarifários aplicados aos consumidores pela diferenciação dos consumos, como também uma redução nos volumes captados pelas origens tradicionais, sendo portanto uma alternativa capaz de dar resposta ao problema anteriormente enunciado. Palavras-chave: Sistema Dual, Abastecimento de Água, Reutilização de efluentes tratados, Dessalinização, Sustentabilidade. i

3 Abstract: The increase of water consumptions and the deterioration of water resources due to climatic change and human action give rise to the analysis of new alternatives for the management of this resource. As solutions for this problem, the reuse of reclaimed water and seawater desalination were considered. In this work we have carried out a technical and economic evaluation of dual water supply systems, which use, besides their traditional origins, the two above-mentioned techniques. These systems are based on the distinction between primary and secondary uses from the network duplication. The economic evaluation performed was based on the tariffs as a way of comparison between these systems and those existing at a national level. The criterion of comparison used is due to the fact that it is the users who, in the end, bear the costs inherent to the systems, importing into these a reduced tariff without compromising the service quality. The results analysis has allowed observing and concluding that the reuse of reclaimed water is the most economic origin and that desalination, despite being the most expensive option, becomes attractive for situations of water deficiency or higher prices due to tariff escalation, as in the case of industry or tourism sectors. It is therefore concluded that dual systems allow not only a reduction in tariffs applied to the consumers through consumption differentiation, but also a reduction in the volumes intaken by the traditional origins, thus being an alternative able to meet the problem above mentioned. Keywords: Dual System, Water Supply, Reuse of reclaimed water, Desalination, Sustainability. ii

4 Índice 1 INTRODUÇÃO OBJECTIVOS ESTADO DO CONHECIMENTO REUTILIZAÇÃO DESSALINIZAÇÃO SISTEMAS DUAIS ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA DISPONIBILIDADES DE ÁGUA CARACTERIZAÇÃO DOS CONSUMOS SOLUÇÕES AVANÇADAS SISTEMAS DE ABASTECIMENTO CARACTERIZAÇÃO GESTÃO E FINANCIAMENTO TARIFÁRIOS DEFINIÇÃO DAS FUNÇÕES DE CUSTO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM CAPTAÇÕES FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO ADUÇÃO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO RESERVATÓRIOS APOIADOS FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM REDES DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE ÁGUAS RESIDUAIS FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM EMISSÁRIOS FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM ETAR COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM TRATAMENTO TERCIÁRIO FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM DESSALINIZADORAS AVALIAÇÃO DAS SOLUÇÕES ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS CONCLUSÕES iii

5 Índice de Gráficos: GRÁFICO 1 - CUSTOS DE EXPLORAÇÃO [13] GRÁFICO 2 - PROCURA TOTAL DE ÁGUA [1] GRÁFICO 3 - USOS ESTRITAMENTE URBANOS [13] GRÁFICO 4 - USOS URBANOS [1] GRÁFICO 5 - ESTRUTURA DO CONSUMO DOMÉSTICO DE ÁGUA (COM USOS EXTERIORES) [1] GRÁFICO 6 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: CAPTAÇÃO GRÁFICO 7 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: DESINFECÇÃO (CLORAGEM) GRÁFICO 8 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: ETA - TRATAMENTO COMPLETO GRÁFICO 9 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: ADUÇÃO GRÁFICO 10 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS GRÁFICO 11 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: RESERVATÓRIOS APOIADOS GRÁFICO 12 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: REDE DE DISTRIBUIÇÃO GRÁFICO 13 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: REDE DE DRENAGEM GRÁFICO 14 CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS A.R GRÁFICO 15 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: EMISSÁRIOS GRÁFICO 16 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: ETAR COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO GRÁFICO 17 CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: TRATAMENTO TERCIÁRIO GRÁFICO 18 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: DESSALINIZAÇÃO, COM OS EXEMPLOS PRESENTES NO QUADRO GRÁFICO 19 - CUSTO DE INVESTIMENTO PER CAPITA: DESSALINIZAÇÃO GRÁFICO 20 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO: CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 21 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO: CONSUMO ANUAL DE 200 M GRÁFICO 22 - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM DE ÁGUA DESSALINIZADA NUM SISTEMA COM ORIGENS MÚLTIPLAS: 1/3 DA ÁGUA É REUTILIZADA E O CONSUMO ANUAL É DE 120M GRÁFICO 23 - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS EM FUNÇÃO DA PERCENTAGEM DE ÁGUA DESSALINIZADA NUM SISTEMA COM ORIGENS MÚLTIPLAS: 1/3 DA ÁGUA É REUTILIZADA E O CONSUMO ANUAL É DE 200M GRÁFICO 24 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DA ADUTORA, PARA UMA POPULAÇÃO DE HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 25 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DA ADUTORA, PARA UMA POPULAÇÃO DE HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 26 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DA ADUTORA, PARA UMA POPULAÇÃO DE HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 27 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DA ADUTORA, PARA UMA POPULAÇÃO DE 34000HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 200M GRÁFICO 28 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE ÓRGÃOS, PARA UMA POPULAÇÃO DE HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 29 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DO NUMERO DE ÓRGÃOS, PARA UMA POPULAÇÃO DE 5.000HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 30 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DO NUMERO DE ÓRGÃOS, PARA UMA POPULAÇÃO DE HAB E UM CONSUMO ANUAL DE 120M GRÁFICO 31 - PREÇO COBRADO AO CONSUMIDOR ( /M3) EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO, PARA UM CONSUMO DE 120 M GRÁFICO 32 CUSTO DA ÁGUA PARA AS ENTIDADES GESTORAS EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO GRÁFICO 33 CUSTO DA ÁGUA PARA AS ENTIDADES GESTORAS EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO GRÁFICO 34 - PREÇO DA ÁGUA EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DO SUBSISTEMA DE ADUÇÃO: 5.000HABITANTES GRÁFICO 35 - PREÇO DA ÁGUA EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DO SUBSISTEMA DE ADUÇÃO: HABITANTES GRÁFICO 36 - PREÇO DA ÁGUA EM FUNÇÃO DA EXTENSÃO DO SUBSISTEMA DE ADUÇÃO: HABITANTES iv

6 Índice de Figuras: FIGURA 1 A IMAGEM RELATIVA AO ANO DE 2005 APRESENTA UMA PAISAGEM MUITO MAIS SECA QUE A RELATIVA A ESTE EFEITO DEVE-SE À SECA OCORRIDA ENTRE 2004 E [19]NASA/JESSE ALLEN - EARTH OBSERVATORY... 1 FIGURA 2 - ESQUEMA DE UMA UNIDADE DE DESSALINIZAÇÃO [25] FIGURA 3 - SISTEMA TRADICIONAL [13] FIGURA 4 - SISTEMA DUAL, COM REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES TRATADOS [13] FIGURA 5 - SISTEMA DUAL, COM ETAR A MONTANTE E REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES TRATADOS [13] FIGURA 6 - SISTEMA DESSALINIZAÇÃO FIGURA 7 - SISTEMA DUAL, COM DESSALINIZAÇÃO E REUTILIZAÇÃO FIGURA 8 - SISTEMA COM ORIGENS MÚLTIPLAS [13] FIGURA 9 ESQUEMA TRATAMENTO TERCIÁRIO FIGURA 10 - LINHA DE TRATAMENTO DE UMA DESSALINIZADORA v

7 Índice de Quadros: QUADRO 1 - TECNOLOGIAS DE DESSALINIZAÇÃO [23] QUADRO 2 - INVESTIMENTO NA DESSALINIZAÇÃO [8] QUADRO 3 - CATEGORIAS DE REUTILIZAÇÃO DE EFLUENTES TRATADOS E SUAS CONDICIONANTES [18] QUADRO 4 - CONSTITUIÇÃO DE UM SISTEMA DE ÁGUA QUADRO 5 - ENTIDADES GESTORAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA [2] QUADRO 6 - ENTIDADES GESTORAS NO SANEAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS [2] QUADRO 7 - COMPARAÇÃO ENTRE PREÇOS EM "ALTA" E EM "BAIXA" [2] QUADRO 8 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 9 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA - CONSUMO ANUAL DE 200 M3 [2] QUADRO 10 - CUSTO DO SERVIÇO DE SANEAMENTO DE ÁGUA - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 11 - CUSTO DO SERVIÇO DE SANEAMENTO DE ÁGUA - CONSUMO ANUAL DE 200 M3 [2] QUADRO 12 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO E SANEAMENTO DE ÁGUA - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 13 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 14 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES - CONSUMO ANUAL DE 200 M3 [2] QUADRO 15 - CUSTO DO SERVIÇO DE SANEAMENTO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 16 - CUSTO DO SERVIÇO DE SANEAMENTO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES - CONSUMO ANUAL DE 200 M3 [2] QUADRO 17 - CUSTO DO SERVIÇO DE ABASTECIMENTO E SANEAMENTO DE ÁGUA EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CLIENTES - CONSUMO ANUAL DE 120 M3 [2] QUADRO 18 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM CAPTAÇÕES QUADRO 19 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM DESINFECÇÃO (CLORAGEM) QUADRO 20 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO ESTAÇÃO DE TRATAMENTO - SISTEMA COMPLETO QUADRO 21 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO ADUÇÃO QUADRO 22 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS QUADRO 23 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO RESERVATÓRIOS APOIADOS QUADRO 24 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO QUADRO 25 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM REDES DE DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS QUADRO 26 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM ESTAÇÕES ELEVATÓRIAS DE A.R QUADRO 27 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM EMISSÁRIOS QUADRO 28 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM ETAR COM TRATAMENTO SECUNDÁRIO QUADRO 29 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO NO TRATAMENTO TERCIÁRIO QUADRO 30 - EXEMPLOS DE UNIDADES DE DESSALINIZAÇÃO UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DA FUNÇÃO QUADRO 31 - FUNÇÃO CUSTO DE INVESTIMENTO EM DESSALINIZAÇÃO QUADRO 32 - CUSTOS DE INVESTIMENTO ACTUALIZADOS [6] QUADRO 33 COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES OBTIDOS PELA FUNÇÃO E OS VALORES PRESENTES NO QUADRO QUADRO 34 - CONSIDERAÇÕES ADOPTADAS NA CRIAÇÃO DA FUNÇÃO DE CUSTO PARA A DESSALINIZAÇÃO QUADRO 35 - GRUPOS DE OSMOSE INVERSA CONSIDERADOS [27] QUADRO 36 - COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES OBTIDOS PELA FUNÇÃO E OS VALORES PRESENTES NA QUADRO QUADRO 37 - DADOS BASE QUADRO 38 - FUNÇÕES DE CUSTO POR ÓRGÃO QUADRO 39 - CUSTO DE INVESTIMENTO POR SUBSISTEMA QUADRO 40 - CUSTOS DE EXPLORAÇÃO ANUAL POR ÓRGÃO [13], [10] QUADRO 41 - FACTOR DE AMORTIZAÇÃO QUADRO 42 - CUSTOS DE INVESTIMENTO PARA UM SISTEMA DUAL COM HABITANTES QUADRO 43 - AMORTIZAÇÃO ANUAL PARA UM SISTEMA DUAL COM HABITANTES QUADRO 44 - RESULTADOS OBTIDOS PARA UM SISTEMA DUAL COM HABITANTES QUADRO 45 - DADOS BASE ADOPTADOS vi

8 1 INTRODUÇÃO As alterações climáticas que o planeta tem sofrido nos últimos anos, com períodos de seca mais frequentes e prolongados como as que ocorreram em Portugal em 2004 e 2005, [13], e também o aumento da pressão sobre os recursos hídricos devido às actividades humanas provocam a sua crescente deterioração não só em qualidade como em quantidade, levando mesmo em alguns casos à sobreexploração e a desequilíbrios no ciclo hidrológico. Estas alterações são responsáveis por fenómenos de erosão dos solos e desertificação de ecossistemas, tais como os que ocorrem em algumas regiões do planeta, de onde se destaca, por exemplo a situação do mar Aral. Em Portugal os efeitos das secas prolongadas são já observáveis, como se regista na Figura 1, representando graves consequências quer a nível ambiental quer para o desenvolvimento económico. Figura 1 A imagem relativa ao ano de 2005 apresenta uma paisagem muito mais seca que a relativa a Este efeito deve-se à seca ocorrida entre 2004 e [19]NASA/Jesse Allen - Earth Observatory 1

9 A par da diminuição da qualidade e quantidade dos recursos hídricos surge uma crescente procura de água. Esta procura é devida ao aumento do consumo humano, quer para usos domésticos, quer para usos industriais e agrícolas, quer para outros fins tais como o combate a incêndios, lavagens de arruamentos, jardins e ainda mais recentemente as necessidades de rega no domínio dos equipamentos desportivos que consomem grandes quantidades de água, como é o caso dos campos de golfe, que actualmente proliferam. É por isso da maior importância a consciencialização do problema da escassez de água para utilização directa, havendo então a necessidade da criação de alternativas para fazer face aos problemas acima mencionados, de forma a proceder-se a uma gestão sustentável dos recursos hídricos garantindo-se os padrões de qualidade e quantidade de água, e mantendo-se reservas para situações de emergência. O aumento populacional a par da sua concentração em meios urbanos, implicou uma alteração significativa nos sistemas tradicionais de abastecimento de água que utilizam como origem águas superficiais ou subterrâneas. Estes sistemas passaram então a ir captar água a origens cada vez mais afastadas do ponto de entrega, de forma a dar resposta aos aumentos das necessidades de água. O aumento da distância entre o ponto de captação e o ponto de entrega implica um aumento dos custos quer de construção quer de manutenção, que se traduzem em tarifários mais caros para a população afectada pelo sistema de abastecimento de água. Compreende-se, então, que seja do interesse da população a procura de novas alternativas para origens de captação de forma a, não só, suprir as suas necessidades em água como também a criar opções mais económicas. Dentro das soluções alternativas destaca-se, neste trabalho, a reutilização de efluentes tratados e a dessalinização de água do mar. A reutilização de efluentes tratados para usos não prejudiciais à saúde, como por exemplo os, já referidos, campos de golfe ou na lavagem de arruamentos, é uma solução possível de forma a reduzir o volume de água captado e também de forma a mitigar os efeitos provocados pelas secas. A reutilização de águas residuais consiste em aplicar-se a um efluente já com tratamento secundário um tratamento terciário, com desinfecção, para que este efluente tratado possa ser utilizado para fins não prejudiciais à saúde. 2

10 A outra origem que é aqui analisada, é a dessalinização, já utilizada em alguns locais, entre os quais Porto Santo (Portugal), onde as origens tradicionais são ineficazes. Esta origem é referida por exemplo em Levy (2006) [13]e Latorre (2004) [8]. A dessalinização como forma de origem alternativa às origens tradicionais, explora um recurso mais abundante que a água doce pois utiliza como matéria-prima a água salgada que representa aproximadamente 97,5% de toda a água disponível do planeta. Pretende-se também proceder a uma optimização económica dos sistemas água, avaliando-se não só os sistemas de águas tradicionais, como também sistemas que integrem as novas origens de água acima referidas. A avaliação que se pretende efectuar permitirá a comparação entre custos, das várias alternativas que hoje se encontram disponíveis, sendo os respectivos resultados apresentados sobre a forma de tarifários o que permitirá avaliar qual a melhor alternativa do ponto de vista dos custos para o consumidor. 1.1 OBJECTIVOS Este trabalho propõe-se a averiguar e determinar as diferenças de custo decorrentes das várias origens que se encontram disponíveis em função dos avanços tecnológicos. Propõe-se simultaneamente apresentar as vantagens e desvantagens de cada uma das alternativas e o contributo de cada uma delas para fazer face aos aumentos dos consumos de forma sustentável e a situações de indisponibilidade e sobreexploração dos recursos. Procede-se ainda à actualização das funções custo de investimento relativas aos subsistemas e à definição das mesmas quando estas não se encontram definidas, como a função custo de investimento em dessalinização ou em tratamento terciário. Outro objectivo é determinação dos custos relativos aos sistemas de água com origens tradicionais, e sistemas de águas que integrem novas origens, como a reutilização e a dessalinização. Determinados estes custos a sua comparação será feita através dos tarifários. 3

11 A escolha dos tarifários como forma de comparação deve-se ao facto de as tarifas constituírem a forma de os utilizadores pagarem pela prestação de um serviço e visam, não só, cobrir os custos de amortização, juros, fiscalidade e custos de exploração, como também cobrir custos de possíveis modernizações ou ampliações dos sistemas. Uma vez que em Portugal os tarifários são maioritariamente progressivos dever-se-á comparar os valores obtidos, neste trabalho, com os valores referentes aos tarifários para 120m 3 e 200m 3 de consumo anual de água. Procura-se também estabelecer as mesmas comparações para outros consumidores tais como os relacionados com a indústria ou com o turismo. Este trabalho visa ponderar os custos e benefícios de sistemas duais com origens múltiplas com vista a encontrar soluções mais vantajosas para os consumidores e para a sustentabilidade dos recursos hídricos. 4

12 2 ESTADO DO CONHECIMENTO Os avanços tecnológicos ao nível do tratamento de água suscitam a questão de saber se é ou não vantajoso, quer do ponto de vista da sustentabilidade quer do ponto de vista económico, a utilização de técnicas, como a reutilização ou a dessalinização para a obtenção de água para os usos e necessidades das populações. 2.1 REUTILIZAÇÃO A reutilização de efluentes é uma prática antiga, sendo inicialmente usada para irrigação de campos sem qualquer tratamento, logo com consequências prejudiciais para a saúde pública. Actualmente é vista como origem de água possível de ser utilizada para a irrigação e outros fins, em que não seja necessária água potável, mediante tratamentos adequados. Para se poder considerar a água residual para os usos secundários é necessário que esta respeite determinados parâmetros de forma a proteger a saúde pública. Esses parâmetros são estabelecidos na legislação em vigor, não existindo ainda norma específica para a utilização em usos secundários, a não ser rega, destacandose no entanto diversos decretos-lei: O Decreto-lei nº 152/97 tem como objectivo a protecção das águas superficiais dos efeitos das descargas das águas residuais urbanas através da regulamentação de estas últimas. (Cfr. Decreto-lei nº 152/97 de 19 de Junho); O Decreto-lei nº 236/98 de 1 de Agosto cujo objectivo é o estabelecimento de normas e critérios com o intuito de salvaguardar e proteger o meio aquático e melhorar e adequar a qualidade das águas aos seus principais usos. (Cfr. Decreto-lei 236/98 de 1 de Agosto); O Decreto-lei nº 243/2001 de 5 de Setembro visa regular a qualidade da água destinada ao consumo humano protegendo a saúde pública. (Cfr. Decreto-lei 243/2001 de 5 de Setembro); 5

13 Assim antes da reutilização da água residual esta é submetida a diversos tratamentos através de processos biológicos e físicos devendo respeitar a legislação em vigor, a qual define a qualidade da água após o tratamento em função da sensibilidade do ponto de entrega. (cfr. Levy, J. Q. (2006). Novas Fontes de Abastecimento de Água, Reutilização e Dessalinização, Lição de Síntese. [13]) A escolha de um sistema de tratamento adequada para cada caso é determinada por vários factores, tais como as características quantitativas e qualitativas das águas residuais a tratar, a localização do sistema e os objectivos de qualidade a alcançar. [20] Designam-se habitualmente duas fases de tratamento a fase sólida, ou de lamas, e a fase líquida. Distinguem-se quatro etapas distintas num esquema de tratamento da fase líquida. São elas o tratamento preliminar, primário secundário e terciário A primeira fase consiste na fase de tratamento preliminar, onde ocorrem operações de homogeneização, e também de gradagem, tamisação e desarenação que visam a remoção de sólidos e areias na água residual. [5] Segundo Levy, J.Q. em Novas Tecnologias para o Tratamento de Águas Residuais, [14], o Tratamento primário tem como objectivo reduzir as cargas do afluente em sólidos suspensos (SS), gorduras, carência bioquímica de oxigénio ao 5º dia (CBO5) e carência química de oxigénio (CQO). O tratamento secundário visa, por processos geralmente biológicos, ou outro processo, respeitar os valores limite estipulados no Decreto-lei nº 152/97 de 19 de Junho, de forma a permitir que as águas sejam descarregadas no meio receptor ou sigam para as operações que dizem respeito ao tratamento terciário. O tratamento terciário é a fase em que não só se reduz os sólidos através de processos de filtração como também se efectua um tratamento de desinfecção e controlo de nutrientes. [20] O controlo de nutrientes consiste na remoção de azoto e fósforo por via biológica ou química, (cfr. Levy, J. Q. (2006). Novas Fontes de Abastecimento de Água, Reutilização e Dessalinização, Lição de Síntese. [13]). Para a desinfecção de águas residuais existem também vários procedimentos distintos como a dosagem de hipoclorito de sódio, a injecção de gás cloro, a ozonização e a radiação por ultravioleta. O cloro é um dos desinfectantes químicos mais comuns e utilizados em todo o mundo, [18]. 6

14 Destacam-se aqui duas formas diferentes da sua utilização, a dosagem de hipoclorito e a injecção de gás cloro.. A injecção de cloro gás é mais vantajosa para grandes caudais, contudo o seu manuseamento é perigoso, devendo-se garantir todas as condições de segurança. Sendo que os resíduos da adição de hipoclorito permanecem na corrente filtrada. [13] A dosagem de hipoclorito é o sistema de desinfecção mais vulgar sendo também o mais económico. A níveis de segurança este último acarreta muito menos perigos para a saúde pública, devendo-se ter em conta, no entanto algumas preocupações com o seu armazenamento e manuseamento. [18] Outra técnica já utilizada na desinfecção de águas residuais é utilização de ozono como agente de desinfecção. Inicialmente o ozono era utilizado essencialmente na desinfecção para obtenção de água potável, com utilização mais comum no controlo do sabor e odor bem como no controlo da coloração da água. Os recentes avanços nas tecnologias permitem agora que se considere também esta técnica para a desinfecção de águas residuais. [18] O sistema de desinfecção por ozono, é mais oneroso que a cloragem e apenas utilizado em grandes estações. O ozono não tem poder residual. [20] Outra técnica bastante eficaz é a utilização de radiação ultravioleta para a desinfecção de águas residuais. Com o desenvolvimento de novas lâmpadas e equipamentos na década de 1990 esta tecnologia passou da sua utilização apenas em sistemas de alta qualidade de abastecimento de água para a desinfecção de águas residuais, pois uma dosagem apropriada de radiação ultravioleta tem um efeito bactericida bastante eficaz, sem contribuir contudo para a formação de composto secundários tóxicos tais como os outros métodos de desinfecção anteriormente referidos. [18] O sistema de desinfecção por ultravioletas é utilizado em pequenas e grandes estações e apesar de não ter poder residual, é bastante eficaz, devendo para tal a água não apresentar turvação. Esta tecnologia é mais segura e apresenta menos riscos para a saúde que a adição de cloro. [13] Após o tratamento adequado a água pode ser descarregada no meio receptor, ou ser utilizado para diversos fins tais como os usos secundários, onde se podem destacar entre outros a rega, a lavagem de ruas ou as descargas de autoclismos. 7

15 Por fim é de referir que O custo da reutilização tem sido muitas vezes a razão avançada para que esta não seja realizada. Este custo é variável pois se poderá ir da situação simples de regar os campos envolventes ou utilizá-la como águas de serviço da ETAR, o que apenas envolverá os processos terciários de tratamento e uma pequena rede agrícola sem grande expressão para distribuir a água, até à situação mais exigente de construir uma segunda rede de distribuição de água no meio urbano, que implicará os tratamentos terciários, bombagens, armazenamentos e distribuição. [13] 2.2 DESSALINIZAÇÃO A outra técnica acima referida denomina-se dessalinização e, tal como o nome indica, consiste na remoção ou redução da concentração de sais dissolvidos na água do mar, ou salobra, tendo em vista a obtenção de água doce. As primeiras aplicações práticas desta tecnologia, tendo em vista o abastecimento, ocorreram em 1912, no Egipto e com uma capacidade de 75m 3 /dia. [23] Esta técnica tem sido apenas utilizada em locais onde não existia outra alternativa viável, como o Médio Oriente, e apresentava custos elevadíssimos. O processo considerado nestas unidades dessalinizadoras era um processo térmico com muito baixo rendimento, e os elevados custos eram suportados devido ao baixo preço dos combustíveis e à sua abundância nesta zona. De forma a baixar os custos de operação estas unidades eram muitas vezes associadas a unidades de produção de electricidade, em infra-estruturas duais. [8] Nos anos 70 surgem, nos E.U.A. as primeiras centrais dessalinizadoras com recurso tecnologia de membranas, mais precisamente recorrendo ao processo de osmose inversa. No ano de 1979 é instalada em Porto Santo (Portugal) a primeira dessalinizadora de água do mar deste tipo na Europa. [23] 8

16 A evolução destas tecnologias tem sido gradual e a par das crises económicas, em especial as ligadas ao petróleo. Uma vez que as dessalinizadoras necessitam muita energia e consequentemente de combustíveis. Assim sempre que havia uma crise introduziam-se novo processos de forma a reduzir-se os custos de operação, através de investimentos em equipamentos mais eficientes. [4] O aumento da eficiência e a redução dos custos quer de construção quer de exploração permitiu o aumento da capacidade instalada. No ano de 2005 trinta e dois milhões de metros cúbicos de água foram obtidos por dessalinização em todo o mundo, 60% médio oriente, EUA 16%, países árabes mediterrâneos 6%, Espanha 5%, Itália 2%, outros membros UE 3%, resto do mundo 8%. Espanha é então o quinto maior produtor mundial de água por dessalinização, e o quarto maior considerando apenas dessalinização de água do mar. [4] Como acima foi referido a dessalinização é um processo pelo qual a água do mar se transforma num recurso hídrico completamente aproveitável, para o consumo humano, agricultura ou industria, entre outros fins. As principais tecnologias empregues no processo de dessalinização são as membranas selectivas e as tecnologias térmicas, existindo também outras tecnologias tais como a desmineralização por troca iónica, o congelamento, a absorção e a desionização capacitiva, todas elas com menor aplicação. [23] As tecnologias térmicas recorrem a fenómenos de evaporação/condensação para a obtenção da água dessalinizada. Estas tecnologias são essencialmente aplicadas em países quentes ou com grandes disponibilidades de combustíveis fosseis como o que acontece com os países do médio oriente, e associados, em estruturas duais, a centrais de produção de energia como foi referido acima. [23] As tecnologias térmicas disponíveis são as que se apresentam no Quadro 1. Outro género de tecnologias disponível é a tecnologia de membranas selectivas. Nas membranas selectivas destacam-se os processos de osmose inversa e electrodiálise. A electrodiálise promove a separação iónica por meio de várias membranas selectivas e pela aplicação de campo eléctricos que promovem a migração dos iões e a sua passagem pelas membranas. [6] 9

17 O processo de osmose inversa é um processo de separação em que um solvente, neste caso a água, é separado de um soluto, neste caso os sais nela contidos, por uma membrana permeável ao solvente e impermeável ao soluto. Isso ocorre ao aplicar-se pressão sobre este meio aquoso, de forma a contrariar o fluxo natural da osmose. Tecnologias Disponiveis Tecnologia de Membranas Tecnologias Térmicas Outras tecnologias Nome do Processo Electrodiálise Osmose Inversa Destilação Solar Evaporação Multi Flash Destilação de Múltiplo Efeito Compressão de vapor Desmineralização por troca iónica Congelamento Absorção Desionização Capacitiva Quadro 1 - Tecnologias de Dessalinização [23] As tecnologias acima mencionadas apresentam vantagens e desvantagens variando com diversos factores, entre os quais se destacam o volume de água a produzir e a qualidade desta, quer, na origem, quer, no final do tratamento. Relativamente às tecnologias mais empregues no processo de dessalinização, as tecnologias térmicas e de membranas selectivas, ambas apresentam um grande consumo de energia, para uma baixa produtividade, e problemas derivados à agressividade da água salgada, tais como a corrosão, a precipitação e incrustação de sais. Devido ao efeito das temperaturas nas tecnologias térmicas, estes problemas são potenciados. No caso da tecnologia de membranas selectivas existe a necessidade de substituição das membranas devido aos danos acima referidos que afectam a produtividade das mesmas. 10

18 Para a unidade de dessalinização aqui considerada, o processo escolhido foi a osmose inversa, pois é um processo que se adapta melhor a realidade portuguesa, visto não existirem, em Portugal, combustíveis a preços acessíveis nem as temperaturas atmosféricas serem muito elevadas. A escolha do processo não se prendeu apenas com a realidade nacional, pesando também a maior aceitação do processo a nível mundial e também a grande expansão que se tem vindo a verificar nesta tecnologia não só devido à redução de custos das membranas, como também a melhorias de rendimento. A maior aceitação do processo e a expansão da tecnologia de membranas pode ser observada no Quadro 2, que se segue, onde se observa que a única excepção é a região do Golfo e Mar Vermelho, onde prevalecem as tecnologias térmicas como processo de dessalinização. Região Investimento (10 6 USD) Operação (10 6 USD) Membranas Térmico Total Em 2015 América Ásia Mediterrâneo Golfo e Mar Vermelho TOTAL Quadro 2 - Investimento na Dessalinização [8] Considerando então a tecnologia de osmose inversa pode-se referir que as membranas utilizadas no processo são membranas semi-permeáveis compostas por camadas de materiais derivados essencialmente de polímeros, normalmente acetatos de celulose e materiais sintéticos como a poliamida. [25] Uma unidade de dessalinização por osmose inversa pode simplificadamente dividir-se em quatro subsistemas a analisar, a captação, o pré-tratamento, o grupo de osmose inversa e o pós-tratamento. Seguidamente representa-se um esquema de uma unidade de dessalinização, presente em Semiat, R. (2000). Desalination: Present and Future. [25] 11

19 Figura 2 - Esquema de uma unidade de dessalinização [25] No subsistema de captação podem considerar-se dois pontos distintos, a toma de água e a bombagem da mesma. A toma de água tem grande influência no resto do processo de dessalinização afectando não só o rendimento das membranas como também no tipo de pré-tratamento a efectuar. A captação de água pode então ser de dois tipos, por captação superficial ou subterrânea, permitindo esta última a redução do pré-tratamento a efectuar, visto que o solo actua como agente de filtração. [22] O subsistema de pré-tratamento desempenha um papel fundamental no processo de dessalinização influenciando não só a eficácia do processo como a durabilidade das membranas. [23] Os sistemas de pré-tratamento têm como função eliminar as partículas em suspensão, purificar a água em termos bacteriológicos e actuar sobre os limites de solubilidade dos sais de forma a evitar a incrustação dos módulos de membranas. [22] O grupo de osmose inversa subdivide-se essencialmente em grupos electrobomba, rack de osmose inversa e recuperação de energia. O grupo electrobomba tem como objectivo a bombagem e o fornecimento de água em alta pressão aos rack de osmose inversa, onde é efectuada o processo de dessalinização. O subsistema de recuperação de energia promove a recuperação de energia por meio de turbinas conseguindo-se desta forma uma maior eficiência em termos energéticos. O pós-tratamento tem a função de mineralização da água, uma vez que a água à saída do subsistema de osmose inversa apresenta um baixo teor em sais e minerais devido ao processo anterior. Outra função do pós-tratamento é a desinfecção. [22] 12

20 O pós tratamento a efectuar deve ser realizado em função do fim para o qual a água se destina de forma a não se incorrer em custos desnecessários em tratamento de água. Assim sendo, por exemplo, uma água para consumo humano tem um tratamento mais completo e dispendioso do que uma água cujo fim seja a agricultura. Os custos relativos à instalação, exploração e manutenção de uma unidade de dessalinização dependem de vários factores e em geral verifica-se que o custo por metro cúbico diminui com o aumento da capacidade. O tipo de captação, o processo de tratamento, e a capacidade e dimensão da unidade de dessalinização, entre outros, têm repercussões ao nível do investimento e da exploração. O custo de exploração depende essencialmente da energia dispendida pois como se como se observa em Levy, J. Q. (2006), a parcela atribuída à energia ascende aos 70% do custo total de exploração. Apesar de esta percentagem ser muito elevada face às restantes parcelas é de referir que o consumo energético tem vindo a diminuir desde 22 kwh.m -3 em 1970 para 3,4 kwh.m -3 no ano de Nas restantes parcelas que afectam o preço de produção da água dessalinizada, funcionários, reagentes químicos, manutenção, membranas, entre outros, não se verificaram alterações tão significativas. [8] O custo com membranas, que apenas representa 12% do total dos custos de exploração, também tem vindo a diminuir principalmente ao nível da manutenção através da aplicação de membranas mais resistentes e consequentemente com custos de manutenção mais baixos. [8] Na Gráfico 1 apresentam-se as percentagens dos custos de exploração tal como são apresentadas em Levy (2006). 13

21 Custos de Exploração Membranas 12% Produtos Químicos 8% Pessoal 10% Energia 70% Gráfico 1 - Custos de exploração [13] Considerou-se um valor de 0,60.m -3 para os custos de exploração, presente em Levy (2006) [13]. Considerando no entanto Latorre (2004, [8], os custos de exploração variam entre 0,214 e 0,352.m -3 considerando os custos com a energia a variar entre 0,13 e 0,22.m -3, o custo com produtos químicos situado nos 0,018.m -3, o custo do pós tratamento a variar entre 0,006 e 0,024.m -3 e o custo de operação a variar entre 0,06 e 0,09.m -3 de agua dessalinizada. A função de custo investimento em unidades de dessalinização será apresentada no capítulo funções de custo. 2.3 SISTEMAS DUAIS Um sistema de abastecimento de água dual caracteriza-se pela existência de dois sistemas distintos de abastecimento de água. Um sistema para abastecimento de água potável e um outro sistema para o abastecimento de água para os denominados usos secundários. 14

22 Esta segunda rede considera como origem os efluentes tratados provenientes de uma ETAR com tratamento terciário. Os sistemas duais podem utilizar também como origem a água do mar ou as águas pluviais, não consideradas neste caso. Os sistemas duais são já utilizados em cidades como Hong Kong, de forma a satisfazer todas as necessidades sem que haja necessidade de restringir consumos e de forma a diminuir os encargos para o consumidor. [26] Estes sistemas apresentam grandes vantagens não só ao nível económico como também ao nível da sustentabilidade. A nível económico estes sistemas apresentam vantagens, pois permitem poupar no tratamento de água uma vez que as águas secundárias exigem um menor nível de tratamento, o que se reverte igualmente numa poupança para o consumidor. Ao nível da sustentabilidade consegue-se com a existência de sistemas duais reduzir o volume de água captado nas origens tradicionais permitindo uma menor pressão sobre estes mesmos recursos. Apesar das desvantagens que estes sistemas possam apresentar, e que se prendem essencialmente com a possibilidade de contaminação da rede de água potável pela rede de água secundária, as vantagens são claramente superiores sendo estes já utilizados com sucesso em muitas regiões do planeta, [26]. 15

23 3 ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA O crescimento populacional, a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, a má distribuição geográfica e temporal dos recursos hidrológicos, a sobreexploração destes, e as alterações climatéricas, como fenómenos de seca prolongados, fomentaram a procura soluções para fazer face aos problemas referidos, garantindo a satisfação das necessidades de forma sustentável. 3.1 DISPONIBILIDADES DE ÁGUA A água existe na natureza em três estados distintos. O estado sólido, o liquido, e o gasoso. A coexistência destes três estados implica a transferência contínua de água entre os vários estados, a esta sequência cíclica de fenómenos pelos quais a água passa pelos diferentes estados designa-se por ciclo hidrológico. O ciclo hidrológico constitui um factor determinante para a água disponível e de utilização directa pelo homem, ou seja, a água disponível, habitualmente, nas captações tradicionais. Este facto deve-se a que apenas 3% da água total disponível do planeta é água doce, sendo os restantes 97% água salgada. Por outro lado, dos 3% referentes à água doce 2,25% encontra-se sob a forma de gelo nas calotes polares ou em glaciares, e como tal inacessíveis ao homem. Dos restantes 0,75%, 50% encontra-se a uma profundidade superior a 500m, pelo que a percentagem efectivamente disponível para utilização directa do homem é muito baixa, cerca de 0,38%. Apesar da baixa percentagem, já acima referida, destaca-se ainda a sua deterioração não só em qualidade como em quantidade. As causas da deterioração advêm de factores naturais ou humanos e suscitam a enorme importância de se criar alternativas e soluções para fazer face ao decréscimo e deterioração dos recursos hídricos. As causas naturais podem ser ou não ligadas às alterações climáticas que se têm vindo a registar e manifestam-se essencialmente através da falta de precipitação, essencial para a renovação dos caudais. [13] 16

24 Também a acção humana tem influído na degradação dos recursos hídricos essencialmente pelas actividades económicas, como por exemplo, a indústria ou a agricultura, que exercem uma grande pressão nos recursos hídricos pois alem do consumo para o seu funcionamento, são ainda responsáveis pela emissão de substâncias prejudiciais, de forma directa ou indirecta, que comprometem a qualidade dos recursos hídricos. A par da diminuição dos recursos hídricos, os consumos humanos, vão aumentando, como seguidamente se refere, causando problemas de sobreexploração com efeitos muito graves para as regiões afectadas. Dentro destes efeitos destacam-se a erosão dos solos e a desertificação. Assim sendo a juntar às áreas que devido ao clima, já apresentavam problemas de disponibilidade e escassez de água, novas áreas têm igualmente vindo a verificar problemas de escassez e de disponibilidade. Portugal não é excepção apresentando já problemas principalmente a sul do país onde a disponibilidade de água sempre foi menor. 3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS CONSUMOS O consumo de água tem vindo a aumentar, e continua a apresentar esta tendência, não só para os fins tradicionais, como para novos fins tais como os referidos por Lourenço, R. (2005) em Sistemas de abastecimento com origens e fins múltiplos. Açores (Portugal), comunicação apresentada no VIII Encontro técnico ECOSERVIÇOS, [16], onde se destacam as modificações das necessidades de rega, a proliferação de equipamentos desportivos, em especial de campos de golfe, e outros equipamentos de recreio e lazer. Observa-se que 83% da procura total de água diz respeito á agricultura, 9% a consumo urbano e 7% a usos industriais, ver Gráfico 2. [1] 17

25 Agrícola 83% Urbano 9% Industrial 8% Gráfico 2 - Procura Total de água [1] Considerando apenas usos estritamente urbanos pode observar-se que 45% da água se destina a consumo doméstico e que semelhante percentagem (40%) não é aproveitada devido a perdas comerciais (ver Gráfico 3). Um dos principais objectivos é a redução das perdas comerciais de forma a tornar os sistemas mais eficientes e sustentáveis, tendo sido esta medida adoptada no PEAASAR II. Usos Estritamente Urbanos Doméstico 45% Público 6% Comercial 9% Perdas Comerciais 40% Gráfico 3 - Usos estritamente Urbanos [13] Se não se considerar as perdas, a percentagem de água destinada para usos domésticos situa-se nos 64%, Gráfico 4. 18

26 Usos Urbanos Doméstico 64% Público 9% Comercial 13% Industrial 14% Gráfico 4 - Usos Urbanos [1] Através da distribuição média dos usos domésticos podemos observar que a maior percentagem diz respeito a duches e banhos com 32%, e que cerca de 38% da água utilizada em usos domésticos não necessita de ser água potável, uma vez que não é para consumo humano. Pois 28% do total de água destina-se a autoclismos e os restantes 10% dizem respeito a usos exteriores, ver Gráfico 5, [1]. Perdas 4% Usos exteriores 10% Duche e Banho 32% Autoclismo 28% Máquina da roupa 8% Máquina de louça 2% Torneiras 16% Gráfico 5 - Estrutura do consumo doméstico de água (com usos exteriores) [1] 19

27 Segundo refere Levy, J. Q. em [13] não se está a sobrevalorizar a parcela de usos secundários, usos que não exigem água potável, se se avaliar esta num terço do volume de água para usos domésticos. Um terço será então a percentagem de água a considerar para reutilização. 3.3 SOLUÇÕES AVANÇADAS Para se fazer face à situação de escassez e ao aumento da procura pode-se optar por duas situações, ou se restringe a procura, limitando-se desta forma o desenvolvimento, ou se aumenta a oferta, [15]. A primeira opção é uma medida prejudicial para um país, porque restringe o desenvolvimento das actividades, e pelo contrário, deve-se sempre por procurar diversificar e aumentar a oferta. Tendo em conta os factos anteriormente relatados impõe-se aproveitar melhor a água disponível para utilização directa, através das origens tradicionais, ou seja, captações subterrâneas e superficiais, como também procurar novas soluções de forma a dar resposta às necessidades e exigências humanas, aumentando-se então a oferta. No caso de se recorrer a tecnologias tradicionais é necessário garantir uma correcta selecção da origem, para que esta apresente não só uma boa qualidade, e um caudal economicamente rentável para a sua exploração e utilização num sistema de abastecimento de água. No entanto, o número de recursos hídricos com potencialidade para a produção de água para consumo humano encontra-se em constante decréscimo. Devido aos factores anteriormente mencionados, as captações de água são instaladas cada vez a maior distância das populações a que se destinam servir. Este facto acarreta custos consideráveis no que diz respeito aos custos relacionados com a aducção. Torna-se desta forma claro a necessidade da procura urgente de novas origens, entre as quais de destacam a reutilização das águas residuais e a água do mar. A reutilização de efluentes previamente tratados é uma técnica já com alguma aceitação principalmente em regiões onde se sinta a escassez de água. 20

28 A inclusão da reutilização no rol de origens possíveis é defendida por Levy, J. Q.(2006) [13], pela Comissão Para a Seca 2005,sendo também referida no PEAASAR, e reflecte não só a preocupação com a escassez de água para atender à procura, como também uma maior consciência dos riscos para a saúde pública. Um dos factores limitativos que esta técnica enfrenta é a sua difícil aceitação pública, que começa agora a ser ultrapassada, tendo como obstáculo o facto dos impactos da sua utilização serem ainda dificilmente quantificáveis. [18] Os usos mais adequados para a utilização deste tipo de água são os seguintes: - Irrigação de campos para cultivos agricultura e viveiros de plantas ornamentais; - Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto-estradas, campus universitários, zonas verdes em geral; - Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento; - Recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis e controlo da intrusão marinha; - Usos urbanos não potáveis: combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e de mobiliário urbano, etc. - Finalidades ambientais: aumento do caudal de linhas de água, aplicação em lagos, e indústrias de pesca. Observando os fins possíveis, acima assinalados, fácil é concluir que não só se desperdiça água de boa qualidade, como até se está a tratar desnecessariamente a essa mesma água [14], pois actualmente todos estes fins recorrem a utilização de água proveniente da rede pública e como tal à utilização de água potável para fins não potáveis. No entanto a aplicação de efluentes tratados nos fins acima descritos apresenta algumas condicionantes e impactos negativos, como os perigos para a saúde pública, a acumulação de sais quer nos solos quer nas plantas, o crescimento biológico e eutrofização, e a incrustação ou corrosão nas actividades industriais. A prática da reutilização, apesar dos riscos mencionados não pode ser considerada como insegura quando comparada com outras origens disponíveis. [18] 21

29 O Quadro 3, que se segue, foi baseado no quadro presente em Metcalf & Eddy, Inc. (2003), Wastewater Engineering: treatement and reuse 4ª Edição, McGraw-Hill, [18], e onde evidenciam-se não só os diferentes fins para a reutilização como também as suas condicionantes. Categorias de reutilização de efluentes tratados 1. Irrigação de campos para cultivos agricultura e viveiros de plantas ornamentais Problemas e Condicionantes Contaminação de águas superficiais e subterraneas se os processos não forem os adequados; Limitações na comercialização de produtos e da sua aceitação publica; 2. Irrigação paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, faixas de domínio de auto estradas, campus universitários, zonas verdes em geral; Aumento da concentração de sais em solos e cultura devido à qualçidade da água ; Perigos para a saúde pública relacionados com agentes patógenicos; 3. Usos industriais: refrigeração, alimentação de caldeiras, água de processamento; Constituintes nos efluentes tratados podem causar corrosão, crescimento biológico e incrustação; 4. Recarga de aquíferos: recarga de aquíferos potáveis, controlo da intrusão marinha 5. Finalidades ambientais: aumento do caudal de linhas de água, aplicação em lagos, e indústrias de pesca. 6. Usos urbanos não potáveis: combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos, lavagem de ruas e de mobiliário urbano, etc. 7. usos urbanos potaveis Preocupações com a saúde pública, particularmente devido ao efeito aerossol, decorente da refrigeração com efeluentes tratados, nas transmissão de agentes patogénicos; Ligações indevidas entre as redes não potáveis e potáveis; Possibilidade de contaminação de um aquifero usado como origem de água para um sistema de abastecimento; Produtos químicos orgânicos nos efluentes tratados e seus efeitos toxicológicos; Elevado teor total de sólidos dissolvidos, nitratos, e de agentes patogénicos nos efluentes trtados; Preocupações relacionadas com a presença de bactérias e vírus nos efeluentes tratados; Eutrofização devido ao azoto e fósforo nos locais de recepção; Toxicidade para a vida aquática; Preocupações para com a saúde pública devido agentes patogênicos transmitidos por aerossóis; Efeitos da qualidade da água recuperada no dimensionamento, corrosão, crescimento biológico e incrustação; Ligações indevidas entre as redes não potáveis e potáveis; Os efluentes tratados podem possuir vestígios químicos orgânicos e com efeitos toxicológicos; Aceitação pública; Preocupações sobre saúde pública relacionadas com a transmissão de agentes patógenicos, nomeadamente vírus; Quadro 3 - Categorias de reutilização de efluentes tratados e suas condicionantes [18] É de notar que segundo, o Programa Nacional para o uso Eficiente Da Água: Versão Preliminar, Estudo elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) com apoio do Instituto Superior de Agronomia (ISA). Lisboa (Portugal), [24], pesando as vantagens e desvantagens da reutilização de efluentes tratados o balanço conduz a claros benefícios ambientais pelo impacto positivo a nível da redução do caudal captado nos meios hídricos onde afecte ecossistemas sensíveis, da redução de descarga de efluentes de ETAR para meios hídricos sensíveis e da recirculação benéfica de nutrientes quando usada em irrigação. [24] 22

30 O tratamento eficaz providencia um efluente tratado com qualidade para que este não seja desperdiçado, mas, sim, reaproveitado, com o benefício de ser uma origem de baixo custo. Esta convicção juntamente com as preocupações acima descritas coloca a reutilização como uma possibilidade sustentável para uma origem de água. Quanto à dessalinização esta é uma tecnologia, por enquanto, mais dispendiosa que as anteriormente referidas mas com duas grandes vantagens. A primeira vantagem e a mais significativa é a elevada disponibilidade deste recurso uma vez que a água do mar representa 97% da água disponível no planeta. Aliado ao facto acima referido e aos problemas de carência e disponibilidades de água que se fazem sentir em muitas regiões, a outra vantagem prende-se com a predominância da concentração da população junto ao litoral. Estas vantagens realçam o potencial da água do mar como uma origem possível para os sistemas de abastecimento de água. Esta solução passa então pelo recurso a dessalinizadoras de forma a se recorrer ao enorme manancial que representam os oceanos, principalmente em regiões onde não existem outras origens, menos dispendiosas. Um exemplo desta situação é a Ilha de Porto Santo em Portugal, que tal como já foi anteriormente referida possui a primeira unidade de dessalinização por osmose inversa instalada na Europa para garantir as exigências não só da população como de actividades turísticas. 23

31 4 SISTEMAS DE ABASTECIMENTO Neste capítulo procede-se à caracterização dos sistemas de água, dos modelos de gestão e financiamento e também à caracterização dos tarifários existentes em Portugal. 4.1 CARACTERIZAÇÃO Os sistemas de água têm evoluído a par das necessidades em quantidade e qualidade de água, procurando-se captações de água cada vez mais longe do ponto de consumo da mesma. Inicialmente os sistemas eram individuais. Com a concentração da população em cidades e outros aglomerados populacionais estes sistemas evoluíram para sistemas locais de forma a dar resposta às necessidades não de um indivíduo apenas mas sim a um conjunto de indivíduos. Posteriormente a par do crescimento populacional e da sua concentração em aglomerados urbanos cada vez maiores os sistemas locais evoluíram para sistemas regionais, estes últimos principalmente quando servidos por albufeiras, permitirão reduzir os riscos de não satisfação dos consumos, em caso de seca. [13] A gestão destes sistemas é muitas vezes partilhada por várias entidades gestoras. A entidade gestora em alta encarrega-se geralmente dos subsistemas de captação e adução, as entidades gestoras em baixa encarregam-se, posteriormente, da sua distribuição, e cobrança dos tarifários. Um sistema de água é dividido em diversos subsistemas com diferentes objectivos e funções. Apresentam-se, de seguida, os diferentes subsistemas, de um sistema de abastecimento e drenagem de águas, aos quais correspondem as funções custo de investimento que se definem no capítulo seguinte: 24

32 Subsistema Captação, cuja função é a captação de água bruta, superficial ou subterrânea, ou de outra origem, a fornecer ao sistema de acordo com as disponibilidades e necessidades. Os custos relativos com a captação e tratamento das águas, dependem então não só do tipo de captação, da qualidade da água bruta a tratar, no maior ou menor grau exigência no tratamento consoante o fim a que se destina e também do volume de água necessário visto que o custo decresce com o aumento. Definiu-se como função custo de investimento em captações, a função relativa a este subsistema, para origens tradicionais. A função custo de investimento em dessalinização diz então respeito aos custos relativos à utilização da água do mar como origem. Subsistema Elevação, cuja função consiste em elevar a água de uma cota inferior para outra superior, através de estações elevatórias. Denominou-se função custo de investimento em Estações Elevatórias à função relativa a este subsistema. Subsistema Adução, cuja função consiste no transporte da água desde a origem até à distribuição. Para a definição dos custos de investimento relativos a este subsistema considerou-se a função custo de investimento Adução. Subsistema Tratamento, cuja função consiste no tratamento da água bruta tendo em vista a obtenção de água potável, obedecendo a normas de qualidade, no caso de Portugal respeitando Decreto-Lei nº 243/2001, de 5 de Setembro. Neste caso o subsistema foi definido por duas funções, são elas, a função custo de investimento em desinfecção e a função custo de investimento em estações de tratamento. Desta forma cria-se uma distinção consoante a qualidade das águas. No caso de tratamento com desinfecção este é apenas considerado para águas subterrâneas que à partida apresentam uma melhor qualidade. A função custo de investimento em estações de tratamento diz respeito ao tratamento completo e é aplicado quando as captações são superficiais. Subsistema Armazenamento, tal como o nome indica a função deste subsistema consiste no armazenamento de água, e tem também função de regularização e reserva. A função considerada para a definição deste subsistema é a função custo de investimento em reservatórios apoiados. 25

33 Subsistema Distribuição, a sua função consiste no transporte e a distribuição de água desde o subsistema de adução até aos vários pontos de entrega. Denominou-se função custo de investimento na distribuição à função de custo deste subsistema. Subsistema rede de drenagem, tem a função de recolha e transporte das águas residuais. Para a definição da função de custo deste subsistema definiu-se a função custo de investimento em redes de drenagem. Subsistema Elevação de Águas residuais, este subsistema tem uma função semelhante à função do subsistema elevação, mas desta feita, para águas residuais. A função considerada para a definição do custo de investimento relativo a este subsistema é a função custo de investimento em estações elevatórias de águas residuais. Subsistema ETAR, cuja função consiste na aplicação do tratamento de águas residuais adequado ao seu destino final, de acordo com os diplomas (DL 152/97, de 19 de Junho, DL 348/98 de 9 de Novembro e DL 236/98 de 1 de Agosto). Considera-se a função custo de investimento em ETAR para os casos gerais, onde apenas é necessário um tratamento de nível secundário. No caso de se considerar os efluentes tratados como uma origem possível para usos não potáveis, ou seja no caso da reutilização das águas residuais, é necessário adicionar à função custo de investimento em ETAR a função custo de investimento em tratamento terciário de forma a obter-se o custo para o tratamento completo. Subsistema emissário tem a função de transporte entre o ponto terminal de uma rede e o local de rejeição das águas residuais. a função definida para a determinação do custo deste subsistema denomina-se função custo de investimento em emissários. O Quadro 4 apresenta um resumo dos subsistemas constituintes de um sistema de água e as correspondentes expressões matemáticas presentes no ficheiro Excel. 26

34 Subsistema Função Custo de investimento Função matemática no Excel (Macro) custo per capita Captação Tratamento Captações Desinfecção (cloragem) Cap (população; altura de elevação) Des (população) Dessalinização Estação de tratamento Sistema completo Salc (população) Eta (população) Adução Adução Adu (população) Elevação Estações Elevatórias Ee (população; altura de elevação) Armazenamento Reservatórios Apoiados Ra (população) Distribuição Rede de Distribuição Dist (população) Rede de drenagem Redes de drenagem ard Dren (população) Elevação de Águas residuais Estações elevatorias A.R Eear (população) ETAR ETAR Etar (população) Tratamento Terciário (a adicionar à função ETAR) Ter (população) Emissários Emissário Emis (população) Quadro 4 - Constituição de um Sistema de Água No presente caso consideraram-se diversas configurações de sistemas possíveis em função das origens consideradas. Ao sistema em que a captação tem origem em águas superficiais ou subterrâneas denominou-se Sistema Tradicional, e devido à existência de apenas uma rede de distribuição, toda a água apresenta a mesma qualidade independentemente do fim a que se destina. Um esquema simplificado deste sistema pode ser observado na figura 3. Figura 3 - Sistema Tradicional [13] 27

35 No caso de se considerar além das origens tradicionais, a reutilização de efluentes, surge o Sistema dual com reutilização esquematizado nas figuras 4 e 5, em que se evidencia a existência de uma segunda rede para usos secundários. Esta segunda rede será tanto mais cara quanto a sua extensão e dimensão. A existência de duas configurações possíveis como se pode observar deve-se ao facto de no segundo esquema (presente na figura 5) se efectuar a bombagem para montante antes do tratamento, permitindo a libertação de locais outrora ocupados pelas ETAR e normalmente com valor económico superior, no caso de se situarem na orla costeira. [13] Figura 4 - Sistema Dual, com Reutilização de efluentes tratados [13] Figura 5 - Sistema Dual, com ETAR a montante e Reutilização de efluentes tratados [13] 28

36 Este segundo sistema denominou-se Sistema Dual e caracteriza-se por considerar um sistema com duas redes distintas em função dos fins aos quais se destinam. O dimensionamento em simultâneo das redes proporciona uma diminuição dos diâmetros de condutas adutoras ou dos parâmetros de dimensionamento de outros subsistemas com uma economia não só de custos de investimento como também de manutenção. O sistema que considera como origem a água do mar, denominou-se Sistema Dessalinização ou Sistema Dual com Dessalinização, no caso de se considerar também a reutilização de água. Devido à maioria das cidades ou aglomerados urbanos se situarem junto ao litoral, o subsistema de adução será menor com economia ao nível do seu custo, que terá neste caso menor expressão. Um esquema possível para a constituição deste tipo de sistemas pode ser observado na figura 6, para o caso da dessalinização ou na figura 7 para o caso do sistema que contempla a dessalinização e a reutilização. Figura 6 - Sistema Dessalinização 29

37 Figura 7 - Sistema Dual, com Dessalinização e Reutilização Por fim, considerou-se um sistema com todas as origens anteriormente apresentadas, definindo previamente os usos para os quais se destinam as águas. Um sistema deste tipo com origens e fins múltiplos pode ser observado na figura 8, que se denominou Sistemas com Origens Múltiplas. Figura 8 - Sistema com Origens Múltiplas [13] A solução aqui avançada será então um sistema Dual em que o abastecimento é dividido em dois subsistemas de acordo com a qualidade e usos da água. Assim sendo, um subsistema tem a função de abastecer com água potável as populações, satisfazendo as suas necessidades. O outro subsistema tem intuito de satisfazer os usos em que não é necessária água potável, bem como outros fins já anteriormente mencionados. 30

38 Os custos inerentes aos investimentos de um sistema dual serão apresentados nos capítulos seguintes. Salienta-se no entanto que os custos de exploração são em todos semelhantes ao dos sistemas tradicionais, considerando-se para o tratamento terciário um custo de exploração de 10% igual ao de uma ETAR com sistema de tratamento apenas secundário. 4.2 GESTÃO E FINANCIAMENTO Existe uma grande diversidade de modelos de gestão e financiamento dos sistemas de abastecimento de água e saneamento, com participação quer pública quer privada quer de ambas as partes. Segundo Levy, J. Q. (2006), em Infra-Estruturas e Serviços Municipais, [11], a sua escolha deve assentar em critérios técnicos e económicos e não em quaisquer razões políticas., privilegiando desta forma a qualidade do serviço. Na gestão realizada por entidades públicas destacam-se três formas institucionais, os serviços municipais, os serviços municipalizados e as empresas públicas municipais. Os serviços municipais caracterizam-se por ser os serviços técnicos da câmara que efectuam a gestão dos sistemas. As verbas necessárias têm que ser inscritas no plano orçamental municipal. O pessoal não é específico dos serviços de exploração. [11] Quanto aos serviços municipalizados, estes apresentam autonomia financeira relativamente à câmara e são geridos por um conselho de administração próprio. [11]Não possuindo, no entanto, personalidade jurídica. [11] As empresas públicas municipais têm personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e patrimonial. [11] A gestão delegada caracteriza-se pela delegação de funções por parte das entidades públicas a entidades do sector privado. Segundo Martins, J. Poças (1998) em Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Saneamento, [17] é possível considerar dois tipos de participação do sector privado: o primeiro, incluindo soluções sem privatização das infra-estruturas e o segundo envolvendo a privatização parcial ou total destas. [17] Nas soluções em que não ocorrem privatização das infra-estruturas destacam-se quatro tipos de contratos, o contrato de concessão, o de arrendamento, o de prestação de serviços e o de gestão. 31

39 O contrato de concessão caracteriza-se por ser da responsabilidade do concessionário a construção e exploração do serviço. [11] A facturação e cobrança são feitas directamente pelo concessionário aos utilizadores do sistema. Após o período de concessão as infra-estruturas são devolvidas nas condições previamente definidas à entidade pública. Este tipo de gestão é muito frequente em Portugal. [17] No contrato de arrendamento, o arrendatário assume a responsabilidade integral pela exploração manutenção e gestão do sistema. [17] Às entidades públicas compete os investimentos na construção, e ampliação das infraestruturas. Os períodos de arrendamento são efectuados por um período de tempo preestabelecido que varia normalmente entre 5 e 20 anos. Em Martins, J. Poças (1998) em Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Saneamento, [17]afirma-se que a entidade pública assume os riscos associados à construção e o arrendatário assume os riscos de exploração e comerciais. O contrato de prestação de serviços, caracteriza-se pela responsabilidade geral por parte da entidade pública, na exploração do sistema, excepto no que se refere a serviços específicos, de âmbito limitado, que ficam a cargo da empresa privada. No contrato de gestão, o adjudicatário assume a gestão do funcionamento do sistema, ficando, no entanto, a cargo da entidade pública a facturação e cobrança, bem como os investimentos na construção, manutenção e ampliação dos sistemas. Relativamente aos contratos que incluem a privatização parcial ou total das infraestruturas surgem contratos do tipo built, own, operate and transfer (BOOT) e os contratos de propriedade privada plena ou out right sale. No primeiro tipo de contrato, o contrato BOOT, compete à empresa privada a construção e exploração das infra-estruturas que são sua propriedade. Terminado o prazo contratual, previamente estabelecido, as infra-estruturas são transferidas para a entidade pública contratante. Esta modalidade permite à entidade pública a construção de infra-estruturas sem necessidade de investimento por parte da mesma. [17] A propriedade privada plena ou out right sale, é um tipo de contrato ainda pouco frequente, Segundo Martins, J. Poças (1998) em Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Saneamento, Neste tipo de contratos a entidade privada assume integralmente os riscos e benefícios da prestação do serviço. [17] 32

40 A entidade privada é detentora da propriedade, cabendo à entidade pública apenas a sua regulação. É de referir, no entanto, que nenhum dos contratos que impliquem a privatização quer parcial quer total das infra-estruturas, e que foram acima descritos, é permitido em Portugal. As entidades gestoras, em Portugal, para os serviços de abastecimento de água e saneamento de águas residuais distribuem-se de acordo com o que é apresentado nos Quadros 5 e 6. O Quadro 5 referente ao abastecimento de água que se segue apresenta também a percentagem de população servida por cada entidade gestora. Entidade Gestora Nº de entidades Clientes Domésticos População Residente Câmara Municipal % 41% 43% Serviços Municipalizados 34 11% 36% 33% Empresa Pública 12 4% 13% 12% Concessão 17 6% 10% 12% Quadro 5 - Entidades Gestoras no abastecimento de água [2] Entidade Gestora Nº de entidades Câmara Municipal 253 Serviços Municipalizados 30 Empresa Pública 12 Concessão 11 Quadro 6 - Entidades Gestoras no saneamento de águas residuais [2] Da observação destes quadros podemos por exemplo concluir, que apesar de apenas 6% das entidades gestoras serem concessionárias estas prestam serviço a 12% da população residente, e que as câmaras municipais apesar de representarem 79% das entidades gestoras prestam, apenas, serviço a 43% da população doméstica 33

41 4.3 TARIFÁRIOS Em Portugal a Lei nº58/2005 de 29 de Dezembro estabelece o enquadramento para a gestão das águas, regulando também as tarifas a aplicar aos sistemas de águas. A lei da água procura promover a utilização sustentável dos recursos hídricos através de vários princípios consagrados no artigo 3º da Lei nº58/2005 de 29 de Dezembro, de onde se destacam: a) O principio do valor social da água que consagra que o acesso universal à água para as necessidades humanas básicas, a custo socialmente aceitável, e sem constituir factor de discriminação ou exclusão; b) O princípio da dimensão ambiental da água, nos qual se reconhece a necessidade de um elevado nível de protecção da água de modo a garantir a sua utilização sustentável; c) O princípio do valor económico da água, por força do qual se consagra o reconhecimento da escassez actual ou potencial deste recurso e a necessidade de garantir a sua utilização economicamente eficiente, com a recuperação dos custos dos serviços de águas, mesmo em termos ambientais e de recursos e tendo por base os princípios do poluidor - pagador e do utilizador pagador; [9] No capítulo VII da lei da água define-se o regime económico e financeiro a aplicar de forma promover a utilização sustentável dos recursos hídricos mediante por exemplo: A internalização dos custos decorrentes de actividades susceptíveis de causar um impacte negativo no estado de qualidade e quantidade de água e, em especial, através da aplicação do princípio do poluidor - pagador e do utilizador pagador; (cfr. art. 77 nº1 al. a)) A recuperação dos custos das prestações públicas que proporcionem vantagens aos utilizadores ou que envolvam a realização de despesas públicas, designadamente através das prestações dos serviços de fiscalização, planeamento e de protecção da quantidade e da qualidade das águas; (cfr. art. 77 nº1 al. b)) A recuperação dos custos dos serviços de águas, incluindo os custos de escassez; (cfr. art. 77 nº1 al. c)) [9] Os utilizadores de serviços públicos de abastecimento de água e drenagem e tratamento de águas residuais ficam sujeitos à tarifa dos serviços de águas prevista no artigo 82º; (cfr. art. 77 nº3) 34

42 No artigo 82º consagra-se então que o regime de tarifas a praticar pelos serviços públicos de águas visa os seguintes objectivos: Assegurar tendencialmente e em prazo razoável a recuperação do custo do investimento inicial e de eventuais novos investimentos de expansão modernização e substituição deduzidos das percentagens das comparticipações e subsídios a fundo perdido; (cfr. art. 82 nº1 al. a)) Assegurar a manutenção, reparação e renovação de todos os bens e equipamentos afectos ao serviço e o pagamento de outros encargos obrigatórios, onde se inclui nomeadamente a taxa de recursos hídricos; (cfr. art. 82 nº1 al. b)) É também previsto que as tarifas devem ainda assegurar o equilíbrio económicofinanceiro de forma a garantir a auto-sustentabilidade do sistema. [12] As Tarifas são a forma dos consumidores pagarem pela utilização e pela prestação de um serviço e visam, não só cobrir os custos de amortização, juros, fiscalidade e custos de exploração, como também cobrir custos de possíveis modernizações ou ampliações dos sistemas. A tarifa a aplicar ao utilizador obedece a uma determinada estrutura que compreende geralmente uma parcela fixa e uma parcela variável. A parcela variável, tal como o nome indica, varia em função do consumo. A parcela fixa, independente do consumo, é constituída por todos os elementos facturados com periodicidade definida como acontece por exemplo com o aluguer do contador. [5] Por outro lado, as tarifas podem também ser progressivas ou regressivas, consoante o custo do serviço aumente com os escalões de consumo ou diminua com estes. [12] Por fim, a estrutura tarifária pode ainda ser tradicional, quando a parcela fixa corresponde aos encargos fixos e a parcela variável aos encargos variáveis, ou marginalista, quando o equilíbrio financeiro é assegurado pela parcela fixa e a parcela variável corresponde aos custos marginais. [5] No que diz respeito à estrutura tarifária para o abastecimento de água em Portugal encontram-se múltiplas soluções distintas sendo as mais expressivas o tarifário progressivo integral, o tarifário progressivo em blocos e o tarifário progressivo misto, que resulta da combinação dos outros dois. [2] 35

43 Os tarifários do tipo progressivo caracterizam-se por apresentar um valor crescente para o valor a pagar por m 3 de água, consoante o volume total consumido, isto é, um consumidor que anualmente consuma 120m 3 paga menos por m 3 do que por exemplo outro consumidor que consuma 200m 3 água anualmente. Quanto à estrutura tarifária relativa às águas residuais pode observar-se em Portugal, segundo, CELE da APDA (2006), em Água e Saneamento em Portugal O Mercado e os Preços. Lisboa (Portugal), APDA. [2], que a disparidade é regra, indiciando fortemente que grande parte das entidades, nomeadamente aquelas que, pela sua dimensão, não possuem corpo técnico adequado, não reflectiram sequer sobre os custos que suportam pelo facto de disponibilizarem este tipo de serviço aos seus munícipes (ou clientes). [2] Desta forma encontram-se situações para as águas residuais que variam desde não ser aplicado qualquer tarifário, até situações onde se aplicam uma parcela fixe e outra parcela variável tal como acontece no caso do abastecimento de água. Em relação aos tarifários, em Portugal, estes são muitas vezes mantidos artificialmente inferiores aos mínimos necessários para que se garanta a autosustentabilidade do serviço ou da entidade gestora. Segundo CELE da APDA (2004). Água e Saneamento em Portugal O Mercado e os Preços. Lisboa (Portugal), APDA. [3], prevalecem os critérios políticos na fixação dos tarifários na maior parte dos municípios com gestão directa,. [3]Referindo ainda que é através da subsidiação cruzada que os preços se fixam abaixo, significativamente abaixo, utilizando a expressão da directiva Quadro, dos custos financeiros da água. [3] Pela análise do Quadro 7 que se segue podemos ainda concluir que o valor pago pelo consumidor através da aplicação do tarifário é muitas vezes inferior ao custo de aquisição, por partes das entidades gestoras em baixa, às entidades gestoras em alta. [2] 36

44 Quadro 7 - Comparação entre preços em "alta" e em "baixa" [2] Os factos acima referidos podem influenciar a comparação com os resultados posteriormente obtidos, pois os tarifários nas situações acima identificadas, não revelam os verdadeiros encargos na prestação dos serviços quer de abastecimento quer de saneamento de águas residuais. Considerando os valores presentes em CELE da APDA (2006). Água e Saneamento em Portugal O Mercado e os Preços. Lisboa (Portugal), APDA., [2], podemos verificar que o preço médio para um consumo de 120 m 3 é de 0,61 /m 3, e actualizado para o ano 2008 este toma o valor de 0,74 /m 3, considerando uma taxa de 5%. No que respeita aos valores quando ponderados com o número de clientes domésticos pode-se observar que estes são geralmente superiores face ao preço médio, apresentando um valor de 0,75 /m 3 e 0,923 /m 3 para o ano 2004 e 2008 respectivamente, quando considerado um serviço de abastecimento de água com um consumo anual de 120m 3. Quando se considera um consumo anual de 200m 3, o preço médio ponderado considerado é 0,828 /m 3 para o ano de 2004 e 1,006 /m 3 quando actualizado para o ano 2008, para uma mesma taxa de 5%. 37

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