José William Vesentini O ensino da Geografia e as mudanças recentes no espaço geográfico mundial

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1 José William Vesentini O ensino da Geografia e as mudanças recentes no espaço geográfico mundial 2 a edição ampliada e atualizada Com encarte a cores: três mapas atualizados da ex-urss, da Europa e do mundo. EDITORA ÁTICA, 1992

2 I. Introdução Questões que surgem Objetivo deste folheto Vivemos num período revolucionário II. A crise do "mundo socialista" A perestroika: seus objetivos e dilemas O fim da perestroika e da União Soviética O golpe de agosto O problema das repúblicas A economia planificada e seus problemas O problema da burocratização O "modelo soviético" e seu ocaso III. A nova divisão internacional do trabalho IV. A nova ordem geopolítica mundial A ascensão e queda das grandes potências O novo papel da ONU V. A redescoberta da complexidade do mundo VI. Sugestões de leitura e de atividades didáticas

3 No início de 1991, elaboramos um folheto que destacava as transformações recentes e importantes no espaço geográfico mundial. Ele resultou de um pedido de professores de Geografia por ocasião de um curso de reciclagem que havíamos ministrado. De fato, a velocidade das mudanças no cenário internacional ocorridas nos últimos anos foi enorme, fato que desatualizou praticamente todos os manuais e atlas geográficos elaborados até aquela data. Nos útimos anos, especialmente em 1989, em 1990 e também em 1991, enormes transformações ocorreram no espaço mundial. A perestroika na (ex-) União Soviética - e o seu final em agosto de 1991, com todas as suas conseqüências, ainda não completamente definidas - mudou a face desse enorme país, que se desagregou. A progressiva - ou, em alguns casos, acelerada - implementação de mecanismos de mercado nas economias planificadas acabou gerando dúvidas sobre a viabilidade ou continuidade nos anos 90 deste último tipo de vida econômica. A área de influência geopolítica da (ex -) União Soviética em grande parte ruiu. O Pacto de Varsóvia foi extinto em meados de 1991, e os europeus ocidentais já começam a se sentir incomodados pela presença em seu continente das tropas norte-americanas da OTAN. Levanta-se inclusive a idéia de um novo tratado, que começa embrionariamente com a coordenação das tropas militares da França e da Alemanha, para com o tempo substituir ou redefinir a OTAN, no sentido de ampliar o poderio europeu. A Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental se uniram em 1990, formando um único país, fato que até há alguns anos parecia impossível ou extremamente improvável para este século. A rapidez desse processo surpreendeu a todos: a partir da crise do "mundo socialista", especialmente da Europa Oriental, no final dos anos 80, tudo indicava que a reunificação alemã pudesse ocorrer. Só que os analistas políticos, os jornais e demais meios de comunicação, inclusive os germânicos, divulgavam uma data mais longínqua, possivelmente A velocidade das mudanças nestes dois últimos anos foi realmente impressionante, o que entre outras conseqüências acabou desatualizando atlas e livros de Geografia de todos os recantos do planeta. Por um lado, isso gerou angústias em alguns, pelo fato de não haver respostas seguras e pelas freqüentes cobranças feitas pelos alunos ou pelo público em geral. Por outro lado, contudo, isso tem sido extremamente gratificante pelo renovado interesse que a Geografia vem suscitando, pela crescente busca de subsídios ou opiniões de geógrafos por parte da imprensa em geral. Nunca houve tanta procura pelos conhecimentos ou procedimentos geográficos, por parte dos principais jornais, das principais revistas e pelas principais redes de televisão, como nestes três últimos anos; e isso em todo o mundo. Noções ou temas que antes eram quase que restritos aos meios educacionais ou acadêmicos, tais como fronteiras e suas redefinições, mapas-múndi, geopolítica, nações e territórios, Estados-nações etc, hoje começam de alguma forma a ser usados na vida cotidiana pelas pessoas e pela mídia.

4 Questões que surgem Nestas condições, é comum que os professores de Geografia coloquem aos especialistas em Geografia Política, em Geografia Regional e até em Cartografia, aos professores universitários e pesquisadores, dúvidas e indagações sobre a atual estruturação do espaço mundial: Existe ainda uma Europa Oriental? Como ensinar o tema Europa para os alunos? Pode-se falar ainda num Segundo Mundo ou conjunto de países "socialistas"? Como é ou será a geopolítica internacional neste momento de enfraquecimento ou final da Guerra Fria? Com o final, ou pelo menos com o visível enfraquecimento da oposição Leste x Oeste, quais as novas contradições que emergem com vigor em seu lugar? Essas e outras questões semelhantes de fato fazem sentido neste momento de indefinições, de rápidas e radicais transformações na ordem mundial gerada pela Segunda Guerra Mundial, ordem essa que se manteve de forma mais ou menos estável durante cerca de 45 anos. Os anos 90 parecem ser de transição entre uma ordem que envelhece e começa a se transformar rapidamente e uma nova ordem internacional que ainda não está plenamente constituída, mas que pode ser vislumbrada através de alguns fatos que descreveremos a seguir. Objetivo deste folheto O objetivo deste folheto é o de auxiliar os professores de Geografia na tarefa de entender o mundo de hoje. E claro que ele seria desnecessário se os livros em geral, especialmente os didáticos ou paradidáticos, estivessem completamente atualizados, contendo estas considerações ou análises que faremos aqui. Isso, contudo, é impossível em face da rapidez das mudanças e da necessidade de um tempo mínimo (alguns meses ou até cerca de um ano) para a reelaboração de uma obra já pronta e estruturada nos textos e nas ilustrações, especialmente os mapas. Além disso, existe a demora da reflexão, pois mesmo tendo os dados à disposição, o intelectual ou cientista sempre precisa de um tempo mínimo para repensar a ordem das coisas, as teorias e as interpretações. Como afirmou Hegel ainda no início do século passado, a coruja da minerva (isto é, a sabedoria) só levanta vôo ao anoitecer, o que significa que existe a necessidade de um lapso de tempo entre o acontecimento e a interpretação, assim como é preciso que a poeira assente para se enxergar mais claramente. No momento em que elaboramos a primeira versão deste fascículo (primeiros meses de 1991), ainda não havia nenhum livro perfeitamente atualizado em relação a esses fatos relevantes dos últimos anos. Alguns poucos conseguiram se atualizar desde então, mas já neste início de 1992 percebe-se que novas transformações ou fatos importantíssimos ocorreram desde o final do ano passado, e que não puderam ser incorporados nessas obras. Afinal, para ser adotado no início de um ano letivo, todo manual costuma ser impresso já em agosto/setembro do ano anterior, para fins de distribuição aos professores que o irão analisar. Só que vivemos numa época excepcional, em que poucos meses fazem uma grande diferença a respeito da nova ordem internacional e do novo mapa-múndi. Mesmo que os livros fossem impressos em fevereiro ou março, por exemplo, também haveria em agosto ou setembro uma defasagem face às mudanças ocorridas desde então. Há alguns momentos da História em que um livro ou atlas pode passar anos ou até décadas sem grandes ou profundas atualizações; são momentos de transformações lentas ou quase imperceptíveis. Mas existem momentos nos quais as mudanças históricas se aceleram, com rápidas

5 As 1 5 Repúblicas da ex-urss (1990) República Área (km 2 ) População Etnias dominantes Renda per-capita (em rublos! ) Lituânia ,7 lituanos (80%), russos (8,5%) e poloneses (7,7%) Letônia ,7 letões (54%), russos (32%) e bielorussos(5%) Estônia ,6 estonianos(65%), russos(83%) e ucranianos(3%) Rússia ,0 russos (83%), tártaros(4%) e ucranianos(2,8%) Ucrânia ,7 ucranianos (74%), russos (20%), bielorussos(l%) e judeus (1%) Bieiorússia ,2 bielorussos (80%), russos (11 %) e poloneses (4,3%) Uzbequistão ,0 uzbeques (69%), russos (11 %) e tártaros (4,2%) Casaquistão ,5 russos (41 %), casaques (36%) e ucranianos (6%) Geórgia ,4 georgianos (69%), armênios (9%) e russos (7,5%) Azerbaijão ,0 azerbaijanos (78%), armênios (8%) e russos (8%) Moldávia ,3 moldavos (15%), ucranianos (64%) e russos( 12%) Quirguizia ,3 quirguizes (41 %), russos (22%) e uzbeques (11%) Tadiquistão ,2 tadziques (59%), uzbeques (23%) e russos (10%) Armênia ,3 armênios (90%), azerbaijanos (5,3%) e russos (2,5%) Turquemenistão ,5 turcomenos (13%), russos (65%) e uzbeques (8,5%) * O valor do rublo em 1990, na ocasião da coleta desses dados, era de 1,6 dólar no câmbio oficial. No câmbio negro, todavia, que é mais realista, o valor do rublo era somente 15 centavos de dólar. Constituída até 1991 por 15 repúblicas e 126 nacionalidades, a União Soviética deixou de existir no final desse ano, num processo ainda não completamente definido de autonomia de algumas repúblicas e tentativas de definir as normas de uma confederação, a CEI - Comunidade de Estados Independentes. Como se percebe pelo mapa e pela tabela, a Rússia é a verdadeira sucessora da ex-urss, uma imensa república com mais de 17 milhões de km 2 e cerca de 147 milhões de habitantes (por volta de 76% da área e 55% da população da ex-urss). A Rússia na realidade não é uma república unitária e sim uma federação onde há várias regiões e repúblicas relativamente autônomas. As demais repúblicas via de regra são mais pobres que a Rússia, com renda per capita bem rríõ/s baixa. As duas exceções a esse respeito são as repúblicas bálticas da lituânia e da Estônia, que juntamente com a Letônia (que também possui uma renda per capita acima da média da ex-urss, embora abaixo da Rússia), alcançaram sua independência em setembro de Essas três repúblicas banhadas pelo mar Báltico foram ainda as últimas a serem incorporadas à União Soviética, somente em 1940, e conviveram portanto menos tempo com a experiência da planificação centralizada da vida econômica, algo que tornou mais fácil a sua separação das demais repúblicas. Já as repúblicas meridionais, onde há uma forte presença de muçulmanos, são as mais pobres, com mais baixa renda per capita A Ucrânia possui uma renda per capita relativamente baixa, mas é uma república com um território duas vezes maior que a nova Alemanha ou que o Japão, com uma população significativa (mais de 50 milhões) e com alguns dos melhores solos do mundo, sendo considerada um "celeiro agrícola" para as demais repúblicas.

6 mais bens industrializados e comerciam bastante entre si. Inúmeros países doterceiro Mundo são hoje grandes exportadores de produtos manufaturados, que vão desde sapatos até automóveis, passando por aço, produtos eletrônicos (inclusive microcomputadores), tecidos e roupas etc. Entre esses países encontram-se principalmente a Coréia do Sul, Hong Kong, Malásia, Taiwan e Cingapura, embora também possam ser incluídos o México, o Brasil, a África do Sul e outros. E as trocas entre países periféricos ampliou-se enormemente nas últimas décadas. Há uns 30 anos, por exemplo, menos de 20% das exportações brasileiras iam para a África, o Oriente Médio ou o restante da América Latina. Hoje essa proporção já atinge quase 50%. O mesmo se pode dizer de outros importantes países do Terceiro Mundo, que progressivamente passam a exportar cada vez mais para outros países subdesenvolvidos, de onde também estão importando mais produtos. Outra forte tendência do mercado mundial é a criação de "blocos econômicos" ou mercados supranacionais, cujo grande exemplo é o MCE - Mercado Comum Europeu. Este conta atualmente com 12 países-membros, mas poderá contar daqui a alguns anos com 19 e possivelmente até com 23 ou 25: há vários países europeus na fila de espera para ingressarem nesse mercado bem sucedido (primeiramente a Suécia, a Suíça, a Finlândia e outros países da Europa Ocidental, depois as nações da Europa Oriental com maior afinidade com a economia de mercado, tais como a Hungria e a Polônia; há também as três repúblicas bálticas da ex-urss, por fim a Eslovénia e a Croácia, as duas repúblicas mais ricas da ex-iugoslávia etc). Mas há outros mercados supranacionais importantes: Estados Unidos, Canadá e México já possuem economias bastante integradas e discutem os pontos de um novo mercado comum da América do Norte. E na Ásia se aventa a possibilidade de criação de um mercado comum com a participação destacada do Japão e dos "tigres asiáticos". Esses são hoje os grandes centros econômicos, tecnológicos e comerciais do espaço mundial: o Mercado Comum Europeu, no qual se destaca a Alemanha, o Mercado da América do Norte, com forte presença dos Estados Unidos, e a área ao redor do Japão. A Rússia e as demais repúblicas da ex- URSS não compõem esse grupo dos três principais centros ou pólos da economia mundial nem têm chances de acompanhar esse grupo ainda nesta década. 20

7 monopolar (isto é, com uma só superpotência), como apregoam vários autores, ou se encaminha também para a multipolaridade? A ascensão e queda das grandes potências Durante os últimos séculos, ou até milênios, a regra geral é de ascensão e declínio de grandes potências econômicas e militares, mesmo que suas hegemonias perdurem durante séculos. Tal foi o caso do Império Romano, na Antiguidade, ou, a partir do desenvolvimento do capitalismo, das inúmeras potências que tiveram durante algum tempo uma supremacia internacional: Portugal e Holanda, nos séculos XV e parte do XVI; Espanha no século XVII; Inglaterra nos séculc - XVIII e XIX; e Estados Unidos a partir da Segunda Guerra Mundial. Normalmente uma potência inaugura sua hegemonia pelo poderio econômico, seguido pelo militar. Segundo essa norma, o Japão e a Alemanha deveriam começar a investir no seu poderio militar nos dias atuais, pois desde os anos 80 superaram a (ex-) União i ética e estão quase alcançando os Estado? Unidos em poderio econômico e tecnológico. Contudo, há dois elementos complicadores a esse respeito. Primeiro, vivemos numa época em que a humanidade pode se autodestruir. Segundo, ficou já evidente que os gast - militares reduzem o dinamismo da economia. Até por volta de meados deste século, o declínio de uma potência e a ascensão de outra era fato relativamente banal, que provocava guerras e mortes, porém nunca colocava em risco o futuro da humanidade. A Inglaterra, por exemplo, que era praticamente a dona do mundo no século XIX, começou - ainda nas últimas décadas daquele século - a perder sua supremacia para outras economias em ascensão, como a norte-americana e a alemã. A Primeira e, em especial, a Segunda Guerra Mundial, vieram somente confirmar o declínio britânico, colocando os Estados Unidos como a nova grande potência capitalista internacional. Foram, contudo, necessárias duas guerras mundiais para substituir uma grande potência por outra. Hoje isso não é mais possível: uma guerra mundial poderia exterminar a humanidade. E convém não esquecer que nas últimas décadas as elevadíssimas taxas de crescimento econômico do Japão e da Alemanha decorreram em parte do fato de eles não terem grandes gastos militares. Suas economias poderiam passar por problemas crescentes caso eles investissem bastante no setor militar. Para se tornar uma superpotência com armamentos nucleares no atual nível dos Estados Unidos e da ex-união Soviética, um país deveria investir dezenas de trilhões de dólares, uma quantia gigantesca, que, se desviada para o setor militar, certamente acarretaria um grande sacrifício da economia civil. Os gastos militares são improdutivos mas até certo ponto necessários para uma grande potência econômica. Isso porque há um custo e um risco nos investimentos no exterior; além disso, o fornecimento de matérias-primas ou de combustíveis deve ser garantido a qualquer preço. Veja-se a crise recente no Oriente Médio, deflagrada pela invasão do Kuait pelo Iraque. Os preços do petróleo poderiam ter disparado e essa fonte de energia é básica para a economia moderna. Uma potência econômica deve ter - e costuma ter, dentro da lógica dominante há séculos - meios político-militares para contornar ou resolver tais crises. Os Estados Unidos foram o país que enviou mais tropas e instrumentos bélicos ao Oriente Médio - e não se pode esquecer no que tudo isso implica em termos de gastos econômicos. Sabemos contudo que uma elevação excessiva do preço do petróleo prejudica mais as economias japonesa e alemã do que a norte-americana. 22

8 O MUNDO BIPOLAR DE I 945 ATÉ OS ANOS 80 MUNDO CAPITALISTA MUNDO SOCIALISTA Areas satelizadas pela superpotência "socialista"

9 O MUNDO MULTIPOLAR DOS ANOS 90 ÁREAS AINDA INDEFINIDAS /. CEI - Comunidade de Estados Independentes (ex-urss). Por um fado, pode vir a tomar-se uma periferia da Europa; por outro lado, pode ocorrer a incorporação das Repúblicas meridionais c islâmicas ao Oriente Médio. Pode também vir a ser um mercado comum efetivo, menos importante que os três principais. 2. China Pode ser periferizada pelo Japão ou toma-se uma nova potência. 3. Oriente Médio. Área de disputa entre os três pólos ou centros importantes, com vantagem momentânea para os Estados Unidos; pode também vir a ser uma região original pela união dos povos e Estados islâmicos, com tendência a não se alinhar preferenúalmente em nenhum dos três centros.

10 Mesmo essa variante hoje se encontra em crise. Até os grandes teóricos-historiadores, filósofos ou sociólogos russos, tchecos, poloneses etc. - que procuravam fundamentar esse esquema evolucionista estão revendo suas idéias e reelaborando suas obras e suas interpretações sobre o mundo com uma crítica desse economicismo de inspiração stalinista (e que era tabu nesses países até alguns anos; era uma espécie de "teoria científica oficial"). Não precisamos nomear o futuro. Sabemos que as conquistas sociais - quaisquer que sejam: reforma agrária, redistribuição mais igualitária da renda nacional, normas de defesa dos consumidores, menor poluição nos rios ou na atmosfera, moradia para os sem teto, seguro-desemprego etc. - sempre resultam de lutas sociais, de reivindicações populares que se tornam vitoriosas. E isso é válido em qualquer parte do mundo: também nos países do Primeiro Mundo o elevado padrão de vida para os trabalhadores resultou de conquistas populares. Não é portanto necessário nenhum rótulo-seja "socialismo", seja "comunismo", seja modelo cubano" ou seja "modelo norteamericano" - para se nomear uma sociedade mais justa e igualitária. Somente as mentes autoritárias é que precisam de certezas prévias, de definições já prontas quanto ao futuro, de perspectivas bem delineadas e esquematizadas. E por isso que o "modelo soviético" foi extremamente autoritário e repressor: mesmo carregando boas intenções (a sociedade igualitária), a atitude de pretender representar as" leis da história", a dialética ou "verdade do social" acaba conduzindo à intransigência em relação a todos os que pensam de forma diferente. A atitude mais democrática é sempre a de aprender continuamente, de se abrir para novas experiências, de aceitar a pluralidade e a complexidade do mundo. Não precisamos de nenhum esquema teórico que nos dê (e aos alunos) certezas quanto ao futuro, mas apenas de abertura para os novos acontecimentos e as novas idéias. O final da bipolaridade e da oposição Leste x Oeste cede lugar a novas contradições e tensões. Em primeiro lugar, a disparidade Norte x Sul, com o agravamento do abismo entre os países líderes da economia e da tecnologia modernas e o pelotão de retardatários da Africa em geral, do sul e sudeste da Ásia e da América Central. O Terceiro Mundo aparece cada vez mais como complexo e heterogêneo, com situações bem diferenciadas. A idéia de periferia hoje se diversifica, podendo se reconhecer pelo menos três situações principais. Em primeiro lugar temos a periferia imediata ou privilegiada de um centro ou pólo econômico e tecnológico importante, países que são incorporados em mercados comuns e conhecem uma grande melhoria nos padrões de vida. Neste caso temos o México na América do Norte, Portugal e Grécia na Europa (e talvez até futuramente a Europa Oriental e repúblicas da ex-urss), os "tigres asiáticos" no Extremo Oriente. Em segundo lugar temos a periferia intermediária, os países que se industrializaram e exportam bens manufaturados mas que estão à margem dos principais mercados supranacionais. Aqui entram o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Venezuela e inúmeras outras nações, que são dependentes tecnológica e financeiramente dos centros internacionais da economia mas nunca meros fornecedores de matérias-primas. Em muitos casos eles tentam criar mercados regionais, como por exemplo o Mercosul. Por fim, temos a periferia mais pobre e dependente, constituída pelos países que não ingressaram no processo de modernização e só dispõem de minérios, produtos agrícolas pouco variados e valorizados e mão-de-obra barata (e cada vez menos necessária na economia informatizada e robotizada). Este é o chamado "quarto mundo", o mundo dos países africanos, centro-americanos e de partes (sul 28

11 e sudeste) da Ásia, inclusive muitos dos oriundos da dissolução do "mundo socialista" (como Vietnã, Camboja, Moçambique, Laos etc). As contradições ou tensões políticas (em especial a oposição democracia e autoritarismo), étnico-nacionais, culturais-religiosas e até ambientais se reforçam e ganham uma renovada importância nos destinos do mundo. A luta pelos direitos humanos - e, em muitos casos, pela sua extensão ou ampliação no sentido ambiental, das crianças, das minorias etc. - está mais do que nunca na ordem do dia. As nacionalidades oprimidas no interior de Estados-nações dominados por outras etnias (veja-se o caso representativo da ex-iugoslávia, dos curdos no Iraque, dos tibetanos na China, dos chechenos na Rússia etc.) cada vez mais se organizam e reivin*- dicam, às vezes até pela luta armada, a sua autonomia. E a importância das culturas ou civilizações, que em muitos casos possuem um forte componente religioso (especialmente no caso do mundo islâmico), novamente vem se opor ao processo incompleto de ocidentalização do planeta. E a questão ecológica ou ambiental no sentido amplo ganha a cada ano mais evidência, constituindo seguramente uma das mais importantes frentes de lutas dos anos 90 e do início do século XXI. Daí se discutir tanto sobre o papel da ecologia na nova ordem internacional, sobre a Amazônia, a Antártida, o efeito-estufa, a biodiversidade etc. A questão ambiental deixou de ser um elemento secundário, como foi no mínimo até os anos 60, e passou a representar um dos temas mais candentes e polemizados na imprensa em geral e até na vida política. E que a humanidade - e países do Primeiro Mundo em especial, sempre na vanguarda do conhecimento científico - percebeu desde os anos 70 que a vida moderna e seus efeitos (poluição, armamentos nucleares, destruição da paisagem natural etc.) pode destruir a vida humana no planeta e também que a biodiversidade é positiva e necessária para o avanço da qualidade de vida. A preservação de patrimônios ecológicos (e também culturais) e o controle da poluição passam assim a ser condições sine qua non para manter ou até elevar os benefícios do progresso, que sempre se concentraram em poucas áreas. A definição do que seja "patrimônio da humanidade" (ecossistemas, heranças da história etc) será com certeza um dos grandes pontos de disputa e conflitos entre nações nos próximos anos. Por fim, não se pode negligenciar o avanço do racismo, que infelizmente deverá prosseguir. Este mundo cada vez mais interdependente, com um notável acréscimo a cada ano das trocas de mercadorias e serviços, do turismo e das migrações internacionais, convive com o agravamento das disparidades entre países ricos e pobres. Milhões de "bárbaros", como são chamados na imprensa do Primeiro Mundo, todos os anos deixam seus países na África, na América Latina e na Ásia, em busca do Primeiro Mundo, das economias centrais que hoje não necessitam de tanta força de trabalho barata como nos anos 60 e 70 (graças ao avanço da robotização e devido à crise da Europa Oriental), fato que desemboca no racismo contra esses imigrantes que possuem outros costumes e muitas vezes mal falam o idioma do país onde se encontram. 29

12 A Iugoslávia é um pais que praticamente deixou de existir nos últimos anos, assolado por uma guerra civil que sempre prossegue após alguns períodos de tréguas. Esse país na realidade foi uma criação artificial a partir da Primeira Guerra Mundial e só se manteve unido durante várias décadas devido ao contexto internacional da guerra fria e ao carisma do legendário líder Joseph Tito, morto em Com a morte de Tito, as repúblicas criaram um sistema político que implica na rotatividade do poder entre as várias nacionalidades. Com a crise do "mundo socialista" e da Europa Oriental, a partir do final da década de 80, as contradições entre as etnias desse país se agravaram. A Eslovénia e a Croácia, as repúblicas mais ricas e industrializadas, almejavam sua independência, o que era contrariado pela Sérvia, a mais populosa das repúblicas e que sempre dominou a federação iugoslava pelo maior número de políticos, de militares, de destinação de verbas etc. Também aqui a mistura parcial de nacionalidades dentro do mesmo território ou região é um elemento que dificulta a separação entre elas. A Sérvia, por exemplo, argumenta que há numerosos sérvios na Croácia e no Kosovo e se opõe violentamente a uma verdadeira autonomia dessas áreas. Desde meados de 1991, o exército federal iugoslavo, que na realidade é controlado pelos sérvios, invadiu e continua ocupando enormes áreas na Croácia, onde ocorrem violentos combates, e também no Kosovo, embora sem tantos conflitos. A Iugoslávia na realidade não existe mais. O principal objetivo da Sérvia com essas invasões é anexar mais terras à sua república, criando uma "grande Sérvia" que disporia de mais recursos numa desagregação total desse país. E bastante provável que teremos uma Eslovénia e uma Croácia independentes, embora neste último caso perdendo trechos de terras para a Sérvia, e grande parte das regiões remanescentes poderão criar uma espécie de mercado comum, ou de federação, algo ainda a ser definido nos próximos meses e anos. (Até março de 1992, Croácia, Eslovénia, Bósnia-Herzegovina e Macedónia haviam declarado sua independência). 30

13 OS QUINZE NOVOS PAÍSES ORIUNDOS DA DESAGREGAÇÃO DA UNIÃO SOVIÉTICA A União Soviética durou cerca de setenta anos, de 1922 até dezembro de 1991, ocasião em que se consolidou a tendência de separatismo que existia desde o final dos anos 80 nas quinze ex-repúblicas que a formavam e que atualmente são países independentes. Esse imenso país (com km 2 e cerca de 250 milhões de habitantes) foi um dos dois Estados mais importantes do século XX, juntamente com os Estados Unidos. Todavia, a União Soviética foi sempre um Estado multiétnico e multinacional, com diferentes etnias e nacionalidades que sempre se queixavam do domínio russo. A grande herdeira da União Soviética, a Rússia (com km 2 e cerca de 147 milhões de habitantes), também é um imenso Estado multinacional, embora predomine amplamente a etnia russa: em algumas de suas regiões ou repúblicas existem etnias ou nacionalidades que querem a autonomia.

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