Aplicação de técnicas de Sensoriamento Remoto para análise da dinâmica de uso na paisagem da PA-391, na Região Metropolitana de Belém/PA.
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- Thalita Henriques Fonseca
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1 Rodrigo Rafael Souza de Oliveira 1,Gustavo Martinez Pimentel 1 1 Discentes da Faculdade de Geografia e Cartografia da Universidade Federal do Pará. rodrigo.rafaelso@hotmail.com; gustavo7070@gmail.com. Aplicação de técnicas de Sensoriamento Remoto para análise da dinâmica de uso na paisagem da PA-391, na Região Metropolitana de Belém/PA. INTRODUÇÃO As técnicas de sensoriamento remoto vêm como uma alternativa para o monitoramento ambiental e planejamento em áreas de grande extensão, com custos e mão-de-obra reduzidos, além da otimização do tempo, faz com que sua aplicação seja muito interessante para a idealização de políticas públicas, bem como para análises sobre áreas devastadas. Segundo Veturieri (1998) As grandes dimensões das regiões do Brasil e a necessidade de obtenção de informações a baixo custo e em menor tempo são, entre outros, alguns dos fatores responsáveis pelo crescimento desta tecnologia. As geotecnologias têm sido muito utilizadas para o levantamento de informações na Amazônia, pela difícil acessibilidade da região e o pequeno número de mão-de-obra, a análise do espaço a partir de imagens via satélite surge como uma alternativa para o reconhecimento, bem como o controle das florestas. Neste contexto, as imagens de satélite vem ganhando destaque, principalmente as que são disponibilizadas gratuitamente por organizações internacionais em convênio com instituições nacionais brasileiras, tais como as dos satélites da série LANDSAT, que são disponibilizadas para download em sites como o do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). Na Amazônia, grande parte dos levantamentos de desmatamento vem sendo realizados através da aplicação de geotecnologias e produtos oriundos de sensores remotos acoplados a satélites em órbita, onde destacam-se os levantamentos realizados pelo PRODES (INPE), que vem gerando diagnósticos anuais sobre as taxas de desmatamento na floresta amazônica. No entanto, percebe-se que grande parte desses levantamentos de desmatamento não vem sendo realizados em áreas consideradas como áreas de ocupação consolidada, tais como no nordeste do estado do Pará que constitui-se em uma das mais antigas áreas de 1
2 colonização da Amazônia, sendo a paisagem atual caracterizada por um alto grau de antropização, fruto dos processos de ocupação e das atividades produtivas que ocorreram de forma desordenada (Metzger, 2002; Watrin et al., 2009). A Região Metropolitana de Belém, que por ser assim considerada, vem sendo desprestigiada nesses levantamentos. O levantamento espaço-temporal nesta área, mais especificamente às margens da Rodovia Estadual Augusto Meira Filho (PA-391) se reveste de importância, devido à presença de grande quantidade de áreas verdes, a significativa dinâmica da paisagem que vem ocorrendo ao longo desta e a dificuldade na fiscalização pelos órgãos governamentais competentes. OBJETIVO Tendo como base denúncias apresentadas a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no inicio do ano de 2010 e a dificuldade das fiscalizações nesta região, foi realizado mapeamento na escala de semi-detalhe do uso e cobertura da terra, no intuito de se verificar a dinâmica de uso na paisagem, em uma faixa de 1 km contados a partir das margens da PA-391, considerando os anos de 1999, 2004 e METODOLOGIA O nordeste do Pará é uma das mais antigas regiões de ocupação do norte do Brasil, sendo evidenciada pelas transformações antrópicas identificadas na paisagem atual. O alto índice de crescimento dos centros urbanos demandou uma maior produção de matérias primas que subsidiassem esse processo. Trabalhos se fazem necessário para mensurar esses impactos causados pela expansão do homem pela terra em detrimento da preservação dos remanescentes florestais. Uma estrada localizada nos arredores do município de Belém, pode-se identificar a modificação ao decorrer do tempo que as margens da PA-391 sofreu, tanto pelo desmatamento, como pela extração de areia, sendo as duas de forma ilegal. As Imagens de Satélite TM/Landsat (utilizando as bandas 3, 4 e 5) órbita/ponto 223/61, a qual abrange a área em questão foram corrigidas geometricamente com base na 2
3 metodologia utilizada por Watrin & Oliveira (2010), ou seja, com a utilização da carta AS (MrSID/Folha Belém) do Projeto Zulu/NASA. Com o intuito de analisar a dinâmica que se deu na paisagem, foram utilizadas imagens de três anos consecutivos (1999, 2004 e 2008) sendo estabelecida uma faixa de margeamento de 1 quilômetro as margens da rodovia. Posteriormente foram aplicadas as técnicas de realce nas bandas referidas e segmentação, utilizando os valores como parâmetros de limites de similaridade 6 e região por pixel 10, para depois ser aplicado o método de classificação supervisionada por regiões, utilizando algoritmo Bhattacharya para a geração dos produtos temáticos (tendo os dados sido processados no programa computacional Spring 5.0.6/INPE). Foi criada uma legenda temática com 8 classes predominantes identificadas nas imagens, bem como em trabalho de campo a área, sendo elas: Floresta Antropizada, Capoeira Alta, Capoeira Baixa, Áreas Desmatadas, Cultura Agrícola, Solo Exposto, Água e Nuvem/Sombra. Posteriormente a realização da quantificação das áreas, a análise da dinâmica de sucessão e a divulgação dos dados as instituições governamentais competentes em fiscalizar, recuperar e preservar o meio ambiente ainda estão em curso. A rodovia liga o município de Benevides ao Distrito de Mosqueiro, sendo uma vicinal da Br-316, possui 70 km de extensão, estando totalmente asfaltada, está compreendida entre os municípios de Benevides, Santa Barbara e Belém. Atingindo assim 3 municípios dos 5 que compõe a Região Metropolitana de Belém, sendo assim uma das principais vias de acesso ao balneário de Mosqueiro e ao município de Santa Barbara do Pará. RESULTADOS PRELIMINARES Pode-se verificar uma significativa diversidade de ocupações ao longo da rodovia estadual, devido apresentar em seu percurso várias áreas sem ocupação efetiva, em sua maioria, áreas de floresta natural antropizada ou sucessões vegetais secundárias (Capoeira alta e Capoeira baixa), estas que tem sido alvo de ocupações espontâneas irregulares, além de inúmeras clareiras que são abertas no interior de áreas de vegetação natural para exploração predatória de areia e barro, bem como da extração seletiva da madeira. Tal como explicitado em denúncias apresentadas a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis no inicio do ano de
4 pela Agência Distrital de Mosqueiro, onde a mesma indica o avanço das moradias irregulares sobre áreas verdes - sobretudo aquelas em que há interesse de preservação, às margens dos rios e igarapés que cortam a ilha. (...) A alguns metros da ponte que leva a Mosqueiro é possível detectar clareiras abertas à margem da PA-391. São trechos queimados ou que tiveram a vegetação natural reduzida por um processo de devastação. As limpezas de terreno, iniciadas pelos posseiros com a queima da mata, culminam com o solo revirado - não raramente arenoso e estéril para o roçado. Veturieri (1998) Na Tabela 1 é apresentada os resultados preliminares com a quantificação de áreas em hectares definidas para as classes de uso e cobertura da terra na área de estudo Unidade de Mapeamento Área Área Área ha % ha % ha % Floresta Antropizada 2883, , ,05 17 Capoeira Alta 1202, , ,64 13 Capoeira Baixa 983, , ,90 20 Áreas desmatadas 2091, , ,31 40 Solo exposto 83, ,30 1 0,00 1 Cultura Agrícola 201, , ,79 5 Corpos d'água 290, , ,55 4 Nuvem/ Sombra 0,00 0 0,00 0 0,00 0 Total 7.736,88 100% 7.736,88 100% 7.736,88 100% Tabela 1. Quantificação de áreas e respectivas taxas de variação anual, definidas para as classes de uso e cobertura da terra Através da análises dos mapeamentos realizados pode perceber que as áreas com cobertura vegetal, ocupam grandes extensão ao longo da rodovia, sendo tanto áreas correspondentes a classe Floresta Antropizada, quanto com a presença de formações vegetais secundárias, pode-se perceber que estas vem perdendo espaço para as demais classes. Tais como as áreas de cultivo agrícolas e as inúmeras clareiras que encontram se de maneira esparsa e fragmentadas ao longo da rodovia. Portanto, mesmo percebendo-se uma progressiva redução dessas áreas de formações vegetais, elas ainda possuem grande predominância na paisagem. Isso em muito se deve ao fato de haver áreas de conservação ambiental ao longo da rodovia, tal como a de uma empresa de cultivo de dendê. Quanto as classes de uso, percebeu-se grande dinâmica e progressivo aumento das áreas desmatadas ao longo dos anos analisados, pode-se perceber que estas áreas vem 4
5 sendo devastadas para usos variados, tais como para o cultivo de pastagens, dendê, bem como por áreas de ocupação espontânea, conforme ressaltado acima. As áreas de solo exposto correspondem às áreas de retirada de areia de barro, bem como as áreas de povoados e áreas com edificações. CONCLUSÕES As áreas de florestas vem cada vez mais sofrendo regressões pelas atividades antrópicas, isso demonstra que estas áreas vem constantemente sendo incorporadas tanto pelos processos produtivos quanto pela expansão da malha urbana, que muita das vezes se dá de maneira inadequada. A exploração vegetal, bem como a extração de areia e barro na região, tem grande parcela de responsabilidade pela ampliação da devastação dessas áreas com cobertura vegetal, pois muita das vezes não realiza a revitalização das áreas desmatadas. Se faz portanto necessária uma maior atuação por parte dos órgãos públicos em fiscalizar as áreas com a presença de vegetações remanescentes, bem como criar mecanismos mitigadores que venham a frear a expansão e degradação dessas pela ação predatória antrópica. 5
6 BIBLIOGRAFIA MERTENS, B.; POCCARD-CHAPUIS, R.; PIKETTY, M.-G.; LACQUES, A.-E.; VENTURIERI, A. Crossing spatial analyses and livestock economics to understand deforestation process in the Brazilian Amazonia: the case of São Félix do Xingu in south Pará. Agricultural Economics. v. 27, p METZGER, J.P. Landscape dynamics and equilibrium in areas of slash-and-burn agriculture with short and long fallow period (Bragantina region, NE Brazilian Amazon). Landscape Ecology. n. 17, p , VENTURIERI, A. Avaliação da Dinâmica da Paisagem da Ilha do Mosqueiro, Município de Belém, Pará Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, setembro 1998, INPE, p WATRIN, O.S.; GERHARD, P.; MACIEL, M.N.M. Dinâmica do uso da terra e configuração da paisagem em antigas áreas de colonização de base econômica familiar, no nordeste do estado do Pará. Geografia, v.52, p ,
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