Análise Geográfica do Clima em Áreas Intra-urbanas da Região Metropolitana de Fortaleza: o caso de Pacatuba.
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- Isaque de Sequeira Ventura
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1 Análise Geográfica do Clima em Áreas Intra-urbanas da Região Metropolitana de Fortaleza: o caso de Pacatuba. Jorge Ricardo Felix de Oliveira¹, Maria Elisa Zanella² ¹ Universidade Federal do Ceará - Graduando em Geografia, bolsista Pibic-Cnpq ² Universidade Federal do Ceará - Professora Adjunta do Departamento de Geografia Resumo: A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) vem apresentando um acelerado crescimento de seu território nos últimos anos. A cidade de Pacatuba está localizada na porção Sul da RMF. Ela vem apresentando um ascendente crescimento de sua malha urbana através da economia e da sua estratégica localização frente a vias de transporte. Seu sítio é caracterizado pelo contato entre o tabuleiro pré-litorâneo e o Maciço da Aratanha. A presente pesquisa propõe uma discussão sobre a influência do uso e ocupação do solo nas variações térmicas e higrométricas na cidade de Pacatuba. A base teórico-conceitual esta contida no subsistema termodinâmico do Sistema Clima Urbano de Monteiro (1976, 2003). As variáveis trabalhadas foram temperatura, umidade atmosférica, nebulosidade, direção, velocidade dos ventos e fluxo de veículos e pessoas. Os resultados obtidos foram analisados, seguido de propostas para a melhoria das condições de conforto térmico nos diferentes espaços analisados. Abstract: The Fortaleza Metropolitan Region (FMR) has shown a rapid growth of its territory in recent years. The city of Pacatuba is located in the southern portion of RMF. She has shown an upward growth through its urban economy and its strategic location facing the roads. Your site is characterized by contact between the pre-board and the Massif of coastal Aratanha. This research proposes a discussion on the influence of land use and soil temperature fluctuations and in the city of hygrometric Pacatuba. The theoretical and conceptual basis of this thermodynamic subsystem contained in the Climate System Urban Monteiro (1976, 2003). The variables employed were temperature, moisture, cloudiness, direction, wind speed and flow of vehicles and people. The results were analyzed, followed by proposals for the improvement of thermal comfort in different spaces analyzed. 1. Introdução As Mudanças Climáticas tem sido, nas ultimas décadas, uma grande pauta nas discussões de Organizações Mundiais. Apontam-se cenários indicando transformações significativas no Clima, como por exemplo, o aumento da temperatura média do Globo. Porém, os modelos de previsão das mudanças climáticas ainda são alvo de muitos questionamentos, fazendo com que haja uma ineficiência em concretizar a verdade sobre a existência das Mudanças Climáticas. O que se sabe, atualmente, é que a ação antrópica, espacializada nas cidades, está em constante crescimento, gerando profundas transformações espaciais e sociais, acarretando desequilíbrios e 1
2 ompactos nos sistemas ambientais com o suposto aumento da temperatura global. O aumento das áreas construídas, com a mudança da cobertura do solo, vem produzindo novas configurações climáticas, sobretudo na escala local. Nunes (2003) aponta que a nível local a ação humana promove transformações no ambiente atmosférico, como alteração no balanço de energia primária, e produção e consumo de energia secundária. As Regiões Metropolitanas tem sido palco dessas mudanças, sobretudo no que diz respeito aos reflexos do processo de urbanização nos sistemas econômicos e ambientais. A Região Metropolitana de Fortaleza RMF vem apresentando, nas ultimas décadas, um acelerado crescimento em seu território devido, sobretudo, a instalação de grandes infraestruturas com a transformação de sua estrutura produtiva, bem como a saturação da cidade de Fortaleza (a capital) em termos sociais, econômicos e ambiental. Pequeno (2009) indica que: As novas condições de desenvolvimento da RMF atrelada às transformações do espaço produtivo pela a reestruturação econômica vêm aumentando as desigualdades, proporcionando um quadro de transformações no meio natural e no ambiente construído Peri-urbanos. (p.55, 2009) A cidade de Pacatuba está localizada no setor centro-sul da RMF. Seu sítio é caracterizado por está no sopé do maciço residual conhecido como Serra da Aratanha na posição a barlavento. Seu clima é caracterizado como sendo Tropical quente e úmido com um período de cinco meses chuvosos (janeiro a maio). A pluviosidade, em um ano padrão, é de 1.479,5 mm e a média de temperatura varia de 26 a 28 C (FUNCEME, 2006). Com a transformação acelerada de alguns atributos geoecológicos como também da morfologia e das funções urbanas produzidas pelo crescimento da RMF, pôde-se evidenciar na pesquisa a concretização de um Clima Urbano específico, perpassando por anomalias climáticas intra-urbanas. 2. Objetivos Objetivo Geral: - Analisar os contrastes térmicos e a influência do uso e ocupação do solo dos atributos climáticos nos diferentes espaços intra-urbanos da cidade de Pacatuba. Objetivos específicos: - Avaliar a influencia do sítio nas variações termo-higrométricas. - Conhecer a influencia que a cidade exerce sobre os fatores ou atributos ambientais. 3. Material e Métodos Como forma de verificar os objetivos propostos, foi utilizada a metodologia de Moura (2006). Esta consiste na análise do Clima Urbano de Fortaleza, no campo termodinâmico, desenvolvendo uma metodologia dividida em três fases: Levantamento Bibliográfico e Cartográfico; Trabalho de Campo; Análise e Representação de dados. O referencial teórico está 2
3 contido em Monteiro (1976, 2003) em seu Sistema Clima Urbano através do subsistema Termodinâmico. Buscou-se estudar o clima de um dado local e sua urbanização, objetivando a análise de existências de ilhas de calor como também o conforto e desconforto térmico. Essa abordagem dinâmica e sistêmica é pioneira na produção de conhecimento sistemático sobre diversas cidades no Brasil. Foram usadas imagens de satélite do Google Earth para auxiliar as escolhas dos pontos homogêneos tendo em vista a estrutura/dinâmica urbana bem como as condições geoecológicas diferenciada dos espaços intra-urbanos. Na etapa de campo, as variáveis analisadas foram a temperatura, umidade atmosférica, nebulosidade, direção e velocidade dos ventos, e fluxo de veículos e pessoas. Os dados foram registrados no perfil horário de 08 as 18 horas, nas estações de outono e inverno (Abril e Junho), a fim de se verificar as diferenças ocasionais do clima em Pacatuba. 4. Resultados e Discussão O estudo do clima urbano na cidade de Pacatuba, considerando o subsistema termodinâmico, é inédito até o presente. Pôde-se evidenciar que a cidade recebe influências do processo de metropolização da RMF no tocante a vias de circulação de pessoas e mercadorias, bem como da industrialização no território adjacente (Maracanaú). Gerando um processo socioeconômico na cidade de maneira diferenciada e desigual. No centro da cidade estão às infra-estruturas básicas, como supermercados, comércios, bancos e um hospital. Já na porção adjacente, observam-se casas de arquitetura simples, com um adensamento de moradias bem maior que o centro. Estas condições refletem, através do clima como elemento ambiental, mudanças nos contrastes térmicos. Logo, a variação de uso e ocupação do solo gera nos atributos do clima alterações, formando diferentes espaços intra-urbanos na cidade de Pacatuba. Portanto, pode-se evidenciar na presente pesquisa que as repercussões climáticas contidas no território da cidade de Pacatuba, são produzidas e transformadas pela sociedade, de maneira desigual e apropriada segundo interesses dos agentes sócias, surgindo espaços de segregação com diferentes níveis de vulnerabilidade (SANT ANNA NETO, 2008, p.63). As análises dos dados obtidos revelaram diferenças termo-higrometricas entre os pontos de medição (Figuras 02 e 03). Durante as medições dos dois períodos estudados, a sucessão dos tipos de tempo esteve influenciada pela Zona de Convergência Intertropical ZCIT 1, principal sistema atmosférico gerador de chuva entre os meses de Fevereiro e Maio podendo se estender 1 Segundo Ferreira e Mello (2005) a Zona de Convergência Intertropical ZCIT é o principal sistema atmosférico na determinação das chuvas na região Norte e Nordeste compreendendo os meses de fevereiro a maio. E ainda Zanella (2009) aponta que os meses de março e abril, em Pacatuba, são os que apresentam maiores quantidades de eventos chuvosos acima de 60 mm. 3
4 em função das oscilações dos fenômenos de El Niño e La Niña. O primeiro é desfavorável para as chuvas no Nordeste e o segundo favorável, caso observado para o primeiro semestre de Especificamente, os pontos que apontaram maiores índices de temperatura nas medições realizadas foram o Ponto 03 (Delegacia Avenida Principal) e o Ponto 01 (Praça Raimundo Pereira Cavalcante) respectivamente (Figura 01). O ponto 03 é caracterizado pela baixa arborização e intenso fluxo de automóveis e pessoas, pois está localizada na área de maior influência econômica da cidade. Este ponto é o único que possui o asfalto como material usado para a via de circulação O ponto 01 apresentou a segunda maior temperatura. Este ponto é caracterizado por ser essencialmente habitacional, com um elevado adensamento de casas. Próximo ao ponto de coleta existe uma escola. As matérias predominantes no entorno do ponto é o pavimento de paralelepípedo e casas de alvenaria. Já o ponto 02 (Açude do Piripau) está inserido na zona de conforto da cidade. Ele situa-se nas intermediações do Açude do Piripau, que compõe a bacia do Rio Cocó. Neste ponto a um grande nível de arborização, com pouco fluxo de pessoas e baixo nível de pavimentação. O ponto 04 (Parque das Adreas) foi o que apresentou as menores temperaturas. Ele funciona na análise como um ponto contrastante considerando a complexidade urbana. O mesmo situa-se na base da vertente que compõem o Maciço Residual da Aratanha. É caracterizado pelo alto índice de vegetação conservada do tipo floresta subcaducifólia tropical pluvial. Neste ponto há um baixo fluxo de pessoas bem como um baixo índice de pavimentação, sendo o ponto com menor nível de impermeabilização. Vale ressaltar que a subida a linha de temperatura do ponto 04, no gráfico do primeiro campo, foi ocasionada por problemas estruturais do trabalho de campo. Portanto essa subida não condiz com a realidade naquele instante. 5. Conclusões As primeiras conclusões da pesquisa apontam o clima urbano da cidade de Pacatuba recebe influência da transformação das estruturas urbanas. As funções urbanas, comércio e moradia, geram alterações nos elementos climáticos. Conclui-se também que o efeito do sítio e da vegetação são preponderantes na manutenção da temperatura, e que as temperaturas variam em função dos sistemas de circulação atmosférica regional, como na Figura 03, em que as temperaturas são amenizadas em função da passagem da ZCIT (Figura 04). 6. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer pelo apoio do CNPq, por viabilizar a produção da presente pesquisa, e a equipe de campo (Tasso Ivo, Edson Minarete, Júnior, Henrique Sampaio e Gledson Magalhães). 4
5 7. Referências Bibliográficas. FERREIRA, A.G; MELLO, N.G.S. Principais Sistemas atmosféricos sobre a Região Nordeste do Brasil e a influência dos oceanos Pacífico e Atlântico no clima da Região. Revista Brasileira de Climatologia. ABC, ano I, dez IPECE, Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Perfil Básico Municipal: pacatuba. Governo do Estado do Ceará. Fortaleza, 2006 MONTEIRO, C. A. F; MENDONÇA F. A. Clima urbano. São Paulo: Contexto, MOURA, M.O. Microclimas Urbanos de Fortaleza: ritmos episódicos em duas áreas representativas da cidade. (Relatório de Graduação). Fortaleza: Depto. de Geografia. UFC, NUNES, L.H. Repercussões globais, regionais e locais do aquecimento global. Terra Livre, São Paulo, n.20, p , PEQUENO, L.R.B (ORG). Como Anda Fortaleza. Rio de Janeiro: Lepra Capital: Observatório das Metrópoles, ZANELLA, M.E; SALES, M.C.L; ABREU, N.J.A. Análise das precipitações diárias intensas e impactos gerados em Fortaleza, CE. Revista GEOUSP Espaço e Tempo, São Paulo, n.25, p.53-68, FIGURA 1 Localização dos pontos de coleta de dados. Fonte: Google, FIGURA 3 - Gráfico de temperatura do segundo campo (28\06\2011). Fonte: Autores FIGURA 2 Gráfico de temperatura primeiro campo (19\04\2011). Fonte: Autores FIGURA 4 Imagem do Satélite Goes-12 às 10hrs do dia 19\04\2011. Fonte: Cptec\Inpe,2011 5
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