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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG Instituto de Ciências da Natureza Curso de Geografia Bacharelado FABIO FERREIRA RAMOS GEOGRAFIA, INTERNET E GLOBALIZAÇÃO: A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E A PRÁXIS SOCIAL DO ESPAÇO Alfenas - MG 2019

2 FABIO FERREIRA RAMOS GEOGRAFIA, INTERNET E GLOBALIZAÇÃO: A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E A PRÁXIS SOCIAL DO ESPAÇO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Geografia pelo Instituto de Ciências da Natureza da Universidade Federal de Alfenas- MG, sob orientação do Prof. Dr. Flamarion Dutra Alves. Alfenas MG 2019

3 Banca Examinadora Prof. Dr. Flamarion Dutra Alves - Orientador Prof. Dr. Estevan Leopoldo de Freitas Coca - Avaliador 01 Prof. Dr. Márcio Abondanza Vitiello - Avaliador 02 Alfenas (MG), 16/12/2019 Resultado

4 Quem controla os caminhos dos pés? Quem controla os caminhos das cabeças?

5 Este trabalho é dedicado a todos os meus professores.

6 Agradecimentos É de coração que agradeço ao companheiro, e orientador, Flamarion Dutra Alves e ao companheiro Bellinão (André Luiz Bellini) por todo apoio e paciência dentro e fora dos muros da universidade. Agradeço também aos meus pais e aos Professores do curso de Geografia da Universidade Federal de Alfenas, em especial as Professoras Ana Rute e Sandra de Castro, e o professor Evânio Branquinho. Também agradeço ao professor Ronaldo Auad e ao professor Wesley Silva pelos debates, tão caros à minha formação. Por fim, agradeço aos companheiros Anneliese Veiga, Júlia Brazil, Kayc Augusto, e Daniel Andrade que me apoiaram como uma família.

7 Resumo Este trabalho realizou uma discussão teórica acerca do conceito de espaço, no contexto da sociedade de redes, com o objetivo de elaborar um trajeto teórico metodológico para análise de questões relacionadas a práxis social do espaço no contexto de acesso e utilização da internet. Seguiu-se a análise histórica dos elementos que compõe o que conhecemos por Internet, bem como seus aspectos normativos, além de indicadores relacionados ao seu acesso e utilização, para América Latina e Brasil. Por fim, realizou-se uma pesquisa de campo, com a aplicação de questionários em residências localizadas no bairro Vila Santa Luzia, com o objetivo de reconhecer as tendências relacionadas ao acesso e operacionalização da Internet no município de Alfenas-MG. Palavra-chave: Internet; Geografia; Redes, Globalização.

8 Abstract This work presents a theorical discussion about the concept of space, in the context of the network society, aiming to elaborate a methodological theoretic path to analyze questions about the social praxis of space in the context of access and use of internet. It was based on historical analysis of elements that make up what is known as Internet, its normative aspects, and also the indexes related to access and use, for Latin America and Brazil. Lastly, field research was made, through interviews in residences located in Vila Santa Luzia, in order to recognize the tendency related to the access and operalization of the internet in Alfenas-MG. Keywords: Internet, Geography, network, globalization.

9 Lista de ilustrações Figura 01 Gráfico de assinaturas TIC e usuários de Internet na América Latina Figura 02 Gráfico do motivo principal para não adoção do acesso residencial à Internet.. 49 Figura 03 Gráfico de utilização da internet, segundo faixa etária (%) Figura 04 Gráfico de utilização da internet, segundo classe social Figura 05 - Gráfico de utilização de internet, segundo escolaridade...52 Figura 06 Equipamento utilizado para acessar a Internet no domicílio (%) Figura 07 Pessoas que utilizaram a Internet, segundo os grupos de idade (%) Figura 08 Pessoas que utilizaram a Internet, segundo o nível de instrução (%) Figura 09 Mapa de referência do município Figura 10 Foto parcial da Vila Santa Luzia, Alfenas -MG Figura 11 - Mapa de delimitação da área de estudo...59 Figura 12 - Gráfico de utilização de internet...61 Figura 13 - Gráfico de escolaridade das pessoas que declararam não usar internet...62 Figura 14 - Gráfico de renda das pessoas que declararam não usar internet (salários mínimos)...63 Figura 15 - Gráfico da idade das pessoas que declararam não usar a internet...64 Figura 16 - Presença de banda larga fixa na residência (das pessoas que declararam usar Internet)...65 Figura 17 - Gráfico da idade das pessoas que declararam usar a internet...66 Figura 18 - Gráfico de renda das pessoas que declararam usar internet (salários mínimos)...67 Figura 19 - Mapa de renda domiciliar (em salários mínimos)...68 Figura 20 - Mapa de renda e número de computadores por domicílio...69 Figura 21 - Mapa de renda domiciliar e número de cartões SIM por indivíduo...70 Figura 22 - Mapa de escolaridade e redes sociais utilizadas, por indivíduo...71

10 Lista de quadros Quadro 01 Classes de abordagem no estudo de GI Quadro 02 Revoluções informacionais com base no desenvolvimento tecnológico Quadro 03 Grupos de usuários de Internet com base nas habilidades digitais...53

11 Lista de siglas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ACTP - Advanced Computer Techniques Project ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações ANPI - Associação Nacional dos Provedores Internet ANS - Advanced Network and Services ANSP - Academic Network at São Paulo ANT - Actor-Network Theory APC - Association for Progressive Communications ARPA - Advanced Research Projects Agency ASCII - American Standard Code for Information Interchange AT&T - American Telephone and Telegraph AUP - Acceptable Use Policy BBN - Bolt Beranek and Newman BBS - Bulletin Board System BITNET - Because It s Time Network BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CERN - Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire CGI - Comitê Gestor da Internet CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CO+RE - Commercial+Research CONTEL - Conselho Nacional de Telecomunicações CSNET - Computer Science Research Network CUNY - City University of New York DARPA - Defense Advanced Research Projects Agency DCA - Defense Communications Agency DDI - Discagem Direta Internacional DDN - Defense Data Network DEPIN - Departamento de Política de Informática e Automação DESI - Programa Desenvolvimento Estratégico em Informática DNS - Domain Name System

12 DOS - Disk Operating System EASINet - European Academic Supercomputing Initiative Network Embratel - Empresa Brasileira de Telecomunicações ESNET - Energy Sciences Network FAPERJ - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro; Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (a partir de 2000) FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FARNET - Federation of American Research Networks FCCSET - Federal Coordinating Committee on Science, Engineering and Technology FDT - Fluxo de Dados Transfronteiras FGV - Fundação Getúlio Vargas FINDATA - Serviço Internacional de Acesso a Informações Financeiras FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos FIX - Federal Internet Exchange FNC - Federal Networking Council FNT - Fundo Nacional de Telecomunicações FRICC - Federal Research Internet Coordinating Committee FTSC - Federal Telecommunications Standards Committee FTP - File Transfer Protocol FUNDEP - Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa GI Governança da Internet GII - Global Information Infrastructure GIIC - Global Information Infrastructure Commission GIX - Global Internet Exchange GPO - General Post Office HPCC - High Performance Computing and Communications HPCS - High Performance Computing Systems HTML - Hypertext Markup Language HTTP - Hypertext Transfer Protocol IAB - Internet Advisory Board; Internet Activities Board (a partir de 1986); Internet Architectures Board (a partir de 1992)

13 IANA - Internet Assigned Numbers Authority IANW - International Academic Networking Workshop IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBI - Intergovernamental Bureau for Informatics IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IBM - International Business Machines ICANN - Internet Corporation for Assigned Names and Numbers ICCB - Internet Configuration Control Board IGC - Institute for Global Communication IGOSS - Industry Government Open Systems IMP - Interface Message Processor INTERDATA - Serviço Internacional de Comunicação de Dados INTERNIC - Internet Network Information Center INWG - International Network Working Group IP - Internet Protocol IPTO - Information Processing Techniques Office IRTF - Internet Research Task Force ITU - International Telecommunications Union LARC - Laboratório Nacional de Redes de Computadores LLNL - Lawrence Livermore National Laboratory LNCC - Laboratório Nacional de Computação Científica MIT - Massachusetts Institute of Technology MODEM - Modulador/Demodulador Mpbs - Megabits por segundo NASA - National Aeronautics and Space Administration NCE - Núcleo de Computação Eletrônica NCP - Network Control Protocol NCSA - National Center for Supercomputing Applications NIC.br - Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br NII - National Information Infrastructure NNTP - Network News Transfer Protocol NORAD - North American Aerospace Defense Command

14 NSF - National Science Foundation NSFNET - National Science Foundation Network NWG - Network Working Group ONG - Organização não Governamental ONU - Organização das Nações Unidas OSI - Open Systems Interconnection PND - Plano Nacional de Desenvolvimento PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PoP - Point of Presence (Ponto de Presença) ProTem-CC - Programa Temático Multiinstitucional em Ciência da Computação PTT - Ponto de Troca de Tráfego (tradução de NAP) PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RAND - Research And Development RFC - Request for Comments RITS - Rede de Informações para o Terceiro Setor RNP - Rede Nacional de Pesquisa; Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (a partir de 1999) RNTD - Rede Nacional de Transmissão de Dados RPC - Remote Procedure Call SEI - Secretaria Especial de Informática SEPIN - Secretaria de Política de Informática SGML - Standard Generalized Markup Language SNT - Sistema Nacional de Telecomunicações SOFTEX Programa Nacional de Software para Exportação STM Sistema de Tratamento de Mensagens em X.400 TCP/IP - Transmission Control Protocol/Internet Protocol Telebrás - Telecomunicações Brasileiras S.A. Telebrasil - Associação Brasileira de Telecomunicações Teletel - Telebrás Telegráfica S.A. TELNET - Terminal Emulation over Network TRANSDATA - Serviço Digital de Transmissão de Dados via terrestre UNC - University of North Carolina USENET - UNIX User Network

15 W3C - World Wide Web Consortium WWW - World Wide Web Unifal - Universidade Federal de Alfenas

16 Sumário Lista de ilustrações...05 Lista de quadros...06 Lista de siglas INTRODUÇÃO GEOGRAFIA, REDES, E GLOBALIZAÇÃO ESTRUTURAÇÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO E NORMATIZAÇÃO DA INTERNET SOCIEDADE, ACESSO E CONEXÃO TRABALHO DE CAMPO NO BAIRRO VILA SANTA LUZIA, EM ALFENAS- MG Análise dos resultados CONSEIDERAÇÕES FINAIS...72 REFERÊNCIAS...74 APÊNDICE...76

17 13 1 INTRODUÇÃO A geografia, ciência institucionalizada no século XIX, busca compreender a relação entre sociedade e natureza, tendo por categoria central de análise o espaço, este concebido e praticado de diferentes formas pela sociedade ao longo de sua história. Antônio Carlos Robert de Moraes afirma que O espaço produzido é um resultado da ação humana sobre a superfície terrestre que expressa, a cada momento, as relações sociais que lhe deram origem (MORAES, p.15, 2005) e que esta valorização objetiva da superfície da Terra [...] passa inapelavelmente pelas representações que os homens estabelecem acerca do seu espaço (MORAES, p.15). Observa-se que há uma relação dialética entre teoria e prática no processo de produção do espaço, uma vez que a apropriação teórica do espaço antecede toda prática de produção de espaço. Parece caro á geografia reconhecer o papel da Internet no atual processo de produção do espaço. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral discutir sobre o desenvolvimento da internet e sua repercussão na sociedade globalizada, como objetivos específicos realizar um resgate histórico da internet e seu desenvolvimento estrutural; analisar as transformações espaciais no contexto da globalização e da sociedade em rede, e por fim, analisar o contexto espacial da internet empiricamente na Vila Santa Luzia em Alfenas-MG. Nesta perspectiva, o presente trabalho consiste em três empreitadas : a caracterização conceitual da Internet, com base nas categorias de análises pertinentes ao pensamento geográfico; a análise histórica do seu desenvolvimento estrutural, e institucional; o reconhecimento das condições acesso e operacionalização de sua estrutura na realidade brasileira. Com base nesse programa, este trabalho está divido em etapas onde: realizou uma discussão teórica acerca do conceito de espaço, no contexto da sociedade de redes. Seguiu-se a análise histórica dos elementos que compõe o que conhecemos por Internet, bem como seus aspectos normativos, além de indicadores relacionados ao seu acesso e utilização, para América Latina e Brasil. Por fim, realizou-se uma pesquisa de campo (aplicação de questionários), com o objetivo de reconhecer as tendências relacionadas ao acesso e operacionalização da Internet no município de Alfenas-MG.

18 14 2. GEOGRAFIA, REDES, E GLOBALIZAÇÃO A geografia é a expressão institucionalizada do pensamento geográfico, corpo de conhecimentos socialmente e historicamente construídos, elaborado pela sociedade com base nas diferentes formas de relação entre ela e o meio em que se insere. A história da geografia é um repositório de ideias sobre a relação entre homem e natureza. Ela é um relato da experiência do homem tentando compreender seu mundo. Em outras palavras, reflete amplamente o desenvolvimento da consciência humana. Assim, é compreensível que a história da geografia possa estar ideologicamente carregada e que tenha recebido interpretações variadas e conflitantes (BERDOULAY, 2003, p. 47). Atualmente, vivenciamos novas modalidades de práxis espacial, são novos contextos de percepção e produção do espaço. A geografia se depara com um objeto de análise novo. Segundo Milton Santos (2000, p.9) "vivemos num mundo confuso e confusamente percebido", uma vez que vivencia-se uma atualidade, dita globalizada, caracterizada pelo intenso progresso técnico e científico, predominantemente informacional, e a consequente aceleração dos processos de produção do espaço. Esta realidade globalizada tem um substrato ideológico, caracteristicamente alienante, fundamentado na "economização e na monetarização da vida social e da vida pessoal" (SANTOS. p.9). Uma forma de fugir a esta concepção pré-programada e alienante seria, segundo Milton Santos (2000) conceber o mundo sob três perspectivas: o mundo tal como nos fazem vê-lo (a globalização como fábula), o mundo tal como ele é (a globalização como perversidade), e o mundo como ele pode ser (uma outra globalização). A globalização como fábula é concepção baseada no sistema ideológico, composto por mitos que sustentam o desenvolvimento do sistema capitalista; A globalização como perversidade e concepção baseada nos problemas reais que tem sua origem e manutenção no modus operandi capitalista; Uma outra globalização é a concepção renovadora baseada na possibilidade de uma nova práxis reflexiva sobre as bases materiais do momento atual, que leve em conta o bem estar social, e não a lógica competitiva e segregadora, do grande capital. Tendo em vista o atual contexto de globalização, Santos (2000) propõe o entendimento do desenvolvimento histórico pautado em duas perspectivas inseparáveis: a técnica, e a política. No fim do século XX e graças aos avanços da ciência, produziu-se um sistema de técnicas presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema técnico uma presença planetária. Só que a globalização não é apenas a existência desse novo sistema de técnicas. Ela é também o resultado das ações que asseguram a emergência de um mercado dito global, responsável pelo essencial dos processos políticos atualmente

19 15 eficazes. Os fatores que contribuem para explicar a arquitetura da globalização atual são: a unicidade da técnica, a convergência dos momentos, a cognoscibilidade do planeta e a existência de um motor único na história, representado pela mais-valia globalizada.(santos, p.12). As técnicas se instalam em sistemas, e representam o momento histórico em que se inserem, e condicionam. O grande diferencial do atual contexto histórico (globalizado) é a faceta informacional do desenvolvimento técnico, que vai permitir uma integração, historicamente inédita, entre os diversos sistemas técnicos operantes na sociedades, além do adensamento das relações que se fundamenta na simultaneidade e instantaneidade (SANTOS,2000). Há uma relação de causa e efeito entre o progresso técnico atual e as demais condições de implantação do atual período histórico. É a partir da unicidade das técnicas, da qual o computador é uma peça central, que surge a possibilidade de existir uma finança universal, principal responsável pela imposição a todo o globo de uma mais-valia mundial. Sem ela, seria também impossível a atual unicidade do tempo, o acontecer local sendo percebido como um elo do acontecer mundial. Por outro lado, sem a mais-valia globalizada e sem essa unicidade do tempo, a unicidade da técnica não teria eficácia. (SANTOS, 2000 p ) A internacionalização do mercado, bem como de seus elementos (produto, dinheiro, crédito, dívida, consumo e informação), possibilitada pelo atual contexto técnico globalizado, ocorre concomitantemente com universalização da mais-valia (SANTOS,2000). A dialética entre aqueles elementos (que caracterizam a mundialização técnica) e esta mundialização da mais-valia gera uma tendência à homogeneização (que não se efetiva), e instaura a competitividade em escala global (SANTOS,2000). O progresso e a globalização dos sistemas técnicos permitem hoje, ineditamente na história, o conhecimento profundo e extenso do planeta, o que permite o aumento da eficiência da produção, e da divisão do trabalho, no âmbito global: Com a globalização e por meio da empiricização da universalidade que ela possibilitou, estamos mais perto de construir uma filosofia das técnicas e das ações correlatas, que seja também uma forma de conhecimento concreto do mundo tomado como um todo e das particularidades dos lugares, que incluem condições físicas, naturais ou artificiais e condições políticas. As empresas, na busca da mais-valia desejada, valorizam diferentemente as localizações. Não é qualquer lugar que interessa a tal ou qual firma. A cognoscibilidade do planeta constitui um dado essencial à operação das empresas e à produção do sistema histórico atual (SANTOS, 2000, p. 16) As novas condições objetivas de produção do espaço fazem surgir a necessidade de renovação das categorias de análise e conceitos geográficos. Ruy Moreira (2007) chama atenção para o contexto espacial do início do século XXI, a globalização, bem como das formas de organização geográfica da sociedade, e propõe, frente a este contexto socioespacial, uma readequação conceitual na geografia. Ele

20 16 (MOREIRA, 2007) propõe, em seu trabalho, a valorização do conceito de rede, com base nas novas condições objetivas de produção do espaço. O autor faz um panorama da realidade geográfica, bem como de suas formas, no decorrer da história da sociedade, evidenciando uma mudança paradigmática no "olhar geográfico": da região (estática) para a rede (fluida) (MOREIRA, 2007). A tecnologia industrial, oriunda da primeira Revolução Industrial (século XVIII) passa a unificar, em um só modo de produção, diversas unidades de realidade espacial dispostas na superfície terrestre. Com a segunda Revolução Industrial (século XIX-XX) este movimento se mundializa e impõe a "uniformização dos modos de vida e processos produtivos". Denota-se que " a região é então a forma matricial da organização do espaço terrestre e cuja característica básica é a demarcação territorial de limites rigorosamente precisos[...].(moreira, 2007, p. 56) Na perspectiva de Ruy Moreira(2007), a região foi uma constante no pensamento geográfico ao analisar o espaço até a década de 1950, tomando por base o contexto técnico de produção do espaço. Nada estranho que por todo esse tempo seja o recorte regional a tradição do olhar geográfico: fazer geografia é fazer a região, dizia-se. A organização espacial da sociedade é a sua organização regional e ler a sociedade é conhecer suas regionalidades.(moreira, p. 57, 2007) Segundo Moreira, desde o Renascimento, a expansão mercantil, por meio das grandes navegações, inicia uma mudança na organização dos espaços no mundo, que se acelera com o desenvolvimento de transporte e comunicação oriundos das revoluções industriais: é a Divisão Internacional do Trabalho (MOREIRA, 2007). A nova lógica de organização do espaço não se enquadra na singularidade das áreas (característica do conceito de região) mas na integração e fluidez delas (características da rede). A organização em rede vai mudando a forma e o conteúdo dos espaços. É evidente que a teoria precisa acompanhar a mudança da realidade, ao preço de não mais dela dar conta.[...] A teoria da região não declina de importância, porém o papel matricial da região é cada vez menos de forma chave da arrumação dos espaços reais.(moreira, 2007, p. 57) Ruy Moreira (2007) ainda ressalta que as redes sempre existiram na história das sociedades como dados da realidade, mas não havia espaço organizado sob a lógica da rede, sendo o conceito de região o grande orientador da organização dos espaços até então. Com a propagação das técnicas de transportes e comunicações próprias da segunda Revolução Industrial encarnadas no caminhão, no automóvel, no avião, no telégrafo, no telefone, na televisão, ao lado das técnicas de transmissão de energia, o movimento de regionalização da produção e das trocas dessas culturas introduz a relação em rede, dissolvendo as fronteiras das regiões formadas pelas migrações dos cultivares, fechando um ciclo e inaugurando uma nova fase de organização mundial dos espaços.(moreira, 2007, p. 59)

21 17 Ruy Moreira (2007) ainda chama atenção para o atual contexto da rede de computadores, que graças á grande densidade de circulação imaterial, bem como sua instantaneidade, torna necessária uma readequação ao sentido do conceito de distância, que perde seu sentido físico/material. Com base em Milton Santos e Yi-Fu Tuan, Ruy Moreira (2007) propõe o entendimento do conceito de lugar sob duas perspectivas: o lugar como um ponto da rede, e o lugar como espaço de identidade. Neste sentido a distância perde seu sentido físico, diante do novo conteúdo social do espaço. Vira uma realidade para o trem, outra para o avião, outra ainda para o automóvel, sem falar do telefone, da moeda digital e da comunicação pela internet, uma rede para cada qual e o conjunto um complexo de redes.(moreira, 2007, p. 59) Ruy Moreira (2007) lança mão de duas perspectivas conceituais sobre o conceito de lugar: lugar como ponto de intercruzamento de relações, tanto endógenas quanto exógenas; e o lugar uma relação de identidade entre o individuo e o espaço em que se insere. Ambas as perspectivas se complementam no movimento de compreensão das (até então) novas dinâmicas espaciais concebendo o Lugar como relação nodal e lugar como relação de pertencimento podem ser vistos como dois ângulos distintos de olhar sobre o mesmo espaço do homem no tempo do mundo globalizado (MOREIRA, 2007). Uma vez que a lógica de organização dos espaços passa do paradigma da região para o da rede, há uma mudança na forma de pensar, trabalhar, se relacionar e, assim, exercer política. A máxima deste contexto é estar em rede. A corrida para incluir um lugar na rede, a um só tempo, aproxima e afasta os homens hoje. Acirra as disputas pelo domínio dos lugares e entre os lugares. Daí a valorização contemporânea do território. Lugares ou segmentos de classes inteiros podem ser incluídos, ou, ao contrário, excluídos, dos arranjos espaciais, a depender de como os interesses se aliem e organizem o acesso do lugar às informações da rede.(moreira, 2007, p. 61) O autor chama atenção para a importância do controle das informações no atual contexto de redes, introduzindo a noção de acesso. O exercício do poder, no atual contexto de práxis espacial em redes, está ligado ao acesso às informações, bem como a instantaneidade da circulação dessas informações. Ainda esclarece que há primazia da rede no exercício do poder. Ruy Moreira (2007) concebe o espaço numa perspectiva dialética. O espaço surge da relação de ambientalidade.[...] A ambientalização é antes de tudo uma práxis.[...] A experimentação da diversidade é que faz o homem sentir-se no mundo e sentir o mundo como-mundo-do-homem.(moreira, 2007, p. 65) É por meio do trabalho que se inicia esta ambientalização por parte do homem, ao ir até a natureza e traze-la para si. Moreira (2007) também indica o descompasso entre a

22 18 ciência geográfica e os novos arranjos em rede, apontando a representação cartográfica como expressão dessa desatualização. [...]Vimos que, embora leia a complexa realidade mutante do mundo pela janela do espaço[...], o geógrafo nem sempre tem sabido ser contemporâneo do seu tempo. A causa, em boa parte, está na dificuldade da atualização da linguagem em sua dupla forma da linguagem conceitual e da linguagem cartográfica a cada novo momento de enfrentamento do real. (MOREIRA, 2007, p. 65) Moreira (2007) salienta que a linguagem geográfica encontra-se desatualizada frente ao atual contexto espacial, e os novos conceitos utilizados são retirados de áreas alheias à geografia. O problema de desatualização da geografia se dá no aspecto espistemológico e metodológico, e se expressa na linguagem cartográfica, na representação do mundo que cerca os geógrafos (MOREIRA, 2007). O autor deixa clara a necessidade de uma renovação na linguagem geográfica, tendo por objetivo uma representação do espaço mais adequada ao atual contexto de redes. Preparada para captar realidades pouco mutáveis, essa cartografia se tornou inapropriada para representar a realidade do espaço fluido. [...] Centrada no enfoque estático da localização dos fenômenos, a geografia fixou a cartografia nesse campo. Escapou-lhe, porém, o momento do desencontro, de um lado, entre a forma e o conteúdo, e, de outro, entre a paisagem e a realidade mutante. Assim, não renovou sua linguagem conceitual. (MOREIRA, 2007, p. 67) Pensando ainda na perspectiva da necessidade renovação conceitual, David Harvey (2006), considera o espaço como um conceito complexo, e reconhece a impossibilidade de uma definição genérica. Ele recorre a filosofia, mantendo sua perspectiva de geógrafo, a fim de estabelecer uma categoria de análise. Com base em sua própria obra, Justiça social e a cidade (1980), Harvey caracteriza três perspectivas de abordagem, pertinentes em termos de renovação conceitual no pensamento geográfico: espaço absoluto, espaço relativo, espaço relacional. O espaço absoluto é o espaço por si só, sendo cartesiano ele serve de parâmetro para mensurações, mapeamentos e definição de territórios (perspectiva social e política); O espaço relativo se fundamenta como uma relação entre objetos que existe pelo próprio fato dos objetos existirem e se relacionarem (HARVEY, 1993 apud Harvey 2006, p. 10); O espaço relacional está contido em objetos, no sentido de que um objeto pode ser considerado como existindo somente na medida em que contém e representa em si mesmo as relações com outros objetos (HARVEY, 1973 apud HARVEY, 2006, p. 10). Para Harvey (2006), o critério de escolha da concepção mais adequada é a prática, e vai depender da natureza do fenômeno a ser analisado. [...] espero mostrar que existe um limiar a respeito da própria espacialidade, porque nós nos situamos inevitavelmente dentro dos três quadros de referência

23 19 simultaneamente, ainda que não necessariamente de maneira equivalente.[...]aquilo que nós fazemos, tanto quanto o que compreendemos, é integralmente dependente do quadro espaço-temporal primário dentro do qual nos situamos(harvey, p.16-17) Jean Claude Raffestin, em sua obra Por uma geografia do poder (1993), critica a escola Clássica de Geografia Política, e busca uma renovação teórico-metodológica na abordagem do conceito de território. Para tanto, o autor busca uma renovação das bases filosóficas, incorporando pensadores como Foucault e Deleuze, afim de uma compreensão mais adequada a realidade prática espacial em que a sociedade se encontra, abordando a questão das redes e do exercício do poder. A circulação e a comunicação são as duas faces da mobilidade. Por serem complementares, estão presentes em todas as estratégias que os atores desencadeiam para dominar as superfícies e os pontos por meio da gestão e do controle das distâncias. (RAFFESTIN, 1993, p. 200) Segundo o autor, a circulação é a mobilização da matéria, ou dos recursos materiais, e a comunicação é a mobilização da informação, ou recursos imateriais (RAFFESTIN, 1993). Ele deixa claro que a circulação também é comunicação, uma vez que a matéria, ou bens, ou recursos, ou o próprio sentido da circulação são dotados de significado, carregando uma informação (RAFFESTIN, 1993) Na sua lógica, a noção de circulação é sem dúvida mais geral que a de comunicação, pois engloba tudo o que é mobilizável (RAFFESTIN, 1993, p. 201). É essencial compreender que existe uma dissociação temporal entre circulação e comunicação, que, dado atual contexto técnico, está beirando a instantaneidade (RAFFESTIN, 1993). Um dos trunfos do poder é hoje informacional, e a informática é um dos meios. O verdadeiro poder se desloca para aquilo que é invisível em grande parte, quer se trate de informação política, econômica, social ou cultural. A comunicação ocupa mais e mais o centro de um espaço abstrato, enquanto a circulação não é mais do que a periferia. Isso não significa de forma alguma que a circulação é menos importante, pois, ao contrário, é ela quem testemunha a eficácia da comunicação, mas isso significa que o movimento da informação comanda a mobilidade dos seres e das coisas.[...] quer se trate de circulação quer de comunicação, os atores sempre são confrontados com a mesma coisa: uma rede (RAFFESTIN, 1993, p. 203). Rogério Haesbaert (2001) chama atenção para os atuais mecanismos de territorialização, e espacialização do poder, ao dizer que Trata-se agora muito mais de controlar linhas e pontos, ou melhor, fluxos e conexões, em síntese, redes, do que controlar zonas e fronteiras, os territórios-zona num sentido mais tradicional (HAESBAERT, 2011, p. 270). Ele reforça a importância da necessidade de compreensão da nova práxis espacial em rede.

24 20 Talvez seja esta a grande novidade da nossa experiência espaço-temporal dita pósmoderna, onde controlar o espaço indispensável à nossa reprodução social não significa (apenas) controlar áreas e definir fronteiras, mas, sobretudo, viver em redes, onde nossas próprias identificações e referências espaço-simbólicas são feitas não apenas no enraizamento e na (sempre relativa) estabilidade, mas na própria mobilidade (HAESBAERT, 2011, p. 279). Na busca por compreender e caracterizar os novos processos de produção do espaço, a relação entre sociedade e meio, a geografia deve voltar seus olhos para a atual práxis espacial no contexto da sociedade de rede, readequando sua base conceitual, bem como sua linguagem, ao novo contexto prático, de predominância dos meios informacionais. Se é verdade que até a época contemporânea a rede de circulação e a rede de comunicação formavam uma só coisa, ou quase, a tecnologia moderna acabou por issocia-las. Enquanto a informação, até o século XIX, andava mais ou menos no ritmo dos homens e dos bens, desde então as distâncias em matéria de comunicação foram praticamente abolidas, na medida em que a transferência da informação de um ponto a outro do mundo pode ser quase imediata (RAFFESTIN, 1993, p. 201). José Antônio Gomes de Pinho (2011) concebe a internet como um marco civilizatório, e vê nela a possibilidade de mudança na sociedade, priorizando a perspectiva política, ao vislumbrar na internet a possibilidade de democratização. Nesta perspectiva, ele pôde caracterizar duas tendências analíticas, em termos de impacto político da internet, sendo uma otimista e a outra pessimista (PINHO, 2011). A sociedade contemporânea tem sido caracterizada como uma sociedade da informação pela centralidade que a informação tem assumido com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), principalmente a partir da difusão da internet, que vem despertando mudanças de várias ordens nas relações econômicas, sociais, políticas, culturais e filosóficas(pinho, 2011, p. 98) A tendência otimista vê na internet a possibilidade de um espaço público democrático pleno, onde a conectividade e instantaneidade das relações proporcionaria um melhor diálogo entre a sociedade civil e os representantes políticos, além do enfraquecimento do poder das grandes mídias em decorrência do fortalecimento das mídias independentes, bem como da hipertextualidade inerente á internet (PINHO, 2011). As redes possibilitam a reconfiguração de cadeias produtivas, uma vez que potencializam a troca de informações (como tecnologias) e condicionam uma melhor organização na logística da própria produção e difusão de produtos. A internet, sendo uma rede, ao potencializar a troca de conteúdos em dados digitais, bem como de produção coletiva e colaborativa da informação, mas para que esta produção ocorra assim é necessário que as pessoas exerçam a criticidade nas suas práticas na internet. (PINHO, 2011). Nota-se, novamente, a internet como um espaço de manifestação da autonomia e da possibilidade de confrontar o capital, o que pode, por um lado, ser visto como político, mas também não podendo se enxergar nada muito revolucionário até porque o capital (leia-se o grande capital) pode não só conviver com essas novas

25 21 formas de produção de conhecimento, como também vir a se apropriar delas, colonizando-as[...](pinho, 2011, p. 100). Na perspectiva pessimista a sociabilidade via internet pode ser um instrumento de exercício de poder eficiente por parte do Estado, em termos de controle social. O caráter imaterial da internet empobreceria as interações sociais, enfraquecendo a construção do espaço público, o que seria catalisado pela falta de criticismo dos usuários da internet, resultando numa práxis sócio-espacial desvinculada de referenciais políticos consistentes, tendendo a individualização (PINHO, 2011). Visando o caso brasileiro, o autor (PINHO, 2011) levanta a questão da grande quantidade de analfabetos funcionais, colocando em xeque o potencial revolucionário democratizante da internet, mas salienta que, não sendo uma utopia socialista, a internet pode vir a catalisar os processos capitalistas. Atualmente, observamos que a práxis social da internet se aproxima mais da perspectiva pessimista do autor (PINHO, 2011), já que não se caracteriza, hoje, como possibilidade de democratização, sendo mais uma ferramenta de controle social por parte do capital (mais que do próprio Estado). A título de ilustração da ideia, pode-se citar a lógica de lucro que impera sobre o acesso às redes informacionais: Custos relativamente elevados de aquisição de computadores e celulares, bem como planos de acesso, eficientes em termos de desempenho para acesso e utilização da internet; custos em aplicações de internet no celular e computador; custo de acesso a bancos de dados e multimídia, e notícias online. A exclusão vai além dos custos de acesso e aplicações de internet. A alienação, que anda de mãos dadas com a má educação, é uma das facetas da exclusão social, também em termos de acesso e utilização da internet. A não-criticidade por parte dos indivíduos sociais em sua inserção e suas práticas online é um campo fértil para projetos políticos e econômicos tendenciosos. Pensando em realidade brasileira, o fenômeno social, e político, das fakenews expõe como a representação política de setores liberais conservadores se dá sobre práticas alienantes. As fakenews são, basicamente, notícias falsas ou factoides políticos difundidos de forma massificada em redes sociais (lançando-se mão principalmente do aplicativo whatsapp, pelo celular, dado seu potencial de compartilhamento de dados e fácil utilização, o que possibilita a utilização deste aplicativo por pessoas com menor grau de instrução) com o objetivo de incitar a indignação e medo coletivo, perpetuar a opressão sobre minorias e setores sociais menos abastados, bem como premissas ideológicas conservadoras, e atacar personalidades políticas.

26 22 A falta de criticidade e o individualismo fomentam o sistema de produção/consumo, baseando um ideário que norteia o desenvolvimento da sociedade capitalista. Vale ressaltar que as páginas utilizadas pelos indivíduos (como as redes sociais, shoppings virtuais, sistemas de atendimento online) são territórios (no campo prático) de corporações transnacionais. As redes técnicas, redes de informação, bem como os ambientes virtuais, no caso brasileiro, precisam ser regulamentados, e soma-se a necessidade de uma conscientização/educação a respeito desses ambientes. Em termos de operacionalização do pensamento geográfico para uma compreensão efetiva da atual realidade da produção do espaço, Hindenburgo Francisco Pires (2008) apresenta a Governança da Internet (GI) como uma categoria de análise que é pertinente ao pensamento geográfico, uma vez que ela [...] representa um conjunto de iniciativas e ações construtivas, concebidas coletivamente e de modo consensuado pelos governos, setores públicos, setores privados e por organizações da sociedade civil para estabelecer uma estrutura de regulação global, que promova soberanamente o desenvolvimento cientifico, territorial, econômico e social da Internet entre as nações. (Pires 2008 p.3) Pires (2008) define um caminho teórico metodológico expresso em classes de abordagem pertinentes na investigação e operacionalização da GI, que também são caras à pesquisa, e na atuação do profissional em Geografia (Quadro 1). Quadro 01 Classes de abordagem no estudo de GI OPERAÇÕES E SERVIÇO transmissão, hospedagem, roteamento de nomes(dns) e números REGULAÇÃO conteúdo, licenciamento, propriedade intelectual, tributação e taxação ATIVIDADES LÍCITAS E LEGAIS educação, saúde, comércio, pesquisa, entretenimento ATIVIDADES ILÍCITAS E ILEGAIS pornografia infantil, fraude, roubo, tráfico, jogos de azar PADRÕES transmissão, nome de domínio, criptografia, conjunto de códigos (ASCII), segurança APLICAÇÕES navegação, vídeo, áudio, realidade virtual, e- mail, conteúdo, distribuição POLÍTICAS desenvolvimento, segurança, defesa, controle e vigilância global Fonte: PIRES, Org: Autor A produção e organização do espaço envolvem diversos interesses, públicos e privados. O desenvolvimento da internet (sistema técnico adotado pela sociedade civil e pelas instituições públicas e privadas, caracteristicamente comerciais, não se abrangendo nesta

27 23 análise sistemas técnicos alternativos, subversivos ou ilícitos tais como a deepweb), em termos de desenvolvimento estrutural (técnico e institucional), de expansão e abrangência do acesso e utilização, também envolve estes interesses, e seus conflitos. Nesta perspectiva, os interesses que pautam o lucro estão bem representados, em detrimento do bem estar comum. No capítulo a seguir, será tratado a estruturação e institucionalização da internet no mundo e no Brasil.

28 24 3. ESTRUTURAÇÃO, INSTITUCIONALIZAÇÃO E NORMATIZAÇÃO DA INTERNET No início da década de 1950 foi criado o Laboratório Lincoln (operado pelo MIT e pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos), que passou a desenvolver, em 1953, o projeto SAGE, que consistia na realização de um sistema de defesa contra ataques de aviões bombardeiros (CARVALHO, 2006). Em termos de inovação em tecnologia, o com o projeto SAGE iniciou-se o uso do modem (para comunicação digital via linhas telefônicas), monitores de vídeo interativos, computação gráfica, memórias de núcleo magnético e metodologias de engenharia de software (CARVALHO, 2006). O sistema processava informações oriundas de milhares de radares, calculava rotas aéreas e comparava com dados armazenados para viabilizar tomada de decisões que, de forma rápida e confiável, viabilizassem a defesa contra aviões bombardeiros carregados de artefatos nucleares altamente destrutivos. Seu primeiro computador foi instalado em 1957 e o último em 1961, todos interligados entre si através de linhas telefônicas. Quando o SAGE ficou totalmente pronto, as principais ameaças à segurança dos Estados Unidos já não eram mais os aviões bombardeiros, mas sim os mísseis balísticos intercontinentais, contra os quais o sistema era inútil(carvalho, 2006, p. 7). Em 1958 foi criada, no contexto de corrida espacial, a ARPA, uma agencia militar de pesquisa que tinha como objetivo o desenvolvimento de tecnologia de defesa. A criação do cargo de direção de Pesquisa e Engenharia dentro do próprio Departamento de Defesa levou a ARPA um enfraquecimento funcional, agravado pela transferência do seu programa de satélites para a recém criada NASA e os programas de misseis balísticos para outras unidades militares, o que fez surgir a necessidade de uma reestruturação institucional, e uma mudança de enfoque (CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). A sobrevivência da ARPA foi possível por meio de um reenquadramento de sua missão, com o reposicionamento do foco no incentivo às pesquisas básicas de longo prazo, através da participação das universidades, que até então estavam fora dos planos do Departamento de Defesa(CARVALHO, 2006, p.8) A nova perspectiva de desenvolvimento tecnológico adotado pela ARPA pautava o desenvolvimento em termos de computação interativa e sistemas de tempo compartilhado (CARVALHO, 2006). A noção de C3I (Comando, Comunicação, Controle e Inteligência) passou para Information Processing Techniques Office (IPTO) e o enfoque passou a ser no desenvolvimento de processamento dos dados de forma compartilhada, fomentando o próprio desenvolvimento da ciência da computação, e houve, também, uma abertura para instituições de pesquisas além das militares (CARVALHO, 2006; PIRES).

29 25 Em 1966, sob o comando de Taylor, o IPTO começou a arquitetar um projeto para interligar os diferentes computadores das instituições financiadas, com o objetivo de otimizar o uso desses (caríssimos) recursos e desenvolver o conhecimento das técnicas de comunicação de dados através de redes de computadores. Estava dada, de fato, a partida para a criação da ARPANET,13 a rede de computadores da ARPA[...] Dentre as diversas inovações tecnológicas que foram introduzidas ao longo da história das redes de computadores, talvez a mais celebrada e a que mais interessa nessa dissertação tenha sido a técnica de transmissão de dados por comutação de pacotes (packet switching). Nas redes de computadores baseadas nessa técnica, a informação é dividida em pequenas partes (pacotes) antes de ser enviada. Cada pacote carrega o endereço de origem e o de destino, sendo que os pacotes viajam pela rede como unidades independentes de informação, podendo tomar rotas diferentes até o computador de destino, onde são reordenados e checados e a informação é então reconstituída. A comutação de pacotes permite que diversos usuários compartilhem um mesmo canal de comunicação.(p.11) A implantação de uma rede de comunicações no formado de comutação de pacotes apresentava o problema de padronização tecnológica que possibilitasse a transferência de dados (CARVALHO, 2006). A RAND Corporation desenvolveu projeto de comunicação capaz de proporcionar a operação de um contra-ataque num contexto de ataque inimigo, que consistia em uma rede de computadores (descentralizada, operando em modo digital) que compartilhariam informações por meio do roteamento de "pequenos blocos de mensagens" em tempo real (CARVALHO, 2006). Com base no projeto, foi proposto à AT&T (detententora do monpólio privado do mercado de telecomunicações no EUA) a sua implementação, que recusou, uma vez que não lhe era interessante à implantação de uma rede digital, já que ela operava redes analógicas (CARVALHO, 2006). Com o intuito de gerenciar, de modo unificado, os sistemas de comunicação das forças armadas norte americanas, surgiu a Defense Communications Agency (DCA), que também apresentava tradição analógica, incompatível com o projeto. A tradição analógica, até então, no estabelecimento das comunicações, em termos de mão de obra e estrutura, levaram a uma pausa no desenvolvimento do projeto de implementação de rede digital de comutação de pacotes de dados nos Estados Unidos (CARVALHO, 2006). O IPTO, mantendo seu objetivo de construir uma rede para interligar os computadores (com sistemas de tempo compartilhado) de todas as instituições financiadas pela ARPA apostou nas redes de pacotes, e, naquele momento, a execução o projeto da ARPANET enfrentou dificuldades relacionadas aos computadores que integrariam a rede, sendo um deles a resistência, por parte das instituições integradas, ao compartilhamento de seus computadores (que não eram baratos), e outro era a compatibilidade entre os computadores, que eram variados dentro das instituições integrantes (CARVALHO, 2006).

30 26 Uma das estratégias adotadas que viabilizaram a construção da ARPANET foi a de implantação de uma arquitetura que permitisse dividir as complexas tarefas de conectividade em um conjunto de funções discretas que interagissem entre si através de regras específicas. Essas funções eram chamadas de camadas, pois estavam dispostas em uma hierarquia conceitual que ia do nível mais concreto (da manipulação de sinais elétricos nos meios físicos de comunicação) ao mais abstrato (dainterpretação de comandos dados por usuários, em linguagem mais próxima da humana)[...] Essa estratégia de divisão em camadas trouxe implicações técnicas e sociais ao desenvolvimento da ARPANET, pois, além de tornar mais gerenciável a complexidade do sistema, permitiu que a construção e o desenvolvimento da rede pudessem acontecer de forma descentralizada (CARVALHO, 2006, p ) Os projetistas da ARPANET lançaram mão de minicomputadores adaptados que fizeram papel de nós intermediários (IMP) para mover os pacotes para os computadores das instituições (hosts), formando a estrutura básica inicial que entraria em operação, no final da década de 1970, com quatro nós (UCLA, UCSB, UU, SRI) (CARVALHO, 2006). Em meio as reuniões informais, formou-se um grupo de trabalho inicial, International Network Working Group (NWG), que foi responsável pelas especificações técnicas do funcionamento da rede, inicialmente com o protocolo de comunicação da ARPANET, o Network Control Protocol (NCP) (CARVALHO, 2006). O NPC foi o primeiro programa com protocolo padrão de rede que executava as funções de , telnet e de protocolos transferências de arquivos- FTP, entre servidores (PIRES, 2008, p.6). Ray Tomlinson (da BBN, criada para comercializar serviços de redes de pacotes nos moldes da ARPANET), a fim de otimizar a integração do trabalho dentro das instituições que integravam a ARPANET, desenvolveu um programa de troca de mensagens eletrônicas em 1972, que foi aprimorado, em suas funções, em seguida (listagem, seleção, arquivamento, reencaminhamento e resposta), abrindo as portas para a popularização do (carvalho, 2006). O grupo original que cuidava das especificações da ARPANET conseguiu rapidamente novas adesões e tornou-se internacional, passando a se chamar International Network Working Group (INWG) e, em 1974, passou a ser reconhecido como um grupo de trabalho30 em redes de computadores, filiado à International Federation of Information Processing (IFIP).XVI "(CARVALHO, 2006, p. 21) Em 1975, a ARPA passou a ser controlada pelo DCA, o que aumentou a pressão para maior destinação da rede para uso militar, pressão esta que já ocorria desde o governo Nixon ( ). Na perspectiva do C3I, a ARPA idealizou um projeto de expansão da ARPANET, fundamentado na construção de um sistema de comunicação digital unificado, utilizando rede de pacotes. Surgiu, então, a necessidade um novo protocolo de interconexão, já que o protocolo original da ARPANET (NPC) não tinha capacidade de conectar redes sem fio (radio e satélite), além de não suportar redes de maiores dimensões. Com seu exito, em

31 27 termos de operabilidade, e estabilidade institucional (após a criação do Internet Configuration Control Board-ICCB, em 1979, para coordenar padrões e protocolos), o desenvolvimento de tecnologias que utilizassem TCP/IP foi fomentado pelos militares, o que acabaria por resultar na conversão da ARPANET para o TCP/IP (CARVALHO, 2006). Segundo Pires (2006, p. 6), esta linguagem inaugurou uma revolução na era da comunicação em rede e tornou-se o protocolo de rede mais utilizado no mundo. A fim de tornar a nova rede produtiva para fins militares, o DCA a dividiu em duas partes: "ARPANET (uma rede de pesquisa, com 45 instituições civis) e MILNET (uma rede de produção, com 68 instituições militares), que por sua vez integrou-se à Defense Data Network (DDN), rede criada em 1982 pelo Departamento de Defesa (CARVALHO, 2006, p.26). Estavam conectadas a ARPANET, no inicio nos anos oitenta, apenas algumas universidades vinculadas a ARPA, que mantinham pesquisas com viés militar e capacidade para investir na estrutura necessária para se conectar. Em 1979, um pequeno grupo de universidades norte-americanas iniciou um projeto de rede acadêmica com o intuito de interligar as pesquisas de ciência da computação, alheio ao viés militar (a CSNET), embora fosse apoiada pelo governo (CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). A CSNET entrou em operação em 1982 e foi financiada pela NSF até 1985, quando passou a se autofinanciar através da contribuição dos seus participantes. A NSF, inclusive, tomou mesmo uma medida inédita em relação aos seus financiamentos de pesquisas ao assumir a administração centralizada do projeto[...] A rede foi um sucesso e teve muitos participantes e, diferente da ARPANET, o seu acesso estava aberto a qualquer instituição que pudesse pagar pelas tarifas de conexão, não importando se era acadêmica, comercial ou governamental, desde que o uso da rede fosse restrito para fins de pesquisa em computação. A CSNET, que era operada pela BBN, foi a primeira rede externa a se conectar à ARPANET e a primeira, em 1984, a oferecer acesso às redes de outros países, prestando um papel importante na disseminação internacional da ARPANET e do TCP/IP43 (ABBATE, 2000, p. 184) (CARVALHO, p.28-29). Houveram ainda iniciativas de grande relevância, em meio acadêmico, alheias ao apoio governamental. Um destas iniciativas teve inicio em 1979, na University of North Carolina (UNC), com a criação de um programa newesgroups para o sistema operacional UNIX. Somando-se ao trabalho desenvolvido na Duke University-DU (troca de mensagens entre computadores por conexões discadas) foi criada em 1980 a USENET, uma rede descentralizada que tinha como objetivo proporcionar um acesso menos oneroso que a ARPANET. Em 1986 a USENET o TCP/IP, mediante uso do Network News Transfer Protocol (NNTP), e se conectou a ARPANET (CARVALHO, 2006). Ainda na perspectiva de

32 28 acesso a baixo custo, e alheia ao apoio do governo, em 1981, a City University of New York (CUNY) deu inicio ao desenvolvimento de uma nova rede, a BITNET.(CARVALHO, 2006) No inicio da década de 1981, o governo japonês passou a investir no desenvolvimento de tecnologia da informação (computadores e sistemas operacionais de alta eficiência), exercendo, desta forma, uma pressão no governo norte-americano, que temia pela competitividade da indústria do seu país no mercado internacional (CARVALHO, 2006). Em 1983 o Congresso dos EUA aprovou uma proposta de estímulo o mercado nacional, bem como do desenvolvimento e ampliação do uso da computação avançada em outras áreas da ciência, por meio da criação de uma rede que interligasse centros de pesquisa e polos tecnológicos. Nesta perspectiva, em 1985, a Nationa Science Fundation (NSF) deu início ao planejamento da National Science Fundation Network (NSFNET), utilizando o protocolo TCP/IP, e uma arquitetura hierarquizada em três níveis: redes institucionais (universidades); redes regionais; backbone nacional da NSFNET, que passou a operar em sua primeira versão, em 1986, operada pelas próprias universidades (CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). Em 1988, a NSFNET passou a ser operada através de empresas privadas, e, em 1990, foi criada a ANS com responsabilidade de operar e administrar seu backbone. Também em 1990, a ARPANET foi desligada pelos militares (por obsolescência), mantendo-se o interesse apenas pela MILNET (DDN). As interconexões entre as instituições que compunham a ARPANET foram transferidas para a NSFNET(CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). No início dos anos noventa havia quatro grandes redes de pesquisa nos Estados Unidos: NSFNET; ESNET; NSI; DDN. Todas elas usavam protocolo TCP/IP e estavam interligadas, formando o núcleo central da Internet (CARVALHO, 2006). Afim de coordenar apoio governamental à expansão da Internet nos EUA foi criado a Federal Research Internet Coordinating Committee (FRICC), transformada em Federal Networking Council (FNC), em O FNC foi patrocinado pela Federal Coordinating Committee on Science, Engineering and Technology (FCCSET). também foi criado o Internet Network Information Center (INTERNIC). O NSF também fomentou a expansão a nível internacional da Internet através do lançamento do International Connections Program, em 1990 (CARVALHO, 2006). Em 1991, o governo federal norte-americano lançou o High Performance Computing and Communications (HPCC), que, entre outras medidas, previa a construção de uma rede de pesquisa (KREN). O objetivo da KREN era o desenvolvimento e aplicação de tecnologia de

33 29 comunicação de dados, principalmente na área da educação, bem como a possibilidade tornála um serviço comercial disponível(carvalho, 2006). A NREN vinha sendo defendida publicamente há alguns anos pelo senador democrata Albert Gore, que liderou, com apoio generalizado no Congresso, o programa da Superestrada da Informação (Information Superhighway), termo usado, inclusive, como (bem-sucedida) plataforma de campanha eleitoral.xxxi Em 1993, toda a iniciativa do HPCC e seus subprogramas (especialmente o NREN) passaram a fazer parte de uma iniciativa maior, chamada National Information Infrastructure (NII) [...] Até o início dos anos noventa, as redes de computadores eram utilizadas basicamente por pesquisadores acadêmicos e funcionários de grandes empresas. O público geral tinha acesso aos telefones e às redes de televisão (cabo e satélite) em muitas localidades, porém os sistemas de televisão eram feitos para distribuir informação (programada) apenas em uma direção e a rede telefônica, apesar de bidirecional, apenas transportava conversação entre pessoas. As redes de computadores, por sua vez, eram capazes de, em uma mesma infra-estrutura, oferecer comunicação de diversos tipos de informação sob várias formas (um-paraum, um-para-muitos e muitos-para-muitos).(carvalho, p.34) A concepção de NII se popularizou com a campanha do senador Albert Gore, e em 1994 ela foi adequada (da escala nacional para a escala global - GII) e apresentada a nível internacional na Conferência Mundial para o Desenvolvimento das Telecomunicações, organizada pela International Telecomunications Union -ITU (futura agência da ONU). Complementando seu discurso, Gore anunciou os cinco princípios da GII, que preconizavam o encorajamento dos investimentos por parte do setor privado, a promoção da competição, o acesso livre e aberto à rede para todos os provedores e usuários de informações, a universalização dos serviços e a criação de um ambiente regulatório flexível que permitisse acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas e de mercado. Esses princípios foram em seguida incorporados à Declaração da ONU. A partir desse discurso, diversos países, blocos econômicos e organizações internacionais, tornaram a GII parte importante de suas preocupações de planejamento estratégico.[...] Ainda em 1995, o Banco Mundial inaugurou a Global Information Infrastructure Commission (GIIC), uma comissão com o objetivo de reforçar o papel da iniciativa privada no desenvolvimento da GII, promover sua a construção e o uso para os países em desenvolvimento e trabalhar cooperativamente com as organizações internacionais pela harmonização das políticas globais. Os discursos da NII e, em seguida, da GII coincidiram com a grande expansão da Internet nos Estados Unidos e no mundo, a qual passou a ser uma rede usada por um público cada vez maior fora do âmbito acadêmico, em paralelo ao processo de privatização e comercialização da rede[...](carvalho, 2006, p.36) É importante compreender o processo de desenvolvimento estrutural e institucional que serviu de fundamento para o desenvolvimento da Internet no Brasil. Até meados da década de cinqüenta, o Brasil vivia uma fase embrionária das telecomunicações, quando uma série de ações, de diferentes governos federais, deram início ao desenvolvimento desse setor. O Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek (de 1956 a 1961) revelou a necessidade de um sistema nacional de telecomunicações que facilitasse e agilizasse a difusão de informações, com o objetivo de atingir a esperada integração nacional (CARVALHO, 2006, p. 51) Tendo por objetivo a integração nacional, num contexto de telecomunicações caracterizado pelo domínio de empresas privadas, bem como pela precariedade, os militares

34 30 criaram, em 1965, a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), que tinha por finalidade o controle das concessões e serviços prestados pelas multinacionais. Em 1967, foi criado o Ministério das Comunicações (substituindo o Conselho Nacional de Telecomunicações-CONTEL), que, por meio do estabelecimento do Sistema Nacional de Telecomunicações (SNT), definia o monopólio das telecomunicações por parte das empresas estaduais e federais (CARVALHO, 2006). Em 1972, foi criada a Telecomunicações Brasileiras S.A (Telebrás), que tinha como objetivo a execução do SNT. A Telebrás atuou em duas perspectivas: Ela promoveu o monopólio estadual, criando empresas estaduais ("Teles") e incorporando as companhias telefônicas que já existiam; e ela fomentou o desenvolvimento tecnológico do setor (criação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento-CPqD). Os esforços da Telebrás e do Ministério das Comunicações não fizeram o setor se desenvolver a ponto de sanar a crescente demanda por serviços de telecomunicações, fato que foi agravado (CARVALHO, 2006) Embora os índices nacionais do Produto Interno Bruto (PIB) nessa época tenham atingido níveis históricos de crescimento, o setor de telecomunicações não conseguiu crescer no ritmo adequado para atender à demanda. Ao longo dos anos anteriores houve uma série de ajustes econômicos, em meio às crises do petróleo e da dívida externa, que determinaram o confisco, pelo governo federal, dos recursos do Fundo Nacional de Telecomunicações (FNT)XXXIV, o reajuste de tarifas abaixo da inflação e a execução de cortes nos investimentos estatais para conter o déficit no balanço de pagamentos. A dupla natureza de aparelho de Estado e organização do setor produtivo marcou todo o período de existência da Telebrás, que assim como outras estatais, serviu de instrumento de política econômica (CARVALHO, 2006, p.52-53) O monopólio do setor de telecomunicações manteve-se com a Constituição de 1988, dado seu caráter estratégico. A transmissão eletrônica (teleinformática ou teleprocessamento, como era denominada) de dados ganhou atenção especial do governo, que visava a competitividade da indústria brasileira, e outras questões como segurança e integração nacional. Em 1975, foi criada a Telebrás Telegráfica S.A. (Teletel), subsidiária responsável pela comunicação de dados. No mesmo ano, a Teletel foi extinta pelo Ministério das Comunicações, que atribuiu o monopólio de serviços de comunicação de dados à Embratel, por meio de uma portaria que foi editada em 1979 a fim de reforçar este papel da Embratel, bem como sua relação com as "Teles". Em termos de desenvolvimento tecnológico, havia, num contexto mundial, a tendência de aproximação entre telecomunicações e a informática. No Brasil a política industrial para o setor de telecomunicações entrou em conflito com a política de informática(carvalho, 2006). [...]o setor de telecomunicações tinha uma política de industrialização que visava principalmente substituir importações a custos compatíveis com a capacidade de compra do monopsônio80 estatal e seu instrumento de política era a capacidade de compra do governo, que dava prioridade às empresas com maioria de capital

35 31 nacional. No entanto, as empresas líderes do setor eram multinacionais com uma participação majoritária local apenas nas ações ordinárias, artifício que lhes permitia acesso ao mercado estatal sem afetar o controle decisório pelas matrizes no exterior (TIGRE, 1987, p. 58). A política do setor de informática, por sua vez, tinha como objetivo explícito a capacitação tecnológica, e seu principal instrumento de política era reserva de mercado para empresas nacionais, designação que conflitava com a do setor de telecomunicações(carvalho, p.57-58) Em 1979, os militares decidiram organizar esse conflito entre política industrial para o setor de informática e política industrial para o setor de telecomunicações com a criação da Secretaria Especial de Informática (SEI), que respondia ao Conselho de Segurança Nacional. A SEI era responsável pelo controle do fluxo internacional de dados, bem como da autorização para comunicar dados com o exterior (CARVALHO, 2006). O advento das redes de comunicação, na década de 1970, levantou o debate internacional a respeito da circulação interterritorial da informação, estabelecendo-se um cabo de força entre os interesses do capital e a soberania das nações. Em 1998, foi criado o Intergovernamental Bureau for Informatics (IBI), por meio de uma iniciativa apoiada pela UNESCO, que tinha como intuito de "estimular o potencial da informática nos países em desenvolvimento, incluindo as questões de legislação e do Fluxo de Dados Transfronteiras (FDT)" (CARVALHO, 2006, p.59). O IBI propôs uma série de diretrizes, compondo a Nova Ordem Mundial da Informática e da Comunicação (NOMIC), que pautavam a autonomia tecnológica das nações, e a cooperação; a popularização e democratização dos meios de comunicação, bem como a valorização cultural; e a regulamentação dos FDT (CARVALHO, 2006). A implementação das diretrizes proposta pelo IBI não estavam em conformidade com os interesses liberais que dominavam, em escala internacional, no âmbito econômico e político. Na ausência de uma legislação brasileira para FDT, cabia a SEI o pepel de coordenar a conexão e os fluxos interterritoriais de comunicação, e a Embratel a operação (CARVALHO, 2006). Com a saída dos militares do poder, em 1985, a SEI foi desvinculada do Conselho de Segurança Nacional e transferida para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e em 1990 ela foi extinta com a criação do Departamento de Política de Informática e Automação (Depin). As preocupações acerca da segurança nacional e dos fluxos de poder por detrás do fluxo das informações, entretanto, foram paulatinamente sendo esquecidas, no Brasil e no mundo, com o advento da globalização e a expansão da Internet[...]"(CARVALHO, p.62) Na década de 1970 as instituições que tinham a necessidade de comunicar dados lançavam mão de iniciativas próprias, com base em redes telefônicas e de telex. O Ministério

36 32 das Comunicações iniciou, em 1975, o planejamento da Rede Nacional de Transmissão de Dados (RNTD), resultando na definição de critérios para cobrança de serviços desta rede com base na taxa de transmissão de dados utilizada e na distancia entre os pontos de comunicação (CARVALHO, 2006). Em 1976, foram instaladas, pela Embratel, as primeiras linhas de transmissão digital, no trecho Rio-São, e em 1980 foi inaugurada a TRANSDATA (Serviço Digital de Transmissão de Dados via terrestre)(carvalho, 2006). Em 1982, a Embratel lançou um projeto experimental de rede de serviços (Ciranda), com a disponibilização de computadores e acesso aos seus funcionários (correio eletrônico, databases, agenda, guia de compras, jogos), tendo por objetivo a capacitação de mão-de-obra devidamente qualificada para introdução de técnicas digitais nos serviços de telecomunicações. Em 1984, a Embratel lançou uma rede pública de transmissão de dados, a RENPAC (Rede Nacional de Comunicação de Dados por Comutação de Pacotes), utilizando inicialmente o protocolo X.25 (foi adotar o protocolo TCP/IP posteriormente), e com o objetivo de aumentar o uso da RENPAC, a Embratel expandiu o projeto Ciranda para o público (Projeto Cirandão), em consonância com a política do SEI, além de disponibilizar o equipamento e suporte para a estruturação de bases de dados, cujo acesso seria incorporado aos serviços do Projeto (CARVALHO, 2006). Os esforços de criação de redes, na época, preocupavam-se em fixar algum tipo de centralidade no território nacional (apesar da rede ser caracteristicamente descentralizadora), controlado e operado por empresas nacionais, alinhados com a perspectiva estratégica de produzir conhecimento local. No Brasil, havia cerca de mil bases de dados, porém, menos de 8% estavam disponíveis para acesso público99 (BRASIL, 1984, p. 79). Para despertar o interesse público pelo Cirandão, era necessário tornar disponível o acesso às informações das bases de dados existentes no Brasil, tarefa na qual a Embratel encontrou certa resistência por parte das instituições que mantinham estas bases. A saída foi criar parcerias com algumas associações profissionais, visando motivá-las a participar no projeto, colocando na rede as informações de interesse de seus associados(carvalho, 2006, p.66). O Projeto Cirandão foi convertido em Sistema de Tratamento de Mensagens (STM- 400), adotou o protocolo X.400. Em 1982, a Telesp implantou o videotexto (tecnologia que conectava televisores ao sistema telefônico, mediante o uso de adaptadores), em caráter experimental, oferecendo serviços como correio eletrônico, acesso a bancos de dados, e acesso remoto a computadores(carvalho, 2006). Em alinhamento com a política de desenvolvimento

37 33 industrial para o setor, os adaptadores/codificadores utilizados na conexão de videotexto passaram a ser fabricados no Brasil em 1983, e posteriormente a Telesp introduziria a utilização de microcomputadores (e modens) a fim de estimular a demanda pelo uso destes. O serviços de videotexto, não se popularizaram no Brasil, dado alto custo (microcomputadores, modens, ligações) e a baixa qualidade de acesso foram desligados, em 1995, no Brasil(CARVALHO, 2006). O discurso em torno da Sociedade da Informação no Brasil, usado como suporte das iniciativas do Cirandão e Videotexto, terminou por esvaziar-se e somente reapareceu no final da década de noventa, já em meio à implantação da Internet comercial no País.XLVII Em relação às empresas de telecomunicações e suas ofertas na área de comunicação de dados no Brasil, o cenário começou a mudar a partir da regulamentação do final do ano de 1988,102 quando as empresas operadoras do sistema Telebrás finalmente puderam oferecer alguns serviços e passaram a poder competir com a Embratel. Na prática, a medida permitiu que as teles operassem os serviços de comunicação de dados para os usuários que só os utilizassem no âmbito estadual, enquanto a Embratel operaria os serviços nos âmbitos nacional e internaciona"l. (CARVALHO, 2006, p.72-73) Os benefícios trazidos pela estrutura de rede na perspectiva da pesquisa científica se expressavam em duas dimensões: a rede como ferramenta de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, e a rede como próprio objeto de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia(carvalho, 2006). Um grupo de Universidades e Institutos brasileiros decidiu integrar seus laboratórios de computação, e o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias de redes, resultando na criação do Laboratório Nacional de Redes de Computadores (LARC) em1979, gerando um campo fértil para várias iniciativas para criação de redes de pesquisa, que não deram certo (CARVALHO, 2006) O LARC elaborou o projeto da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) em 1988, e o apresentou ao Ministério de Ciência e Tecnologia, mas o projeto, não se realizou por uma série de problemas, relacionados ao tarifamento das conexões, em especial a conexão com exterior(carvalho, 2006). Em 1988 o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) conseguiu permissão, junto da SEI e da Embratel, para acessar a BITNET, e, no mesmo ano, a FAPESP deu inicio a um projeto de rede com acesso a BITNET que resultou na criação da primeira rede acadêmica brasileira, a Academic Network at São Paulo (ANSP). Em 1989, a UFRJ também obteve acesso à BITNET(CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). O Brasil terminou a década de 80 com três ilhas distintas de acesso à BITNET, cuja comunicação entre si ocorria somente através da rede internacional. Apesar da aparente falta de otimização, esse modelo serviu para disseminar a cultura e o conhecimento sobre as redes internacionais de comunicação de dados[...]o isolamento entre todos os participantes da BITNET dentro do país terminou apenas

38 34 em 1991, quando a UFMG estabeleceu ligações para a USP e para o LNCC. A partir de então, se tornou possível enviar mensagens BITNET entre Rio e São Paulo sem a necessidade destas passarem pelos Estados Unidos. Combinado com o estabelecimento da ligação entre o LNCC e a UFRJ, realizada no ano anterior, completou-se a união das três "ilhas" nacionais de conectividade BITNET (CARVALHO, p.88) O acesso à BITNET foi um grande avanço no desenvolvimento de uma rede nacional, entretanto as necessidades da comunidade acadêmica iam além da simples troca de s, o que estimulou o foco na criação da RNP. Foi criado um grupo de trabalho oficial, sob a direção do CNPq (Tadao Takahashi), que elaborou a estrutura da RNP em três níveis hierárquicos: um backbone nacional (responsabilidade do governo federal); as redes regionais (responsabilidade dos governos estaduais); e as redes institucionais (CARVALHO, 2006). Em termos de infraestrutura de acesso internacional, por parte do backbone nacional da RNP, havia um problema com relação a adoção do protocolo de comunicação, uma vez que a Internet se baseava no modelo TCP/IP, e o padrão nacional, apoiado pelas instituições governamentais (como a SEI), era o modelo OSI, e, além disso, a importação de roteadores de trafego IP entrava em conflito com a política de desenvolvimento para o setor no Brasil (CARVALHO, 2006) No início da década de noventa, a orientação da NSF é que as conexões com a NSFNET deveriam ocorrer por meio das estruturas de backbone, o que gerou uma pressão por parte da comunidade acadêmica para adoção do TCP/IP na estruturação do backbone nacional (projeto Rede Rio - backbone LNCC, UFRJ E PUC/RJ; ANSP - conexão com a internet em 1991), tendo em vista a grande utilização deste protocolo, que tendia a predominância, no cenário internacional (CARVALHO, 2006). A RNP deu inicio a implantação da rede com a promoção, junto da Embratel, de Pontos de Presença (PoPs) nas redes estaduais, e, em 1992 surgiu a primeira versão do seu backbone(carvalho, 2006) O CNPq desenvolveu o Programa Desenvolvimento Estratégico em Informática (DESI), a fim de integrar seus principais programas: RNP (Rede Nacional de Pesquisas); o ProTem-CC (programa de desenvolvimento e capacitação tecnológica, e industrial, na área da computação); e o SOFTEX 2000 (programa de fomento industrial na produção de softwares). A Rede Rio foi inaugurada em 1992, após a aquisição de modens e roteadores pela FAPERJ, realizando-se assim o segundo acesso acadêmico à Internet (CARVALHO, 2006). [...]os caminhos e esforços de organização em torno de uma rede nacional assinalaram uma época bastante agitada de busca pela conectividade entre as entidades acadêmicas do Brasil com o mundo. Foi um processo marcado por múltiplas iniciativas de conexão que, de forma desordenada, apontaram para várias

39 35 direções. Essa aparente desordem, que no mundo inteiro marcou os anos oitenta como a década das redes, entretanto, faz parte da dinâmica e da complexidade intrínseca à construção das redes[...]as redes acadêmicas no Brasil somente convergiram após a estabilização da RNP e da consolidação do acesso à Internet no Brasil, que por sua vez, precisaram contar não só com a participação do governo e de empresas privadas, mas também com novos e inesperados aliados advindos da sociedade civil, que forçaram novos rumos para as redes acadêmicas(carvalho, 2006, p. 107) A década de 1980 foi marcada pelo advento da redes, e pela disseminação do uso de microcomputadores. A inserção residencial da combinação destas duas tecnologias (interconexão, em redes, por microcomputadores, e equipamentos de conexão) deu origem a redes isoladas de trocas de informações, por ligações discadas. O Sistema BBS (Computer Bulletin Board Systems), que surgiu no final da década anterior, foi mais popular. Em 1983, A FIDONET passou a integrar várias comunidades BBS em todo mundo. Os primeiros BBS brasileiros surgiram em 1984, no rio de janeiro, e a primeira conexão com a FIDONET ocorreu em Alguns operadores de BBS, que se caracterizavam pelo amadorismo, bem como pelo entusiasmo em computação e comunicações, formaram empresas, e passaram a prestar serviço (CARVALHO, 2006). Até meados de 1995, estima-se que havia cerca de trezentos BBS ativos nas maiores cidades do Brasil, atendendo a uma quantidade aproximada de quarenta e cinco mil usuários (VEJA, 1995), e vários deles funcionando como serviços pagos em forma de assinatura mensal. Com a disseminação do acesso a Internet no Brasil a partir de 1996, como será visto no próximo capítulo, a maioria dos BBS parou de funcionar ainda que alguns, principalmente os que funcionavam como serviços pagos, tenham se tornado provedores de acesso à Internet (CARVALHO, 2006, p.112) A fim de fortalecer os movimentos sociais no Brasil, um grupo de exilados políticos idealizou, em 1978, uma ONG, com o objetivo de discutir políticas públicas numa perspectiva crítica, junto da sociedade. Em 1981 o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) foi oficializado, em defesa da democratização do acesso aos computadores e às redes de comunicação. Em 1984 foi lançado um projeto internacional de fomento a integração de experiências e informações de várias ONGs com o uso de tecnologia da informação, o INTERDOC (CARVALHO, 2006). A partir das reuniões e trabalhos do INTERDOC, diversas ONGs iniciaram projetos de redes de comunicação que proporcionaram a troca de informações via correio eletrônico, potencializando o trabalho de cada uma delas. Em seguida, o IBASE começou a trabalhar experimentalmente com comunicação de dados, conectando-se com BBS internacionais e à RENPAC, começando a prestar serviços à comunidade.[...] Esse foi o embrião do que se tornou o Alternex,143 um BBS que servia às entidades da sociedade civil (de pesquisa, direitos humanos, meioambiente, capacitação profissional etc.) oferecendo correio eletrônico, acesso remoto a bases de dados alternativas e teleconferências144 a qualquer um que possuísse um microcomputador conectado a uma linha telefônica(carvalho, 2006, p.114).

40 36 O Alternex contou com o financiamento governamental (FINEP) e internacional, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD (em 1988), e ICG (Institute for Global Communication). O apoio internacional possibilitou a importação de computadores, contrariando a reserva de mercado imposta para o setor. Em 1989, o IBASE e o IGC implantaram um sistema de serviços de rede, baseado em correio eletrônico, conectado à Internet, via DDI (CARVALHO, 2006). Em uma das conferências do INTERDOC (1990), formalizou-se um acordo de desenvolvimento tecnológico a fim de integrar e otimizar os esforços das ONGs. Houve a padronização dos BBS, com base no protocolo UUCP, possibilitando a construção da Association for Progressive Communications (APC) que se conectaria com a Internet por meio do IGC (CARVALHO, 2006). Em 1992 o Brasil sediou United Nations Conference for Environment and Development - UNCED (Rio-92), e cabia a APC o planejamento e implementação de uma infra-estrutura de comunicação para o evento, que fosse capaz de se conectar com a Internet. O IBASE preparou e implementou o projeto, que obteve grande sucesso em termos operacionais de interconexão e disponibilização de bancos de dados (CARVALHO, 2006). O projeto do acesso à Internet no Rio de Janeiro (e conseqüentemente no Brasil) deu um grande passo com o evento da ONU. Além de comprovar o uso bem sucedido do TCP/IP, toda a infra-estrutura montada agilizou a implantação do projeto da Rede Rio, que passou a contar, além de um centro de operações (inicialmente instalado no NCE/UFRJ), com uma saída internacional de 64 kbps para a Internet (inicialmente financiada pela UFRJ). Essa infra-estrutura impulsionou a ANSP a também ampliar seu acesso para 64 kbps, fazendo decolar de vez o primeiro backbone nacional da RNP, oferecendo acesso à Internet aos demais estados através do compartilhamento das redes ANSP e Rede Rio, que passaram a estar interligadas. Adicionalmente, a competência diplomática do IBASE, aliada ao sucesso da tarefa executada na Rio-92, ajudou no fechamento do acordo entre o MCT e o PNUD, que, como visto no capítulo anterior, viabilizou financeiramente a construção da RNP(CARVALHO, 2006, p.121). Após a Rio-92, o IBASE passou a ser o primeiro provedor de acesso a Internet no Brasil ao ampliar os serviços do Alternex, e fornecer para vários BBS do país o acesso á USENET, em A politica da Rede-Rio (proibição do uso comercial da rede) entrava em conflito com o caráter comercial da operação, bem como com a cobrança por parte do IBASE. Este impasse levou o Alternex a se desligar da Rede-Rio, transferindo seu trafego de dados para a rede ANSP (CARVALHO, 2006). Com o crescimento explosivo da demanda por serviços Internet, e devido ao fato de deter a mais abrangente infra-estrutura de serviços da época, a RNP passou a ser uma rede híbrida (de uso geral), permitindo o acesso a seus Pontos de Presença (PoPs) por provedores de acesso comerciais. Essa política, que gerou muita discussão, levou a uma separação entre a Rede Rio e a RNP, que passou a operar seu PoP no Rio de Janeiro de modo independente.[...] O fato é que a possível alternativa ao uso do backbone acadêmico acabaria nas mãos do monopólio das empresas do Sistema Telebrás. O IBASE, do ponto de vista da política de Internet no Brasil,

41 37 propunha como base um caminho que garantisse a capilarização dos serviços e a garantia de que esses estivessem fora do alcance do monopólio estatal de telecomunicações, sempre priorizando a democratização das informações(carvalho, 2006, p.123). O Alternex foi transformado numa empresa comercial, em 1996, e vendido, em 1998, e acabou por se desmembrar da APC (CARVALHO, 2006). O IBASE, mudou seu enfoque e passou a se concentrar na produção intelectual, dando lugar a outra ONG, a Rede de Informações para o Terceiro Setor (RITS), que foi criada em 1997, e foi integrada a APC em 2003(CARVALHO, 2006). A Internet expandiu e otimizou e fortaleceu sua estrutura durante a década de 80, mas as suas funções se mantinham as mesmas desde a ARPANET.(CARVALHO, 2006) O desenvolvimento de interfaces de aplicações da Internet, não acompanhou as interfaces gráficas dos microcomputadores, e neste momento, os prestadores de serviços comerciais de redes privadas (BBS) desenvolveram serviços com interface gráfica, facilitando o uso da rede(carvalho, 2006). As demandas por acesso a rede eram atendidas pelos provedores de serviços comerciais, uma vez que a Internet se restringia aos meios acadêmicos (inclusive em termos de conteúdo). Não havia, também, "uma ferramenta universal que servisse de interface para todos os principais serviços disponíveis na Internet" (CARVALHO, 2006, p.127) Durante a década de 80, foi desenvolvido no Conseil Europeen pour la Recherche Nucleaire (CERN), por Berners-Lee, um projeto de sistema de documentação integrada. Berners-Lee começou a pensar em um sistema de documentação que abrangesse todo o conteúdo do Laboratório e, que, por meio de regras comuns, pudesse ser acessado por todos, suportando ainda a grande variedade de computadores e redes em funcionamento no CERN. A abordagem escolhida por ele, para seu sistema, foi o hipertexto, uma tecnologia para visualizar informações, dispostas em documentos que contêm referências internas para outros documentos (chamadas de hiperlinks). Além do referenciamento cruzado, um sistema de hipertexto também permite a publicação, atualização e pesquisa de informações de uma maneira fácil (CARVALHO, 2006, p.129) Frente a grande variedade de sistemas operacionais que havia no CERN, Berners-Lee considerou a utilização do TCP/IP em seu projeto, a futura World Wide Web- WWW(CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). Em 1987, foi criada uma rede para interligar centros de pesquisa europeus, a European Academic Supercomputing Initiative Network (EASINet), que conectou o CERN e a NSFNET (TCP/IP) em 1989(CARVALHO, 2006). Os principais elementos da WWW, codificada por Berners-Lee, eram a "linguagem Hypertext Markup Language (HTML), o protocolo Hypertext Transfer Protocol (HTTP), o servidor Web e um cliente Web (browser), que funcionava apenas no computador NeXt e ainda não possuia interface gráfica(carvalho, 2006, p.131)

42 38 A linguagem HTML teve boa aceitação graças a sua simplicidade de interpretação, bem como sua aceitação na comunidade internacional (baseada na Standard Generalized Markup Language, que é um padrão ISO). O primeiro servidor Web de acesso público foi montado no CERN em 1991, e no mesmo ano foi implementado o primeiro servidor público fora do CERN, nos Estados Unidos.(CARVALHO, 2006) A Web continuou seu processo de aprimoramento, e no inicio da década de noventa surgiram os primeiros browsers com interface gráfica, sendo o Mosaic (criado em 1993 pela NCSA) mais acessível e, consequentemente, popular (CARVALHO, 2006). No âmbito mundial, o cenário era de competição em termos de desenvolvimento de tecnologias para Web, com a crescente variedade de servidores de Web e browsers. Havia a necessidade de padronização da Web, e em 1994 o CERN anunciou a abertura dos códigos da Web para domínio público e acenou a criação de um consorcio de padronização. De fato, em outubro de 1994, foi oficialmente lançado o World Wide Web Consortium (W3C), entidade coordenada, em conjunto, pelo CERN e pelo MIT. Apesar do W3C ter sido visto inicialmente como um consórcio da indústria de tecnologia da informação, recebeu suporte governamental em forma de recursos financeiros oriundos da ARPA e apoio institucional da Comissão Européia (BERNERS-LEE, 1999). Em dezembro de 1994, aconteceu no MIT a primeira reunião do W3C, com 25 pessoas, na qual começaram os trabalhos de padronização das tecnologias, capitaneados pela especificação da linguagem HTML, que visava garantir que uma página Web pudesse ser visualizada por qualquer browser que usasse o padrão W3C.(CARVALHO, 2006, p ) No final de 1994 a Netscape Communications (antiga Mosaic Netscape, criadora do Mosaic) Lançou a primeira versão comercial do Netscape Navigator, que aopresentava uma tecnologia de segurança de informações no trafego entre browser e servidores Web, o que possibilitou o uso da Internet para transações comerciais. Em 1995, a Netscape lançou sua oferta pública de ações na bolsa de valores norte americana, e a Micfosoft lançou o sistema operacional Windows 95, com o browser Internet Explorer (CARVALHO, 2006). As empresas que ofereciam serviços de rede off-internet, passaram a prover acesso a Internet, disponibilizando o conteúdo da Web, e neste momento, surgiram lojas de comercio eletrônico, buscadores e diretórios de conteúdos, e a necessidade das instituições, públicas ou privadas, buscarem registro na Web(CARVALHO, 2006). No final de 1995 foi publicada, ainda pelo grupo de trabalho do IETF168, a segunda versão da linguagem HTML, que proporcionou novas funcionalidades à Web através do uso de formulários eletrônicos e de maneiras mais dinâmicas de se apresentar conteúdo. Os servidores Web passaram a ser uma das principais formas de interface com os usuários, mesmo para aqueles sistemas de informação que originalmente não haviam sido projetados para funcionar com a tecnologia da Internet. O fato é que o tráfego da Web (caracterizado pelo uso do protocolo HTTP) passou a ser o de maior volume na Internet, ultrapassando todos os demais

43 39 protocolos do TCP/IP. Todo esse movimento provocou no mercado de ações uma grande procura por empresas relacionadas à Internet, suas tecnologias e serviços. (CARVALHO, 2006, p.136) Em 1991, a ANS permitiu tráfego comercial na NSFNET (que antes era exclusivamente acadêmica), e criou a Commercial+Research-CO+RE (com fins lucrativos) que atuava como provedora de acesso à Internet, e, no mesmo ano, um grupo de provedores de acesso independente se reuniu no Commercial Internet Exchenge (CIX), com o intuito de conectar suas redes e conseguir liberação do trafego na Internet, o que ocorreu em 1992, com o fim da AUP, política vigente sobre o backbone da NSFNET(CARVALHO, 2006; PIRES, 2008). Em 1993, começaram a surgir mais provedores de acesso comerciais, oriundos das redes regionaisxxxi que estavam ligadas à NSFNET, que passaram então a competir com a ANS. Até que chegou o ano de 1995, marcado pela privatização da Internet nos Estados Unidos, quando a ANS CO+REXXXII foi vendida para a AOL, em fevereiro, e, em abril, a NSFNET foi descomissionada, completando o cenário de privatização que havia começado pelas redes regionais.(carvalho, 2006, p.137) A RNP foi o único backbone, bem como o único provedor de acesso, nacional até 1995, quando a Embratel começou com a oferta de acesso à Internet(CARVALHO, 2006). Em 1994 a Embratel experimentou um serviço de acesso á Internet com o apoio da RNP, uma vez que não tinha capacidade infraestrutural nem recursos humanos, e em 1995 ela [...] passou a oferecer o serviço de acesso à Internet através do acesso ao Global Internet Exchange (GIX) que provia acesso CIX nos Estados Unidos. A Embratel anunciou também que os usuários do seu serviço STM-400 poderiam enviar e receber mensagens de correio eletrônico da Internet e fazer FTP-Mail170, bem como poderiam ter acesso, via RENPAC, às aplicações de FTP, Telnet e Gopher(CARVALHO, 2006, p 138). Temia-se o monopólio do mercado de provimento de acesso a Internet por parte da Embratel, e, num contexto de privatizações (governo Fernando Henrique Cardoso), em 1995, foi aprovada a PEC nº3, que permitiu a quebra do monopólio estatal das telecomunicações e previu a criação de um órgão regulador (ANATEL). Por meio da Norma004/1995 do Ministério das Comunicações, definiu-se a "distinção clara entre o serviço de telecomunicações e o serviço de valor adicionado, que utilizasse o serviço de telecomunicações, como eram os serviços de provimento de acesso à Internet. (CARVALHO, 2006, p. 140) A norma também estipulou que as empresas públicas de telecomunicações prestariam serviço às provedoras de acesso a Internet, fornecendo suporte para conexão nacional e internacional destas (CARVALHO, 2006). A Embratel não suportaria a demanda por serviços de acesso à Internet, e encerrou suas atividades de provimento de acesso a Internet.

44 40 A Embratel tentou ser o grande provedor da Internet comercial no Brasil, mas sua iniciativa acabou sendo bloqueada pela forte estratégia governamental de desestatização da economia, que começava pelo setor de telecomunicações.[...] O fato é que esse momento abriu caminho para a RNP, que já vinha tentando ser uma contrapartida à Embratel no serviço de provimento de acesso comercial à Internet. Para realizar essa manobra, a RNP estendeu a experiência adquirida com o IBASE[...] e somou-a aos esforços políticos que a permitiram oferecer serviços de acesso comercial através de seus Pontos de Presença (PoPs) da rede acadêmica(carvalho, 2006, p.141) Em maio de 1995 foi definido por meio de uma Nota Conjunta (Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério das Comunicações), bem como da publicação das Portarias nº147 e n148: A parceria público-privada no provimento de serviços de Internet; Abertura da RNP, permitindo tráfego acadêmico e/ou comercial; limitação das atividades de serviços d Internet da Embratel; Criação do Comitê Gestor da Internet (CARVALHO, 2006). O debate acerca da caracterização da Internet como informática ou telecomunicações levou os dois Ministérios a organizarem as relações de poder em torno do CGI (CARVALHO, 2006). Em 1996 não havia no país uma infraestrutura para sanar a demanda dos provedores de acesso comercial, e de seus usuários, já que a Embratel cessou o fornecimento de acesso para pessoas físicas, a RNP ainda estava se estruturando para permitir acesso ao seu backbone, e haviam linhas telefônicas o suficiente (CARVALHO, 2006). A precariedade infra estrutural das telecomunicações afetou o mercado de provimento de acesso comercial, onde os pequenos provedores foram mais prejudicados. Dado o contexto desfavorável, foram criadas, no mesmo ano, associações de classe para apoiar os novos provedores (CARVALHO, 2006). Assim como acontecera nos Estados Unidos, a Internet comercial brasileira cresceu rapidamente com a disseminação da Web, não só em volume de tráfego, mas também em número de usuários e transações efetuadas por meio do comércio eletrônico. Surgiram diversas lojas virtuais, portais de conteúdo e máquinas de busca no cenário brasileiro. Nomes como Booknet, Universo On Line (UOL), Brasil On Line (BOL), Cadê?, ZAZ, entre muitos outros (VIERA, 2003), colocaram a Internet nas páginas de jornais, revistas e em programas de televisão atraindo, cada vez mais, consumidores pertencentes à camada da população que possuía acesso aos microcomputadores e linhas telefônicas, os chamados incluídos digitais (CARVALHO, 2006, p. 145). Apesar de seu grande desenvolvimento e abrangência nacional, a RNP não alcançou o status de grande provedora no país, e no contexto de expansão da Internet e crescimento de provedores comerciais, ela se voltou para a comunidade acadêmica, inclusive normalizando sua relação com a Rede Rio(CARVALHO, 2006). Em relação à conectividade entre as redes no Brasil, apesar do CGI ter orientado, desde a sua criação, a criação de Pontos de Troca de Tráfego (PTTXLI), isso demorou quase três anos para acontecer. O intercâmbio de informações entre a rede acadêmica e as diversas redes de tráfego comercial da Internet dentro do Brasil dependia fortemente de rotas internacionais (todas passando por dentro dos Estados Unidos), para onde convergiam os backbones Internet em operação no Brasil. A

45 41 otimização do processo de roteamento, que permitiu a troca de pacotes internos, começou a mudar a partir do final de 1997, quando a FAPESP passou a operar o primeiro PTT da Internet no Brasil, permitindo o intercâmbio de pacotes IP entre as diferentes redes que compunham a Internet no País. Posteriormente outros PTTs foram instalados no Brasil.XLII(CARVALHO, 2006, p ) A Internet Assigned Numbers Authority (IANA) foi responsável pela distribuição de nomes de domínio (namespace) e endereços na internet até o final da década de oitenta, e acabou por delegar a FAPESP a administração e registro de domínios locais (código.br) em 1989, e tinha objetivo de corrigir os problemas que a expansão desorganizada da Internet na época da NSFNET (CARVALHO, 2016; PIRES, 2008). A IANA também registrou o primeiro endereço IP para uma instituição brasileira (PUC/RJ), que não foi utilizado(carvalho, 2006). O conjunto de endereços obtidos somente começou a ser utilizado a partir de abril de 1991, quando o LNCC se conectou à FAPESP depois que esta colocou em operação a primeira conexão com a Internet da academia brasileira.[...] Ainda em 1991, visando estruturar o namespace no Brasil, na FAPESP foi feita a primeira estruturação de nomes sob o domínio.br, quando, na decidiu-se que: universidades e institutos de pesquisa poderiam ficar diretamente179 sob o.br, como exemplo: usp.br, ufrj.br, puc-rio.br, inpe.br; seriam criados domínios de primeiro nível sob o.br espelhando o modelo existente nos Estados Unidos, a saber.com.br,.net.br,.org.br,.gov.br e.mil.br; sob o.gov.br seriam registradas as entidades do Governo Federal e em conjunto seriam usadas as siglas de cada Estado (sp.gov.br, rj.gov.br, etc.) para abrigar as entidades estaduais e municipais.(carvalho, 2006, p ) Com o aumento de redes brasileiras ligadas à Internet, o processo de distribuição de endereços da IANA, que os oferecia sob demanda, ficou inadequado (CARVALHO, 2006). Em 1994 representantes da RNP, conseguiram junto, da IANA, um bloco de endereços IP de grande magnitude, com 8 milhões de endereços). Coube a FAPESP administrar o bloco de endereços IP reservados à RNP pela IANA (endereços de a ). A FAPESP, na condição de "registro nacional", outorgado pela IANA, passou a distribuir os endereços, sem custo, a quem os precisasse, mas não sem antes passar por uma análise de reais necessidades e da política de roteamento da entidade que estivesse pleiteando a obtenção desse recurso (CARVALHO, 2006, p.151). O CGI foi criado com a responsabilidade de administrar o domínio.br, bem como distribuir endereços IP no País, papel este que foi exercido, informalmente, pela ANSP (FAPESP). Com o grande aumento da demanda por registro de nomes de domínio, a partir de 1996, o CGI e a FAPESP implementaram algumas medidas afim de organizar o registro: O registo, inicialmente, era concedido a pessoas jurídicas, com apenas um registro por CNPJ, passando para dez em 1997; Mantendo-se o aumento da demanda por registro de nomes de domínios, foi implantado um sistema automático de registro no final de 1997; No mesmo ano, foram criados primeiros domínios exclusivos na Internet no País(.art,.esp,.ind,.in,.psi,.re,

46 42.etc e.tmp); Em 1998, o CGI permitiu a cobrança pelo registro de nomes de domínio, por meio da Resolução nº001; Na mesma data, mediante a Resolução nº002, o CGI oficializou o papel operacional da FAPESP, responsabilizando-a pelo "registro de nomes de domínio, distribuição de endereços IPs e sua manutenção na rede Internet"(CARVALHO, 2006, p.151). Esta resolução também permitiu a cobrança por parte da FAPESP; Por não possuir personalidade jurídica, o CGI optou por não possuir uma política de resolução de conflitos de registro, deixando estas questões a cargo do sistema judiciário(carvalho, 2006). a governança da Internet no Brasil, que serviu de modelo para outros países, seguiu funcionando sem maiores problemas ou controvérsias, principalmente se a compararmos com a estrutura de governança global, à qual a Internet no Brasil está subordinada. Na estrutura global, a Internet mudou, no final dos anos noventa, de um modelo original auto-regulado para um novo, centralizado na Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN)184, entidade derivada de uma polêmica experiência de parceria público-privada que atualmente se encontra no centro das discussões e controvérsias acerca da governança da Internet[...] (CARVALHO, 2006, p.153) Em 1998, com a privatização e expansão comercial da Internet (e-comerce) a IANA transferiu suas funções para a ICANN, que foi criada no na perspectiva de implantar uma estrutura virtual de acumulação com o objetivo de expandir os negócios e interesses norte americanos numa escala globalizada (PIRES,2008). Ao fazer uma análise crítica do Marco Civil da Internet, Eduardo Tomasevicius Filho (2016) contextualiza a necessidade prática de renovação normativa em decorrência das mudanças ocorridas com o advento na internet na sociedade, tais como: a desfragmentação e descentralização da informação, e os relativos problemas a propriedade intelectual; mudanças nas relações interpessoais causadas pelo advento das redes sociais; reorganização das relações de trabalho e burocracia. A fim de explicar sistematicamente estas mudanças estruturais o autor assume que Retomando o pensamento de Hannah Arendt, a vida em sociedade fez surgir esferas de relacionamento do ser humano, as quais se transformaram com o passar dos séculos (TOMACEVICIUS FILHO, 2016, p.271). Na Antiguidade, de um lado, havia a esfera pública, a qual, na Grécia, era a esfera da liberdade e da política, acessível a poucos, mas quem dela fazia parte era considerado igual, por conviver no mesmo espaço, bem como poder ser visto e ouvido por todos. De outro lado, havia a esfera privada, na qual várias pessoas permaneciam afastadas de determinados relacionamentos sociais[...]não pertenciam ao corpo político[...]no final da Idade Moderna, surgiu a esfera social, que diluiu e avançou sobre os antigos domínios das esferas pública e privada. A esfera privada tornou-se a esfera da intimidade, espaço do qual o indivíduo tenta se proteger da sociedade a qual pertence, buscando não ser visto nem ouvido. Tarefas ligadas à própria sobrevivência, antes pertencentes à esfera privada, foram transferidas pela sociedade para a esfera social.[...] A internet transformou as distinções entre esses espaços. Sendo possível acessar a rede de qualquer lugar e a qualquer hora do dia,

47 43 permite-se a atuação na esfera social, ser visto e ouvido por todos, sem o necessário contato presencial para o estabelecimento dessas relações. Dessa forma, surge uma terceira esfera: a esfera virtual, em que a pessoa se apresenta na rede sem estar presente. O trabalho pode ser realizado socialmente com os trabalhadores em seus lares. O comércio é realizado não mais exclusivamente no mercado, mas também de um ambiente privado ao outro. Crimes podem ser agora praticados a distância. O próprio Estado, que, sem controle, sempre deseja ser onipotente, onipresente e onisciente, quer interferir nessa esfera virtual. (TOMACEVICIUS FILHO, 2016, P.271) Tomacevicius Filho (2016) aponta os principais avanços jurídicos alcançados com o Marco Civil, bem como insucessos da normatização proposta pela nova lei. Ele também chama atenção para a problemática referente a amalgamação entre espaço e tempo, com o advento da Internet, e como este problema dimensional interfere na, soberania nacional, bem como na legislação penal. O Ministério da Justiça, junto da Escola de Direito do Rio de Janeiro e da Fundação Getúlio Vargas, apresentou um projeto de lei ao Congresso Nacional em 2011, sendo convertido em Lei (Lei n ) em Embora o Marco Civil da Internet tenha sido bastante festejado por ser a primeira lei do mundo a disciplinar os direitos e deveres dos usuários da rede, não se perceberão mudanças substanciais, uma vez que esta não acrescentou praticamente nada à legislação vigente. A expectativa criada com a discussão dessa lei deu-se pela crença errônea de que as normas contidas na Constituição Federal, no Código Civil, no Código Penal, nos Códigos de Processo Civil e Penal, no Código de Defesa do Consumidor, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na lei sobre interceptação de comunicações (Lei n.9.296/96) não teriam aplicação nas relações jurídicas estabelecidas na internet (TOMACEVICIUS FILHO, 2016, p.276) Em termos de disciplinamento, a privacidade é um dos pontos mais importantes tratados pelo Marco Civil da Internet. O art. 7º (incisos I, II,III,VII E VIII) prevê o direito á privacidade, na perspectiva de se isolar do contato com outras pessoas e impedir acesso de terceiros ás informações pessoais. A privacidade é reforçada pelo art. 10º, que estabelece a privacidade quanto á armazenamento e disponibilização aos registros de conexão e de acesso a aplicações de internet. O Art. 14º prevê que provedores de conexão e de aplicações de internet devem pedir permissão previa para armazenar os registros de conexão e acesso, e o art. 16 prevê que aqueles provedores não podem armazenar dados pessoais desnecessários. O art. 9º (parágrafo 3º) proíbe bloqueios, filtros ou análise de conteúdos dos pacotes de dados por parte dos provedores de acesso a internet ou responsáveis pela transmissão de dados. O art.13º estipula guarda dos registros de conexão (pelo período de um ano), e o art.15º estipula guarda dos registros de acesso a aplicações da internet (pelo período de seis meses). O acesso a estes dados, para reparação

48 44 civil dos danos causados à vitima ou para investigação criminal se dará, somente, pela atuação do Poder Judiciário. (art.7º, III; 10, 1º e 2º; 13, 3º e 5 ; 15, 3º) É reconhecida a irresponsabilidade civil do provedor de acesso por danos causados pelos usuários pelo art.18º, e o art.19º regulamenta a responsabilidade civil dos provedores de conteúdo (repositórios, sites, blogs.etc): responsabilidade subsidiária entre usuário que praticou ato ilícito e provedor de conteúdo. Art. 19º também estabelece procedimentos acerca da retirada de conteúdo ofensivo da rede, bem como sua identificação como conteúdo infringente, cabendo ao Judiciário a avaliação da permissão de disponibilização, ou não do conteúdo. art.20º estabelece, quando identificado o usuário que publicou conteúdo judicialmente restrito, que este seja devidamente comunicado e informado pelo provedor de conteúdo para que possa se defender em juízo (esta disposição pode ser contrariada por um juiz). O art.29º reconhece o direito do usuário de internet instalar dispositivos de controle parental do conteúdo, dentro dos limites da lei prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Quanto a neutralidade na rede, o art.9º estabelece o tratamento isonômico dos dados transmitidos, e, que se houver sua discriminação, as pessoas não serão afetadas. O Marco Civil também disciplina o Poder Público, mediante os art.24º e art.25º que estabelecem mecanismos de governança multiparticipativa (governo, empresas, sociedade civil e comunidade acadêmica), racionalização da gestão, expansão e uso da internet no Brasil, além de incentivar a instalação de datacenters nacionais. Os art.26º e art.27º "tratam do uso da internet como ferramenta para o exercício da cidadania, promoção da cultura e desenvolvimento tecnológico, sobretudo para a promoção da inclusão digital, redução de desigualdades sociais e fomento de produção e circulação de conteúdo nacional " (TOMACEVICIUS FILHO, 2016, p.276). A natureza da internet, em termos de estrutura e possibilidade de interconexão, permite que violações de direitos ocorram fora da jurisdição brasileira, o que resulta também no fato de que o Brasil não pode controlar atividades das grandes empresas nas suas sedes (exterior) (TOMACEVICIUS FILHO, 2016). A instalação de datacenters nacionais não significa segurança efetiva, uma vez q não leva em conta a noção de fluxo, e o marco civil assegura o tratamento isonômico apenas aos dados que trafegam dentro do Brasil. Em termos de aspectos positivos, o Marco civil faz uma espécie de prevenção a censura e controle de dados por entidades estatais (art.9º, parágrafo 3º), e disciplinou, em termos de procedimentos jurídicos, a obtenção de registros de navegação para processo civil e

49 45 penal (o código de processo civil e o código de processo penal já fazia requisição de dados). Além disso regulamentou o a obtenção de informações por meio de cookies, obrigando que as páginas informem, inicialmente, a coleta de informações(art7º,viii)., e proibiu o fornecimento de dados pessoais, a terceiros, sem consentimento (art.7ºvii) (CARVALHO, 2006). Em termos de insuficiência Tomacevicius Filho (2016) aponta que, o Marco Civil da Internet é redundante em várias disposições, e acaba por repetir o que já consta na Constituição Federal (no que toca assegurar o direito a privacidade, acesso judicial a informações pessoais; liberdade de expressão), no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil. O texto do Marco Civil da Internet trouxe normas vazias de conteúdo. Por exemplo, o art.2º, IV, segundo o qual prevê como fundamento da disciplina do uso da internet a abertura e a colaboração. Há que perguntar de que abertura se trata e que colaboração se pretende. O art.5º do Marco Civil da Internet, que apresenta definições para fins de interpretação, deixou de definir provedor de conexão à Internet, provedor de aplicações de Internet, provedor responsável pela guarda dos registros e responsável pela transmissão, comutação e roteamento. Não se trata de definições de menor importância, já que são estes os principais destinatários dos deveres reflexos previstos na declaração dos direitos dos usuários da internet.(tomacevicius FILHO, 2016, p. 281) O Marco Civil também diminuiu a responsabilidade dos provedores de aplicações de internet, em termos judiciais, uma vez que tira a responsabilidade de provedores de conexão à internet por ilicitudes cometidas por usuários, uma vez que não há relação de causa e efeito entre o serviço de conexão prestado e a ilicitude praticada, e/ou sofrida (TOMACEVICIUS FILHO, 2016).

50 46 4 SOCIEDADE, ACESSO E CONEXÃO A atual realidade espacial se faz complexa, no sentido das formas e das práticas espaciais, onde se comprimem tempo e espaço, e mais do que nunca se mostra necessária uma atualização conceitual na ciência geográfica. Esta atual complexidade, em termos de realidade objetiva, é percebida e vivenciada pelas pessoas e pelas instituições, que são produtoras de espaço, resultando em grandes impactos culturais. Lucia Santaella (2009) defende que a grande complexidade cultural vivenciada na contemporaneidade é fruto da mistura de seis lógicas comunicacionais e culturais (cultura oral, escrita, impressa, cultura de massas, cultura das mídias e cibercultura), que, embora surgindo e se desenvolvendo em diferentes momentos históricos, não são excludentes, mas se rearranjam, alterando as funções sociais, o papel, das tecnologias (SANTAELLA, 2009). O trabalho da autora (2006) se mostra de grande valia na compreensão da práxis espacial do início do século XXI, uma vez que a analisa na perspectiva das formas de apropriação teórica por parte do indivíduo social. Ela ainda afirma que as mídias, bem como as linguagens empregadas nelas, em cada momento sociocultural, originam perfis cognitivos que lhe são próprios. [...] tecnologias de linguagem produzem mudanças neurológicas e sensoriais que afetam significativamente nossas percepções e ações. Tendo isso em vista, pode-se avaliar a intensidade das transformações sócioculturais e psíquicas por que a humanidade vem passando nos dois últimos séculos, período que já deu andamento a cinco gerações de tecnologias de linguagem e de comunicação[...](santaella, 2009, p.2). Santaella (2009) evidencia a relação entre a apropriação teórica e relação materialidade-imaterialidade (ou circulação-comunicação) na práxis espacial por meio do que ela denomina de gerações de tecnologia. Cada uma das cinco gerações expressa uma relação diferente entre circulação (matéria) e comunicação (informação), o que remete a cinco modus operandi de prática espacial distintos, com base no desenvolvimento técnico (Quadro 2).

51 47 Quadro 2 - Revoluções informacionais com base no desenvolvimento tecnológico Tecnologias do reprodutível Jornal, foto, cinema. Comunicação (informação) e circulação (matéria) indissociáveis, imperando a materialidade na produção; transmissão e recptação das informações. Tecnologias da difusão Rádio e televisão. Dissociação entre comunicação e circulação; transmissão passa a ser imaterial (ondas de rádio e televisão) e massificadora. Tecnologias do disponível Tecnologias do acesso Tecnologias da conexão contínua Televisão a cabo, vídeo cassete, fotocopiadoras, walkman. Computador (desktop), modem, internet a cabo. Smartphones, wi-fi, internet móvel. Fonte: Santaella, Org: Autor Transmissão da informação passa a ser segmentária e a receptação é seletiva de acordo com a necessidade do receptor. Advento do computador e da internet; possibilidade de interação e da digitalização (conversão em conteúdos digitais) de todo tipo de informação; ancoragem material nos modais de acesso. Desprendimento das âncoras geográficas (acesso móvel) Santaella (2009) chama atenção para o contexto de aprendizagem ubíqua, marcado pelo acesso instantâneo á informação e pela hipertextualidade. Vê-se aqui, que a renovação teórico-metodológica, dado contexto da sociedade global de redes, é uma necessidade não só da geografia institucionalizada, mas da sociedade como um todo: é um desafio em termos de políticas públicas. Na sociedade em rede, o acesso a Internet, bem como às TICs no geral, é determinante no processo de inclusão social, e deve ser levado em conta pela iniciativa pública. A fim de apresentar evidências para fundamentar propostas de políticas públicas eficientes na perspectiva do acesso a Internet, e tecnologias da comunicação (TICs), são constatadas algumas tendências por Hernán Galperin (2018), com base na análise dos dados do referentes ao acesso e uso da Internet na América Latina e no Caribe (Figura 1).

52 48 Figura 1 Gráfico de assinaturas TIC e usuários de Internet na América Latina, por 100 mil habitantes ( ) Fonte: GUAPERIN, Observa-se o crescimento da utilização de telefonia móvel a partir da metade da década de noventa. Constata-se, também, que a banda larga móvel aumentou de forma exponencial a partir de 2010 (seguindo o padrão da telefonia móvel), e banda larga fixa cresce num ritmo menor, e está em desaceleração. Gauperin (2018) constatou a desaceleração no crescimento da população conectada à Internet na América Latina e no Caribe, uma vez que o crescimento da cobertura de serviço de banda larga móvel (infraestrutura) não atende a demanda de acesso, e demanda por Internet residencial, bem como uso individual depende de vários fatores além da renda: educação; sexo; localização geográfica (urbano e rural); presença de crianças em idade escolar na residência. O grau de instrução é um importante indicador da adoção da Internet residencial e individual, havendo uma intima relação entre educação e acesso a Internet, mais determinante do que existente entre a renda e o acesso a Internet. Com relação a idade, constata-se que ela "está inversamente relacionada ao uso de Internet, e o efeito é particularmente forte"(gauperin, 2018, p. 37). A exclusão ao acesso pelo gênero na América Latina e no Caribe é expressiva na Bolívia, Peru e Equador, entretanto ela não se mostra estatisticamente significativa. A conexão de áreas remotas e de baixa densidade é um dos maiores desafios, e

53 49 no caso do Brasil "a conectividade urbana é três vezes maior que a rural" (GAPERIN, 2018, p. 40), e pode chegar a cinco vezes em países mais pobres, como Bolívia e Honduras. Na maioria dos países em análise, as residências com filhos em idade escolar apresentam maior probabilidade de conexão com a Internet, entretanto, com exceção de países com maior renda (como Brasil e Uruguai), a maioria das crianças mora em residências sem acesso à Internet (Figura 2). Figura 2 Gráfico do motivo principal para não adoção do acesso residencial à Internet Fonte: GUAPERIN, 2018 Marcelo Henrique Araújo e Nicolau Reinhard (2017) caracterizam os internautas brasileiros com base nas suas habilidades digitais, utilizando-se dos dados da pesquisa TIC Domicílios (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação - Cetic.br). Para caracterizar os internautas, Araújo e Reinhard (2017) utilizaram os indicadores relacionados ao uso da Internet (atividades realizadas nos últimos meses/proxies de habilidades digitais; dispositivo de acesso a internet) e fatores demográficos (área geográfica; classe social; faixa etária; sexo; grau de instrução). Em termos de disposição geográfica, constatou-se que 95% dos usuários de Internet residem em área urbana, enquanto 5% se situam na área rural. Observa-se, também a

54 50 concentração dos internautas nas três primeiras faixas etárias analisadas (entre 10 e 34 anos de idade), e a redução sequencial do percentual de internautas na outras faixas (em conformidade com o aumento da idade). Figura 3 Gráfico de utilização da internet, segundo faixa etária (%) Fonte: ARAÚJO; REINHARD, Org: Autor Em termos de gênero, 52% dos internautas eram mulheres, e 48% homens. Havia maior concentração de internautas na classe C (49%), seguida pela classe AB (31,3%), e pela classe DE (21,6%).

55 51 Figura 4 Gráfico de utilização da internet, segundo classe social 21,60% 49,90% 31,30% AB C DE Fonte: ARAÚJO; REINHARD, Org: Autor Em termos de grau de instrução, a concentração de internautas no Ensino Médio (49,1%), Ensino Fundamental (28,5%), Ensino Superior (21,6%), analfabetos/educação infantil (0,8%).

56 52 Figura 5 Gráfico de utilização de internet, segundo escolaridade 0,80% 21,60% 28,50% Analfabeto/Educ ação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio 49,10% Ensino Superior Em termos de modalidade de acesso a Internet, o celular era o modal mais utilizado (90%), seguido computador de mesa (37,2%), pelo computador portátil (38,1%) e pelo tablet (16,7%). Os indicadores que mensuram as atividades realizadas na internet, da pesquisa TIC Domicílios-2015, foram sintetizados em seis dimensões: comunicação; busca de informação; multimídia; educação e trabalho; criação e compartilhamento de conteúdo; downloads. Com base nestes parâmetros, bem como da análise de padrões socioeconômicos, foram identificados quatro tipos de usuários de Internet, com base nas habilidades digitais: instrumentais; interativas; limitadas (grupo com a maior concentração de usuários); e amplas (Quadro 3).

57 53 Quadro 3 Grupos de usuários de Internet com base nas habilidades digitais HABILIDADES DIGITAIS INSTRUMENTAIS HABILIDADES DIGITAIS INTERATIVAS Possuem maiores níveis de habilidades relacionadas às atividades de busca de informação e educação e trabalho, e acessam a Internet por meio de diversos dispositivos (desktops, laptops e celulares). utilizam a Internet como ferramenta para fins pessoais, profissionais e educacionais. Apresentam maiores níveis de habilidades de criação de conteúdo e multimídia, e utilizam Internet preferencialmente do celular, Apresentam o menor nível de habilidade HABILIDADES DIGITAIS LIMITADAS digital em todos os seis domínios. HABILIDADES DIGITAIS AMPLAS Apresentam o maior nível de habilidade digital em todos os seis domínios Fonte: ARAÚJO; REINHARD, Org: Autor Segundo o informativo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua , em 2016, havia microcomputador em 45,3% dos mil domicílios particulares permanentes do país. Este percentual diminuiu em 2017, passando para 43,4%. Houve também a diminuição da presença de tablet nos domicílios, passando de um percentual de 15,1%, em 2016, para 13,7%, em Constatou-se o aumento da presença de telefone (independente se móvel ou fixo) no domicílio, passando de um percentual de 54,6%, em 2016, para 54,9%, em Houve a diminuição do percentual referente a presença de telefone fixo nos domicílios, passando de 33,6%, em 2016, para 31,5% em 2017, e o aumento no percentual referente a presença de telefone móvel, que passou de 92,6% para 93,2%. Observou-se a diminuição no percentual de residências com telefone fixo, exclusivamente, passando de 2%, em 2016, para 1,7% em Houve aumento no percentual de utilização da Internet nos domicílios, passando de 69,3%, em 2016, para 74,9%, em Este crescimento ocorreu de forma mais acentuada na área rural (de 33,6%, em 2016, para 41%, em 2017) do que na área urbana (de 75%, em 2016, para 80,1%, em 2017) (Figura 3).

58 54 Figura 6 Equipamento utilizado para acessar a Internet no domicílio (%) Fonte: IBGE, 2018 Nos mil domicílios que não utilizavam Internet, em 2017, destacaram-se os seguintes motivos da não utilização: falta de interesse em acessar a Internet (34,9%), serviço de acesso à Internet era caro (28,7%) e nenhum morador sabia usar a Internet (22,0%), indisponibilidade geográfica (7,5%), alto preço do equipamento para acesso (3,7%). Quanto ao tipo de conexão usada no domicílio, a conexão discada era usada em 0,6% dos domicílios, em 2016, passando para 0,4%, em A banda larga móvel (3G, 4G) passou de 77,3%, em 2016, para 78,5%, em 2017, e a banda larga fixa passou de 71,4% para 73,5% O percentual de domicílios que usavam os dois tipos de banda larga aumentou de 49,1%, em 2016, para 52,2%, em O percentual de domicílios que apresentavam exclusivamente banda larga móvel passou de 26,7% para 25,2%, de 2016 para 2017, e o percentual de domicílios que utilizavam exclusivamente banda larga fixa passou de 21,2% para 20,3%, no mesmo período. Em 2016, 64,7% das pessoas com mais de 10 anos de idade no país utilizaram a Internet ( pessoas), passando para 69,8%, em Este aumento no percentual também ocorreu na área urbana, que passou de 70%, em 2016, para 74,8%, em 2017, bem como na área rural que passou de 32,6% para 39%, no mesmo período.

59 55 Figura 7 - Pessoas que utilizaram a Internet, segundo os grupos de idade (%) Fonte: IBGE, 2018 Figura 8 - Pessoas que utilizaram a Internet, segundo o nível de instrução (%) Fonte: IBGE, 2018

60 56 Na perspectiva do modal (equipamento) de acesso à Internet, o percentual de pessoas que usaram celular aumentou de 94,6% para 97%, de 2016 para 2017, e as que usaram televisão passou de 11,3% para 16,3%, no mesmo período. O percentual de pessoas que usaram o computador para acessa a Internet diminuiu de 63,7%, em 2016, para 56,6%, em 2017, assim como o percentual de pessoas que usaram o tablet, que passou de 16,4% para 14,3. A utilização da banda larga fixa, de 2016 para 2017, mostrou uma tendência de crescimento, passando de 81% para 82,9%, da mesma forma que a banda larga móvel que passou de 76,9% para 78,3%. O percentual de pessoas que usaram os dois tipos de banda larga subiu de 58,3% para 61,4%, de 2016 para 2017, havendo um recuo para os percentuais de pessoas que utilizavam exclusivamente banda larga móvel ou banda larga fixa. Quanto a finalidade do acesso, das pessoas pesquisadas que utilizaram a Internet, o percentual de pessoas que a usaram para enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos diferentes de aumentou de 2016 para 2017, passando de 94,2% para 95,5%. Houve também, para o mesmo período, o aumento do percentual de pessoas que utilizou a internet para conversar por chamada de voz ou vídeo, que passou de 73,3% para 83,8%, bem como o aumento do percentual de pessoas que utilizaram a internet para assistir vídeos, inclusive programas, séries e filmes, que passou de 76,4% para 81,8%. O único percentual a diminuir nesta análise acerca da finalidade de utilização da Internet foi enviar e receber , passando de 69,3%, em 2016, para 66,1%, em Das pessoas que não utilizavam a Internet, no período de referência (três meses antes da aplicação da pesquisa) em 2017, 38,5% alegaram que não sabiam usar a Internet, 36,7% alegaram falta de interesse em acessa a Internet, 13,7% alegou que o serviço de acesso à Internet era caro, 4,9% alegou que não havia disponibilidade geográfica para o serviço de acesso, 4,5% alegou que o equipamento eletrônico necessário para acessar a Internet era caro e 1,6% alegou outros motivos. Portanto, o acesso e a infraestrutura da internet vem aumentando significativamente no Brasil e inserindo mais lugares e pessoas no contexto dos meios informacionais. Entretanto, há uma limitação no uso e na qualidade do acesso por grande parte da população, pois o serviço é caro, tanto na compra de equipamentos de qualidade como no serviço de internet. Nesse caso, a inserção está sendo disforme a aprofundando a desigualdade tecnológica.

61 57 5 USO DA INTERNET NO BAIRRO VILA SANTA LUZIA, EM ALFENAS-MG Alfenas é um município situado na região Sul de Minas Gerais (Figura 4). Alfenas apresenta um IDHM de 0,761 (2010), e o PIB per capita de ,87 reais (2016), tomando a posição 1132 no ranking nacional, e 99 no ranking estadual. Segundo o censo de 2010, o município apresentava habitantes, estimando-se para 2019 um total de O salário médio mensal era de 2,5 salários mínimos em 2017, e a proporção de pessoas ocupadas em relação à população total era de 28.5%. Apresenta uma área de 850,446 km² (IBGE, 2019). Figura 9 Mapa de referência do município Fonte: Autor

62 58 Definiu-se o bairro Vila Santa Luzia como objeto de análise, por se situar próximo ao campus sede da Universidade Federal de Alfenas, bem como do centro da cidade, e por apresentar um gradiente socioecômico (composto por um bolsão de baixa renda na porção sul do bairro) que expressaria de forma mais nítida as condições de precariedade ao acesso e utilização da Internet. Com base na disposição das áreas residenciais e comerciais do bairro Vila Santa Luzia, definiu-se uma área de pesquisa, que abrange as porções residenciais do próprio Bairro, e de bairros vizinhos. Esta adequação em termos de forma do objeto de análise, teve como objetivo excluir vazios residenciais do bairro sem diminuir a magnitude da área de pesquisa, exclusivamente residencial (Figura 5). Figura 10 Foto parcial da Vila Santa Luzia, Alfenas -MG Fonte: O Autor Com base em visitas prévias, definiu-se, num primeiro momento, algumas diretrizes quanto a metodologia de amostragem: Os questionários seriam aplicados conforme os arruamentos; Em cada rua, os pesquisadores iniciariam o trajeto simultaneamente (um para cada lado da rua, e um na coordenação e controle de documentos); Em cada rua, para os dois lados, o intervalo para aplicação dos questionários, por parte dos pesquisadores, seria de 5 logradouros; O intervalo de aplicação dos questionários poderia ser alterado caso o residente optasse por não responder o questionário, ou houvesse a presença de terrenos baldios, comércios, ou qualquer outro tipo de estabelecimento não-residencial, nestes casos, o pesquisador se encaminharia para a próxima residência;

63 59 A pesquisa teria início pela rua Amazonas, seguiria, ao norte pelas suas paraleleas (até o limite da área de pesquisa na rua Dom Pedro I), e então seria realizada a pesquisa na rua Benjamin Constant e seguiria, para leste, pelas suas paralelas até a Av. Lincoln Westin da Silveira. Foram aplicados 79 questionários, distribuídos aleatoriamente sobre a área pesquisada, conforme a disposição de residências (Figura 6). Figura 11 Mapa de delimitação da área de estudo Fonte: Google Maps, 2017 Após a aplicação dos questionários, definiu-se os parâmetros analíticos na construção dos mapas, com base na escolha dos dados a serem processados e na definição teórico metodológica do processo de produção dos mapas. Dos 79 questionários, 5 foram excluídos da produção dos mapas, uma vez que houveram problemas de referenciamento das residências. Desta foram realizou-se o input dos dados de 74 questionários. Num primeiro momento, com o auxílio técnico, orientação metodológica, e expertise, do geógrafo André Luíz Bellini (que também disponibilizou um shapefile, elaborado por ele mesmo, dos setores censitários do município de Alfenas-MG e do bairro em questão), utilizou-se o Google Earth Pro, a fim de referenciar os pontos de coleta de dados (residências onde foram aplicados os questionários) com base na conexão entre os endereços (logradouros) e a imagem de satélite, devidamente georreferenciada. O arquivo resultante (pontos

64 60 referenciados), por meio de uma operacionalização de conversão específica do QGis, foi convertido em um shapefile de pontos georrefrenciado. O mesmo sistema de coordenadas foi aplicado para ambos os shapefiles básicos. Toda manipulação dos dados, a partir daí, foi realizada no ArcMap, do sistema ArcGis(10.6). 5.1 Análise dos resultados Observou-se com as visitas ao bairro Vila Santa Luzia, uma divisão socioeconômica: a porção norte do bairro apresentava residências com situação socioeconômica mais abastada, enquanto na porção sul a situação socioeconômica era menos abastada. Constatou-se também um eixo (norte-sul) de menor renda nas quadras paralelas à avenida Lincoln Westin da Silveira. Na porção sul do bairro, há maior concentração de residências, com pouca presença de estabelecimentos comerciais. Já na porção norte do bairro observou-se menor concentração residencial e aumento da presença de estabelecimentos comerciais. A avenida Lincoln Westin da Silveira (limite leste da área pesquisada) apresenta grande quantidade de estabelecimentos comerciais, assim como a rua Benjamin Constant (limite oeste da área pesquisada). Dos 79 questionários aplicados, com o intuito de levantar dados individuais e domiciliares, 66 (83,54%) indivíduos declararam usar a Internet e 13 (16,46%) declararam não utilizar a Internet.

65 61 Figura 12 Gráfico de utilização de internet 16% SIM NÃO 84% Fonte: Autor Quanto ao grau de instrução, das 13(100%) pessoas que não utilizavam a Internet: 1 (7,69%) tinha Ensino médio incompleto, 2(15,38%) tinham ensino fundamental completo, 7(53,85%) tinham ensino fundamental incompleto, e 3(23,08%) eram analfabetos.

66 62 Figura 13 Gráfico de escolaridade das pessoas que declararam não usar internet 23,08% 7,69% 53,85% 15,38% E. Médio Incomp. E. Fund. Comp. E. Fund. Incomp. Analfabeto Fonte: Autor Quanto à renda domiciliar das pessoas que não usava a Internet: 2(15,38%) pessoas declararam renda domiciliar de 2 a 4 salários mínimos, 7(53,85%) pessoas declararam renda domiciliar de 1 a 2 salários mínimos, 4(30,77%) pessoas declararam renda domiciliar de até 1 salario; 9(69,23%) estavam na faixa etária com 60 anos ou mais, 2(15,38%) estavam entre 55 e 59 anos, 1(7,69%) estava na faixa entre 40 e 44 anos, e um estava na faixa entre 35 a 39 anos.

67 63 Figura 14 Gráfico de renda das pessoas que declararam não usar internet (salários mínimos) 15,38% 69,23% 53,85% 2 a 4 1 a 2 até 1 Fonte: Autor

68 64 Figura 15 Gráfico da idade das pessoas que declararam não usar a internet Fonte: Autor Apenas 10(12,66%), dos 79 domicílios alcançados pela pesquisa, apresentavam telefone fixo Observa-se a diminuição da utilização do telefone fixo como meio de comunicação, uma vez que o celular pode exercer a mesma função por preços menores (planos variados e aplicativos que fazem ligação), além disso o celular pode exercer outras funções de acordo com seu nível tecnológico, tornando a substituição do telefone fixo muito mais atrativa. Das 66 (100%) pessoas que declararam usar Internet, todas usavam o celular pra acessar a Internet, e 15(22,73%) residiam em domicílios sem ponto de acesso (banda larga fixa), inclusive sem computador.

69 65 Figura 16 Presença de banda larga fixa na residência (das pessoas que declararam usar Internet) 22,73% 77,27% Sim Não Fonte: Autor Quanto ao perfil etário das pessoas que declararam utilizar a Internet: 2(3,03%) pessoas pertenciam a faixa etária de 10 a 13 anos de idade, 2(3,03%) pertenciam a faixa de 14 a 17 anos de idade, 6(9,09%) pertenciam a faixa de 18 a 19 anos de idade, 8(12,12%) pertenciam a faixa de 20 a 24 anos de idade, 9(13,64%) pertenciam a faixa de 25 a 29 anos de idade, 4(6,06%) pertenciam a faixa de 30 a 34 anos de idade, 4(6,06%) pertenciam a faixa de 35 a 39 anos de idade, 10(15,15%) pertenciam a faixa de 40 a 44 anos de idade, 9(13,64%) pertenciam a faixa de 45 a 49 anos de idade, 8(12,12%) pertenciam a faixa de 50 a 54 anos de idade, 3(4,55%) pertenciam a faixa de 55 a 59 anos de idade e 1(1,52%) pessoa pertencia a faixa de 60 anos de idade ou mais. É válido ressaltar que a aplicação dos questionários ocorreu em horário comercial, tornando-se difícil a aplicação junto de indivíduos da população economicamente ativa. Este problema se expressa na escassez de dados de indivíduos na faixa de 25 a 39 anos de idade.

70 66 Figura 17 Gráfico da idade das pessoas que declararam usar a internet Fonte: Autor Quanto à renda domiciliar, das pessoas que usam Internet: 17(27,76%) pessoas declararam renda domiciliar de até 1 salário mínimo, 23(34,85%) declararam renda domiciliar de 1 a 2 salários mínimos, 19(28,79%) declararam renda domiciliar de 2 a 4 salários mínimos, 1(1,52%) declararam renda domiciliar de 4 a 6 salários mínimos, 1(1,52%) declararam renda domiciliar de 6 a 8 salários mínimos, 1(1,52%) declararam renda maior que 10 salários mínimos e 4(6,06%) pessoas não responderam.

71 67 Figura 18 Gráfico de renda das pessoas que declararam usar internet (salários mínimos) Fonte: Autor Com base na variável renda, elaborou-se um mapa, utilizando-se a ferramenta de interpolação (IDW) do Arctoolbox. (Figura 7)

72 68 Figura 19 Mapa de renda domiciliar (em salários mínimos) Fonte: Autor É possível observar uma concentração dos domicílios com maior renda na porção norte da área analisada. A disposição da mancha de menor renda no nordeste, da área analisada, foi influenciada pelo vazio residencial, bem como a mancha de menor renda no centro-oeste. Este mapa (renda) foi utilizado para fazer duas composições: A renda pelo número de cartões SIM por indivíduo, e a renda pelo número de computadores no domicílio. Quanto à funcionalidade, das pessoas que declararam usar a Internet: 55(83,33%) pessoas declararam utilizar a Internet para mensagens, 35(53,03%) declarou usar a Internet

73 69 para pesquisa escolar e/ou trabalho, 20(30,30%) declarou utilizar a Internet para notícias e 44(66,66%) declarou usar a internet para acessar vídeos e fotos. Figura 20 Mapa de renda e número de computadores por domicílio Fonte: Autor

74 70 Figura 21 Mapa de renda domiciliar e número de cartões SIM por indivíduo Fonte: Autor Observa-se que não há uma relação direta entre quantidade chips (cartões SIM) e a renda, uma vez que nas áreas que apresentam menores rendas, a quantidade de chips praticamente equivale (ocasionalmente supera) a apresentada nas áreas de maior renda. Diferente disso, observa-se que nas áreas menos abastadas há menos computadores (ou não há) que nas áreas com maior renda domiciliar.

75 71 Figura 22 - Mapa de escolaridade e redes sociais utilizadas, por indivíduo Fonte: Autor É possível observar, com a composição efetuada com base no mapa de escolaridade e número de redes sociais utilizada por indivíduo, que a utilização das redes sociais progride com o aumento do nível de instrução, apresentando diminuição das porções do mapa que apresentaram menores graus de instrução. Deve-se levar em conta que a região sul da área analisada apresenta maior concentração de residências que a região norte.

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