CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 CENTRO/SP - CEP: FONE:

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1 CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO PRAÇA DA REPÚBLICA, 53 CENTRO/SP - CEP: FONE: PROCESSO DER GUARATINGUETÁ 002/1049/2018 e 238/1049/2018 INTERESSADO 1. RELATÓRIO 1.1 HISTÓRICO CONSELHO PLENO Trata-se de Recurso recebido neste Conselho, em , contra a retenção do estudante H.H.F.C., no 9º ano do Ensino Fundamental em 2017, no Colégio Millennium, jurisdicionado à DER Guaratinguetá. O estudante não obteve a média regimental 6,0 (seis inteiros) para promoção em onze disciplinas. O sistema de avaliação previsto no Regimento Escolar do Colégio Millennium exige média final igual ou superior a seis (6.0): a retenção se dá para o aluno que não atingir essa média em mais de duas (2) disciplinas, como também quando a frequência for inferior a 75% em qualquer dos componentes curriculares. Robson Ferreira da Costa (responsável) ASSUNTO Recurso contra Avaliação Final / Deliberação CEE Nº 155/17 RELATOR Cons. D. Carlos Lema Garcia PARECER CEE Nº 142/2018 CEB Aprovado em 11/4/ APRECIAÇÃO Abaixo, transcrevem-se os boletins do estudante nas duas instituições às quais se vinculou no ano letivo de 2017 (Escola USEFAZ, no primeiro bimestre, e Colégio Millennium, nos seguintes bimestres): Usefaz: Escola Colégio Millenium Disciplina 1º Bi 2º Bi 3º Bi 4º Bi Frequência Inglês 2,0 100% Educação Física 6,0 90% Arte 3,0 90% Geografia 3,0 78% História 1,5 80% Ciências Fís.Biol. Pr. Saúde 3,0 93% Matemática 2,0 100% Língua Portuguesa 2,0 100% Disciplina 2º Bi 3º Bi 4º Bi Média Final Frequência Situação Língua Portuguesa 2,0 4,0 0,0 1,1 86% Reprovado Técnicas de Redação - 2,5 0,5 0,7 72% Reprovado História 1,5 3,0 2,0 1,5 78% Reprovado Geografia 3,0 1,5 0,0 1 80% Reprovado Ciências 3,0 2,5 1,5 1,7 87% Reprovado

2 Matemática 2,0 2,5 0,0 0,9 78% Reprovado Educação Física 6,0 1,5 6,0 5,2 91% Reprovado Arte 3,0 2,5 2,5 1,9 91% Reprovado Inglês 2,0 0,5 0,0 0,7 71% Reprovado Espanhol - 0,5 1,5 0,7 82% Reprovado Música - 7,5 0,0 2,7 98% Reprovado Esses resultados contrastam com os demais obtidos nas séries anteriores do Ensino Fundamental 1 e 2, do Primeiro ao Oitavo Ano, em que o aluno foi aprovado todos os anos em todas as disciplinas (cf. pág. 9 do processo). Os problemas de aproveitamento surgem no início do Nono Ano, em 2017, em que o aluno faz o primeiro bimestre numa escola e muda para outra, a partir do segundo bimestre, no entanto, o aproveitamento permaneceu profundamente deficiente. Em consulta à Plataforma Secretaria Escolar Digital-SED da SEE, verificou-se que o aluno se encontra matriculado no Nono Ano, neste ano letivo de 2018, na mesma Instituição de ensino. O pedido de reconsideração é apresentado à escola alegando que o estudante é portador de déficit de atenção, com laudo de uma profissional da Psicologia entregue à Instituição. no ato da matrícula, sem um atendimento especializado, e que a retenção se deu sem a chance de ser apreciado pelo Conselho de Classe. Em resposta, o Colégio informa que a retenção foi mantida em unanimidade pelo Conselho de Classe, pelos seguintes motivos: a não realização das atividades e leitura dos livros obrigatórios, falta de material didático, ausência nas provas, baixa frequência e atrasos constantes por parte do estudante, e pelas lacunas no comprometimento e apoio dos responsáveis. Esses procedimentos estão de acordo com os termos do Art. 21, do Capítulo II da Deliberação CEE 155/17. Além dos laudos dos terapeutas, são juntados aos autos os diários de classe e os planos de ensino das disciplinas curriculares, avaliações pedagógicas das disciplinas de Matemática, Arte, Música, Educação Física e Geografia, atas das reuniões realizadas pelo Conselho de Classe, ao longo do ano, livro de ocorrências, comunicados de advertências e suspensões, convite às reuniões de pais e mestres, calendário de avaliações, tabela de notas de cada bimestre, termo de acompanhamento da Supervisão de Ensino junto à Unidade Escolar em decorrência das faltas e dos relatórios psicopedagógicos do estudante, provas e o regimento escolar. RELATÓRIOS DE ESPECIALISTAS Há dois relatórios de atendimento especializado ao estudante: o psicológico e o psicopedagógico. Ambos os laudos foram entregues à Instituição apenas em , no andamento do 3º bimestre, embora o aluno tenha sido matriculado em abril do mesmo ano. No primeiro, datado de , apresenta-se um histórico dos atendimentos psicológicos anteriores, com a descrição dos procedimentos de avaliação, análise e diálogos realizados com o educando. A conclusão é de que apresenta dificuldades de ordem pedagógica e emocional. Também

3 se constata a falta de continuidade de todos os tratamentos, associados ao desempenho familiar, que somente agravou o quadro. Reafirma-se o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (F90.0) em comorbidade com o Transtorno de Oposição Desafiante (F91.3). O segundo relatório, datado de , também relata o histórico do tratamento psicopedagógico de 2011 a meados de Em 2011, as avaliações constataram leve dislexia, disortografia e discalculia, com diagnóstico de melhorias acentuadas em Até o final de 2013 ministrava-se medicamento para o distúrbio de atenção e hiperatividade. Observa-se que o aluno manteve um rendimento estável durante o período em que recebeu o atendimento especializado: foi aprovado do 3 o ao 6 o ano (de 2011 a 2014). Em 2014, coincidindo com transferência de escola, o tratamento psicopedagógico foi interrompido por decisão unilateral da família. Em 2016, os pais relataram novamente a incidência de problemas de ordem psicológica do filho, mas não deram continuidade ao tratamento. Em 2017, a família solicita retorno aos atendimentos pelo baixo desempenho escolar no Colégio Usefaz, e toma a decisão de transferi-lo da Instituição. Sob exigências da Psicóloga e do Psiquiatra, devido às resistências do estudante ao aprendizado e, do comportamento familiar, iniciouse um processo avaliatório que apresenta os seguintes resultados: há disfunção familiar total e falta de limites internos, o estudante necessita de uma inclusão cognitiva, de adaptação curricular, mediações diretas, recuperação paralela, e de tratamento psicopedagógico, psicológico e psiquiátrico. O diagnóstico encerra informando que a presente interrupção do tratamento é decisão familiar, que o educando não possui alta, e que uma avaliação neurológica seria importantíssima devido à rejeição crescente ao aprendizado e à atenção dispersa e que a família precisa de orientação psicológica devido a disfunção total. RELATÓRIOS PEDAGÓGICOS Nos relatórios pedagógicos, elaborados pelos docentes de algumas disciplinas, relatam-se comportamentos desinteressados e desrespeitosos por parte do estudante. Por exemplo, o aluno compareceu apenas em 95 dias num total de 150 dias letivos, o que corresponde a 59% de frequência (fls 5 dos autos). Também há vários episódios de aplicação de suspensão em razão de comportamentos de indisciplina e rebeldia (fls. 119 a 127 dos autos). Foram realizadas atividades, como trabalhos e tarefas individuais, provas de recuperação, e prova de recuperação anual, como sistema contínuo de recuperação, além de conversas e recuperações individuais, aulas lúdicas, e atividades orais como estímulo, porém não houve correspondência aos incentivos. O educando apresentou quase nenhum interesse de participação nas aulas e das atividades oferecidas. Ausentou-se demasiadamente, tanto nas aulas regulares quanto nas recuperações, e inclusive em dias de provas bimestrais. Observa-se, também, que o mesmo não possuía as apostilas/os livros didáticos, e não absorveu o mínimo dos conhecimentos necessários para um desenvolvimento escolar do ano subsequente, recomendando-se então uma recondução dos estudos para uma recuperação pedagógica e um desenvolvimento de conhecimentos. Sobre o comportamento familiar, ressaltou-se o pouco envolvimento da proposta pedagógica aplicada ao estudante.

4 ALEGAÇÕES DA SUPERVISÃO A Comissão de Supervisoras da DER Guaratinguetá aprecia os autos e realiza uma análise do desempenho global durante o período letivo, observando que o aluno atingiu apenas cerca de 9,75% das notas bimestrais acima de média exigidas, um desempenho global insatisfatório e opina pelo indeferimento do recurso e manutenção da retenção do estudante. Alega também que a família tardou em entregar os laudos psicopedagógicos à escola: o aluno foi matriculado em abril e os laudos somente foram entregues em agosto de Entre as alegações por parte do interessado e em trechos da consideração da DER, questiona-se a não inclusão do estudante como deficiente no sistema da Secretaria Escolar Digital - SED. Segundo os laudos dos Especialistas, o estudante possui diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (F90.0) em comorbidade com o Transtorno de Oposição Desafiante (F91.3), segundo parecer diagnóstico do Psicólogo que o acompanhou. A Lei Federal Nº /2015, conhecida como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, esta definição foi corroborada pela Deliberação CEESP Nº 149/2016 que estabelece normas para a educação especial no sistema estadual de ensino, definindo e assegurando um atendimento de serviços educacionais especiais. No campo da Educação são diagnósticos mais comuns a dislexia, a disortografia e a discalculia que mesmo merecendo uma atenção e adaptação pedagógica, não se assemelham às necessidades e características de uma deficiência nos termos da lei. Parece ser o caso ora examinado. APRECIAÇÃO SOBRE O CASO Em pedido de recurso ao CEESP, o responsável não acrescenta fato novo ou relevante à solicitação. Com um olhar mais amplo sobre a situação do aluno, nota-se que foram realizados os processos formativos que estavam no âmbito da instituição escolar, visando superar as deficiências e atingir o aproveitamento da aprendizagem. A escola cumpriu o previsto em seu Regimento Escolar, ao oferecer diversas oportunidades ao estudante, como a avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno sobre os aspectos qualitativos dos resultados ao longo do período. No entanto, não foi possível conferir um desenvolvimento escolar no estudante. O aluno apresenta dificuldades emocionais que se refletem notoriamente no baixo rendimento escolar. Há indícios de dificuldades oriundas do entorno familiar: falta da presença dos pais em reuniões na escola; omissões em relação ao tratamento especializado do aluno, como sua interrupção por decisão da família, sem a devida alta do terapeuta; a medicação não foi sempre contínua; há conflitos familiares intensos: o relacionamento do aluno com o irmão mais novo é

5 tumultuado. O laudo da psicopedagoga é enfático ao ressaltar que o aluno necessita tratamento psicopedagógico, psicológico e psiquiátrico (Relatório 6/6/2017, fls. 12). As dificuldades em relação ao rendimento escolar ocorreram no último ano, quando o aluno começou a cursar o Nono Ano em Como seu rendimento escolar foi exemplar nos anos anteriores, por evidência, conclui-se que reúne as condições para superar esse momento, desde que seja ajudado convenientemente. Observa-se que o mesmo se encontra numa idade de plena explosão da adolescência, que parece aguçar ainda mais a crise. Trata-se de um caso de adolescente que, por diversas razões, está solicitando ajuda e atenção. É necessário reiterar que a família deve diligenciar o acompanhamento do tratamento especializado junto à escola, de adaptação curricular, mediações diretas, recuperação paralela, e de tratamento psicopedagógico, psicológico e psiquiátrico. 2. CONCLUSÃO 2.1 Indefere-se, nos termos da Deliberação CEE nº 155/2017, o pedido apresentado contra a retenção do aluno H. H. F. C., no 9º. Ano do Ensino Fundamental, no Colégio Millennium, jurisdicionado à DER Guaratinguetá. 2.2 De comum acordo com a Escola, a família deve promover o acompanhamento do aluno em tratamentos especializados durante o decorrer deste ano, já que a mera retenção pode não ser suficiente. Solicita-se uma informação atualizada a este Conselho, no final do corrente ano letivo (2018). 2.3 Envie-se cópia deste Parecer ao responsável pelo aluno, ao Colégio Millennium, à DER Guaratinguetá, à Coordenadoria de Gestão da Educação Básica CGEB e à Coordenadoria de Informação, Monitoramento, e Avaliação Educacional CIMA. São Paulo, 26 de março de 2018 a) Cons.º D. Carlos Lema Garcia Relator 3. DECISÃO DA CÂMARA A Câmara de Educação Básica adota como seu Parecer, o Voto do Relator. Presentes os Conselheiros: Cleide Bauab Eid Bochixio, Débora Gonzalez Costa Blanco, Dom Carlos Lema Garcia, Francisco Antônio Poli, Francisco José Carbonari, Jair Ribeiro da Silva Neto, Luís Carlos de Menezes, Nilton José Hirota da Silva e Sylvia Gouvêa. Sala da Câmara de Educação Básica, em 28 de março de a) Cons.ª Sylvia Gouvêa em exercício da Presidência nos termos do artigo 13 3º do Regimento do CEE

6 DELIBERAÇÃO PLENÁRIA O CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO aprova, por unanimidade, a decisão da Câmara de Educação Básica, nos termos do Voto do Relator. Sala Carlos Pasquale, em 11 de abril de Consª. Bernardete Angelina Gatti Presidente PARECER CEE Nº 142/18 Publicado no DOE em 12/4/ Seção I - Página 30