ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA

Transcrição

1 09 NOV :00 SALA SUGGIA ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA À VOLTA DO BARROCO Masaaki Suzuki CRAVO E Direcção musical 1ª Parte Sinfonia em Si menor, Wq 182/5 [1773; c.11min.] 1. Allegretto 2. Larghetto 3. Presto Sinfonia em Mi menor nº 44, Fúnebre [1771; c.23min.] 1. Allegro con brio 2. Menuetto (Allegretto) Canone in Diapason 3. Adagio 4. Finale (Presto) 2ª Parte Concerto para cravo e orquestra em Ré menor, Wq 23 [1748; c.22min.] 1. Allegro 2. Poco andante 3. Allegro assai Sinfonia em Dó maior nº 48, Maria Teresa [c.1770; c.25min.] 1. Allegro 2. Andante 3. Menuetto 4. Finale (Allegro)

2 oriente 2014 PATROCINADOR ANO ORIENTE A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE APOIO ANO ORIENTE Maestro Masaaki Suzuki sobre o programa do concerto weimar, 8 de março de 1714 hamburgo, 14 de dezembro de 1788 Na figura do mais ilustre filho de Bach, Carl Philipp Emanuel, entramos no domínio da sinfonia, uma criação originária do Barroco mas que viria a ser o género dominante da música orquestral nos períodos Clássico e Romântico. Este programa é, na verdade, uma perfeita ilustração da afirmação deste género na transição do Estilo Galante para o Classicismo, bem como da evolução da influência italiana na estrutura das sinfonias em três andamentos contrastantes, até ao estabelecimento do formato da sinfonia em quatro andamentos que se definiu em pleno movimento Sturm und Drang (tempestade e ímpeto) e que perdurou até ao final do Romantismo. Carl Philipp foi uma figura central nesta transição. Filho de Johann Sebastian Bach e afilhado de Georg Telemann, a quem sucedeu no cargo de Mestre Capela das igrejas de Hamburgo, foi admirado por Mozart e Haydn. A sua obra é da maior importância no domínio dos instrumentos de tecla, deixando mais de 50 concertos e 200 peças a solo. A produção de sinfonias é relativamente pequena para o cômputo geral do seu catálogo, totalizando dezoito entradas. Oito foram escritas em Berlim, entre os anos de 1741 e 1762, as restantes entre 1773 e 1776 na cidade de Hamburgo. As sinfonias, todas em três andamentos contrastantes (rápido-lento-rápido), bem como o Concerto em Ré menor, enquadram-se nos ideais da Empfindsamkeit ( sensibilidade ), estética associada ao norte da Alemanha e que advogava, como o próprio com- positor escreveu, que a música devia ter como objectivo tocar o coração e mover os afectos, razão pela qual era necessário tocar a partir da alma. Foi na procura desse ideal que o Barão Gottfried von Swieten, influente embaixador austríaco e mecenas de músicos como Haydn, Mozart e Beethoven, encomendou as Seis Sinfonias Wq 182. Nelas se pode ouvir a influência do estilo italiano com a predominância da melodia nas linhas superiores e a abundância dos uníssonos, contendo a Sinfonia em Si menor uma atmosfera profundamente espiritual. Até meados do século passado o Concerto para cravo em Ré menor, escrito em 1748, era o único de Carl Philipp conhecido em tempos modernos, facto que se deveu à sua inclusão na importante colectânea Denkmäler deutscher Tonkunst (Monumentos da Música Alemã). É por isso o mais conhecido e interpretado. Tendo em conta a época em que foi escrito, é uma obra de grande virtuosismo e intensidade dramática. As partes instrumentais, baseadas na edição crítica : The Complete Works ( foram disponibilizadas pela editora Packard Humanities Institute em Los Altos, Califórnia. 3

3 rohrau (áustria), 31 de março de 1732 viena, 31 de maio de 1809 A associação de aos príncipes de Esterházy iniciou-se em 1761, quando o jovem se tornou assistente do Mestre de Capela desta influente família, Gregor Werner. À morte de Werner, em 1766, Haydn sucedeu-lhe, tornando -se o novo Mestre de Capela, evento que coincidiu com a inauguração da nova residência de Verão dos príncipes, Eszterháza, frequentemente comparada a Versalhes. Haydn permaneceria ao serviço da família praticamente até ao fim da sua vida. A Sinfonia nº 44 é representativa de uma nova fase na carreira de Haydn associada ao movimento Tempestade e Ímpeto (Sturm und Drang). A utilização de uníssonos no início dos andamentos que abrem e encerram a sinfonia encontra uma certa semelhança com a escrita de Carl Philipp Bach, mas que logo se dilui no estilo inconfundível e mais sumptuoso de Haydn. O segundo andamento revela a sua faceta mais experimental, resultando numa original técnica de cânone entre os violinos e os baixos. O Adagio está na origem do nome da sinfonia, constando que Haydn tinha uma tão grande adoração por ele que queria que fosse tocado no seu próprio funeral. Como bem anotou Giuseppe Carpani, contemporâneo de Haydn e um dos seus primeiros biógrafos, algumas das sinfonias de Haydn, entre as quais se inclui a Sinfonia Fúnebre, eram escritas para os Dias Santos, sendo interpretadas na Igreja de Eisenstadt. A Sinfonia nº 48, intitulada Maria Teresa, não foi, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, escrita para a imperatriz. No entanto, terá sido programada durante uma visita de Maria Teresa a Eszterháza, em 1773, razão pela qual o seu nome ficou para sempre associado à partitura e a sua numeração não coincide com a data de origem, possivelmente A sua popularidade é justificada pelo brilho orquestral do primeiro andamento, uma forma-sonata perfeita e particularmente festiva. A inclusão de metais acentua o lado festivo associado a cerimónias. O Andante contrasta pela sua atmosfera misteriosa enquanto o Minueto e Trio é considerado um dos mais belos da produção Haydniana. A sinfonia encerra com um andamento particularmente agitado e empolgante, constituindo um tour de force para a orquestra. É curioso notar que, no caso de Portugal, a prática de tocar música instrumental em igrejas, sobretudo em festividades religiosas, era igualmente muito comum até ao final do Antigo Regime, conforme testemunham os documentos recolhidos por Vanda de Sá e Cristina Fernandes para a sua recente publicação (Música instrumental no período final do Antigo Regime: contextos, circulação e reportórios; ed. Colibri, 2014). Dado o estatuto internacional que Haydn já detinha no final do século XVIII, as suas sinfonias eram apresentadas nas igrejas de Lisboa. rui pereira [2014] Masaaki Suzuki cravo e direcção musical Desde que fundou o Bach Collegium Japan em 1990, Masaaki Suzuki tornou-se uma das grandes autoridades na obra de Bach. É Director Musical do agrupamento desde então, levando-o regularmente a grandes salas e festivais na Europa e EUA e construindo uma reputação notável pelo refinamento expressivo das suas performances. Além de trabalhar com agrupamentos de época reconhecidos, tais como o Collegium Vocale Gent e o Philharmonia Baroque, é convidado para dirigir repertório tão diverso como Britten, Fauré, Haydn, Mahler, Mendelssohn, Mozart e Stravinski com orquestras como a Sinfónica Alemã de Berlim, Orquestra da Gewandhaus de Leipzig, Sinfónica de Melbourne, Filarmónica de Nova Iorque, Sinfónica da Rádio de Estugarda e Filarmónica de Tóquio. Nesta temporada estreia-se com as Sinfónicas de Baltimore e Montréal (EUA) e a Orquestra da Ópera e Ballet de Perm (Rússia). Dirige a Sinfónica de Barcelona e Nacional da Catalunha e regressa à Filarmónica de Bergen e à Tapiola Sinfonietta. No Verão de 2015 apresenta-se no Festival Bach de Oregon. A impressionante discografia de Suzuki para a BIS, incluindo a integral de Bach para cravo e as grandes obras corais e cantatas sacras do compositor alemão, trouxe-lhe o aplauso da crítica. Em 2014 conclui a épica gravação, pelo Bach Collegium Japan, da integral das Cantatas Sacras (55 volumes) iniciada em 1995, conquistando o Prémio ECHO Klassik por esse feito. Em 2010, juntamente com o seu ensemble, recebeu o Preis der Deutschen Schallplattenkritik e o Diapason d Or de l Année pela gravação de mote- tes de Bach, também galardoada com um BBC Music Magazine Award em Com o Bach Collegium Japan, nesta temporada, destaca-se a estreia do ensemble no México e na República Checa Festival Primavera de Praga; na Europa, apresenta-se nos Festivais de Erzgebirge e Flandres. Masaaki Suzuki combina a sua carreira de maestro com o trabalho como organista e cravista. Nasceu em Kobe, diplomou- se em composição e órgão na Universidade de Artes e Música de Tóquio e estudou cravo e órgão no Conservatório Sweelinck em Amesterdão com Ton Koopman e Piet Kee. Fundou e dirige o departamento de Música Antiga na Universidade das Artes de Tóquio, é Professor Visitante de Direcção Coral na Yale School of Music e Yale Institute of Sacred Music e maestro do Yale Schola Cantorum. Em 2012 recebeu a Medalha Bach de Leipzig e em 2013 o Prémio Bach da Royal Academy of Music. Em 2001, foi condecorado na Alemanha com a Verdienstkreuz am Bande des Verdienstordens der Bundesrepublik. 4 5

4 ORQUESTRA BARROCA CASA DA MÚSICA Laurence Cummings maestro titular A Orquestra Barroca Casa da Música formou-se em 2006 com a finalidade de interpretar a música barroca numa perspectiva historicamente informada. Para além do trabalho regular com o seu maestro titular, Laurence Cummings, a orquestra apresentou-se sob a direcção de Rinaldo Alessandrini, Fabio Biondi, Harry Christophers, Antonio Florio, Paul Hillier, Riccardo Minasi, Andrew Parrott, Christophe Rousset e Daniel Sepec, na companhia de solistas como Andreas Staier, Roberta Invernizzi e Franco Fagioli, e agrupamentos como The Sixteen ou o Coro Casa da Música. Os seus concertos têm recebido a unânime aclamação da crítica nacional e internacional. A OBCM apresentou-se em digressão em várias cidades portuguesas e também em Espanha (Festival de Música Antiga de Úbeda y Baeza), Inglaterra (Festival Handel de Londres) e França (Festivais Barrocos de Sablé e de Ambronay). Fez a estreia portuguesa da ópera Ottone de Händel e, em 2012, a estreia moderna da obra L Ippolito de Francisco António de Almeida. Em 2014, a OBCM interpreta obras bem conhecidas de Händel, Rameau, Monteverdi, Vivaldi, Corelli e Lully, entre outros compositores, e associa-se ao Ano Oriente na Casa da Música, dando a conhecer o gosto pelas turqueries na corte do Rei Sol. É dirigida pelo maestro japonês Masaaki Suzuki no festival À Volta do Barroco e na Temporada de Música em São Roque, e volta a colaborar com o teclista Andreas Staier, solista e maestro na interpretação de concertos para cravo de Bach e Benda. A temporada termina ao lado do Coro Casa da Música, com as Cantatas de Natal de Bach. A OBCM editou em CD gravações ao vivo de obras de Avison, D. Scarlatti, Carlos Seixas, Avondano, Vivaldi, Bach, Muffat, Händel e Haydn, sob a direcção de alguns dos mais prestigiados maestros da actualidade internacional. Violino I Huw Daniel Cecília Falcão César Nogueira Raquel Cravino Violino II Reyes Gallardo Bárbara Barros Ariana Dantas Eunjung Anna Ryu Viola Trevor McTait Manuel Costa Violoncelo Filipe Quaresma Vanessa Pires Contrabaixo José Fidalgo Trompa Gilbert Farras Hugo Carneiro Oboé Pedro Castro Andreia Carvalho Fagote José Rodrigues Gomes Cravo Miguel Jalôto 6 7

5 MECENAS PROGRAMAS DE SALA MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA MECENAS CICLO BARROCO