EXAME DE FINAL DE CURSO

Transcrição

1 II CONGRESSO BRASILEIRO DE POLÍTICAS MÉDICAS Rio de Janeiro Setembro de 2012 EXAME DE FINAL DE CURSO Renato Azevedo Jr.

2 HISTÓRICO 1989 Fórum de Qualificação Profissional de Nível Superior 1990 Cremesp e APM- Exame de Qualificação Profissional e Auto avaliação para Médicos no Estado de São Paulo 1991 a 1997 Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico-CINAEM 2002 Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares para as Escolas Médicas-Promed

3 HISTÓRICO Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes- ENADE 2005 Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde-Pró-Saúde

4 HISTÓRICO 2005 Exame do Cremesp 2008 Comissão de Especialistas avaliação in loco de 17 cursos com conceito 1 e 2 no ENADE 2011 Suspensas 514 vagas de 16 cursos 2012 Vagas todas restituídas pelo MEC

5 Cursos de Medicina no Brasil (197 cursos) Total de Cursos de Medicina ,2% Privados (115) 41,8 % Públicos (82) Ano de Criação Fonte: escolasmedicas.com.br

6 Estudantes de Medicina no Brasil vagas ingressantes concluintes Ano Fonte: Tabela do Censo do INEP

7 Escolas Médicas Problemas Projetos Pedagógicos inadequados Corpo docente insuficiente e sem qualificação Ausência de Hospitais-Escolas e/ou Campo de ensino conveniado / sucateado Turmas com grande número de alunos Falta estrutura ( biblioteca, equipamentos, etc.) Sem garantia de vagas na Residência Médica para os formandos Valores extorsivos de mensalidades em cursos particulares Avaliação insuficiente por parte das escolas Abertura de escolas = moeda de troca política

8 Aumento de Processos CREMESP: Em dez anos aumentou em 202% os processos ético-profissionais: cerca de 50% - relacionados a má prática o restante a outras infrações do Código de Ética Médica. Número de médicos de para (38%).

9 Exame do CREMESP Sete edições: 2005 a 2011 Alunos de sexto ano de Medicina do Estado de São Paulo Prova objetiva: avaliação cognitiva, distribuídas em nove áreas do conhecimento médico, com ênfase nos conteúdos básicos imprescindíveis para o bom exercício profissional. Realização: CREMESP - Fundação Carlos Chagas formandos já participaram do Exame do CREMESP reprovados (46,6%)-menos de 60% de acertos Avaliação não obrigatória.

10 Participantes e índice de reprovação do Exame do CREMESP 2005 a 2011 Ano do Exame Participantes Reprovados Reprovação (%)

11 Distribuição das questões por áreas de conteúdo Áreas de Conteúdo Fase I Total de questões Número da questão Clínica Médica 22 1 a 22 Clínica Cirúrgica a 44 Pediatria a 66 Ginecologia a 77 Obstetrícia a 88 Saúde Mental 5 89 a 93 Saúde Pública/ Epidemiologia 9 94 a 102 Ciências Básicas a 116 Bioética/Ética a 120 Total 120 Nível: 25% fácil; 50% médio; 25% difícil

12 Áreas de Conhecimento e Médias de Acertos Proporção de questões respondidas corretamente Áreas de conhecimento Exame 2011 Exame 2010 Exame 2009 Exame 2008 Exame 2007 Exame 2006 Exame 2005 Saúde Pública 49,0 54,8 60,7 66,6 72,3 67,5 40,6 Obstetrícia 54,1 64,7 62,6 53,9 58,9 56,1 59,3 Clínica Médica 56,5 56,8 48,4 56,7 50,0 60,8 55,2 Pediatria 59,3 64,5 57,0 51,3 50,4 63,6 73,9 Clínica cirúrgica 65,2 66,5 53,7 58,3 53,8 58,5 67,5 Ciências básicas 65,3 54,1 55,4 52,3 55,6 62,6 68,7 Saúde mental 67,3 69,8 51,2 83,1 63,6 58,6 68,4 Ginecologia 69,8 65, ,1 64,8 65,2 Bioética 78,2 71,9 85,7 74, ,2 62,8

13 Exame do CREMESP Demonstrou Forma persistente, deficiências no ensino médico Desempenho ruim em áreas básicas da Medicina Que os participantes erram casos comuns da prática médica A situação pode ser pior Alunos mais preparados podem ter maior interesse em participar voluntariamente O Exame voluntário tem limitações Devido à distribuição heterogênea dos participantes não é possível a avaliação do desempenho individual e comparativo das instituições de ensino. Com o Exame obrigatório será possível avaliar todo o universo e não só uma amostra aleatória

14 Exame do CREMESP: Novos Rumos Decisão Regulamentar o Exame no âmbito do Estado de São Paulo, como forma de estimular a participação dos formandos, obtendo resultados mais amplos sobre a qualidade da graduação Objetivo central da Resolução Estabelecer um documento a ser entregue pelo formando no momento de seu pedido de inscrição no CRM, que consiste no comprovante de participação no Exame, a ser realizado anualmente Sem nenhum efeito restritivo Aprovação não é pré-requisito para registro Garantida a confidencialidade dos resultados individuais. Resultados gerais e detalhados, sem identificação do examinando, serão entregues às Escolas e ao MEC

15 Exame do CREMESP: Novos Rumos Decreto 33045/58, regulamentou a Lei 3268/57 Artigo 2º, parágrafo 3º 3º Além dos documentos especificados nos parágrafos anteriores, os Conselhos Regionais de Medicina poderão exigir dos requerentes ainda outros documentos que sejam julgados necessários para a complementação da inscrição.

16 Resolução 239/2012 Art. 1º. Fica instituído o Exame do Cremesp, prova de conhecimentos médicos que servirá como instrumento de avaliação da formação dos profissionais recém-graduados Art. 2º. A declaração de comparecimento e realização do Exame do Cremesp será exigida no momento do pedido de registro médico junto ao Cremesp, como documento essencial e obrigatório, nos termos do 3º, do artigo 2º do Decreto Federal Presidencial nº /58.

17 Exame do CREMESP: Novos Rumos Art. 3º. A obtenção do registro profissional junto ao Cremesp não está condicionada ao resultado, mas sim à participação no Exame do Cremesp pelo recém-formado, sendo que a eventual reprovação não será impeditiva ou restritiva de direitos. 1º. Os resultados individuais e as notas obtidas são confidenciais, revelados única e exclusivamente aos participantes. 2º. A prova e o resultado do exame farão parte dos demais documentos que compõem o prontuário do médico, sob a guarda do Setor de Registro Profissional do Cremesp, somente podendo ser entregue por requisição pessoal do próprio participante. 3º. O participante que comparecer e não realizar a prova, independente da assinatura da frequência, não obterá o comprovante necessário para o registro no Cremesp.

18 Exame do CREMESP: Novos Rumos Art.4º. As instituições de ensino de Medicina receberão, em caráter confidencial, relatório conclusivo de desempenho de seus alunos, por área de conhecimento, sem a identificação pessoal dos participantes. Art.5º. O Exame do Cremesp será realizado anualmente e consistirá em teste cognitivo, abrangendo as áreas essenciais da Medicina, com ênfase nos conteúdos básicos imprescindíveis ao bom exercício profissional. Art. 6. Os profissionais recém-formados ou oriundos de outros estados ou países, ainda sem inscrição, poderão requerer sua inscrição no Cremesp a qualquer tempo. Parágrafo único. A não participação do profissional no Exame do Cremesp subsequente à sua inscrição acarretará o imediato cancelamento de seu registro.

19 Exame do CREMESP: Novos Rumos Art.7º. A prova será elaborada sob a responsabilidade do Cremesp, que poderá contratar professores e/ou instituições competentes para a sua execução. Art. 8º. A presente Resolução aplica-se apenas aos casos de primeira inscrição como médico. Parágrafo único. Os médicos que já possuem inscrição em outras regionais ao pleitear sua inscrição secundária ou transferência definitiva para o Cremesp não está o sujeitos à realização da prova. Da mesma forma, estão desobrigados os médicos que já possuam inscrição ou pedido de inscrição em andamento junto ao CREMESP no momento da entrada em vigor da presente Resolução.

20 Obrigatoriedade da participação no Exame do CREMESP Todos ganham! Avaliação externa Isenta, independente, feita por um órgão da Administração Pública Participantes Contarão com instrumento de auto-avaliação que poderá nortear a sua futura capacitação e aprimoramento profissional após a graduação. Sociedade Terá um mecanismo transparente de avaliação do aparelho formador, responsável pela qualificação dos médicos que terão a responsabilidade de cuidar da saúde da população. Ministério da Educação e dirigentes de escolas Terão subsídios mais consistentes para corrigir e aprimorar as instituições de ensino.

21 Exame do CREMESP Dois objetivos principais Avaliar com dados objetivos o atual estágio da formação médica das Escolas de medicina de São Paulo Provocar a discussão na sociedade brasileira sobre a formação médica no Brasil: qualidade ou quantidade?

22 EXAME DE FINAL DE CURSO Não é classificatório Não é eliminatório Avalia conhecimentos técnicos mínimos necessários para que o médico possa atender à população com qualidade Ter conhecimentos necessários à prevenção, tratamento e reabilitação das doenças de maior prevalência no Brasil, além de aspectos da saúde ao longo do ciclo biológico.

23 AVALIAÇÃO O que avaliar? Conhecimentos Como avaliar? Exames Teóricos (periódicos? Anuais?Terminais? Habilidades Exames Práticos (periódicos? Anuais?Terminais? Atitudes (incluí o comportamento ético) Atitudes AS FACULDADES TÊM OBRIGAÇÃO DE FAZER

24 CRÍTICAS AO EXAME Exame não avalia todas as habilidades que o médico deve ter Esta avaliação deve ser feita pela Escola, ao longo dos 6 anos Penaliza o aluno Quem não deve ser penalizada é a população que será atendida por um médico mal formado O que fazer com quem for reprovado Deve voltar para a Escola por mais um ano Cursinhos É o termômetro da má graduação. Bom curso de graduação não precisa de cursinho para aprovação neste tipo de prova A prova não impede a abertura de novas Escolas Impede a atuação de profissionais despreparados e provoca o debate

25 Lei Federal n 3.268/57 Artigo 2 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina são órgãos supervisores da ética profissional em toda a República e, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica cabendo-lhes zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente. Os CRMs são os únicos órgãos legalmente responsáveis pela habilitação que autoriza o exercício da Medicina.

26 Proposta Realização do Exame do Progresso em todas as Instituições de Ensino Médico, realizado pelas Escolas ou pelo MEC Avaliação eficiente dos alunos pelas Escolas, com retenção e reprovação Avaliação externa dos Médicos recém formados, com prova nacional unificada, feita pelo CFM e CRMs, e a não obtenção do registro em caso de reprovação.

27 Relatório Flexer, EUA, 1910 As escolas médicas são essencialmente iniciativas privadas cujo espírito e objetivo são gerar dinheiro. Um homem que pague suas mensalidades está, assim, praticamente assegurado de conseguir seu titulo, mesmo que assista ou não às aulas.

28 Relatório CINAEM 1997 O médico se forma sem a competência mínima para atender às demandas da população.

29 A Escola que prepara mal dá o diploma e os Conselhos Regionais de Medicina funcionam como cartório. Registram o diploma e dão a carteira profissional autorizando o exercício. Isso precisa ser corrigido. Nos EUA, desde o início do século XX, os alunos são submetidos a um exame obrigatório para o exercício da profissão. Aqui no Brasil esse problema já vem sendo discutido há muito tempo. (...)aos poucos vai se consolidando a idéia de que é preciso esse exame. (Prof. Adib Jatene)

30 FALTAM MÉDICOS NO BRASIL?

31 O Tempo Salvando A Verdade da Falsidade. ( François Memoyne, 1773) Uma medida da produção universitária mesmo imperfeita, é preferível a nenhuma. Só conhecemos aquilo que podemos medir. Sem as amarras da realidade mensurável, ciência é Indistinguível de teologia e delírio. (Hélio Schwartman)

32 OBRIGADO Renato Azevedo Jr.