Guimarães. Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na

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1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito do Tribunal Judicial de Guimarães 4º Juízo Cível Processo nº 3754/10.2TBGMR Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (lista provisória de créditos). P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 30 de Março de 2011 Página 1 de 1

2 I Identificação dos Devedores Mário Jorge Morais Alves Portilha, N.I.F , divorciado, residente na Rua de São Torcato, nº 1660, rés-do-chão, na freguesia e concelho de Guimarães. II Actividade dos devedores nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O devedor foi, desde 19 de Maio de 2008, empresário em nome individual exercendo a actividade de confecção de outro vestuário exterior em série, à qual corresponde o CAE 14131, tendo o seu estabelecimento na morada acima referida. Em Fevereiro de 2009 o devedor cessou a laboração da sua actividade alegando falta de encomendas e nunca voltou a retomar a mesma. Para efeitos fiscais a cessação da actividade ocorreu só em 4 Setembro de A actividade exercida pelo devedor visou dar continuidade à actividade que tinha sido desenvolvida pela sociedade CLAUDIPORT Confecções Unipessoal, Lda 1, utilizando para tal os meios produtivos desta, quer em termos de trabalhadores (incorporou 8 das 10/11 trabalhadoras), quer em termos de equipamentos, quer em termos de local do estabelecimento. A gerência de direito desta sociedade pertenceu à mãe do devedor, sendo que, de facto, a gerência estaria entregue ao seu pai, José Jorge Alves Mendes Portilha. Esta sociedade, constituída em 01/02/2003, já tinha sido a sucessora da actividade que este tinha desenvolvido, desde pelo menos 1998, em nome individual. A situação que levou o insolvente a cessar a sua laboração é explicada pelo mesmo da seguinte forma nas suas alegações: No início de 2009 a empresa começou a atravessar enormes dificuldades económicas, devido à recessão económica que assola o país, pelo que as encomendas passaram a ser insuficientes face às obrigações que tinha. Deixou de cumprir pontualmente com o Estado, com os fornecedores e com as trabalhadoras. E apesar de ter recorrido a financiamentos próprios para adquirir 1 Esta sociedade foi declarada em situação de insolvência por sentença proferida em 24 de Novembro de 2008, no âmbito do processo de insolvência nº 4079/08.9TBGMR do 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Guimarães. Este processo encerrou por insuficiência da massa insolvente. Página 1 de 5

3 matéria-prima para conseguir continuar a exercer a actividade, tal esforço provou ser inglório uma vez que o fosso era de tal forma que não foi possível sair da situação de incumprimento. Assim, no início do trimestre de 2009, a empresa deixou de laborar sendo que, apesar dos esforços do devedor para fazer acordos extrajudiciais de pagamentos faseados, as trabalhadoras da empresa intentaram, várias acções judicias que começaram a transitar em finais de Nesta altura, perante os valores elevados de indemnizações que foram fixadas nos respectivos processos laborais, o devedor viu-se impossibilitado de os cumprir e apresentou-se à insolvência, em Novembro, sem saber que este processo já tinha dado entrada. O devedor actualmente trabalha na sociedade PETROTEC - Sociedade Gestora de Participações Sociais S.A., com o N.I.P.C e sede no Parque Industrial de Guimarães, na freguesia de Ponte, concelho de Guimarães, onde exerce as funções de Técnico Administrativo e aufere a remuneração mensal bruta de Euros 805,00. O salário do devedor encontra-se penhorado desde Julho de 2009 no montante mensal de Euros 250,25. O devedor trabalhava nesta empresa já antes de ter iniciado actividade como empresário em nome individual, continuando este trabalho durante esse período. O devedor mora actualmente com os pais, residindo nessa habitação a título de arrendamento, pagando uma renda mensal de Euros 135,00. III Estado da contabilidade do devedor (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. IV Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) O devedor apresentou, com a contestação, o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Página 2 de 5

4 Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que o devedor venha a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título ao devedor com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno da devedora e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 485,00. Conforme atrás foi referido, o devedor aufere actualmente um rendimento mensal bruto de Euros 805,00 pelo que pelo que o seu rendimento disponível é nesta altura, no seu valor mínimo, nulo. Ao exercer uma actividade como empresário em nome individual, o devedor é titular de uma empresa e, como tal, fica obrigado a apresentar-se à insolvência nos termos do nº 1 e 2 do artigo 18º do CIRE, ou seja, nos 60 dias seguintes à data do conhecimento da situação de insolvência, tal como descrita no nº 1 do artigo 3º, ou à data em que devesse conhecê-la. Pela análise dos elementos recolhidos conclui-se que a actividade do devedor visou a manutenção da actividade um estabelecimento que anteriormente tinha estado na titularidade de uma sociedade cuja gerência esteve entregue aos seus pais e, já antes desta, na titularidade do seu pai. Tenha-se ainda em atenção que durante o período em que foi empresário em nome individual, o devedor manteve também a sua qualidade de trabalhador por conta de outrem. Existem dois momentos com relevância para o início da contagem do prazo a partir do qual o devedor deveria apresentar-se à insolvência: Página 3 de 5

5 a) O primeiro reporta-se a Julho de 2009, altura em que o ordenado do devedor é penhorado no âmbito da acção executiva nº 2199/09.1TBGMR do Juízo de Execução do Tribunal Judicial de Guimarães instaurada pela credora Sara Cristina Morais Macedo Rocha; b) O segundo reporta-se a 9 de Fevereiro de 2010, data da sentença proferida no processo nº 512/09.0TTGMR do 2º Juízo do Tribunal do Trabalho de Guimarães, instaurado pela requerente deste processo de insolvência. Da contestação apresentada pelo devedor, conclui-se que este só em Novembro de 2010 tomou consciência da sua situação de insolvência, decorrente dos valores elevados que foram fixados nos vários (seis) processos judiciais intentados pelas trabalhadoras. O signatário não pode concordar com esta posição, já que: Desde Julho de 2009 quem o devedor tinha o seu salário penhorado em cerca de 1/3 do seu valor bruto; Da extinção dos postos de trabalho era líquido que as trabalhadoras teriam sempre direito a um valor compensatório, estando apenas em causa o volume desta compensação e que, no mínimo, corresponderia ao equivalente a três meses de remuneração base para cada uma delas; O devedor não é titular de quaisquer bens móveis ou imóveis, tendo apenas como fonte de receita a sua remuneração (penhorada desde Julho de 2009); É pois minha convicção que o devedor não poderia ignorar, desde pelo menos Julho de 2009, que não tinha perspectivas sérias de melhoria da sua situação económica, quer pelo facto de parte do seu rendimento ter sido penhorado, quer pelo facto de ser devedor de quantias às trabalhadoras (pelo menos aquelas que decorrem da lei) resultantes da extinção dos postos de trabalho. O pedido de apoio judiciário formulado pelo devedor, tendo em vista apresentarse à insolvência, reporta-se a 23 de Setembro de 2010, ou seja, mais de 1 ano após o momento em que o devedor não poderia, ou não deveria, ignorar a sua situação de insolvência (Julho de 2009). Neste sentido, parecem-me cumpridos os parâmetros da alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE, requisito que leva ao indeferimento liminar do pedido de exoneração do devedor. Página 4 de 5

6 Nesta conformidade, sou de parecer que o pedido de exoneração do passivo restante deve ser indeferido por violação do dever de apresentação à insolvência nos termos da alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Os credores deverão ainda deliberar no sentido do encerramento do processo, nos termos do artigo 232º daquele mesmo código, dada a situação de insuficiência da massa insolvente. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 30 de Março de 2011 Página 5 de 5

7 Lista Provisória de Credores (Artigo 154º do C.I.R.E.)

8 Insolvência de "Mário Jorge Morais Alves Portilha" Lista Provisória de Credores (nº 1 do artigo 154º do C.I.R.E.) # Identificação do Credor Montante dos Créditos e sua Natureza Valor do Crédito Garantidos Privilegiados Comuns Subordinados Sob Condição C/ Voto S/ Voto % Fundamento Mandatário Albertina da Fátima da Costa Ribeiro Lopes Laura Ferreira, Dra. 1 Rua 24 de Junho, 2117, 3º Esq. SS 9.511, ,23 12,1147% Remunerações Largo Navarros de Andrade 1, 3º Esq Guimarães Guimarães NIF / NIPC: NIF: Maria Arminda de Sousa Figueiredo Conceição Teles Curado, Dra. 2 Urbanização Nossa Senhora da Conceição, Rua B, Entrada 110, 4ª , ,95 7,0627% Remunerações Av. De Londres, nº Azurém GMR Guimarães NIF / NIPC: NIF: Maria da Luz Pereira de Carvalho Avelino Marques, Dr. 3 Rua António Leite, nº , , , ,00 13,6322% Remunerações Rua de Camões, nº Serzedo GMR Guimarães NIF / NIPC: NIF: Maria Emília Teixeira Rua Damão, 184 Azurém Guimarães 2.500, ,00 3,1843% Relacionado Maria Lopes Vieira Sandrina Cunha, Dra. 5 Lugar do Alto, , ,99 6,3393% Remunerações Praça Heróis da Fundação, 298, Sala M Gominhães GMR Guimarães NIF / NIPC: NIF: Marta Paula da Silva Brás Rosa Morais Abreu, Dra. 6 Rua Prof. Aurora dos Prazeres, 39 A , ,15 15,6339% Remunerações Av. De Londres, Edf. Luzaga, nº 540, 7º Andar, Apartado Fermentões GMR Guimarães NIF / NIPC: NIF: Rosa Carina Vieira Silva Sandra de Melo Lima, Dra. 7 Rua 25 de Abril, nº 114 A 3.000, ,00 3,8212% Remunerações Rua João de Melo, nº 6, 1º Andar São Torcato Guimarães NIF / NIPC: NIF: Sara Cristina Morais Macedo Rocha Rua Pousada de Dentro, 105 6º Dto. Azurém Guimarães , ,00 38,2117% Relacionado 9 10 Total , , , , ,00 100,0000% O Administrador da Insolvência 30 de Março de 2011 (Nuno Oliveira da Silva) Elaborado por Nuno Oliveira da Silva Lista Provisória de Credores (nº 1 do artigo 154º do C.I.R.E.) - Folha 1 de 1