RECURSO VOLUNTÁRIO FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DO ESTADO DO RECURSO

Transcrição

1 RECURSO VOLUNTÁRIO Processo nº 420/2017 Recorrente: ARAPONGAS ESPORTE CLUBE Recorrido: PARANÁ FEDERAÇÃO DE FUTEBOL DO ESTADO DO RECURSO Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo Arapongas Esporte Clube contra decisão do TJD PR que negou garantia a ação interposta contra a Federação Paranaense de Futebol. Em breve síntese, a Federação Paranaense de Futebol emitiu o Ato Presidencial 28/2017, declarando WO o jogo entre Arapongas EC x Colorado AC pela sétima rodada do 2º. turno do Campeonato sub-17, que deveria ser realizado dia 2 de setembro passado as 10 horas na própria cidade de Arapongas (PR).

2 A decisão administrativa da Federação levou em conta o relatório do árbitro informando que não havia condição de jogo em face da falta de redes nos gols, sinalização das bandeirinhas, marcação do campo e os vestiários fechados. O árbitro chegou a aguardar mais de uma hora com os times em campo, dando por não realizada a partida pelos fatos mencionados. Consta ainda da súmula a ausência de médico e ambulância. Consta, o time do Arapongas mandante no presente caso - aluga para os seus jogos de mando o estádio particular do SESI localizado na mesma cidade, mas, segundo o clube, por falha de comunicação, os responsáveis pelo estádio não compareceram no dia agendado para providenciar a infraestrutura necessária ao jogo. O clube recorre da negativa da Garantia afirmando possuir direito líquido e certo de ter a partida remarcada; que não houve WO; afirma que não deu causa e que a culpa não foi deles; alega ainda ato abusivo e ilegal da FPF. Em razões recursais a FPF se manifesta dizendo que o recurso do clube apenas replica o que já foi julgado na instância inferior onde a pretensão foi rechaçada por unanimidade; que não existe direito líquido e certo; que a responsabilidade é do clube

3 locatário e não da entidade privada locador; que não existe prova pré-constituída da efetiva locação do estádio nos autos além de não haver ilegalidade no ato da Presidência da FPF. A Procuradoria em seu parecer se manifesta pela mantença da decisão a quo, e que seja negado provimento ao recurso. Esse é o relatório. Voto. O recurso não merece ser provido. Primeiro porque não existe o direito líquido e certo. Para a sua caracterização é necessário que seja o seu direito certo e incontestável, estando ameaçado ou já violado por ato manifestamente inconstitucional ou ilegal, o que não ocorreu no presente caso, portanto, a pretensão do clube ao direito líquido e certo de ter o seu jogo remarcado não pode prosperar. Segundo, porque o Art. 203 é claro: Art Deixar de disputar, sem justa causa, partida, prova ou o equivalente na respectiva modalidade, ou dar causa a sua não realização ou a sua suspensão. PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ ,00 (cem mil reais), e perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na forma do regulamento. 1º A entidade de pratica desportiva também fica sujeita as penas deste artigo se a suspensão da partida tiver sido comprovadamente causada ou provocada por sua torcida.

4 2º Se da infração resultar benefício ou prejuízo desportivo a terceiro, o órgão judicante poderá aplicar a pena de exclusão da competição em disputa. 3º Em caso de reincidência especifica, a entidade de pratica desportiva será excluída do campeonato, torneio ou equivalente em disputa. 4º Para os fins do 3º, considerar-se-á reincidente a entidade de pratica desportiva quando a infração for praticada em campeonato, torneio ou equivalente da mesma categoria, observada a regra do art. 179, 2º. O quer significa dar causa a sua não realização?! O legislador ao construir essa segunda parte do artigo 203, colocou esse comando em sentido amplo e que abarca diversas condutas comissivas ou omissivas. O Arapongas deu sim causa, mas o fez na forma omissiva. A decisão administrativa da Federação paranista se deu em face do descumprimento total pelo Arapongas do Art. 32 e incisos do RGC Regional. DA ORDEM E DA SEGURANÇA DAS PARTIDAS Art Ao CLUBE mandante, para a realização da partida, além das medidas de ordem administrativas e técnicas indispensáveis à segurança e à normalidade do espetáculo, compete, entre outras, as seguintes providências: I - solicitar formalmente policiamento para seus jogos, comprovando o envio de solicitação e a prova do recebimento por parte da autoridade policial competente, providenciando para que o policiamento do campo seja feito exclusivamente por policiais fardados, respondendo pelas correspondentes despesas;

5 II - marcar o campo de jogo observando as disposições da IFAB, colocar redes nas metas e bandeiras de escanteio, de acordo com as regras oficiais do jogo; III - posicionar mesa e cadeiras de pista, protegida de sol e chuva, para o Delegado da FPF; IV - manter o campo de jogo limpo, isento de papéis, latas, pedras e fios de transmissão, que possam prejudicar o bom andamento da partida; V - posicionar publicidade de modo a não prejudicar o jogo, tampouco a assistência; VI - em COMPETIÇÕES profissionais, manter no local da partida, até o final, os seguintes equipamentos: a) maleta de primeiros socorros; b) maca portátil de campanha; c) material adequado a ser utilizado para remover atletas com suspeita de fraturas da coluna; d) ambulância, ou transporte semelhante, com o tamanho suficiente para transportar uma pessoa deitada; e) manter junto à ambulância um desfibrilador (equipamento médico cárdio vascular) e equipamentos e medicamentos apropriados para ocorrência casos de mal súbito e para reanimação cardiopulmonar. VII - em competições profissionais, indicar porteiros, bilheteiros e demais pessoas para os serviços relativos à partida, com exceção do Arrecadador de Campo, do Delegado da FPF, Árbitros da partida, e observador, que serão indicados pela FPF. Parágrafo único. O disposto no inciso I deste artigo se aplica tão somente aos CLUBES profissionais, inclusive nos jogos disputados nas categorias de base.

6 É certo que a redação do RGC regional em seu Art. 48 ao mencionar o WO não está clara, suscitando dúvidas na sua interpretação, mas não pode o clube transferir a sua responsabilidade a terceiros alheios à Justiça Desportiva. Entendo que o clube pode e deve buscar a reparação dos fatos na justiça comum pelos eventuais danos sofridos pela conduta do locador, dependendo dos termos do contrato firmado que não foi juntado aos autos, mas para fins da justiça desportiva, a responsabilidade pela não realização da partida foi do clube. Diante dos fatos rejeito o recurso da defesa e mantenho a decisão do TJD regional que denegou a Garantia pretendida. Intime-se. Publique-se. Rio de Janeiro, 23 de Novembro de MAURO MARCELO DE LIMA E SILVA AUDITOR RELATOR