DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DA FOLICULOGÊNESE E OOGÊNESE DO Laetacara araguaiae (Perciformes, Cichlidae).

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1 DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DA FOLICULOGÊNESE E OOGÊNESE DO Laetacara araguaiae (Perciformes, Cichlidae). Silva, A. P. S¹, ² *, Siqueira-Silva, D. H¹, ³; Douglas de Castro Ribeiro, D. C¹, ²; Ninhaus-Silveira¹, Veríssimo-Silveira, R¹. ¹UNESP Univ. Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteira, Dep. Biologia e Zootecnia, L.I.NEO Laboratório de Ictiologia Neotropical. ²UNESP Univ. Estadual Paulista, Campus de Ilha Solteria, PPG Ciência e Tecnologia Animal. ³UNESP Univ. Estadual Paulista, Campus de São José do Rio Preto, PPG Biologia Animal. silva.amandabio@yahoo.com.br Introdução A identificação e caracterização morfológica de células germinativas é parte primordial para entender a formação do folículo ovariano e o desenvolvimento dos oócitos de uma espécie. Portanto este estudo teve por objetivo caracterizar morfologicamente a foliculogênese e a oogênese do ciclídeo Laetacara araguaiae. Material e Métodos Fêmeas adultas de Laetacara araguaiae foram coletadas mensalmente de abril/2012 à março/2013 no Rio Dois Córregos (S 20º W 051º Alt: 329m), Véstia, Selvíria - Mato Grosso do Sul. Depois de anestesiados em solução alcoólica de benzocaína (1g/ml), foi realizada a biometria, as gônadas foram removidas e o material foi fixado em solução de paraformaldeído a 4% e glutaraldeído a 2% em tampão fosfato Sorensen, ph 7,4, over night. Após a fixação, os fragmentos dos ovários foram desidratados em álcool e incluídos em historesina (Technovit 7100/historesina). Cortes histológicos de 3µm de espessura foram submetidos a colorações de hematoxilina/eosina e PAS+Hematoxilina de Harris+Metanil yelow, no Laboratório de Ictiologia Neotropical, do Departamento de Biologia e Zootecnia, da Faculdade de Engenharia da UNESP, Campus de Ilha Solteira. Resultados No epitélio germinativo são encontrados diferentes tipos de oogônias as quais participam do processo inicial da foliculogênese. Em L. araguaiae, as oogônias do tipo A- indiferenciada (Fig.1A), possuem citoplasma e núcleo alongados, cromatina pouco condensada e nucléolo discreto, são encontradas isoladas e se proliferam por mitose dando origem a ninhos de oogônias do tipo A-diferenciada (Fig.1B), cujo citoplasma é mais claro, o núcleo é

2 evidente e esférico e o nucléolo volumoso. Elas são individualizadas por células pré-foliculares (Fig.1C), podendo manter-se quiescentes ou por divisões mitóticas dar origem a um novo ninho de oogônias que entram em meiose, tornando-se oócitos profásicos dentro de cistos. Cistos de oócitos iniciais podem ser distinguidos pela organização da cromatina que é diferente nas etapas da prófase meiótica. Oócitos em leptóteno (Fig.1D) possuem núcleo basofílico, e nucléolo eminente. Em zigóteno (Fig.1E), a cromatina nuclear inicia sua condensação em pequenos grânulos. Em paquíteno (Fig.1F) com a formação do complexo sinaptonêmico e pareamento dos cromossomos homólogos observa-se uma forte condensação dos cromossomos. A desconstrução do complexo sinaptonêmico e retração dos cromossomos homólogos no envelope nuclear ocorrem em paquíteno tardio (Fig.1G). No estágio de diplóteno há um aumento celular, o núcleo e o nucléolo estão mais volumosos, o citoplasma está mais claro e (Fig.1H). Eles são circundados por células foliculares que irão isolá-los formando o folículo ovariano e finalizando a etapa de foliculogênese (Fig.1I). Seguindo com a oogênese, em Crescimento primário, oócitos pré vitelogênicos (Figs.2A,B), tem seu citoplasma mais basófilo, nucléolos na região perinucleolar, folicular pavimentosa e com o crescimento do oócito, ocorre o surgimento da zona radiata bem fina, primeira camada da teca e deposição de alvéolos corticais na periferia (Fig.2C). O crescimento secundário ou vitelogênese foi caracterizado pela deposição de pequenos grânulos de vitelo ao redor do núcleo (Fig.2D) e posteriormente por todo o citoplasma(fig.2e), camada folicular cubóide, teca interna e externa e espessamento da zona radiata (Fig.2F). Oócitos atrésicos (Fig.2I) aparecem com mais frequência nesta fase, caracterizado pela presença de grânulos de vitelo, vasos sanguíneos e células foliculares em degeneração além de melanomacrófagos. Na fase de maturação (Fig.2G), o oócito apresenta todo o citoplasma preenchido por alvéolos corticais e vitelo, complexo folicular bem desenvolvido e migração da vesícula germinativa em direção à micrópila (Fig.2H). Discussão e Conclusões A descrição da foliculogênese em L. araguaiae com diferentes tipos de oogônias foi similar a relatada em Pimelodus maculatus (IRANI et. al, 2011) com exceção da presença de ninhos de oogônias B, nesta espécie de Siluriformes. Em L. araguaiae as diferenças na condensação da cromatina ao longo da meiose, seguem o padrão para oócitos profásicos, também observadas para Gymnotus sylviusque (FRANÇA et al. 2010) e Cyprinus Carpio (MAZZONI et. al, 2010). No interior de cada cisto, o desenvolvimento das células germinativas é sincrônico em nossa espécie. Acredita-se que esse tipo de desenvolvimento deva-se à presença de pontes citoplasmáticas entre as células. Essas pontes citoplasmáticas entre oócitos profásicos foram vistas nos cistos de oócitos profásicos do Mugiliformes, Liza aurata (LE MENN et al., 2007).

3 Na formação dos folículos ovarianos, dos animais sexualmente adultos, as células préfoliculares progressivamente interpenetram nos cistos e envolvem cada oócito individualizandoos (Grier et al., 2009), como visto para L. araguaiae em que os prolongamentos das células pré-foliculares irão aos poucos isolar os folículos. As células da camada folicular em crescimento primário são pavimentosas e em vitelogênese são cubóides. Isso se deve ao fato das células foliculares serem polimórficas em decorrência do seu ativo processo de movimentação ao envolverem os oócitos. Ainda são circundadas e apoiadas numa membrana basal. A foliculogênese em L. araguaiae é parte primordial para o entendimento das fases seguintes de seu desenvolvimento. Portanto ao término desta os oócitos estão aptos a entrar em crescimento primário e prosseguir com a oogênese. As demais fases da oogênese seguem o padrão descrito para alguns teleósteos, Cyprinus Carpio (Mazzoni et. al, 2010); Gymnotus sylviusque (França et al. 2010); Pimelodus maculatus (Irani et. al, 2011). Referências FRANÇA, G. F.; GRIER, H. J.; QUAGIO-GRASSIOTO, I. A new vision of the origin and the oocyte development in the ostariophysi applied to Gymnotus sylvius (Teleostei, Gymnotiformes). Neotropical Ichthyology, 8(4): , GRIER, J. H; URIBE, M. C, PATINO, R. The ovary, folliculogenesis and oogenesis in teleosts. In: Jamieson BJM, editor. Reproductive biology and phylogeny of fishes (Agnathans and Bony Fishes) phylogeny reproductive system viviparity spermatozoa. Enfield: Science Publishers. p 25 84, LE MENN, F; CERDÁ, J; BABIN, P. J. Ultrastructural aspects of the ontogeny and differentiation of ray-finned fish ovarian follicles. In: Babin PJ, Cerda ` J, Lubzens E, editors. The fish oocyte: from basic studies to biotechnological applications. Dordrecht: Springer. p 1 37, MAZZONI, T. S; GRIER, H. J, Quagio-Grassiotto I. Germline cysts and the formation of the germinal epithelium during female morphogenesis in Cyprinus carpio (Teleostei: Ostariophysi: Cypriniformes). Anat Rec 293: , QUAGIO-GRASSIOTTO, I.; GRIER, H. J.; MAZZONI, T. S.; NÓBREGA, R. H.; AMORIM, J.P. Activity of the ovarian germinal epithelium in the freshwatercatfish, Pimelodus maculatus (Teleostei: Ostariophysi: Siluriformes): germline cysts, follicle formation and oocyte development. J Morphol, 8: , 2011.

4 Figura 1: Formação do folículo ovariano. A oogônia A-indiferenciada (OAI); B ninho de oogônias A-diferenciada (OAD); C oogônia A-diferenciada isolada por pré foliculares; D oócitos em Leptóteno; E Zigóteno; F Paquíteno; G Paquíteno tardio; H Diplóteno; I Folículo ovariano. Legendas: NI ninho; seta nucléolo; cabeça de seta células préfoliculares; * - núcleo.

5 Figura 2: Fases da oogênese:- Crescimento Primário: A Oócito pré-vitelogênico; B Oócito alvéolo cortical; C Complexo folicular; Crescimento Secundário: D Início da deposição de grânulos de vitelo; E acúmulo de vitelo; F Complexo folicular; Maturação: G Migração da vesícula germinativa; H Micrópila; I Oócito atrésico. Legendas: N núcleo; ac alvéolo cortical; V vitelo; zr zona radiata; t teca; f camada folicular; vs vaso sanguíneo; m micrópila; cabeça de seta nucléolo.