Escola Focus Fotografia UMBANDA: HISTÓRIA E CULTURA

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1 Escola Focus Fotografia UMBANDA: HISTÓRIA E CULTURA Amanda Prometti Palermo São Paulo ABRIL, 2018

2 Escola Focus Fotografia UMBANDA: HISTÓRIA E CULTURA Amanda Prometti Palermo Trabalho de conclusão do curso da Escola Focus Fotografia do Estado de Sãõ Paulo, sob orientação do Profº Enio Leite. São Paulo ABRIL,

3 AGRADECIMENTOS Em primeiro queria agradecer às figuras responsáveis por esse crescimento. Uns contraditoriamente, responsáveis tanto por meus momentos de fragilidade emocional e psicológica, quanto por momentos de apoio e suporte. Outros responsáveis apenas por alegria e apoio, me dando força para continuar. Primeiramente, independente de caras e bocas, preciso agradecer os Orixás e os guias espirituais, que me deram um apoio impossível de descrever e nunca poderei retribuir tamanho carinho e compreensão. Em segundo lugar queria agradecer minha família, por sempre me apoiar em todas as minhas decisões, por sempre me fazer acreditar que eu posso, por sempre verem potencial em mim. Agradeço a minha família espiritual, meu padrinho Pai João Ricardo e minha madrinha Solange e todos da casa, pelo apoio e compreensão, pela força e alegria, pelo carinho e amizade, fizeram toda a diferença no meu suporte emocional. Amo vocês! E sem faltar queria agradecer ao pessoal do curso, a todos que estiveram comigo nesses meses que infelizmente se passaram muito rápido, mas saibam que vocês fizeram a diferença. E ao professor que sempre vinha tirando minhas dúvidas, e fazendo com que eu conheça mais sobre a fotografia. 3

4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 5 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 PREPARAÇÕES ANTES DOS TRABALHOS POSTURAS AO ENTRAR NO TEMPLO PREPARAÇÕES NO TEMPLO A VESTIMENTA PREPARAÇÕES DO AMBIENTE PARA OS TRABALHOS ABERTURA DOS TRABALHOS SETE LINHAS DA UMBANDA BATIMENTO DE CABECA A DEFUMAÇÃO OS ORIXÁS E OS GUIAS NA UMBANDA 4.1 OS ORIXÁS OS GUIAS AS FERRAMENTAS EXÚ E POMBO-GIRA OS ATABAQUEIROS OGÃS ANÁLISE 6.1 DIFERENÇA ENTRE UMBANDA, CANDOMBLÉ E QUIMBANDA FOTOS AUTORAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 53 4

5 1. INTRODUÇÃO A Umbanda é uma religião que tem influencia espiritismo kardecista, do Cristianismo e das religiões africanas. A casa Pai Xangô e Caboclo Roxo é um terreiro de umbanda totalmente voltado ao respeito e à proteção a natureza. Pedi ao Pai João Ricardo, líder do terreiro, e ele permitiu que fotografasse. A Umbanda hoje é a única religião tipicamente brasileira. Esta religião é a mais nova, completara 110 anos dia 15 de Novembro. Ela foi fundada em 1908, dentro da religião de Kardec, em uma sessão de Kardec, por um menino de 17 anos enfermo que estava lá buscando a cura de sua enfermidade. E ele teve, sem nenhum conhecimento prévio, a incorporação de um caboclo, demonizado Caboclo das 7 Encruzilhadas. Eles não tinham liberdade de trabalhar naquela época dentro da religião de Kardec, hoje já vemos muitas incorporações de pretos velhos dentro da religião e já é bem mais aceito, salvo alguns centros que ainda não aceitam. Hoje já e mais normal o caminhar junto destas duas religiões, ver dentro do terreiro de umbanda trabalho kardecismo, de desobsessão e dentro de um centro kardecista ter trabalho com entidades da umbanda, que ate se portam de forma diferente não utilizando bebida, etc. Então, a nossa religião nascem em 1908, no município de Neves, no Rio de Janeiro, perto de Niterói. E de lá pra cá temos o terreiro mais velho completando 110 anos e essa tenda, Nossa Senhora da Piedade, desencadeou outras seis tendas também no estado do RJ e de lá se expandiu para o Brasil. Hoje podemos dizer que se expandiu para o mundo, temos o conhecimento de terreiros de umbanda na Europa, Na África, espalhados pela América do Sul, América Central, etc. Não conseguimos saber exatamente o numero de adeptos, existia ate algumas associações que fazem esse controle mas ela não se conversam e também muitos terreiros não são ligados a nenhuma associação. A nossa religião não tem um livro, como a Bíblia ou o Corão, que temos que seguir a uma linha de trabalho, e então por essa diversidade nas formas de trabalho, temos uma concentração para fazer o calculo e saber quantos adeptos temos. Hoje existe a umbanda mais ligada ao candomblé, tem gente que chama de "Umbandomble", existe o Candomblé propriamente dito, existe o Candomblé com aceitação de entidades, então vemos que se misturou muito. Costumamos dizer que é meio como o povo brasileiro, essa misticidade, essa mistura de raças, de classes. Então, isso a gente encontra na 5

6 nossa religião. E dentro desses 110 anos, ela vem crescendo muito. Eu estou há poucos anos na religião, e dentro desse tempo eu vejo que tem muitos terreiros de umbanda, e terreiros mais adeptos, pois parece que a religião esta deixando de ser descriminada. Antes existia sentimento de vergonha da pessoa diz que era da religião e hoje vemos que não tem mais essa vergonha, Infelizmente no ultimo censo não havia religião de umbanda, as pessoas tinham que responder "outros". Isso deixa todos abismados, porque é a única religião brasileira e não tinha essa opção dentro da pesquisa deles. Então, resumindo: a umbanda nasceu dia 15 de novembro de 1908, em Neves no Rio de Janeiro, através da incorporação do espirito Caboclo das Sete Encruzilhadas, no médium chamado Zélio Fernadino de Morais, que fundou o primeiro templo de umbanda. Hino da Umbanda Apesar de a Umbanda variar de acordo com cada região do Brasil e de cada casa/terreiro, ao menos uma canção é muito popular: o Hino da Umbanda. Composta por José Manoel Alves (letra) e Dalmo da Trindade Reis (música) foi oficializada como hino em Refletiu a Luz Divina Em todo seu esplendor Vem do reino de Oxalá Onde há paz e amor Luz que refletiu na terra Luz que refletiu no mar Luz que veio de Aruanda Para tudo iluminar A Umbanda é paz e amor É um mundo cheio de Luz É a força que nos dá vida É a grandeza que nos conduz Avantes, filhos de fé Como a nossa lei não há Levando ao mundo inteiro A bandeira de Oxalá 6

7 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 PREPARAÇÕES ANTES DOS TRABALHOS Nos dias de trabalho, tomar banhos de ervas, antes de acender a vela para o anjo da Guarda. Os banhos podem ser apropriados a cada um, de acordo com o seu orixá de cabeça ou se o mesmo ainda não for conhecido poderão ser feitos banhos de defesa indicados a todos, de acordo com a orientação da casa. O banho de defesa, ou o que foi determinado pelo guias, poderá ser tomado horas antes da cerimonia ou mesmo no dia pela manha, Para os banhos ferver a agua em um vasilhame e colocar um numero impar de ervas, abafando-as. Deixando esfriar naturalmente e, após o banho de higiene, derramar o preparado de ervas o ombro para baixo ou segundo a orientação do dirigente da casa. Exemplos de ervas: arruda, guiné, alecrim, manjericão, alfazema, tapete de oxalá, abrecaminhos, quebra-demanda, essas ervas podem ser jogadas da cabeça para baixo. O banho de sal grosso deve ser feito quando o médium se sentir sobrecarregado, este banho deve ser feito do pescoço para baixo. Logo no dia seguinte ele devera tomar o banho de ervas. Antes de sair de casa, o médium deve firmar elas, para a direita e para a esquerda, de acordo com as orientações da casa frequentada. Caso não possa firmar as velas de proteção em sua casa, o Templo poderá oferecer um espaço apropriado para isso. 2.2 POSTURA AO ENTRAR NO TEMPLO Sempre que adentrarmos em um templo, devemos pedir licença e comportarmo-nos religiosamente, ainda mais se ele for de nossa religião, pois é o local onde nos conectamos com o Divino Criador. Não devemos jamais levar nossos vícios para os espaços sagrados e nossa conduta nesses locais devem ser de extrema cerimonialidade, cuidado e espeito. Esse lugar é incompatível com conversas, brincadeiras, comercio, vícios, luxos ou qualquer outra inconveniência. O Terreiro é um espaço sagrado. Todos devem estar irmanados no amor, na fé, e nas 7

8 atitudes, pois a postura é o modo pelo qual Deus se manifesta por meio de cada um, para o seu semelhante. Portanto, nossa postura deve ter coerência como o espelha o Pai. O corpo de trabalho, além das atitudes adequadas, tem que estar em prontidão, em sintonia como o chefe da sua casa. Deve ter a compressão profunda do momento sagrado batente clareza da fronteira entre o profano e o sagrado. 2.3 PREPARAÇÃO NO TEMPLO Quando chegar ao centro, saudar a tronqueira, espaço destinado ás firmezas e assentamentos da linha da esquerda do Templo, com os senhores Exus, Senhoras Pombo giras, Guardiões e Guardiãs, pedindo a eles licença para entrar na casa e proteção para os trabalhos. Manter atitude de prontidão, respeito, seriedade, responsabilidade, atenção, presteza, gentileza, educação, concentração, dedicação, amor e ser exemplo de boa conduta. Ao entrar no conga, saudar a porteira interna do terreiro fazendo uma cruz no chão. Pedir licença e reverenciar os protetores e mentores da casa. Saldando as correntes da direita e da esquerda. Tirar todos os objetos metálicos do corpo, para que não interfiram na troca metálica com o campo espiritual. Pegar as guias beija-las, em sinal de respeito ao Pai e Mãe, os orixás e aos demais guias de trabalho. Tocas a testa com todas as guias, pedindo permissão ao seu orixá de frente para trabalhar. Segura-las, ate o momento da defumação e ficar em concentração, não cabendo atitudes inadequadas, pois a espiritualidade já esta atuando. 2.4 A VESTIMENTA Nos trabalhos regulares, os médiuns deverão usar roupas brancas, limpíssimas, adotadas pela casa. A vestimenta poderá se diferenciada, em giras especiais ou festas. O branco não é uma cor e, sim a reflexão de todas as cores, trazendo as propriedades terapêuticas delas, refletindo, ate mesmo, cargas astrais. O branco favorece a mente, inspirando pensamentos mais puros e sublimes. O branco é o Pai 8

9 Oxalá, regente a Fé no Ritual de Umbanda Sagrada. Como a fé é o mistério religioso por excelência, o astral tem estimulado o uso dos paramentos brancos. É por isso, também, que o conjunto dos umbandista é denominado O EXÉRCITO BRANCO de Pai Oxalá. O pano branco de cabeça faz parte da vestimenta ritualista, Esse pano será de uso obrigatório, pois filtra formas-pensamento e projeções mentais, além de seu uso significar respeito as forcas divinas. O calçado, sapatilha branca ou tênis branco, devera ser usado exclusivamente nos trabalhos da casa e ser colocado e retirado com a vestimenta branca, para que não traga sujeiras da rua para dentro do espaço purificado do conga. A roupa branca ritualista devera ser utilizada só no dia do trabalho e não no dia a dia. A roupa deve ser lavada de um trabalho para o outro, não só por questão de higiene física, mas também para limpar energias negativas que porventura tenham ficado impregnadas. As guias não são enfeites! As guias de cristal, louca, miçangas, contas de rosário, olhos de boi ou de cabra, ou outras composições, são condensadores energéticos, utilizados pelos guias de lei, para descarregar acúmulos negativos alojados nos compôs eletromagnéticos. Durante os trabalhos, as energias que vão sendo captadas vão se condensando as guias e não são absorvidas pelos corpos energéticos dos médiuns, livrando-os de sobrecargas e desarmonia durante os trabalhos. As guias devem ser cuidadas com respeito e carinho, passar por defumação 9

10 no início do trabalho e serem usadas com critério. Não devem ser colocadas no chão, não se empresta suas guias para outro médium. 2.5 PREPARAÇÕES DO AMBIENTE PARA OS TRABALHOS O terreiro precisa ser bem limpo, perfumado, arejado e iluminado, principalmente nos dias de trabalho. A limpeza deve ocorrer antes e depois de cada sessão. O Altar, devidamente erigido e fundamentado, é um ponto de fora pelo qual as irradiações das divindades alcançarão todos os fieis presentes no templo. Sua principal função é criar um magnetismo especifico um portal de captação das irradiações verticais das divindades, irradiador dessas energias positivas que se espalharão horizontalmente, ocupando todo o espaço do templo. No Altar são colocados elementos materiais que, assim que são consagrados religiosamente, tornam-se irradiadores de energias elementares puras ou mistas, ou absorvedores de ondas ou de energias negativas, que enviam as dimensões elementares, onde elas são diluídas e incorporadas ao éter. O altar deve sempre estar limpo e arrumado, com imagens, flores, ervas, frutos, velas e até cristais, 10

11 armas simbólicas. O uso de imagens é um recurso que tem por finalidade inspirar respeito e despertar nas pessoas uma postura religiosa, de fé, silencio e reverencia, elevando as vibrações mentais, aumentando a conexão com as qualidades divinas do Criado. Devem sempre estar limpas e corretamente distribuídas no altar, com o Pai Oxalá no alto, o orixá de frente do dirigente á direita e o orixá adjunto á esquerda. Muitos estranham que a Umbanda aceite e recorra aos ícones sagrados de outras religiões (como os santos católicos e os orixás do candomblé). Mas lembrando que a 11

12 transposição dos orixás da natureza para o interior das nascentes tendas de Umbanda, processou-se por intermédio dos santos católicos. As velas dão vida ao altar, que deve estar sempre iluminado, preferencialmente com velas de sete dias. As velas podem ser coloridas, de acordo com a cor adotada para cada orixá, ou brancas. Elas são usadas como elemento simbólico e recebem da divindade a qual foram consagradas um fluxo de energia divina, que se espalha pelo altar e se irradia pelo espaço interno do Templo, alcançando quem se encontra dentro dele. As velas ajudam na concentração, são fontes de luz, representando sabedoria, iluminação, conhecimento e realização espiritual. Absorvem energias, essências e elementos que consomem cordões enérgicos e irradiam uma gama de ondas vibratórias transportadoras de energias ígneas. Todos os orixás trazem por si muitas cores que não são visíveis nem conhecidas dos olhos humanos. Cada orixá irradia todas as cores, pois atua nas sete faixas ou padres vibratórios. Mas as cores variam de acordo com a faixa vibratória especifica em que o orixá atua. Cada tipo de vibração, ao graduar a velocidade do giro, da uma cor a cada um dos elementos irradiados na forma de energia, Mas odos eles aceitam as cores que já lhes atribuem. 12

13 Orixá Cor Vela Oxalá Branco, cristalino Branca Logunã Azul-escuro, branco Azul-escuro Oxum Rosa, dourado, amarelo, Rosa branco Oxumaré Azul-turquesa, branco Azul-turquesa Oxossí Verde, branco Verde Obá Magenta, vermelho, Magenta branco Xangô Marrom, vermelho, Marrom branco Oro Iná Laranja, dourado, Laranja branco Ogum Azul-escuros, vermelho, Azul-escuro branco Iansã Amarelo, dourado, Amarelo branco Obaluaiê Violeta, branco Violeta Nanã Lilás, branco Lilás Iemanjá Azul-claro, prateado, Azul-claro branco Omolu Roxo, branco Roxo Exu Preto, vermelho Preta Pomba-gira Vermelho, preto Vermelha Plantas e flores são os melhores enfeites pois produzem um efeito magico não só de beleza, mas de energização, absorvendo as energias negativas e transformando em positivas. Flores, ervas, raízes, sementes e frutas no altar liberam essências que purificam o ambiente, tornando-o mais leve e benéfico, mantendo uma vibração elevada. As plantas em geral. Emitem radiações energizadoras, purificadoras, curadoras, cicatrizadoras, higienizadoras e potencializadoras. 13

14 Cada fruta é uma condensação de energias que formam um composto energético sintético que, se corretamente manipulado pelos espíritos, tornam-se plasmas astrais usados por eles, ate como reservas energéticas, durante suas missões socorristas, curadoras, pois quando atuam em esferas mais densas, sofrem esgotamentos. 14

15 3. ABERTURA DOS TRABALHOS O ritual de abertura é o momento em que você concentra toda a energia que vai utilizar durante o trabalho. Se estiver conectado e souber absorver a vibração que circula neste momento no terreiro seu trabalho será pleno e certamente vai sobrar energia boa até a próxima gira. É também um momento de harmonização do médium com todas as energias e vibrações evocadas durante o ritual. 3.1 SETE LINHAS DA UMBANDA Devemos sempre cantá-lo com entusiasmo, contentamento e admiração tamanho é seu significado. O simbolismo esta tão visível, que todas as entidades que trabalham na Umbanda são evocadas através de nomes simbólicos. Baseados também neste simbolismo os campos de trabalhos são divididos em linhas vibratórias, conhecidas como As Sete Linhas da Umbanda 3.2 BATIMENTO DE CABEÇA Quando todos batemos a cabeça fazemos reverência a nossa religião, as entidades da casa e aos nossos guias. O significado do gesto é: eu respeito, eu concordo, eu confio e acredito na Umbanda. Em suas leis, nos guias espirituais que dirigem os trabalhos, assim como em seus dirigentes. 15

16 3.3 A DEFUMAÇÃO A defumação, antes do inicio do trabalho, dilui as energias negativas condensadas, purifica o ambiente e sutiliza as vibrações, tornando o espaço receptivo as energias de ordem positiva. Dilui cargas fluídicas dos médiuns e cargas energéticas que vem com os consulentes, além de trabalhar com os mesmos elementos básicos que as velas e os arranjos das oferendas já representam visualmente, intensificando o clima de magia e sacralidade. As defumações descarregam o campo mediúnico e sutilizam suas vibrações, tornando-o receptivo as energias de ordem positiva. Ervas, fumos, quando potencializados pelos mentores com energias etericas tornam-se poderosos limpadores de campos eletromagnéticos. A fumaça defuma os médios e suas guias. Ela é feita na abertura dos trabalhos, acompanhada dos pontos cantados e batidos no atabaque, palmas e outros instrumentos da tradição umbandista. 16

17 4. OS ORIXÁS E OS GUIAS NA UMBANDA 4.1 OS ORIXÁS OXALÁ Oxalá é o maior Orixá da Umbanda, estando abaixo apenas de Olorum, Deus Supremo. Foi criado a partir do ar, que havia no início dos tempos, e das primeiras águas, pelo mesmo Deus Supremo, Olorum. Representado por uma estrela de cinco pontas, é sincretizado como Jesus Cristo e representa a paz e a fé. Na umbanda, sua tarefa foi a de criação do ser humano. Ele envia vibrações que estimulam a fé individual, assim como irradiações que geram sentimentos de religiosidade. É aquele que determina o fim da vida de cada ser humano, é o momento de partir em paz. Representa o amor, bondade, pureza espiritual, e tudo aquilo que indica positividade. 17

18 Filhos de Oxalá Os filhos deste orixá são pessoas responsáveis, calmas, tranquilas, até mesmo nos momentos mais difíceis. São pessoas amáveis e pensativas. Marcam sua presença por onde passam, pois possuem a aura de autoridade e poder de Oxalá. OXUM Pedras Cachoeira Oxum é a Orixá que domina as mulheres, orixá da fertilidade, do amor e do ouro. Protetora das gestantes e da juventude, é a senhora das águas doces. Representa a beleza e a pureza, a moral e o modelo de mãe. Muitas vezes é evocada em prol da limpeza fluídica dos seguidores e do ambiente dos templos. Segundo a Umbanda, ela é o exemplo de mãe que nunca desampara seus filhos e ajuda a qualquer pessoa. Filhos de Oxum Os filhos de Oxum amam espelhos (a figura de Oxum carrega um espelho na mão), jóias, ouro e se mostram sempre de forma impecável. Tratam as pessoas com um carinho maternal e são muito sentimentais e românticos. O próprio lar é o lugar preferido dos filhos de Oxum. OGUM Orixá guerreiro, Ogum é aquele que representa todas as batalhas da vida. Representado por São Jorge, é o orixá protetor contra as guerras e contra diversas demandas espirituais; Ogum é a força do movimento. É ele quem protege os seguidores da Umbanda e as pessoas que sofrem perseguições espirituais ou materiais. Ogum também é o senhor das estradas, é a jornada do dia a dia e sua responsabilidade é a manutenção da lei e da ordem. Filhos de Ogum Os filhos de Ogum geralmente não se mantem fixos em apenas um lugar, portando gostam de viagens, do novo, de mudanças. Apreciam a tecnologia, são curiosos e resistentes. Cheios de vontade, podem ser violentos. Sabem dar 18

19 respostas de prontidão e tem grande capacidade de concentração. Coragem e franqueza são características absolutas. IEMANJÁ Orixá mais popular do Brasil, a rainha do mar é a mãe de todos os Orixás, é o trono feminino da geração, a protetora dos marinheiros, pescadores, das viagens pelo mar, e também sobre toda a flora e fauna marinhas. E além disso, atua no amparo à maternidade, rege de forma absoluta o lar e a família. Dona dos mares e oceanos, águas essas que, através de sua força, tem o papel de devolver vibrações e trabalhos, pois creem que o mar devolve tudo que nele for jogado e vibrado. Filhos de Iemanjá Maternais e impotentes, os filhos de Iemanjá são pessoas dignas, majestosas e fecundas. Não perdoam facilmente uma ofensa, e quando perdoam, nunca esquecem. Com o rigor de uma mãe, às vezes podem parecer arrogantes. Apreciam ambientes confortáveis e mesmo quando pobres, mantem um certo nível de sofisticação em seus lares. Amizade e companheirismo são características fundamentais. XANGÔ Xangô é o Orixá da justiça e da sabedoria, simboliza a lei de causa e efeito, responsável a dar a quem merece o devido castigo e a vitória aos que foram injustiçados. É quem dá solução às pendências. A maioria dos seguidores que recorrem ao Xangô são os que sofrem de injustiças, perseguições espirituais e materiais. Desse Orixá, emanam também o saber e a autoridade, é o protetor de todos que tem contato com as práticas da lei. Filhos de Xangô Teimosos, impulsivos e conquistadores, os filhos de Xangô dificilmente aceitam opiniões contrárias às suas e estão sempre fazendo seus julgamentos e executando suas leis. São voluntariosos, enérgicos e possuem uma elevada autoestima. São conscientes de sua importância e suas opiniões serão decisivas em qualquer discussão. 19

20 IANSÃ Iansã é a Orixá dos ventos e das tempestades. Rainha dos raios, é responsável pelas transformações e pelo combate à feitiçarias feitas aos seus seguidores. Guerreira, é conhecida também como guardiã dos mortos, pois exerce domínio sobre os eguns. A força de sua magia afasta todas as influências do mal e negativas, pois tem o poder de anular os males e cargas de enfeitiçamento. Filhos de Iansã São pessoas atiradas, extrovertidas e diretas, que jamais escondem seus sentimentos, seja de felicidade, seja de tristeza. Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido. Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são extremamente fiéis à pessoa que amam, mas só enquanto amam. OXÓSSI Oxóssi é o Orixá conhecido como senhor dos caboclos e das matas. É o caçador de almas de homens e dele emana altivez. Encoraja e dá segurança a todos seus seguidores; protetor dos animais, é conhecido por aliar sua grande força com o bom senso. Assim como Ogum, é um lutador, grande guerreiro, está sempre pronto para defender aqueles que se colocam sob sua guarda. Filhos de Oxóssi Os filhos de Oxóssi são pessoas mais fechadas e reservadas. Gostam de apreciar a natureza e geralmente são muito desconfiados, mas quando confiam, são amigos para todos os momentos. São trabalhadores e conseguem manter a mesma expressão, estando felizes ou tristes, pois dificilmente exteriorizam seus sentimentos. São sempre notados, mesmo que não se esforcem para que isso aconteça. 20

21 OMULÚ Orixá da saúde, atua sobre os doentes, hospitais e cemitérios. Senhor da morte e das doenças, costuma ser muito temido, porém da mesma forma que traz a doença, ele leva embora também. Muito respeitado, é um orixá exigente e grande feiticeiro. Omulú é a manifestação idosa de Obaluaiê. Os médiuns ao manifestarem a presença de Omulú, se curvam aproximando-se o máximo da terra, do chão. Representa a transformação do ser, morrer para o pequeno e renascer para o grande. Filhos de Omulú Os filhos de Omulú são pessimistas, autodestrutivos, fechados e até desajeitados. Costumam exibir seus sofrimentos e dores. Hipocondríacos, possuem forte resistência e prolongam os esforços. Melancólicos, depressivos e amargos, são pessoa solitárias capazes de desanimar até os mais otimistas, porém às vezes podem ser doces. Acreditam que são os únicos que sofrem e que ninguém os compreende. São lentos, porém firmes como rocha e não apresentam grandes ambições. OBALUAIÊ É sinônimo de temor, pois ninguém esconde nada deste Orixá, ele é capaz de enxergar qualquer detalhe da vida de uma pessoa, é também o responsável pela morte já que rege a terra e é dela que tudo nasce e tem seu fim. Mas, por outro lado Omolu é o protetor dos doentes pobres, pois ele conhece o sofrimento de carregar uma enfermidade e não quer que ninguém passe por essa dor, assim ele está associado também a cura. Filhos de Obaluaiê Os filhos de Obaluaiê costumam sofrer com doenças crônicas, muitas vezes doenças graves e difíceis de tratar e, mas devem aprender a viver o melhor que puderem com isto. 21

22 NANÃ Orixá mais velho do panteão africano, que nenhuma pesquisa conseguiu identificar suas origens. Dona da alma do fundo dos rios, lama esta que serviu para modelar os homens, é misteriosa e também possui forte relação com a morte; pois é o nascimento, a vida e a morte. Nanã é uma expressão que significa Mãe em diversos dialetos na África, portanto, Nanã é a mãe do destino. Filhos de Nanã Os filhos de Nanã são calmos, gentis, benevolentes e agem como se tivessem a eternidade toda para tal. Tendem a viver do passado, gostam de crianças e gostam de educar com extrema doçura, assim como as avós. São pessoas que, tanto no aspecto físico como no aspecto psicológico aparentam ter mais idade. São teimosas e às vezes podem ser ranzinzas, porém agem com segurança e equilíbrio. 4.2 OS GUIAS OS CABOCLOS Falar em Caboclos na Umbanda, é fazer menção a todos eles que, com denominações diversas, atuam em nossos terreiros e que, com humildade, como muito bem recomenda a espiritualidade, omitem detalhes referentes às suas vidas quando encarnados. Na Umbanda, os Caboclos constituem uma falange e, como tal, penetram em todas as linhas, atuando em diversas virações. Entretanto, cada um deles tem uma vibração originária, que pode ser ou não aquela em que ele atua. OS BAIANOS A importância da linha dos Baianos na Umbanda também se dá por conta do seu grande conhecimento sobre as ervas e sobre o Axé, a energia vital. A Gira dos Baianos são sempre dotadas de muita leveza e alegria e são conhecidas por desmanchar demandas. Seus guias são sempre orientadores e sempre nos aconselham. Além da leveza, essa é uma linha com uma característica importantíssima. É uma Gira de fé inabalável. Os espíritos aqui estão sempre dispostos a trabalhar e 22

23 vivem agradecidos pelas homenagens que são prestadas pelos Baianos na Umbanda. Dentre os espíritos presentes nessa linha também existem: Marinheiros: espíritos que possuem forte ligação com o mar e com Iemanjá; Boiadeiros: nossos ancestrais que trabalharam no sertão do nordeste; OS PRETOS VELHOS Toda a magia Africana, os cultos de nação do Candomblé que trouxe a devoção aos Orixás em território brasileiro, teve como veículo os negros escravos de tempos antigos, nossos ancestrais que não mais estão entre nós como encarnados, mas encontraram na Umbanda um caminho para continuarem suas missões como entidades que muita sabedoria nos tem a oferecer. Os pretos velhos cativam pela humildade, pela paciência e pelo amor de um avô para com os filhos de Umbanda que encontram nestes espíritos evoluídos o bálsamo necessário para continuarem em sua luta; a luta contra o preconceito, um preconceito que eles conheceram muito bem, que existe até hoje, infelizmente. 4.3 AS FERRAMENTAS São utensílios religiosos e magísticos, como cálices, espadas, colares de contas e outros, feitos dos mais variados minérios que quando consagrados adquirem a capacidade de atrais ou projetar ondas vibratórias energizadas. 23

24 4.4 EXÚ E POMBO-GIRA Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado. Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do Criador nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão. Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade. Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que 24

25 possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior. Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem. Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo bengalas e punhais em alguns casos. A pomba gira é especializada em amor e relacionamentos por ser a orixá do trono do desejo e dos estímulos. É vista como a personificação das forças da natureza, que equivale à força feminina de Exu orixá guardião do comportamento humano, das casas, das aldeias etc. As cores predominantes da pomba gira são o vermelho e o preto. É representada com saias rodadas, blusas rendas, colares, flores e muitos enfeites. Suas oferendas preferidas são o champanhe, o vinho, a pinga, o espelho, as bijuterias, batons etc. Para muitos a pomba gira veio para construir um arquétipo forte, poderoso e subjugado do machismo ostentado por Exu e todos os homens vaidosos de sua força e poder sobre as mulheres. Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso, sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem se tornar vingativos e extremamente crueis. 25

26 5. OS ATABAQUEIROS OGÃS Além do sacerdote, os templos de Umbanda possuem outras autoridades, iniciadas em seus ofícios, dentre elas, Os Ogãs. Eles, de fato, não entram em transe de incorporação, são sacerdotes específicos de louvor aos orixás, de extrema confiança do líder espiritual da casa. Uma das principais características dos Ogãs é a capacidade mediúnica de ativar correntes energéticas e vibratórias por meio do canto e do toque. Eles são o complemento fundamental para a concepção da forca vibratória de um terreiro. Nos terreiros em que os pais ou mães incorporam o tempo todo, que segue a gira, praticamente, são os Ogãs. Os Ogãs de toque e canto são, naturalmente, os tocadores de atabaque, ou Tabaqueiros e são, por excelência, pais espirituais, pois naturalmente são exímios conhecedores dos cantos, rezas e fundamentos de casa orixá e das linhas de trabalho. São médiuns preparados pelo Criador para servirem aos orixás e aos Guias, tendo o dom de movimentar a energia necessária durante um trabalho, Os Ogãs tem um roteiro a seguirem durante as giras, que pode variar um pouco, de uma casa para outra, mas basicamente o mesmo em seus fundamentos. 26

27 Há os Ogãs natos e aqueles que são preparados durante a jornada terrena. Aprendem os cantos toque ao longos de muitos anos e são empossados após um período iniciativo, que termina em uma apresentação publica, em que exigem seus dotes artísticos e saber religioso. Todos os Ogãs, assim como os demais médiuns, precisam de ensinamento religioso e ritualístico para melhor desempenho de suas funções nas giras e mais trabalhos. Uma curimba, ou seja, o conjunto de vozes e toques dos atabaques é formado por Ogas que tocam e cantam. Ogãs que só tocam e por filhos da casa que só cantam. Pode ser acompanhada de palmas e mesmo de sino. Todo ponto cantado é uma decodificação de mantras, é uma prece, uma reza, para chamar os protetores que dão assistência aos trabalhos espirituais. Os verdadeiros pontos cantados são os chamados de raiz, ensinados ou transmitidos pelas próprias entidades. A letra, a musica, o tom, a afinação e o ritmo correto do ponto cantado e tocado, constituem a magia do Verbo na Umbanda e imprimem matizes aos rituais, unindo os participantes, criando maior sentimento de disciplina, solidariedade e colaboração. Cada ponto cantado corresponde às vibrações espirituais da entidade evocada, mas, para se obter o efeito desejado de harmonia e aproximação do guia espiritual, deve ser cantado corretamente, sem mudança da letra ou da melodia, e com muita afinação. Um verdadeiro ponto evoca imagens fortes e chegam ao coração, despertando a emoção e a verdadeira fé, oura e simples. As notas afinadas e ritmos corretos ajudam a manter a corrente concentrada, a sintonia e o repouso da mente de quem ouve. Os atabaques ou tambores sagrados, além dos atributos naturais e imagísticos, proporcionam a vibração e a frequência necessária para a celebração da gira, para as evocações, abertura e fechamento do facho energético dos trabalhos. 27

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29 6. ANÁLISE 6.1 Diferenças entre Umbanda, Candomblé e Quimbanda As três religiões são muito confundidas por terem origens e conceitos parecidos principalmente pelos preconceituosos que as definem pejorativamente por macumba ; mas seguem algumas principais características que as diferenciam: A natureza das entidades cultuadas e evocadas; Os procedimentos realizados no culto; Os elementos culturais que compõem o sincretismo; O uso diferenciado das forças metafísicas acionadas. 29

30 No candomblé, os orixás são considerados deuses e todos os cultos são voltados unicamente para eles. Já na umbanda e na quimbanda, os orixás são espíritos. Na umbanda, qualquer tipo de entidade é permitida para incorporação. No candomblé, só os orixás podem provocar a possessão, pois isso não é possível a nenhum espírito que possa ter tido vida na Terra. No candomblé, a maioria das consultas é feita através do jogo de búzios, pois não aceitam a comunicação entre espíritos da forma que ocorre na umbanda, onde as consultas são feitas através dos espíritos de pretos velhos, caboclos, crianças etc. A história da quimbanda diz que a magia era pra ser utilizada de uma forma diferente, deveria servir para o equilíbrio, mas hoje existem muitos terreiros que praticam a magia negra, envolvendo práticas que são procuradas por pessoas que pedem um trabalho para o mal de alguém e, segundo eles, o efeito é mais rápido porque passam por cima de todas as leis e regras da hierarquia. São várias as pessoas que ganham dinheiro por usar o nome dos orixás e das entidades para fazer magia negra. 7. FOTOS AUTORAIS 30

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53 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS O LIVRO ESSENCIAL DA UMBANDA ADEMIR BARBOSA JUNIOR

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