UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA PROJETO MONUMENTOS GEOLÓGICOS DO ESTADO DO CEARÁ: A GEODIVERSIDADE E O PATRIMÔNIO GEOLÓGICO E CULTURAL DE UM ESTADO Professores Proponentes: Dr. José Antonio Beltrão Sabadia & Dra. Cynthia Romariz Duarte INTRODUÇÃO O termo geodiversidade é um termo relativamente recente e começou a ser utilizado na década de 90 para descrever a variedade e multiplicidade do meio abiótico. Representa, de forma simples, todo o conjunto de minerais, rochas, fósseis e paisagens que ocorrem no planeta Terra, os processos geológicos hoje ativos e, as marcas e os registros da atuação destes processos no passado. Ou seja, todo o legado geológico do planeta, o palco que dá suporte para a vida na Terra. Sendo a geodiversidade o substrato essencial para o desenvolvimento e evolução de toda e qualquer forma de vida, é difícil entender porque as questões relacionadas com a geoconservação raramente são tratadas com o mesmo grau de profundidade que a bioconservação. A geoconservação é uma responsabilidade internacional. O Brasil tem uma das maiores geodiversidades do mundo, não somente por suas dimensões, mas por ter representantes de praticamente toda a história

2 geológica do planeta, desde os seus primórdios até os tempos atuais. O estado do Ceará se destaca neste contexto, sendo detentor de um patrimônio geológico incontestável que guarda elementos da geodiversidade de interesse científico, didático, cultural, paisagístico (estético), econômico (geoturístico) ou outro. Constituem monumentos geológicos (sítios geológicos ou geossítios), parte dos recursos não renováveis, considerados de interesse pelo singular valor de sua relevância geológica, geoeconômica, geomorfológica, geográfica, paleontológica, hidrogeológica etc., representando registros documentais imprescindíveis à compreensão da origem, evolução e atual estrutura da Terra e da vida. Os monumentos geológicos representam testemunhos irremovíveis do patrimônio geológico de uma determinada região, que precisam ser conhecidos, divulgados, protegidos e preservados e, por isso, merecem ser alvo especial da política de ordenamento territorial do estado, da mesma forma como os bens culturais. Devem servir ao desenvolvimento econômico e cultural local, principalmente através do geoturismo, constituindo partes integrantes de um conceito holístico envolvendo o conhecimento para sua devida proteção, a educação e o desenvolvimento sustentável. Há dez anos teve início no País o esforço de reconhecer, descrever, divulgar e recomendar medidas de proteção para monumentos geológicos de interesse excepcional para a memória geológica, através da Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), existindo também algumas iniciativas em âmbito estadual, neste sentido. Isto está muito bem destacado por Carlos Schobbenhaus, presidente da SIGEP, no prefácio do livro Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: Trinômio Importante para a Proteção do Patrimônio Geológico lançado em Entretanto há ainda muito por fazer, como também reconhece Schobbenhaus. OBJETIVOS O presente projeto foi concebido pela atual diretoria do Núcleo Nordeste da Sociedade Brasileira de Geologia (biênio ), e tem como objetivo

3 principal a realização de uma publicação tendo como título Monumentos Geológicos do Estado do Ceará: A Geodiversidade e o Patrimônio Geológico e Cultural de um Estado. Em anexo o documento trará uma produção em DVD contendo um documentário com as principais ações realizadas no processo de produção: Monumentos Geológicos do Estado do Ceará; o Filme: o Making Off de uma Aventura Rumo ao Conhecimento. O projeto encontra-se concebido em associação com o Departamento de Geologia do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Instituto da Fotografia (IFOTO) e a equipe de audiovisual da FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Trata-se de uma proposta de um documento bilíngüe, livro em formato 28,5 X 29 cm, com textos científicos e técnicos em língua portuguesa e inglesa, em linguagem simples, porém estrita do ponto de vista técnico, produzidos por profissional doutor em geologia na área específica requerida do conhecimento. Os textos serão acompanhados por ampla cobertura fotográfica realizada por profissional fotógrafo (a), reconhecido (a) por seus pares e por sua produção e atuação no estado do Ceará. O projeto pretende reunir o conhecimento gerado pelo Departamento de Geologia na descrição dos monumentos geológicos de interesse e o talento e a arte reconhecida dos fotógrafos (as) do Ceará. A ida concomitante de ambos profissionais ao campo, professor (a) e fotógrafo (a), nos parece fundamental para a perfeita consecução do projeto, permitindo o perfeito enlace entre as nuances do conhecimento geológico e o olhar refinado e mais profundo do (a) fotógrafo (a). A proposta pretende inicialmente reconhecer, descrever, fotografar, documentar em DVD e divulgar 12 (doze) monumentos/sítios geológicos considerados de interesse para o estado do Ceará. Este número tem a intenção de propiciar a realização de uma série de calendários para uma maior e melhor divulgação dos monumentos considerados.

4 JUSTIFICATIVAS O projeto encontra sua força marcadamente impulsionada por três vertentes principais de atuação: Turismo (Geoturismo/Ecoturismo) com impacto direto na geração de emprego e renda; Reconhecimento, Proteção e Preservação do Patrimônio Geológico (Recursos Únicos não Renováveis); e, na Educação e Cultura, com possibilidade de formação de alunos do ensino básico, médio, superior e, até em programas de pós-graduação. Turismo O turismo é a atividade socioeconômica que apresenta um dos mais elevados índices de crescimento no contexto econômico mundial. De acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT) o turismo tem crescido a uma taxa média anual de 4,5% a partir da segunda metade do século XX, movimentando uma receita de aproximadamente 3,38 trilhões de dólares, gerando oportunidades de trabalho, renda e receita pública em larga escala. No Brasil a visualização deste potencial está na Pesquisa Anual de Serviços (PAS) realizada em 2003 pelo IBGE, que estimou em empresas pertencentes às Atividades Características do Turismo operando no País. Hoje já são muitas mais. Estas empresas necessitam de material altamente qualificado e bem produzido para incrementar suas ações, tanto de divulgação, quanto para a perfeita formação de seus profissionais. O geoturismo, junto com a geoconservação e a educação ambiental parece apontar os caminhos. Com base na geodiversidade e no patrimônio geológico, o geoturismo gera interesse em todo mundo como uma atividade que integra e articula tradições locais, estética, ciência, educação lazer, gerando não somente renda, mas com resultados positivos sobre a proteção e preservação do meio ambiente e sobre a auto-estima e o bem-estar das populações locais.

5 Reconhecimento, Proteção e Preservação do Patrimônio Geológico O Brasil é um dos países signatários do Patrimônio Mundial Cultural e Natural adotado em 1972, pela UNESCO. O objetivo desta convenção internacional era reconhecer os sítios culturais e naturais em âmbito mundial, de interesse excepcional e de tal valor universal que sua proteção passaria a ser considerada de responsabilidade de toda a humanidade. Ao adotar a convenção as nações reconhecem que a humanidade deve exercitar o mesmo senso de responsabilidade para com as obras da natureza, como para as obras de suas próprias mãos. A riqueza de nossa geodiversidade é, portanto, diretamente proporcional à nossa responsabilidade em protegê-la, perante as demais nações e para as gerações futuras. Reconhecer, descrever, registrar em ambiente multimídia (foto e vídeo) e divulgar como estratégia de conservação é também função da produção do trabalho pretendido. A valoração e divulgação do patrimônio geológico são estratégias importantes de conservação. No volume I do trabalho Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil, publicado em 2002 pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP-DNPM/CPRM), num total de 58 (cinqüenta e oito) sítios de interesse, apenas 2 (dois) são do estado do Ceará. No pre print relacionado ao volume II, dando continuidade à série de publicações, dos 40 (quarenta) outros sítios geológicos tratados somente 3 (três) estão em território cearense. Em dezembro de 2005 o Governo do Estado do Ceará, representado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, coordenado pela Universidade Regional do Cariri URCA apresentou postulação junto à Divisão de Ciências da Terra da UNESCO, que reconheceu em setembro de 2006 (na 2nd UNESCO Conference on Geoparks, em Belfast, Irlanda), o Geoparque do Araripe como primeiro Geoparque das Américas. O Geoparque do Araripe foi então materializado através de nove sítios de interesse, definidos pela sua relevância geológica e paleontológica e que receberam a denominação de

6 geotopes (hoje geossítios), distribuídos entre seis municípios da região do Cariri cearense (Santana do Cariri, Nova Olinda, Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha). Representa uma iniciativa extraordinária, porém restrita a seis municípios do estado, de um total de 184. E, reconhecidamente, são muitos outros os monumentos/sítios geológicos de interesse no estado. Os cearenses merecemos mais. Só para lembrar alguns exemplos, sem citar as muitas subdivisões inerentes: monumento natural das falésias de Beberibe; monólitos de Quixadá; serra da Ibiapaba; chapadas do Apodi e Araripe; maciço de Baturité; serras da Meruoca e Uruburetama; serra das Matas em Catunda; o parque nacional de Ubajara; parque nacional de Jericoacoara; parque estadual marinho da pedra da Risca do Meio; falésias da praia de Ponta Grossa em Icapuí; tanques fossilíferos de Itapipoca; eolianitos de Flecheiras/Mundaú; os campos de dunas diversos, lagoas de água doce e enseadas ao longo do litoral; o cânion do rio Poty cortando a serra grande em Crateús; o cânion da cachoeira de Missão Velha; falésias de Canoa Quebrada em Aracati; bica do Ipu; pedra do frade em Itapajé; as instâncias hidrominerais diversas; ilha da testa branca em Camocim; inscrições rupestres; e muitos outros nunca antes reunidos em um só trabalho. Educação e Cultura O alcance de uma publicação nestes moldes proporciona material didático de elevada qualidade técnica e profissional, permitindo a capacitação de profissionais na área de turismo, bem como a formação de alunos desde o ensino básico, passando pelo ensino médio, superior e até em nível de programas de pós-graduação (lato e stricto sensu). Está mais do que na hora do estado do Ceará apresentar ao País e ao mundo a primeira edição bilíngüe dos Monumentos Geológicos do Estado do Ceará: A Geodiversidade e o Patrimônio Geológico e Cultural de um Estado. Um documento concebido pelo Núcleo Nordeste da Sociedade Brasileira de Geologia, em associação com o conhecimento do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará e o talento incontestável dos fotógrafos (as)

7 cearenses. Trazendo inicialmente 12 monumentos geológicos, representando os doze meses do ano, o livro abordará, em linguagem simples, porém estrita do ponto de vista técnico, a descrição de cada monumento e sua importância e representatividade para a história geológica do estado, sempre ao lado dos registros das lentes dos (as) fotógrafos (as) do Ceará. Em anexo o livro trará uma produção em DVD contendo um documentário com as principais ações realizadas no processo de produção: Monumentos Geológicos do Estado do Ceará; o Filme: o Making Off de uma Aventura Rumo ao Conhecimento, a ser realizada pela equipe de audiovisual da FUNCAP, como já comentado. AÇÕES PREVISTAS E METAS PARA CADA PARCERIA Aos professores (as) do Departamento de Geologia caberia descrever os monumentos/sítios geológicos de interesse, sua origem, formação, importância e representatividade para a história geológica do estado. Aos fotógrafos (as) caberá o registro fotográfico dos monumentos/sítios de geológicos de interesse, tanto do ponto de vista artístico quanto do ponto de vista técnico, sendo este último orientado pelo professor (a) que descreve o monumento. A equipe de audiovisual da FUNCAP caberá o registro em forma de documentário de toda a ação envolvida na descrição e documentação fotográfica dos monumentos/sítios geológicos selecionados para este trabalho. O resultado desta documentação será um DVD contendo as principais ações realizadas durante a execução do projeto.