Estações de tratamento de águas residuais urbanas - Remoção de matéria orgânica
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1 Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Estações de tratamento de águas residuais urbanas - Remoção de matéria orgânica Projeto FEUP 2017/2018 Mestrado Integrado em Engenharia do Ambiente Coordenadores gerais: Manuel Firmino Torres e Sara Ferreira Coordenador de curso: Margarida Bastos Supervisor: Margarida Bastos Monitor: Catarina Castro; Catarina Santos; Filipe Moisés Data de entrega: 16 de outubro de 2017 Autores do grupo MIEA101_01 Ana Sofia Ferreira up @ fe.up.pt Catarina Milhomens up @ fe.up.pt Cláudio Santos up @ fe.up.pt Inês Costa up @ fe.up.pt Maria Carolina Duarte up @fe.up.pt Tomás Miranda up @ fe.up.pt Helena Abelha up @ fe.up.pt
2 Resumo No presente trabalho foi estudado, de forma generalizada, o funcionamento de uma ETAR, incidindo, particularmente na fase de remoção da matéria orgânica, tendo como referência a ETAR de Parada. Foi, também, realizada uma atividade laboratorial, na qual foram analisadas três amostras de água residual de três diferentes etapas de tratamento: (1) entrada na estação de tratamento; (2) tratamento biológico e (3) saída da ETAR. Calculou-se, para cada uma das amostras, a concentração de CQO (Carência Química de Oxigénio) utilizando uma curva de calibração, após a determinação da quantidade de crómio (Cr 3+, que é um dos produtos resultantes da oxidação da matéria orgânica pelo Cr 6+ ) através do processo de espetrofotometria e avaliou-se a partir de que momento a concentração de CQO das águas está em conformidade com os valores expressos na legislação para que as águas possam ser descarregadas no meio ambiente. O valor de CQO diminuiu 87% entre a entrada e a saída das águas residuais na ETAR de Parada, pelo que se conclui que o processo tem uma grande eficácia e que, apenas finalizados todos os tratamentos, o valor de CQO presente na água (100,86 mg O 2/L valor obtido após a análise da amostra 3) se encontra abaixo do valor máximo indicado na legislação (150 mg O 2/L; Decreto- Lei nº 236/98, anexo XVIII), sendo, então, permitida a descarga das águas residuais. Palavras-Chave Microrganismos aeróbios, microrganismos anaeróbicos, águas residuais, espetrofotometria, Carência Química de Oxigénio, matéria orgânica. 2
3 Índice geral 1.Introdução Revisão Bibliográfica Contexto Teórico Funcionamento da ETAR Tratamento Preliminar Tratamento Primário Tratamento Secundário Tratamento Terciário Tratamento das Lamas O tratamento da matéria orgânica na ETAR Processos Aeróbios Processos Anaeróbios Atividade laboratorial de estudo Resultados e discussão Conclusão Anexos Anexo 1 Cálculos da amostra 1, EXCEL Anexo 2 Cálculos da amostra 2, EXCEL Anexo 3 Cálculos da amostra 3, EXCEL
4 Índice de Figuras e Índice de Tabelas Índice de Figuras Figura 1 - Vista superior da ETAR de Parada... 6 Figura 2 - Esquema síntese dos tratamentos da ETAR de Parada Figura 3 - Esquema do processo Aeróbio Figura 4 - Esquema do processo Anaeróbio Figure 5 - Curva de calibração da carência química de oxigénio pelo método de fluxo 14 Índice de Tabelas Tabela 1 - Resultados experimentais da análise da amostra Tabela 2 - Resultados experimentais da análise da amostra Table 3 - Resultados experimentais da análise da amostra
5 Glossário ETAR Estação de Tratamento de Águas Residuais CQO Carência Química de Oxigénio CBO Carência Bioquímica de Oxigénio S Desvio padrão Calagem operação de misturar terra com cal 5
6 1.Introdução Como sabemos, a água é um bem essencial, portanto, existe um grande interesse em diminuir as cargas poluentes das águas residuais de modo a poderem ser devolvidas ao meio ambiente. Foi, então, explorado o funcionamento de uma ETAR, em particular a remoção da matéria orgânica, tendo como referência a ETAR de Parada (Figura 1). A ETAR de Parada está localizada em Águas Santas, Maia e apoia cerca de 75% do concelho da Maia e uma grande parte da freguesia de S. Mamede Infesta, do concelho de Matosinhos, abrangendo aproximadamente habitantes. De um modo geral, o tratamento das águas numa ETAR passa por três etapas: um primeiro tratamento preliminar, onde se removem principalmente areias (gradagem, desarenação e decantação); um tratamento secundário, tratamento físico-químico (equalização de caudais, floculação, flotação, sistema de lamas ativadas, adsorção, colunas de carvão ativado, desinfeção, permuta iónica, etc.) e um último tratamento biológico(processos aeróbios, processos anaeróbios, decantação, remoção de sólidos flutuantes). Mesmo depois de realizados todos estes processos é ainda necessário que se verifique se todos os componentes que se encontram na água cumpram os valores referidos na legislação para que seja possível dar-se a descarga das águas tratadas. O nosso estudo incide especificamente na remoção da matéria orgânica que se insere no tratamento secundário. Durante o nosso trabalho, realizámos, também, uma atividade laboratorial, na qual utilizámos o método da espetrofometria, que consiste no estudo da interação da luz com a matéria para medir a concentração de certas soluções. Pode ser utilizada também para identificar e quantificar substâncias químicas a partir da medição da absorção (absorvância) e transmissão (transmitância) de luz que passa através da amostra. Figura 1 - Vista superior da ETAR de Parada 6
7 2. Revisão Bibliográfica 2.1 Contexto Teórico Funcionamento da ETAR Uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) é uma unidade de purificação e processamento de efluentes de origem doméstica, urbana ou industrial. Tem como principal função receber e tratar as águas residuais (que foram anteriormente utilizadas para atividades do quotidiano tais como: cozinhar, tomar banho, ou seja, o esgoto), de tal maneira que possam ser devolvidas ao meio ambiente, em condições seguras. Estas estações de tratamento englobam quatro fases de tratamento (figura 2) Tratamento Preliminar O pré-tratamento ou o tratamento preliminar, que é o anterior ao primário, está dividido em três fases. Estas são gradagem, desarenação e desengorduramento. Na primeira fase, os esgotos são sujeitos à separação dos sólidos de maiores dimensões através do processo de gradagem que pode ser elaborada através de grades finas e/ou peneiras rotativas ou mesmo através de fossas sépticas. O efluente é posteriormente sujeito a uma desarenação (onde são removidos sólidos tais como areias e outros detritos minerais inertes e pesados, que tenham velocidade de sedimentação ou gravidades superiores às dos sólidos orgânicos. Assim, estes vão para o fundo do tanque enquanto que a matéria orgânica de sedimentação mais lenta, permanece em suspensão e passa para as unidades seguintes. A remoção das areias e outros detritos efetua-se para a proteção de bombas e outros equipamentos e desengorduramento, que é um processo gravítico auxiliado por um pré-arejamento. As fases enunciadas podem ocorrer de um modo isolado ou num sistema compacto, conjunto. [1] [2] [3] Tratamento Primário O tratamento primário ou intitulado de físico-químico é mais usado na indústria e caracteriza-se por ser uma mistura de processos físicos de decantação, (que é um processo de separação que permite separar misturas heterogéneas), e processos químicos como a alteração normal do ph e a adição de um coagulação, onde as partículas coloidais são neutralizadas e aglutinadas em partículas de maiores dimensões (maior volume e maior peso) através do uso de coagulantes (reagentes químicos), que comprimem a camada mais externa das partículas permitindo que o seu tamanho fique muito reduzido, diminuindo a repulsão entre elas, sendo ainda promovida a agregação das partículas com agitação. De forma a maximizar ainda mais a eficiência do processo de coagulação, pode recorrer-se a um processo de floculação, que consiste na agregação das partículas neutralizadas na fase de coagulação, formando-se 7
8 flocos com a ajuda de um floculante (polímero) que se liga às mesmas através de pontes. Os flocos vão aumentando a densidade e tamanho, permitindo a sua sedimentação por ação da gravidade, de forma a mais tarde poderem ser separados da água por processos como a decantação, filtração e flotação. A separação da fase sólida, neste tratamento, é feita por flotação, em que se introduz uma fase gasosa, elevando à superfície os sólidos com densidades iguais ou superiores às do líquido em que são suspensos. Estas microbolhas de ar formam uma cortina de ar ascendente, apanhando no seu caminho a matéria a separar, flotação por ar dissolvido ou Dissolved Air Flotation (DAF). Os aglomerados de partículas com bolhas de ar sobem para a superfície do flotador, onde são removidos com utilização de um raspador. A alteração do ph irá ser bastante crucial neste tratamento, visto que a grande parte dos tratamentos seguintes ao efluente irão depender de um intervalo de ph ideal. Tal como dito anteriormente, uma enorme parte da matéria proveniente da poluição irá ser separada em fases de coagulação/floculação, visto que estes processos trabalham de forma conjunta, ou seja, irá haver uma agregação da matéria em flóculos de maior peso por intermédio de químicos coagulantes e floculantes. As lamas resultantes irão ser encaminhadas para posterior processamento. Para uma depuração mais elevada neste tratamento, existem processos industriais, que recorrem a sistemas de osmose permitindo obter um efluente de elevada qualidade, tanto maior quanto menor for a porosidade das membranas. [4] [5] Tratamento Secundário Seguidamente, vem o tratamento secundário ou biológico, o principal tratamento de um efluente urbano. Que consiste na utilização de um reator biológico e posterior decantação. Assim sendo, a água irá para um tanque designado por reator biológico, no qual a matéria orgânica é consumida por microrganismos, ou seja, onde ocorrem reduções das cargas orgânicas de um efluente através da sua digestão anaeróbia e/ou aeróbia por microrganismos que necessitarão de oxigénio para eliminar/degradar a matéria orgânica funcionando assim em aerobiose. Todavia, com a posterior utilização de um elevado número de microrganismos, há a necessidade de as águas residuais passarem para um segundo tanque, onde ocorre a decantação, de tal forma que é nesta fase que é reduzida a maior parte dos sólidos suspensos totais (SST), da carência química de oxigénio (CQO) e da carência bioquímica de oxigénio (CBO5), requerendo, então, tal como foi dito, um decantador primário para a decantação das lamas primárias, um tanque aeróbio onde se exalta a oxigenação do efluente necessária ao metabolismo da matéria orgânica pelos microrganismos e um decantador secundário que permite a decantação das lamas secundárias para voltarem a ser submetidas ao processamento. Dos diferentes tipos de tratamento aeróbio é de destacar o sistema de lamas ativadas, que consiste numa cultura microbiológica de enriquecimento, constituída por uma associação de micro e macroorganismos que metabolizam substâncias orgânicas e inorgânicas do afluente 8
9 transformando-as em formas ambientalmente aceites. O sistema é composto, de uma forma geral, por um reator biológico (tanque de arejamento) e um decantador secundário. O sucesso deste processo assenta na rápida e completa separação física (por gravidade) entre a fase líquida e a biomassa celular, designada por lama e que aparece sob a forma de flocos no decantador secundário; - Leitos percoladores, indevidamente denominados filtros biológicos, que consistem num leito de material altamente permeável, aos quais se aderem os micro-organismos e através dos quais o líquido a ser tratado é percolado (fluxo descendente). O material de enchimento é normalmente constituído por pedras, com diâmetro variado entre 25 e 100 mm. São construídos com um dreno inferior para coleta do líquido tratado e dos sólidos biológicos que se desprendem do material do leito. Esse sistema de drenagem é importante, tanto para coletar os líquidos já percolados, como para permitir a circulação do ar através do leito. Os líquidos coletados são encaminhados a um decantador, onde os sólidos são separados do efluente final. É comum, na prática, uma parte dos líquidos coletados no sistema de drenagem, ou do efluente final, retornar ao filtro para diluir o esgoto afluente ou ainda manter as taxas de aplicação superficial mínimas, adequadas à boa operação do sistema. Sobre a superfície do enchimento constituinte do meio filtrante forma-se uma película biológica, que serve de suporte aos microrganismos que se encarregam de remover a matéria orgânica dissolvida nas águas residuais. Esses microrganismos são predominantemente bactérias aeróbias, pelo que é necessário promover adequada ventilação do meio de enchimento. Este objetivo consegue-se facilmente através de aberturas no fundo da parede exterior, desde que o leito percolador não esteja enterrado; os biodiscos ou discos biológicos são a evolução natural dos leitos percoladores. Este sistema, em semelhança aos leitos percoladores recorre, também, a processos biológicos aeróbios de degradação da matéria orgânica, em filme fixo. O filme fica preso ao disco e, como é necessário que exista uma grande área de contacto, unem-se paralelamente vários discos rugosos e de pequena espessura, com rugosidade, para permitir uma elevada aderência dos microrganismos. Os discos, enquanto giram, são mergulhados, parcialmente, num canalete com água residual garantindo que os microrganismos estão alternadamente em contacto com o ar e com matéria orgânica. A lagunagem é processo mais próximo da simulação das condições naturais. A água residual atravessa uma série de lagoas onde são realizados processos semelhantes aos que sucedem no meio ambiente. As lagoas podem ser anaeróbias, facultativas ou de maturação (onde se dá a remoção de organismos patogénicos). Existe ainda uma técnica intermédia onde são conjugadas características tanto do processo das lamas ativas como da lagunagem. Devido a esta técnica depender bastante de fatores naturais e ao facto de serem libertados odore desagradáveis esta técnica acaba por não ser muito utilizada. No entanto, existem, também, vantagens, como a simplicidade e economia da construção e manutenção da unidade. A eficiência deste tratamento chega a alcançar os 95% o que se traduz numa grande diminuição ao nível da poluição por matéria orgânica. [6] [7] [8] 9
10 2.1.4 Tratamento Terciário É no tratamento terciário que irá ocorrer a desinfeção das águas residuais tratadas, ou seja, é neste tratamento que os nutrientes, poluentes específicos e bactérias existentes na água irão ser removidos. Esses nutrientes são regularmente o azoto e o fósforo, e podem ser removidos de modo isolado ou em conjunto. Este tratamento é executado numa lagoa de maturação onde se adiciona cloro ou carvão para auxiliar a absorção das partículas existentes na água, ou seja, é necessário um reservatório anóxico e anaeróbio, respetivamente, para o seu processamento. Apesar de, na linha de tratamento, estes reservatórios se situarem entre o decantador primário e o tanque aeróbio, a remoção de nutrientes enquadra-se no tratamento terciário. Nesta fase do tratamento o efluente possui uma carga poluente muito reduzida, logo, após uma filtração num leito de areia calibrada e uma posterior desinfeção (por ultravioletas, visto que a cloração em efluentes origina compostos organoclorados, que são nefastos para os ecossistemas), já poderá ser lançado para o meio ambiente ou para aproveitamento (rega, lavagens de pavimentos ou viaturas, combate a fogos e processos industriais). [4][9][10] Tratamento das Lamas Para concluir, o último é o Tratamento das Lamas. Na linha final do tratamento iremos obter um efluente com um baixo nível de poluição que pode ser lançado para o meio e três tipos de lamas: as lamas primárias (da 1ª fase do tratamento); as lamas biológicas (dos processos de tratamento biológicos após a decantação secundária); e as lamas químicas (de processos de tratamento em que sejam utilizados reagentes químicos). Depois dos três tratamentos, as lamas provenientes das águas são colocadas em reservatórios especiais sendo posteriormente desidratadas. As características das lamas (físicas, químicas, bacteriológicas) variam conforme a água residual tratada e com os processos de tratamento. Sendo assim, podem possuir microrganismos patogénicos e um teor de humidade elevado (cerca de 70%) e, naturalmente, precisam de ser desidratadas e desinfetadas para as tornar inertes através de sistemas de desidratação mecânica e/ou química e calagem das lamas. Assim, se as lamas e os resíduos não afetarem negativamente o meio poderão ser aproveitados para a atividade agrícola, a recuperação de solos, a selagem e o recobrimento de aterros sanitários ou ainda serem utilizados na construção civil. Podem, também, ser incinerados, visto que contêm valor calorífico (combustível) para as incineradoras e podem ainda ser colocados em decompositores orgânicos para posteriormente poderem ser utilizados como adubo fertilizante. [9] [10] 10
11 Figura 2 - Esquema síntese dos tratamentos da ETAR de Parada 2.2 O tratamento da matéria orgânica na ETAR A CQO (carência química de oxigénio) é a quantidade de matéria orgânica que se encontra na água residual e que está suscetível a ser oxidada dando origem a dióxido de carbono, água ou matéria inorgânica. O CQO é uma medida indireta pois esse valor é obtido pela medição da quantidade de oxigénio que foi consumido durante os processos de oxidação da matéria orgânica. A remoção de matéria orgânica (contendo azoto e fósforo) em águas poluentes é encarado como um processo de extrema importância na medida em que evita e minimiza a formação de produtos prejudiciais em estações de tratamento de águas residuais (ETAR). Desta forma, é essencial e necessário utilizar métodos que combatam e eliminem estes resíduos, ou seja a matéria orgânica, e, por isso, as águas residuais são submetidas a uma série de tratamentos, entre os quais o tratamento biológico, tratamento este dispendioso e que ocupa uma grande área da estação de tratamento. O tratamento biológico ocorre com a presença de bactérias específicas que decompõe a matéria orgânica. Estes microrganismos utilizam a matéria orgânica como fonte de energia para a sua síntese celular, o que faz com que a concentração de CQO diminua de tal modo que se encontre dentro dos parâmetros exigidos pela lei, podendo depois esta água residual ser descarregada para os rios. Essa decomposição pode ocorrer em condições aeróbias ou anaeróbias. [11] [16] 11
12 2.2.1 Processos Aeróbios Neste processo, o efluente necessita, primeiramente, de ser submetido a temperaturas adequadas, ph controlado e oxigénio, de forma a garantir a sobrevivência das bactérias aeróbias utilizadas. Este processo, esquematizado na figura 3, tem um elevado rendimento, dado que alcança maiores taxas de remoção da matéria orgânica, não existe qualquer libertação de odores e possui maior competência em absorver substâncias mais difíceis de serem degradadas. As suas desvantagens são o facto de não só necessitar de uma grande área para a sua implantação, como também o seu elevado gasto de energia, visto ser precisa uma grande quantidade de oxigénio bem como bombas que façam o mesmo borbulhar. [12] [13] [14] [15] [16] Matéria orgânica + O2 Microorganismos Aeróbios Novas células (CO2 + H2O) + Energia Figura 3 - Esquema do processo Aeróbio Processos Anaeróbios Estre tratamento, esquematizado na figura 4, ao contrário do anterior não precisa de oxigénio, dado que são utilizados microrganismos anaeróbios, os quais transformam a matéria orgânica em dióxido de carbono, metano e biomassa. Assim como nos processos anaeróbios existem certos parâmetros a cumprir de temperatura, ph, alcalinidade entre outros fatores que condicionam a reação. Este processo, infelizmente, pode libertar odores, necessita de temperaturas relativamente altas (30-35º) para uma boa operação e também tem uma lenta taxa de crescimento das bactérias, que resulta em longos períodos de espera para que se possa iniciar o procedimento. Pelo contrário, tem uma mecânica reduzida e pouco consumo energético, trata de efluentes com alta concentração de matéria orgânica e, em geral, necessita de uma menor área de implementação. [12] [14] [15] [16] Microorganismos Matéria orgânica Anaeróbios Figura 4 - Esquema do processo Anaeróbio Novas células (CH4 + CO2 [H2S, H2] produtos intermediários) + energia 12
13 3. Atividade laboratorial de estudo A atividade laboratorial consistiu na análise de amostras de água residual em três fases do processo do tratamento na ETAR de Parada, com o objetivo de se estudar e observar a concentração na carência química de oxigénio (CQO) nessas águas. De forma a fazer uma análise rigorosa da remoção de CQO ao longo do processo, foi necessário estudar três amostras de água residual, uma à entrada da estação de tratamento de águas (1), uma outra à entrada do tratamento biológico (2) e por fim à saída da ETAR (3). A experiência estava dividida em 3 fases de análise que correspondia às três amostras de água residual. No início da atividade laboratorial tinham-se 4 tubos, um com a designação de branco e os restantes com o nome da amostra (água residual), todos estes tubos já continham 3,5ml de solução catalisadora, constituída por uma solução de sulfato de prata em ácido sulfúrico concentrado (5,5 g de Ag 2SO 4) por 1 Kg de H 2SO 4. Seguidamente, adicionaram-se 2,5 ml de água destilada ao tubo com a designação de branco, utilizando uma pipeta graduada de 5 ml com uma incerteza de ± 0,03 ml e nos outros tubos juntaram-se 2,5 ml de água residual de uma determinada fase do tratamento com a utilização da mesma pipeta. Por fim, adicionaram-se a todos os tubos 1,5 ml da solução de digestão, utilizando uma pipeta graduada de 2 ml com uma incerteza de ±0,01 ml. A solução de digestão era uma solução de dicromato de potássio (K 2Cr 2O 7, 10,246 g), previamente seco, sulfato de mercúrio (HgSO 4, 33,3 g), ácido sulfúrico concentrado (H 2SO 4, 167ml) em 1000ml de água destilada. Posteriormente, colocaram-se todos os tubos no bloco de aquecimento a uma temperatura de 150 C. Passadas duas horas, retiraram-se os tubos do aquecimento deixandoos arrefecer lentamente. No final, utilizou-se um fotómetro no comprimento de onda 605 nm e mediuse a absorvância de todas as amostras. Ao valor obtido pelo fotómetro, subtraiuse o valor da absorvância do tubo com a designação branco. Tendo sido facultado um gráfico com uma equação que representava a relação entre a absorvância e a concentração de CQO na amostra [figura 5] e assim calculou-se o valor de CQO para cada tubo. 13
14 Figure 5 - Curva de calibração da carência química de oxigénio pelo método de fluxo 4. Resultados e discussão Com a utilização da equação que estabelece a relação entre a absorvância e a concentração (equação 1) conseguiu-se determinar a concentração de CQO em cada amostra. A partir da equação 1 foi possível obter a concentração em função da absorvância (equação 2). Os cálculos foram realizados da mesma forma para as três amostras (1), (2) e (3). Na tabela 1 estão os resultados obtidos a partir da analise da água residual à entrada da ETAR. O CQO médio da amostra 1 é de 391,75 (mg O 2/L) com desvio-padrão de 6,240 (mg O 2/L) (equação 3). Tanto a primeira como a segunda amostra tiveram de ser previamente diluídas, de modo a poder ser utilizada a curva de calibração acima (figura 5), segundo um fator de diluição de dois (2). Logo a concentração da amostra 1 original é de 783,50 mg O 2/L. 14
15 Tabela 1 - Resultados experimentais da análise da amostra 1 Amostra Absorvância Absorvância CQO Corrigida (mg O2/L) B 0,007 0,000 4,95 AE-1 0,168 0, ,67 AE-2 0,172 0, ,10 AE-3 0,173 0, ,46 s = (x x )2 n 1 n 1 = (mg O 2 L) (equaçao 3) Seguidamente, apresentam-se na tabela 2 os resultados da água à entrada do tratamento biológico. O valor médio de CQO à entrada do sistema biológico é de 348,50 (mg O 2/L) tendo um desvio padrão de 8,27 (mg O 2/L) (equação 4). Tal como referido anteriormente, também esta amostra foi diluída segundo um fator de diluição de dois (2), logo a concentração da amostra 2 (concentrada) é de 697,00 (mg O 2/L) Tabela 2 - Resultados experimentais da análise da amostra 2 Absorvância Amostras Absorvância Corrigida CQO(mg/O2l) B 0,003 0,000 4,95 A EB-1 0,145 0, ,86 A EB-2 0,149 0, ,29 A EB-3 0,152 0, ,37 s = 8.27 (mg O 2 L) (equação 4) Por fim, o CQO à saída da ETAR é de 100,86 (mg O 2/L) com um desviopadrão de 5,45 (mg O 2/L) (equação 5). Tabela 3 - Resultados experimentais da análise da amostra 3 Amostras Absorvância Absorvância Corrigida CQO (mg O2/L) B 0,007 0,000 4,95 S1 0,049 0, ,01 S2 0,045 0,038 94,58 S3 0,049 0, ,01 15
16 s = 5.45 (mg O 2 L) (equação 5) Como seria de esperar, a concentração de CQO mais elevada foi a da amostra 1, à entrada da estação de tratamento de águas e esta vai diminuindo, consequentemente, à medida que nos aproximamos da saída da ETAR. Ao analisar os valores retira-se que a concentração de CQO diminui ligeiramente entre a amostra à entrada do tratamento biológico (2) e à entrada da ETAR (1), cerca de 11%. Esta diminuição não é muito significativa, pois os processos que foram efetuados não tinham como objetivo especifico reduzir a concentração de CQO. Comparando agora os valores de CQO à saída da ETAR (3) com os valores à entrada do sistema biológico (2), observa-se um grande decréscimo de CQO, cerca de 71%, isto ocorre, dado que a água residual sofreu um conjunto de tratamentos aeróbios e anaeróbios, que tinham como objetivo diminuir a concentração de CQO. Estabelecendo, agora, uma relação entre a concentração de CQO à entrada da estação de tratamento de água (1), com a saída da ETAR (2), observamos que houve uma diminuição de cerca de 87%. Analisando estes resultados, pode-se concluir que houve uma diminuição significativa da concentração de CQO nas águas residuais após os tratamentos, e que os valores de CQO se encontram abaixo de 150 mg O 2/L, que é o valor limite imposto pela legislação (Decreto-Lei nº 236/98, anexo XVIII). 16
17 5. Conclusão A água é um bem indispensável à vida, sendo por isso extremamente importante preservá-la e torná-la o mais pura e saudável possível. Para que isto aconteça, existem as ETAR s que são responsáveis por receber e tratar as águas residuais, de modo a que estas sejam devolvidas ao meio ambiente, em condições adequadas. Após a realização da análise das amostras de águas residuais, em especial as amostras recolhidas à entrada (1) e à saída (2) da ETAR, é possível afirmar que o tratamento do CQO na ETAR de Parada é, realmente, bastante eficaz, tendo reduzido 87% de matéria orgânica do afluente. O valor da concentração de CQO à saída da ETAR (100,86 mg O 2/L) é inferior ao valor máximo indicado na legislação (150,00 mg O 2/L) sendo, então, permitida a descarga das águas para o meio ambiente. Em suma, com a realização deste trabalho, conseguimos verificar que a ETAR de Parada cumpre os valores estabelecidos e os requisitos necessários pela legislação relativos à descarga das águas residuais na natureza e por isso detém um papel relevante para a melhoria das águas e preservação do meio. 17
18 6. Referências Bibliográficas [1] Soares, Ana et al. (2009). ETAR. Acedido a 9/10/2017 em [2] Geonatura. (2017). Estações Elevatórias. Acedido a 9/10/2017 em D_BwE. [3] Interagua. (2016). Unidade compacta de flotação. Acedido a 6/10/2017 em [4] ETAR & ETARI. Tratamento Preliminar. Acedido a 6/10/2017 em [5] Luizi, Rui. (2012). Operação de Sistemas de Tratamento de Águas Residuais por Lamas Activadas com Arejamento Prolongado. Acedido a 9/10/2017 em [6] Sommer, Henrique. (2012). Tratamentos de Águas Residuais. Acedido a 5/10/2017 em [7] Naturlink - Informação Ambiental, S.A.. (2009). Tecnologias de Tratamento de Águas Residuais Urbanas. Acedido a 4/10/2017 em [8] AqQualidade, Lda - Engenharia e tratamento de águas e esgotos.(2009). ETAR s lamas activadas. Acedido a 11/10/2017 em temid=29. [9] Água Públicas do Alentejo Grupo Águas de Portugal. Tratamento de Águas Residuais. Acedido a 7/10/2017 em [10] Oliveira, Ana. (2012). Avaliação do Estado de Funcionamento Geral da ETAR do Febros (Vila Nova de Gaia). Acedido a 5/10/ wij1uhl6- HWAhVKXhoKHVLNDS0QFghDMAc&url=https%3A%2F%2Fsigarra.up.pt%2Fflup% 2Fpt%2Fpub_geral.show_file%3Fpi_gdoc_id%3D61600&usg=AOvVaw0hSN5boS- DLtnkcSzaIl0i. [11] Grundfos. CQO (Carência Química de Oxigénio). Acedido a 10/10/2017 em [12] Morais, Francisca. Carência Química de Oxigénio. Acedido a 10/10/2017 em [13] Ecobacterias. Bioaumentação para a redução da CQO, controlo de odores, tratamento de lamas residuais e choque tóxico. Acedido a 9/10/2017 em [14] Cavaleiro, Ana. Os microorganismos no tratamento biológico de águas residuais. Acedido a 11/10/2017 em [15] Leal, Cristiano. (2012). Microbiologia ambiental. Acedido a 6/10/2017 em 12.pdf. [16] Soares, Sara. Carência Química de Oxigénio. Acedido a 10/10/2017 em [17] Decreto-Lei nº 236/98, anexo XVIII. Acedido a 7/10/2017 a 18
19 Anexos Anexo 1 Cálculos da amostra 1, EXCEL Anexo 2 Cálculos da amostra 2, EXCEL Anexo 3 Cálculos da amostra 3, EXCEL 19
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