Resistência ao impacto e dureza de superfície em função de diferentes tipos de resina acrílica



Documentos relacionados
MAURÍCIO TANJI* ; SAIDE SARCKIS DOMITTI**; RAFAEL LEONARDO XEDIEK CONSANI***; SIMONIDES CONSANI****; MÁRIO ALEXANDRE COELHO SINHORETTI**** ABSTRACT

Professor Associado do Departamento de Prótese da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP. 3

Resultados e Discussões 95

Técnicas de fundição. Técnicas De Fundição. Page 1 1. Odontologia: tem por função restituir ao dente: Saúde Forma Função Estética

Cimentos para cimentação

Técnicas De Fundição. Page 1. Saúde Forma Função Estética. Fundição em areia.

A TECNOLOGIA APLICADA EM TUBOS E PERFIS FERRITES & IMPEDERS APLICAÇÕES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS SETOR DE MATERIAIS

SEQUÊNCIA DE POLIMENTO DE CERÔMEROS

Diamantados MAIS RÁPIDOS. MAIS DURÁVEIS.

Influência de Resíduos de Cera na Resistência da União Entre Dentes Artificiais e Resina Acrílica

Comparação entre Tratamentos Térmicos e Método Vibracional em Alívio de Tensões após Soldagem

SOLIDIFICAÇÃO/ESTABILIZAÇÃO DE LODO GALVÂNICO EM BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO (PAVERS)

Alteração dimensional linear de resinas para bases de próteses polimerizadas com microondas

ENSAIOS MECÂNICOS Permitem perceber como os materiais se comportam quando lhes são aplicados esforços

LUIZA HELENA CAMPOS ZORN TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO DA BASE PROTÉTICA: CONVENCIONAL / MICROONDAS

3. Como são classificadas as diversas técnicas de prototipagem rápida?

ÁREA DE ENSAIOS ALVENARIA ESTRUTURAL RELATÓRIO DE ENSAIO N O 36555

Lentes de contato dental: construindo um protocolo previsível

Curso de Engenharia de Produção. Processos de Fabricação

REBOLOS RESINÓIDES (LIGA RESINÓIDE)

Resistência à flexão de resina acrílica polimerizada pela energia de microondas. Tranverse strength of denture base resin cured by microwave energy

Análise da influência de três métodos de pós-polimerização sobre a resistência à flexão de um compósito de uso clínico

Técnicas De. Fundição. Fundição. Odontológica. Page 1. Odontologia: tem por função restituir ao dente: Saúde Forma Função Estética

Processamento de materiais cerâmicos + H 2 O. Ivone

ARG. COLANTE REVESTIMENTO REJUNTE COMPONENTES DO REVESTIMENTO

AV. Herminio Gimenez RC - RUC: COR: CIUDAD DEL ESTE-PY TEL: contato@options-sa.net -

Hermann Blumenau - Complexo Educacional Curso Técnico em Saúde Bucal. Materiais Dentários. Professora: Patrícia Cé

Influence of Austenitizing Temperature On the Microstructure and Mechanical Properties of AISI H13 Tool Steel.

Avaliação da resistência flexural de resinas acrílicas polimerizadas por dois métodos

Catálogo de Gaxetas, Raspadores e Guias

REABILITAÇÃO ATRAVÉS DE HÍBRIDA APARAFUSADA.

Qualidade em Abrasivos. Novo. VSM CERAMICS Produtos de Alta Tecnologia Grão Cerâmico Auto Afiante. Especiais. Produtos. Aplicações

Propriedades do Concreto

Retificação: conceitos e equipamentos

Aperfeiçoamentos no Cabeçote

27/05/2014. Dentística I. Classe III. Classe I. Classe V. Terapêutica ou protética; Simples, composta ou complexa.

Forno Solar. Tipos de fornos solares: Caixa. Painel

Obrigado por ter adquirido os nossos produtos.

3 Kit Trizact Film - Polimento de Vidros

DUREZA DE CORPOS SINTERIZADOS Por Domingos T. A. Figueira Filho

REPARO EM PORCELANA. 3M ESPE Adper Single Bond TM 2 Adesivo Fotopolimerizável

Manual de Reservatório de PRFV Vetro

Papel. Etapa 6- Esta etapa trata-se do papel sendo utilizado por seus consumidores em diversas formas, como em livros, cartas, jornais, etc.

FICHA TÉCNICA - MASSA LEVE -

DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

Ensaio de tração: cálculo da tensão

RéguaFox. alumínio e policarbonato. manual de instruções

As peças a serem usinadas podem ter as

Ficha Técnica de Produto Rejunta Já! Acrílico Código: RJA001 e RJA101

JATEAMENTO - INTRODUÇÃO APLICAÇÃO

Tecnologia atual e passos para o futuro com sustentabilidade em resinas poliéster para aplicações aeroespaciais. André Oliveira

Avaliação da resistência ao impacto e dureza de resinas acrílicas termicamente ativadas para base de próteses totais ABSTRACT

CATÁLOGO DE PRODUTOS

1919 siawood + A próxima geração de abrasivos profissionais

RESINAS PARA REEMBASAMENTO IMEDIATO: RESISTÊNCIA A TRAÇÁO E ALONGAMENTO

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

pro-part Ficha técnica Aplicações recomendadas Materiais Suportes

PLACAS E TELHAS PRODUZIDAS A PARTIR DA RECICLAGEM DO POLIETILENO / ALUMÍNIO PRESENTES NAS EMBALAGENS TETRA PAK.

RECUPERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA DESCARTADA DE FUNDIÇÃO (ADF)

superior em função dos materiais de inclusão

13 o Encontro Técnico DER-PR

ESCOLA SECUNDÁRIA / 3 DE ALFENA

Dureza de materiais metálicos

ORIGAMI Manual de conservação

SUPORTES DE SOLO SUPORTE DE SOLO PARA EXTINTOR EM ALUMINIO POLIDO MODELO AP E PQS

SÉRIE DE CORRER B055 (RPT) EXTRUSAL

pro-telo inox Perfil metálico quinado em forma de U. Lateral de 8 mm de altura. Lado à vista liso de 10, 25 ou 40 mm.

avaliação dos modos de descolagem e a presença de fraturas no esmalte, após os ensaios mecânicos.

, PORTO

Concretos de retração controlada e de pós reativos: características, aplicações e desafios.

IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS IMPORTÂNCIA DA CURA NO DESEMPENHO DAS ARGAMASSAS

ULTRA-SOM MEDIÇÃO DE ESPESSURA PROCEDIMENTO DE END PR 036

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRAS ABELARDO DA SILVA MOREIRA

MÉTODO DE TESTE PARA RESISTÊNCIA QUÍMICA :

Estudo do Mecanismo de Transporte de Fluidos de Concretos Auto-Adensáveis. -Mendes,M.V.A.S.; Castro, A.; Cascudo, O.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Engenharia Diagnóstica

Protemp TM 4. Material Provisório à Base de Bisacril. Restauração provisória. qualidade. com a 3M ESPE

1M5. DE JANEIRO, de dezembro de 1981 ESTUDO ANALÍTICO EXPERIMENTAL COM TUBOS DE CALOR

INDÚSTRIA DE PLÁSTICOS

ABRALIMP Encontro de Associados. Alexis Joseph Steverlynck Fonteyne

PROCESSOS METALÚRGICOS DE FABRICAÇÃO

A maneira mais inteligente de aquecer água.

TECNOLOGIA DOS MATERIAIS

Degradação de Polímeros

As soluções de janelas de guilhotina ZENDOW são a escolha adequada para obras de renovação arquitectónica.

Processos de Fabrico. Ensaios de Dureza. A. M. Vasconcelos Lima

MATERIAIS COMPÓSITOS. Prof. Roberto Monteiro de Barros Filho. Prof. Roberto Monteiro de Barros Filho

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DoE UM PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE DIAFRAGMAS DE FREIO. (Design of Experiments) EM. Carlos Eduardo GEHLEN Jordão GHELLER

BT 0013 BOLETIM TÉCNICO RESINA FLOOR REPAIR PLUS_ ENDURECEDOR FLOOR REPAIR PLUS_ SÍLICA F-036

- Pisos e revestimentos Industriais (pinturas especiais, autonivelantes, uretânicas, vernizes...);

A INFLUÊNCIA DO SISTEMA DE VÁCUO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS DOS PRODUTOS DE CERÂMICA VERMELHA.

Optima Para projetos únicos.

Desenho e Projeto de Tubulação Industrial

O que é durabilidade?

Exercícios Terceira Prova de FTR

4.Materiais e métodos

Quick Up Editors Choice

Transcrição:

Resistência ao acrílica Maurício Tanji* Saide Sarckis Domitti** Rafael Leonardo Xediek Consani* Simonides Consani*** Lourenço Correr Sobrinho*** TANJI, Maurício et RESUMO *Clínica Odontológica, Área Prótese Dental Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNI- CAMP Av. Limeira, 901 Caixa Postal, 52 13414-900 Piracicaba, SP. **Departamento de Prótese e Periodontia Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNI- CAMP Av. Limeira, 901 Caixa Postal, 52 13414-900 Piracicaba, SP. ***Departamento de Odontologia Restauradora Faculdade de Odontologia de Piracicaba, UNICAMP Av. Limeira, 901 Caixa Postal, 52 Piracicaba, SP. O trabalho investigou a resistência ao impacto e a dureza de superfície em função das resinas acrílicas termopolimerizáveis Clássico, QC-20 e Onda-Cryl. Os padrões em cera, medindo 65x10x3mm, foram incluídos em muflas metálicas e de fibra de vidro. A proporção pó/líquido, manipulação e prensagem das resinas acrílicas foram realizadas de acordo com as instruções dos fabricantes. Após polimerização nos ciclos água aquecida a 74 o C por 9 horas, água em ebulição por 20 minutos e energia por micro-ondas, os corpos-de-prova foram removidos das muflas após esfriamento em temperatura ambiente e submetidos aos processos de acabamento e polimento convencionais. Em seguida, foram submetidos aos ensaios de resistência ao impacto, pelo sistema Charpy, numa máquina Wolpert, com força de impacto de 40 Kg/cm e de dureza de superfície num microdurômetro Shimadzu, com carga de 25g por 10 segundos. Os resultados submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey (5%) mostraram que a resistência ao impacto não sofreu influência das resinas, enquanto a dureza determinou valores com diferença estatística significativa. Unitermos: resistência ao impacto, dureza de superfície, resina composta. INTRODUÇÃO Vários materiais e métodos de processamento têm sido introduzidos na prática odontológica, com a f inalidade de produzir próteses total e 139

parcial removível com melhores propriedades mecânicas, resistentes e polidas para proporcionar maior confor to e atendimento dos requisitos de retenção, estabilidade e estética aos pacientes (Phillips, 1993). Entretanto, apesar das vantagens de fácil manipulação e reparo, melhor condutibilidade térmica, menor permeabilidade aos fluidos bucais e considerável estabilidade de cor, foi descartada a hipótese da resina acrílica ser um material considerado ideal (Spencer & Gariaef f, 1949); embora, apresentasse propriedades signif icantes, como f idelidade dimensional e resistência à fratura, quando fosse polimerizada por ciclo efetivo de cura (Harman, 1949). Assim, desde a introdução das resinas acrílicas, os pesquisadores estão buscando melhores e mais seguras variações nos procedimentos técnicos (Peyton, 1950; Peyton & Anthony, 1963), na tentativa de melhorar as características mecânicas quando polimerizadas por banho convencional (Woelfel et al., 1962), ener gia de micro-ondas (Nishii, 1958), calor seco (Ga y & King, 1979), luz visív el e água fer vente (Phillips, 1993). O processo de cura rápida foi possív el pela mistura de agentes polimerizantes químico e térmico no material (Craig, 1996), através do qual a polimerização mais rápida não aumentava a porosidade e distorção (Al Doori et al., 1988; Dixon et al., 1992). Da mesma for ma, o uso da resina acrílica polimerizada por ener gia de micro-ondas possibilitou a cura em apenas 3 minutos, utilizando o fenômeno da vibração das moléculas do monômero para gerar calor (Clerck, 1987), produzindo bases de prótese total semelhantes às do método tradicional (Salim et al., 1992). Entretanto, a resistência ao impacto da resina acrílica sob influência de polimentos não sofreu efeito dos tipos de materiais; embora a dureza tenha mostrado superioridade estatística quando o polimento do cor pode-prova foi convencional (Mesquita et al., 1999). P or outro lado, existem diferenças na resistência ao impacto entre resinas acrílicas for muladas para diferentes ciclos de cura (Smith et al., 1992; Cur y, 1994) e recente pesquisa mostrou que a dureza da resina acrílica QC-20 era influenciada pelos ciclos de polimerização (Borges, 1999). Com base nessas considerações, é conveniente verificar a influência dos diferentes acrílica sobre a resistência ao impacto e dureza de superfície, a f im de obter dados julgados relevantes para o estudo da resistência à fratura das bases de prótese total. TANJI, Maurício et PROPOSIÇÃO Considerando que os diferentes acrílica podem de - monstrar propriedades mecânicas não similares, o propósito deste trabalho foi verificar os níveis de resistência ao superfí - cie das resinas acrílicas ter mopolimerizáveis Clássico (ciclo convencional), QC-20 (ciclo rápido) e Onda-Cr yl (energia de micro-ondas). 140

TANJI, Maurício et MATERIAL E MÉTODO Os materiais utilizados na confecção dos cor pos-de-prova foram as resinas acrílicas ter mopolimerizáveis Clássico (Ar tigos Odontológicos Clássico Ltda.), QC-20 (Dentsplay/De Tray) e Onda-Cryl (Clássico). Foram utilizadas três matrizes retangulares de alumínio, medindo 65x10mm na superfície superior, 64x9mm na superfície inferior e espessura de 3mm (Stolf et al., 1985), as quais foram moldadas com silicone por condensação (Zetalabor) e os moldes contendo as matrizes incluídos em muflas metálicas e de f ibra de vidro, pela técnica de rotina. Em seguida, as muflas foram aber tas e as condições dos moldes de silicone examinadas quanto à qualidade de inclusão. Após remoção das matrizes dos moldes de silicone, os corpos-de-prova em resina acrílica foram confeccionados com os materiais manipulados se guindo as recomendações dos fabricantes e polimerizados de acordo com os g rupos: 1) polimerização em banho de água aquecida a 74 o C por 9 horas. Após prensagem da resina acrílica Clássico, as muflas foram le vadas à ter mopolimerizadora (Termotron), para processamento do ciclo convencional. 2) polimerização por ciclo rápido. Após prensagem, as muflas foram colocadas em panela termostática contendo água em eb ulição, durante 20 minutos. 3) polimerização por ener gia de microondas. Após prensagem, as muflas foram colocadas em forno para uso doméstico (Sanyo), com potência de 1.400 watts, por 3 minutos. Os corpos-de-prova foram retirados após esfriamento das muflas em temperatura ambiente, pelo processo laboratorial de rotina, e acabados com pontas abrasivas e lixas com abrasi vidade decrescente. O polimento foi realizado num torno de bancada com escovas branca e preta, todas com pastas de água pedra-pomes e água-branco de espanha, e ponta de feltro com pasta universal (Kota). Resistência ao impacto Os corpos-de-prova foram submetidos ao teste de resistência ao impacto numa máquina Wolpert-Werke, usando o sistema Charpy, com carga de impacto de 40kg/cm. O v alor do impacto obtido no momento da fratura foi transformado em resistência ao impacto (kgf/cm 2 ), segundo a fórmula: Ri = Ci/b x h, onde: Ri = resistência ao impacto, Ci = Car ga do impacto realizado (kg/cm), b = largura do corpo-de-prova (cm), e h = altura do cor po-deprova (cm). Dureza de superfície A dureza de superfície dos cor pos-de-prova foi verificada num microdurômetro Shimadzu, calibrado com carga de 25 gramas, durante 10 segundos, através de cinco penetrações em cada três áreas de superfície (central e duas extremidades). 141

Os dados de ambos ensaios foram submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey em nível de 5% de signif icância. RESULTADOS As médias dos valores de resistência ao impacto submetidas ao teste de Tukey (5%) mostram que não houv e diferença estatística signif icativa entre as resinas acrílicas (TABELA 1). A maior média para a dureza de superfície foi obtida pela resina polimerizada por energia de microondas, com diferença estatística signif i- cativa quando comparada com os demais produtos. A menor média ficou para a resina polimerizada pelo ciclo rápido, enquanto a resina for mulada para ciclo con vencional mostrou resultados inter mediários, todas mostrando diferença estatística signif icativa (TABELA 2). TANJI, Maurício et TABELA 1- Média dos valores de resistência ao impacto (kgf/cm 2 ), em função dos acrílica. RESINAS MÉDIAS 5% Ciclo Rápido 8,12 (0,66) a Microondas 8,06 (1,19) a Convencional 7,15 (1,41) a Médias seguidas por letras iguais não diferem em nív el de 5% Diferença mínima significativa: 1,26 Desvio-padrão entre parênteses TABELA 2- Média dos valores de dureza de superfície (Knoop), em função dos acrílica. RESINAS MÉDIAS 5% Ciclo Rápido 11,11 (0,96) a Microondas 18,43 (1,12) b Convencional 14,64 (1,05) c Médias seguidas por letras iguais não diferem em nív el de 5% Diferença mínima significativa: 1,26 Desvio-padrão entre parênteses DISCUSSÃO Os testes de resistência ao impacto e de dureza de superfície podem fornecer dados relevantes para o estudo da resistência à fratura das bases de prótese total. Com base nos dados deste trabalho, podemos verificar nas TABELA 1 e FIGURA 1 que não houve diferença estatística significativa entre os 142

TANJI, Maurício et valores de resistência ao impacto apresentados pelos três acrílica. Esse resultado parece indicar a presença de elementos similares na composição química dos produtos comerciais a valiados neste estudo, nos quais as taxas de con versão para transfor mar monômero em polímero foram, provavelmente, semelhantes para todos materiais. Além disso, a composição básica dos três produtos é o poli-metilmetacrilato, for mulados também com alguns reforços monoméricos para permitir a for mação de copolímeros de lig ação cr uzada (Anusa vise, 1998) que, nas resinas Clássico, QC-20 e Onda-Cr yl não foram suf i- cientes para estabelecer diferentes níveis de absorção de energia, no momento do impacto. Assim sendo, a energia absorvida no impacto por esses produtos foi semelhante, proporcionando v alores de fratura sem diferença estatística significativa. Portanto, nas condições deste ensaio, não foi possível confirmar a assertiva que as resinas polimerizadas por ciclo longo apresentam melhores características para absorção de ener gia, em virtude da formação de cadeias longas de polímeros com alto peso molecular, quando comparada às polimerizadas por ener gia de micro-ondas, de cadeias cur tas com baixo peso molecular (Ha yden, 1986) e a af irmação que existem diferenças entre os v alores de resistência ao impacto obtidos pelas resinas formuladas para micro-ondas, termo-ativadas curadas em ciclo longo de 20 Resistência ao Impacto (Kgf/cm2) 15 10 5 0 Ciclo Rápido Microondas Resinas Convencional FIGURA 1- Ilustração g ráfica das médias dos v alores de resistência ao impacto (kgf/cm 2 ), em função dos. água aquecida e quimicamente ativada (Cury, 1994). Além disso, os dados obtidos em nosso trabalho também não permitiram comprovar os resultados da literatura que mostram diminuição dos valores de resistência ao impacto da resina processada por energia de microondas, quando comparados com os promovidos por ativação em ci- 143

clo de banho de água (Smith et al., 1992). Por outro lado, quando a dureza de superfície foi analisada, verificamos nas TABELA 2 que os valores obtidos sofreram influência dos ti - pos de resina acrílica, com diferença estatística significativa entre os materiais. A resina ativada por energia de microondas mostrou o maior valor de dureza de superfície e a resina para ciclo rápido, o menor valor, ficando a resina usada no ciclo convencional, com valores intermediários. Embora todas as resinas acrílicas possam ser facilmente riscadas devido ao baixo valor de dureza Knoop (Craig, 1996), a resina polimerizada por energia de microondas tem mostrado maior valor de dureza, quando comparada àquelas for muladas para ciclos rápido e con vencional (Smith et al., 1992; Bor ges, 1998), portanto, os resultados encontrados em nosso trabalho são semelhantes. Ainda que o aumento da dureza, de vido ao agente de lig ação cruzada, possa ser neutralizado em par te pelo efeito plasticizante do material intersticial não reagido (Jagger & Huggett, 1975), acreditamos que a variação dos valores da dureza de superfície mostrada pelos materiais pode estar baseada na diferença e xistente entre os nív eis residuais de monô - mero resultantes dos ciclos de polimerização, visto que a dureza estabe - lece relação proporcional com a quantidade residual de monômero (Jagger, 1978). Ainda que os ciclos de polimerização mais longos promovam menores níveis de monômero residual (McCabe & Bask er, 1976; Austin & Baxter, 1980), os valores de dureza Knoop obtidos com a resina acrílica convencional foram sem diferença estatística signif icativa quando comparados aos promovidos pela resina curada por ener gia de micro-ondas TANJI, Maurício et 20 15 Dureza Knoop 10 5 0 Ciclo Rápido Microondas Resinas Convencional FIGURA 2- Média dos valores de dureza de superfície (Knoop), em função dos tipos de resina acrílica. 144

TANJI, Maurício et (Troung & Thomaz, 1988). Por outro lado, em recente trabalho, a resina acrílica QC-20, for mulada para ciclo rápido de cura, apresentou menor v alor de dureza, embora, tenha sido polimerizada por ciclo convencional de 9 horas (Borges, 1998). Neste caso, os componentes para reação de ati vação química adicional à ativação térmica, contidos na resina para ciclo rápido, seriam os responsáveis pelos menores resultados médios de dureza, visto que as resinas acrílicas ativadas quimicamente são significativamente menos duras que àquelas ativadas termicamente (Von Fraunhofer & Suchatlampong, 1975). CONCLUSÃO A resistência ao impacto mostrou valores sem diferença estatística significativa entre os diferentes acrílica. Entretanto, a dureza de superfície foi influenciada pelos materiais, onde o maior valor foi obtido pela resina acrílica polimerizada por ener gia de microondas e o menor pela resina para ciclo rápido, f icando a resina con vencional com v alores intermediários, todas mostrando diferença estatística signif icativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AL DOORI, D. et al. A comparison of denture base acrylic resins polymerized by microwave irradiation and by conventional water bath curing systems. Dent. Mater., v. 4, n. 1, p. 25-32, 1988. ANUSAVICE, K. J. Phillips materiais dentários. 10. ed. Rio de Janei - ro: Guanabara Koogan, 1998. p. 125-139. AUSTIN, A. T., BASKER, R. M. The level of residual monomer in acrylic denture base materials with particular reference to a modified method of analysis. Brit. Dent. J., v. 149, n. 18, p. 281-286, 1980. BORGES, L. H. Influência de ciclos de polimerização sobre o polimento, rugosidade, porosidade e dureza superficial da resina acrílica QC- 20. Piracicaba, 1998, 119 p. Disser tação (Mestrado) - F aculdade de Odontologia de Piracicaba, UNICAMP. CLERCK, J.P. Microwave polymerization of acr ylic resins used in dental prosthesis. J. prosth. Dent., v. 57, n. 5, p. 650-658, l987. CRAIG, R. G. Prosthetic applications of polymers in restorative dental materials. 10. ed. London: C.V. Mosby, 1996. p. 502-544. CURY, A. A. D. B. et al. Resinas acrílicas dentais polimerizadas por energia de microondas, método convencional de banho de água e quimicamente ativada: propriedades físicas. Revta. Odont. Univ. S.Paulo, v 8, n. 4, p. 243-249, 1994. DIXON, D. L. et al. Linear dimensional variability of three denture base after processing and in water storage. J. prosth. Dent., v. 68, n. 1, p. 196-145

200, 1992. GAY, W. D., KING, G. E. An evaluation of the cure of acr ylic resin by three methods. J. prosth. Dent., v. 42, n. 4, p. 437-440, 1979. HARMAN, I. M. Effects of time and temperature on pol ymerization of a methacrylate resin denture base. J. Am. dent. Ass., v.38, n.2, p. 188-203, 1949. HAYDEN, W. J. Flexural strength of microwave-cured denture baseplate. Gen. Dent., v. 34, n. 5, p. 367-371, 1986. JAGGER, R.G. Effect of the curing c ycle on some proper ties of a polymethylmethacrylate denture base material. J. Oral Rehabil., v. 5, n. 8, p. 151-157, 1978. JAGGER, R. G., HUGGETT, R. The effect of cross-linking on indentation resistance, creep and reco very of an acr ylic resin denture base material. J. Dent., v.3, n.1, p. 15-18, 1975. MACCABE, J. F., BASKER, R. M. Tissue sensibility to acrylic resin. A method of measuring the residual monomer content and its clinical application. Br. Dent. J., v. 140, n. 10, p. 347-350, 1976. MESQUITA, M. F. et al. Efeito do polimento químico sobre a dureza superficial das resinas acrílicas. Rev. Paul. Odont., v. 18, n. 3, p. 22-27, 1996. NISHII, M. Studies on the curing of denture base resins with microwave irradiation: With particular reference to heat-curing resins. J. Osaka dent. Univ., v. 2, n. 1, p. 23-40, 1968. PEYTON, F. A. Packing and processing denture base resins. J. Am. dent. Ass., v. 40, n. 5, p. 520-528, 1950. PEYTON, F. A., ANTHONY, D.H. Evaluation of denture processed b y different techniques. J. prosth. Dent., v. 13, n. 2, p. 269-282, 1963. PHILLIPS, R. W. Skinner materiais dentários, 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 1993. p.92-123. SALIM, S. et al. The dimensional accurac y of retangular acr ylic resin specimens cured b y three denture base processing methods. J. prosth. Dent., v. 67, n. 6, p. 879-881, 1992. SMITH, L. T. et al. Mechanical proper ties of new denture resins pol y- merized by visible light, heat and micro wave energy. Int. J. Prosthodont., v. 5, n. 2, p. 315-318, 1992. SPENCER, H. R., GARIAEFF, P. The present status of vulcanite versus plastics baseplate material. Contact Pr., v. 27, n. 2, p. 63-7, 1949. STOLF, W. L. et al. Influência do polimento químico sobre a resistência ao impacto das resinas acrílicas. Rev. paul. Odont., v. 7, n. 1, p. 26-30, TANJI, Maurício et 146

TANJI, Maurício et 1986. TROUNG, V. T., THOMAZ, F. G. V. Comparison of denture acr ylic resins cured by boiling water and microwave energy. Aust. Dent. J., v. 33, n. 3, p. 201-204, 1988. WOELFEL, J. B., PAFFENBARGER, G. G., SWEENEY, W. T. Dimensional changes in complete dentures on dr ying, wetting and heating in water. J. Am. dent. Ass., v. 65, n. 4, p. 495-505, 1962. VON FRAUNHOFER, J. A., SUCHATLAMPONG, C. The surface characteristics of denture base pol ymers. J. Dent., v.3, n. 3, p. 105-109, 1975. 147