SOBRE DECISÕES. A história de Rute é por excelência uma história de decisões. Decisões críticas, que mudam o rumo da vida são em contínuo relatadas.



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SOBRE DECISÕES Um dos menores livros da Bíblia; um dos dois únicos de nome feminino; como Jó um livro que relata um drama familiar, que a princípio parece estar à parte do objetivo maior da Bíblia, que é de relatar o relacionamento de Deus com o ser humano. Este é Rute. A história de Rute é por excelência uma história de decisões. Decisões críticas, que mudam o rumo da vida são em contínuo relatadas. AS DECISÕES DO LIVRO DE a decisão de esperança O relato de Rute começa com uma decisão. Elimeleque decide deixar sua terra, sua gente, seu país, e sair em busca de um lugar melhor. Essa é uma decisão de esperança. Aqui não está bom, lá adiante pode estar melhor, e a esperança move essa família na difícil decisão de deixar tudo, se liberar das raízes e ir à busca do novo. É um direito universal do ser humano buscar a sua felicidade e se esforçar em procurar pelo melhor para si e para os seus. A fome castigadora e persistente é mais do que motivo. Talvez essa fome tenha sido causada por um longo período de seca; talvez por uma praga. Não podemos esquecer que em um contexto rural como o da época, as consequências de um longo período de falta de produção da terra não se resumiam às privações, ainda que este já seja motivo suficiente para almejar por mudanças drásticas. Mas, as dívidas devem ter se acumulado. A propriedade e os bens estariam em risco, com os credores querendo confiscá-los, sem falar que os filhos e a mulher poderiam vir a ser tomados como escravos, para o pagamento das dívidas. A pressão por uma decisão era grande. E o texto nos deixa a impressão de que a família tomou uma decisão de caráter definitivo. Não era uma decisão temporária, do tipo: enquanto houver a seca. Não. A família foi de vez. Foram deixando para sempre o seu passado e atrelando o seu futuro a um novo lugar. Foram, como se diria no interior de São Paulo, de mala e cuia. O destino era Moabe, vizinho de Israel conhecido por suas terras férteis e pela pujança da sua agricultura. Se por um lado a abundância fazia de Moabe a solução natural para o momento, por outro lado, a escolha por Moabe tornava a decisão mais pesada, pois significava deixar o país natal, viver em uma terra de deuses estranhos e culto desconhecido, no meio de um povo que muitas vezes já tinha sido inimigo dos judeus. Mas, a decisão foi executada. Belém ficou para trás e Moabe se tornou a nova terra de Elimileque, sua mulher Noemi e seus filhos Malom e Quiliom. 1

No entanto, as coisas não deram como esperado. A expectativa da mudança foi frustrada, e a tragédia se abateu sobre a família na sequência das três mortes que dizimaram o lado masculino do clã. A feliz família que deixou Belém cheia de esperança, composta de um pai, uma mãe, um irmão, outro irmão, ficou reduzida a três viúvas: uma velha e duas jovens. a decisão da desolação E então, Noemi decide voltar para Belém. Duas motivações deviam estar por traz dessa decisão. As notícias chegaram a Moabe de que a seca em Belém já tinha acabado. E, fator mais importante, a viuvez e velhice de Noemi. Não é difícil pensar como seria a condição de uma velha sozinha, naqueles tempos. A única possibilidade era viver da caridade. Se ainda adicionamos o fato de ser estrangeira, sem ninguém, sem vínculo afetivo, o futuro para Noemi em Moabe era desolador. Voltar para Belém significava ao menos a perspectiva de obter compaixão dentre o seu povo. Se a decisão que moveu a família para Moabe era carregada de esperança, a decisão que move Noemi de volta para Belém é uma decisão de desolação. A esperança foi convertida em amargura. E, creio como seria com qualquer um de nós, Noemi dividiu com Deus o peso da desgraça que se abateu sobre ela: Ditosa fui, pobre voltei O Senhor colocou-se contra mim. o Todo poderoso me trouxe desgraça A esperança morreu, o futuro acabou. Só sobraram a amargura e a desolação. a decisão crucial Pela frente ficou o longo caminho da volta - E essa é uma daquelas situações tão comuns onde o caminho da volta é muito, mas muito mais longo que o caminho da ida. O caminho da volta se tornou longo porque se voltava sem a companhia dos que foram; se voltava carregando a frustração. E em certo ponto dessa jornada, numa encruzilhada definidora, talvez o último ponto em que ainda seria possível uma reconsideração, encontramos mais uma decisão precisando ser tomada. Podemos chamá-la da decisão crucial. A decisão das duas noras, Rute e Orfa a respeito de continuarem a acompanhar Noemi em direção a Belém, ou retornar para suas casas. Orfa toma a decisão racional; a decisão mais lógica naquelas circunstâncias, Seu raciocínio seria algo como: O que é que eu vou fazer em Belém? Meu sonho acabou. Meu futuro era um daqueles garotos judeus que conheci, gostei, casei, imaginando construir uma família feliz. Mas acabou. Não tenho mais nada com isso. Que razão tenho eu para ir a Israel? O povo de lá não vai me aceitar. Jamais serei uma deles. Não poderei participar das suas festas religiosas. Se chance ainda tenho, ela está no meio do meu povo, com o 2

suporte da minha família. Sou jovem, posso sonhar um futuro. E Orfa volta para Moabe, e sua história se perde no tempo. Rute toma a decisão emocional, ilógica, difícil de ser entendida: abandonar toda sua história, seu passado, seu povo, sua família, sua tradição; ir para uma terra estranha; juntar sua vida a vida de uma mulher desprovida de qualquer recurso, amargosa, queixosa, sem futuro. Mas esta foi a sua decisão, declarada de uma forma tão enfática, tão contundente que Noemi não teve como refutar e tal decisão atravessa os séculos como um testemunho impar de amor: Não insistas comigo que te deixe e não mais te acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti! LIÇÕES DE E a história de Rute continua com outras decisões difíceis. Paramos nessas. Refletindo nelas, busco lições aplicáveis às nossas decisões. 1. Decisões bem intencionadas podem dar (e dão) errado Todos têm uma grande dificuldade de decidir. Precisar decidir produz ansiedade. Ansiedade por querer acertar a decisão. Seja um assunto relevante, seja um assunto trivial, queremos decidir certo. Queremos atingir a nossa expectativa. Toda decisão contem um atrito, uma tensão, e a decisão errada - que não gerou o objetivo desejado - produz frustração e sentimento de derrota. Não é assim na segunda feira de manhã? Temos dois caminhos para ir ao trabalho, escolhemos um, mas é o com maior tráfico. Perdemos o tempo que não temos. Depois, ficamos sabendo que a alternativa fluía bem. Decepção, raiva, sensação de inutilidade. A toda hora erramos. Alguém já se preocupou em registrar o quanto das decisões foi acertado? De cada dez, quantas foram erradas? Se alguém tentar fazer isso só vai se frustrar mais. Pedimos ajuda a Deus. Queremos ter um parâmetro para decidir. Buscamos ajuda na Bíblia, e o que encontramos? Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo (Jo 16.33) Procuramos mais na Bíblia e não encontramos lá um NOSSO SENHOR DO BOM CAMINHO. Não. Não há. Mas, a Bíblia fala sim de um SENHOR DE TODOS OS CAMINHOS. Dos caminhos bons e dos caminhos maus. Dos caminhos acertados e dos caminhos errados. E ainda que estejamos no caminho da morte, estamos no caminho do Senhor, não é isto que repetimos no Salmo 23? Outra advertência séria a este respeito vem de Tiago 4, 13 a 16: 3

Ouçam agora, vocês que dizem: Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano lá, faremos negócios, e ganharemos dinheiro. Vocês nem sabem o que lhes acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna. E a benção divina encontrada em Josué 1.9 é extensiva a nós:...o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar. Arcamos com a consequência das nossas decisões. Convivemos com fatalidades que acontecem independente das nossas decisões, mas a dependência de Deus deve ser tal que possamos sentir a Sua presença, sejam nossas decisões bem sucedidas ou fracassadas. 2.Há uma e apenas uma decisão que faz diferença na nossa vida: a nossa decisão por Deus Voltemos à encruzilhada da estrada que liga Moabe à Belém. Orfa, lógica e racional, volta para seu povo, o seu lugar. Rute, emocional e irracionalmente, decide manter-se fiel à velha pobre coitada que tinha sido mãe de seu falecido marido. Nessa situação, Rute opta por renegar sua família, seu povo e seu Deus. Foquemos na decisão espiritual, quando Rute abandona os seus deuses, e se decide pelo Deus de Noemi. Que motivações levam Rute a tanto? Seria algum conhecimento especial, alguma revelação privilegiada que teve? Duvido. Se tivesse havido algo assim, o fato seria relevante para ser parte da narrativa. Será que foi o testemunho de Noemi, seu marido e seus filhos, que falou mais alto que a tragédia que se abateu sobre a família? Esta questão é assaz interessante e inspiradora e de per si merece ser ponderada. O fato é que Rute fez uma opção por Deus, pelo Único e Verdadeiro Deus Jeová. E que decisão abençoada. Se uma decisão certa deve produzir frutos recompensadores, tal foi com a decisão de Rute. Produziu recompensas imediatas, como vemos ao continuar a história, no casamento de Rute com Boaz e na restauração da condição de família, daquelas duas viúvas desamparadas. Produziu recompensas futuras, que talvez tenham sido em vida percebidas por Rute: Seu bisneto se tornou rei de Israel, referência e orgulho nacional. Da descendência de Rute saiu o rei Davi, filho de Jessé, que foi filho de Obede, que foi filho de Rute e Boaz. Produziu também recompensas eternas, não alcançadas por Rute em vida. Mateus nos lembra que Rute está na linhagem do Nosso Senhor Jesus Cristo. Na ascendência de Jesus são 4

destacadas quatro mulheres, e Rute está entre elas. Vinda lá de longe, de fora do povo escolhido de Deus para formar a genealogia de Jesus Cristo. A história de Rute nos lembra que a decisão de ficar do lado de Deus é a decisão que faz diferença; de fato a única que importa na vida. Todas as outras decisões que podemos vir a acertar na vida, se tornam irrelevantes frente à decisão acertada de ficar com Deus. 3. O fim não é o fim. Para Noemi a morte de seu esposo e de seus dois filhos foi, sem sombra de dúvida trágica, difícil e inimaginável. Tanto acumulo de coisas ruins acontecendo que ela somente pôde se considerar inteiramente derrotada, castigada por Deus, até amaldiçoada. A vida já não fazia mais nenhum sentido para Noemi. Só sobrou ficar remoendo as frustrações e amarguras, voltar para Belém e esperar pela sua própria morte. Mas, as coisas mais uma vez não aconteceriam como antecipadas. Noemi ainda teria nos seus braços o seu neto, Obede e mais uma vez ainda seria feliz. Veja o que se diz dela: As mulheres disseram a Noemi: Louvado seja o Senhor, que hoje não te deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor que sete filhos! Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. Nunca podemos esquecer que a mensagem de RESTAURAÇÃO é forte e contundente em toda a Bíblia. Restauração daquilo que foi destruído pelo pecado. Restauração da conexão com Deus. Aquele que faz novas todas as coisas (Ap 21.5) Aquele que pode transformar um vale de ossos secos novamente em um exército numeroso (Ez 37) Aquele que providenciou a restauração de Noemi É o mesmo que nos renova, nos restaura e nos recupera das nossas quedas e tropeços, não importa quão grandes foram. Mesmo que nossos pecados e nossas decisões erradas nos levem ao mau caminho, é neste mau caminho que somos alcançados pela graça restauradora de Deus. 4. O que é o certo e o que é o errado em decisões, pela perspectiva divina? Uma pergunta hipotética fica martelando o pensamento ao relembrar a história de Rute: Elimeleque errou em deixar Belém? Será que foi uma decisão sábia abandonar o seu povo e ir viver no meio de um povo pagão? Será que não faltou a Elimeleque confiar em Deus, depender mais do Senhor dos tempos e do Senhor da 5

chuva? Salmo 37.5 ensina Confia no Senhor e faze o bem; assim habitarás na terra e te alimentarás em segurança. Será que não faltou um pouco de previdência a Elimeleque? Se precaver, sabendo que algo podia dar errado, que sua esposa poderia terminar viúva e abandonada em terra estranha? Podemos conjecturar quanto quiser e nunca teremos resposta à questão que gostamos de fazer: E seu tivesse decidido de outro jeito? No entanto, o que acontece ao olhar o resultado daquela decisão de Elimeleque, que nos parece errada? Só vemos acertos. Se Elimeleque não tivesse saído de Belém: Não haveria o encontro com Rute Não haveria a chance de Rute decidir como decidiu Não teríamos sequer tido conhecimento dessa história. A realidade é que Deus usa NOSSAS DECISÕES certas ou erradas; fracassadas ou vitoriosas. Estando da Sua dependência, Ele faz das nossas decisões o INSTRUMENTO DA SUA BENÇÃO. Não o nosso sucesso, imediato, material, visível, mas o sucesso divino, espiritual e permanente. A experiência de Paulo, na questão do espinho na carne, como relatada pelo apóstolo em 2 Coríntios 12.9-10 é muito apropriada para esta consideração Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. PARA CONCLUIR A vida continua e vamos continuar tomando decisões, buscando acertar, procurando o melhor. A cada instante estaremos colocados diante de alternativas: ARRISCAR ou SER CAUTELOSO AMBICIONAR MAIS ou CONTENTAR-SE COM O QUE TEM OUSAR ou ACOMODAR-SE COMEÇAR DE NOVO ou DESISTIR IR ou FICAR Muitas dessas decisões, qualquer que sejam, IRÃO FRUSTRAR NOSSAS EXPECTATIVAS, e DESTRUIR NOSSAS MAIS ACALENTADAS ESPERANÇAS. 6

Se confirmarmos a NOSSA OPÇÃO POR DEUS, Ele fica conosco: Na sua presença continuada Na sua ação de restauração No usar as nossas decisões para abençoar-nos e a outros No fazer com que a SUA vontade se cumpra, e assim o verdadeiro SUCESSO seja alcançado. E que Ele mesmo nos ensine mais sobre isto. 7