CUSTO DE REPOSIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PREÇOS



Documentos relacionados
DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE l

RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS E O CUSTO REAL DA COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO - (Parte III)

TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE l

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

A ESTRUTURA DE CAPITAL NA ANÁLISE DE NOVOS INVESTIMENTOS

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

PAYBACK - CALCULANDO O TEMPO NECESSÁRIO PARA RECUPERAR O INVESTIMENTO

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O VPL DA OPERAÇÃO E O VPL DO ACIONISTA?

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

COMO CALCULAR A PERFORMANCE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS - PARTE II

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

O QUE É CUSTO DE CAPITAL PARTE ll

O QUE É UMA PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - PARTE II

COMO CRIAR UM PLANO DE AMORTIZAÇÃO

! Revisão de conceitos importantes! Fluxo com VRG diluído! Fluxo com VRG no final do contrato! Comparação com outras alternativas de financiamento

O que é e como funciona uma operação de swap

COMO DETERMINAR O PREÇO DE UMA

MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E COMO FUNCIONA

PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Projeção do Fluxo de Caixa Caso Prático

OS IMPACTOS DA MUDANÇA PARA MAIS OU PARA MENOS NA TAXA DE JUROS SOBRE O PREÇO DE VENDA

A MONTAGEM DA EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52) - EXEMPLO PRÁTICO

O QUE É CFROI CASH FLOW RETURN ON

O QUE TODOS DEVEM DAVER SOBRE PERPETUIDADE

A Projeção de Investimento em Capital de Giro na Estimação do Fluxo de Caixa

PERGUNTAS E RESPOSTAS QUE TODO EXECUTIVO FINANCEIRO GOSTARIA DE FAZER SOBRE ANÁLISE ECONÔMICA

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES

COMO TRATAR A TAXA DE JUROS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

COMO SELECIONAR PROJETOS QUANDO EXISTE RESTRIÇÃO DE CAPITAL

TÓPICOS ESPECIAIS DE CONTABILIDADE: JUROS SOBRE CAPITAL

RESENHA TRIBUTÁRIA ATUALIZADA

Tratamento das Receitas e Despesas Financeiras

COMO REDUZIR CUSTOS NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

QUAL É A RELAÇÃO ENTRE RISCO E CUSTO DE CAPITAL

GASTOS VARIÁVEIS, FIXOS E SEMI-VARIÁVEIS (alguns conhecimentos indispensáveis para quem trabalha com análises econômicas e financeiras) ASSOCIADOS

VALUE BASED MANAGEMENT (Gerenciamento Baseado no Valor - GBV) - PARTE ll

Outros Tópicos Importantes na Elaboração do Fluxo de Caixa

COMO QUALIFICAR O PREÇO DE VENDA DE SEUS PRODUTOS (UTILIZANDO AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FORMAÇÃO DE PREÇOS)

COMO CALCULAR A PERFORMANCE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS - PARTE I

3 Indicadores de Resultados da gestão comercial. Série Indicadores Essenciais Volume 3

JOGO DOS 4 ERROS - ANALISANDO UM NOVO INVESTIMENTO: ONDE ESTÃO OS 4 ERROS?

COMO SE GANHA DINHEIRO GIRANDO MAIS O NEGÓCIO

COMO SALVAR UM PRODUTO DE UMA BAIXA IRREVERSÍVEL (?) NO PREÇO DE VENDA (investindo em diferenciais competitivos)

COMPRAR VERSUS ALUGAR (qual a melhor opção)

COMO IDENTIFICAR E ANALISAR OS IMPACTOS DOS DRIVERS DA EMPRESA (CASH E VALUE)

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE ll

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS - PARTE lli

PATRIMÔNIO LÍQUIDO CONTÁBIL versus VALOR DE MERCADO Cálculo do patrimônio líquido pelo valor de mercado

O QUE É ATIVO INTANGÍVEL?

COMPONENTES DA ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIO

UM GLOSSÁRIO PARA O DIA A DIA DO EXECUTIVO

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52)

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O INDICADOR : RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA EM AUDITORIA PARTE ll

PDV: DE OLHO NA RENTABILIDADE

COMO TRATAR A INFLAÇÃO NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

DETALHES RELEVANTES NA APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ELABORADO COM BASE NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

COMO DETERMINAR O PREÇO DE LANÇAMENTO DE UMA AÇÃO NA ADMISSÃO DE NOVOS SÓCIOS

Como Elaborar um Fluxo de Caixa com Base em Demonstrações Encerradas (Parte II)

ENTENDENDO OS DIVERSOS CONCEITOS DE LUCRO

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS IMPOSTOS MAIS IMPORTANTES - PARTE Il

UTILIZANDO A TIR PARA ANÁLISE DE DOIS PROJETOS EXCLUDENTE

QUAL O CRITÉRIO IDEAL PARA REAJUSTAR O PREÇO DE UM SERVIÇO

COMO CALCULAR PRAZOS MÉDIOS QUANDO ESTES EXCEDEM 30 DIAS

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

CONSTRUINDO E ANALISANDO O EBITDA NA PRÁTICA

COMO ANALISAR ECONOMICAMENTE DUAS PROMOÇÕES

Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 25. Circular para: CAVALCANTE ASSOCIADOS

UTILIZAÇÃO DE RECURSOS AVANÇADOS DO EXCEL EM FINANÇAS (PARTE II): ATINGIR META E SOLVER

QUE TAL ANALISAR O MVPL Valor Presente Líquido Modificado

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

O NOME DO JOGO É: O MÁXIMO DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTO COM O MÍNIMO DE CUSTO DE CAPITAL

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

CUSTOS NA PEQUENA INDÚSTRIA

Como utilizar a margem de contribuição para tomar decisão quando existe limitação na capacidade produtiva Parte 2

Vantagens e Cuidados na utilização do Valor Econômico Agregado - EVA

PROCEDIMENTOS PARA ANALISAR PROJETOS EXCLUDENTES COM VIDAS ESTIMADAS DIFERENTES

COMO CALCULAR E ANALISAR A CAPACIDADE DE

Objetivos da Adm. de Estoque 1. Realizar o efeito lubrificante na relação produção/vendas

OS EFEITOS DOS CUSTOS NA INDÚSTRIA

OS IMPACTOS DA FILOSOFIA JIT SOBRE A GESTÃO DO GIRO FINANCIADO POR CAPITAL DE TERCEIROS

Traduzindo o Fluxo de Caixa em Moeda Estrangeira

COMO CALCULAR O PRINCIPAL INDICADOR PARA MEDIR A EFICIÊNCIA FINANCEIRA DE UMA

SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

ERP. Enterprise Resource Planning. Planejamento de recursos empresariais

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Projeto Você pede, eu registro.

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

O que é Custo de Oportunidade?

COMO FUNCIONAM DOIS PROCEDIMENTOS DO ICMS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

SIMULAÇÃO DE GESTÃO EMPRESARIAL

Plano de Negócios e Pesquisas de Mercado: Ninguém Vive Sem

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE : IMOBILIZADO E DEPRECIAÇÃO - PARTE II

PLANEJAMENTO OPERACIONAL: RECURSOS HUMANOS E FINANÇAS MÓDULO 16

"BUSSINES PLAN"- PLANO DE NEGÓCIOS

Transcrição:

CUSTO DE REPOSIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PREÇOS! Quando usá-lo e quando não usá-lo! Por que o custo de reposição é um problema financeiro e não econômico Autores: Francisco Cavalcante(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. É Sócio-Diretor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis e compra e venda de participações acionárias. O consultor Francisco Cavalcante já desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. Paulo Dragaud Zeppelini(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas com MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de mercado de Capitais - IBMEC. Iniciou carreira na Serasa, trabalhando com processos de avaliação, aprovação, concessão e risco de crédito. Posteriormente, transferiu-se para a área de mercado de capitais, atuando em estudos de tendência da economia e dos setores com melhores perspectivas do desempenho. Foi diretor da Título Corretora de Valores S.A. onde desenvolveu e implantou o departamento técnico e coordenou as atividades da área de fundos de investimento. Up-To-Date - n o 51- CUSTO DE REPOSIÇÃO

ÍNDICE PÁG O USO INADEQUADO DO CUSTO DE REPOSIÇÃO PO- DERÁ MATAR A POLÍTICA DE PREÇOS AUMENTO DE PREÇOS JÁ QUANDO O CUSTO DE REPOSIÇÃO É MAIOR QUE O CUSTO ATUAL. VERDA- DE? GIRO DOS ESTOQUES MENOR DO QUE O PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES GIRO DOS ESTOQUES MAIOR DO QUE O PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES OBSERVAÇÕES ACERCA DO DESCASAMENTO EM ROTAÇÃO DOS ESTOQUES E PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES 3 5 6 8 10 PROBLEMA FINANCEIRO OU ECONÔMICO? 12 EXEMPLO 13 CASO PRÁTICO PROPOSTO 14 CASO PRÁTICO RESOLVIDO 15 Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 2

O USO INADEQUADO DO CUSTO DE REPOSIÇÃO PODERÁ MATAR A POLÍTICA DE PREÇOS A diretoria da empresa Desconfiada S.A., preocupada com a possibilidade de retorno da inflação em função das alterações ocorridas na economia, convocou reunião com o departamento de custos para reavaliar a política de preços da empresa. O gerente de custos explicou que não esperava aumento generalizado de preços, mas sim, aumento de alguns produtos que sofrem influência da variação da moeda norteamericana. Não satisfeito, o diretor financeiro pediu relatório urgente contemplando os custos históricos (aqueles que a empresa já tinha pago) os atuais custos de produção (aqueles que a empresa irá pagar para repor insumos) e parecer sobre a necessidade ou não de se aumentar imediatamente os preços. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 3

! A situação acima demonstra a preocupação das empresas com a formação de seus preços em função das mudanças no câmbio, da mudança na estrutura de preços da economia e do possível retorno da inflação.! Como parte das matérias-primas / insumos são importadas, o reflexo nos custos da empresa preocupa. Nas próximas compras, os fornecedores já estariam reajustando o preço. Devemos aumentar os preços dos nossos produtos imediatamente ou podemos aguardar?! Neste Up-To-Date, vamos avaliar o custo de reposição na formação de preços e o critério correto para sua utilização.! O uso incorreto do custo de reposição pode matar a política de preços de uma empresa. Acelerar um aumento indevido de preços poderá colocar o produto da empresa fora do mercado. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 4

AUMENTO DE PREÇOS JÁ QUANDO O CUSTO DE REPOSIÇÃO É MAIOR QUE O CUSTO ATUAL. VERDADE? Muitos fatores são importantes na determinação do preço de um produto. Ítens como custos e despesas de fabricação e comercialização, demanda estimada para o produto, concorrência, mercado consumidor, nível de produção etc., estão entre os mais relevantes. Outro fator é a informação correta com relação aos valores dos atuais custos de produção. Este fator nos remete ao problema do custo de reposição que é uma variável bastante importante a ser considerada na formação do preço de venda. Podemos dizer que em virtude do passado com inflação elevada, muitos empresários exageram a importância deste custo. Muitos empresários e executivos adotam a seguinte máxima: Quando sabe que a empresa irá pagar na próxima compra mais do que o custo atual já internado, há um movimento em busca da elevação de preços já, isto se o mercado deixar, é claro. Será esta máxima verdadeira ou não? Os exemplos a seguir apresentarão as verdades. O custo de reposição é o custo atual da matéria-prima/insumo. Em outras palavras, é o custo da próxima compra. Dependendo da situação, o custo de reposição é irrelevante. A informação decisiva será dada pelo giro dos estoques e pelo prazo de pagamento dado pelos fornecedores. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 5

GIRO DOS ESTOQUES MENOR DO QUE O PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES Para entender melhor o assunto, vamos considerar a hipótese de um comerciante que vende um produto por preço suficiente apenas para pagar o fornecedor. Imagine que este comerciante consegue girar seus estoques em 15 dias e tem prazo de 30 dias para pagar seu fornecedor. Neste caso, vai receber os recursos da venda antes de pagar o fornecedor, conseguindo, inclusive, aplicar os recursos e obter ganho financeiro. Em outras palavras, o pagamento dos estoques será feito após o recebimento das vendas. Prazo de pagamento a Fornecedores: 30 dias Folga 15 dias Giro dos estoques 15 dias Aqui, a empresa terá folga de 15 dias entre o prazo de pagamento dos fornecedores e o giro de seus estoques. Portanto, não precisa se preocupar com o custo de reposição. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 6

Sempre que a empresa girar os estoques em prazo menor do que o dado pelos fornecedores, o custo de reposição será irrelevante. Compra de mercadoria Recebimento da venda Pagamento ao fornecedor Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 7

GIRO DOS ESTOQUES MAIOR DO QUE O PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES Vamos supor agora, uma empresa que pague seus fornecedores em 15 dias e gire seus estoques em 30 dias. Como os estoques giram em prazo maior do que o dado pelos fornecedores, a empresa terá desequilíbrio de caixa, necessitando bancar esta diferença de prazos até o momento de receber o pagamento pela venda que fez. Portanto, neste caso, o custo de reposição é um problema financeiro, e não um problema econômico. Furo Giro dos estoques: 30 dias 15 dias Neste caso, é necessário considerar o custo de reposição no preço de Prazo de pagamento a Fornecedores: 15 dias venda dos produtos, pois ela precisará pagar os estoques antes de receber pela venda dos produtos Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 8

Sempre que a empresa girar os estoques em prazo superior ao dado pelos fornecedores para pagamento, deverá utilizar o custo de reposição (isto se o mercado e a concorrência deixarem). Compra de mercadoria Recebimento da venda Pagamento ao fornecedor Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 9

OBSERVAÇÕES ACERCA DO DESCASAMENTO EM ROTAÇÃO DOS ESTOQUES E PRAZO DE PAGAMENTO AOS FORNECEDORES A empresa poderá financiar a diferença apresentada no exemplo anterior entre os prazos de 3 maneiras: 1. Recursos próprios; 2. Recursos de terceiros, e 3. Clientes.! A empresa poderá utilizar recursos próprios caso tenha caixa suficiente para pagar a diferença entre os custos passados ou históricos e o custo de reposição. Possivelmente sua receita financeira diminuirá.! Utilizar recursos de terceiros significa buscar em bancos o dinheiro para refazer os estoques. A despesa financeira aumentará.! Financiar o desequilíbrio de caixa através dos clientes, significa aumentar os preços já. O cliente vai pagar por um produto não pelo custo incorrido, mas pelo custo a incorrer na reposição, que é maior. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 10

Em resumo: o cliente banca o desequilíbrio de caixa, se o mercado e a competitividade permitirem. Portanto, a empresa precisa se preocupar com os custos de reposição apenas se pagar os fornecedores em prazos menores do que gira seus estoques. Caso contrário, pode continuar calculando o preço de seus produtos baseado nos custos incorridos. Resumindo, se: Giro dos estoques < Prazo de pagamento de fornecedores Custo incorrido Giro dos estoques > Prazo de pagamento de fornecedores Custo de reposição. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 11

PROBLEMA FINANCEIRO OU ECONÔMICO? Como vimos, a questão preço de venda e custo de reposição é um problema financeiro e não econômico. Do ponto de vista econômico, para apuração do lucro, um cliente deveria pagar por um produto ou serviço com base nos custos verdadeiramente incorridos, princípio observado na elaboração de uma demonstração de resultado. Quando se aumenta o preço de venda com base num custo de reposição maior que o custo atual incorrido, estamos preocupados em gerenciar o financeiro, ou seja, o fluxo de caixa da empresa, evitando eventuais desequilíbrios que tenham que ser financiados com recursos próprios ou de terceiros, ambos indesejáveis. Exemplo: Vamos imaginar que no dia 1º a empresa ABC comprou mercadoria para revender com valor de R$2.000. O pagamento ao fornecedor será no dia 15. No dia 10, foi informado que o novo preço deste produto é de R$1.800. Observe que se a empresa reduzir o preço no momento em que foi informada do novo custo, vai ter um desequilíbrio de caixa de R$200 (receberá R$1.800 pela venda e terá que pagar R$2.000 para o fornecedor). Portanto, precisa primeiro vender o estoque com custo maior para depois baixar o preço com base no novo custo de reposição. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 12

EXEMPLO Uma empresa comercial refez na semana passada seus estoques a um preço unitário de $50, para pagamento em 20 dias. O giro dos estoques ocorre em 15 dias; isso significa que, da entrada do produto em seu estoque até sua saída ele leva 15 dias (ou que os estoques comprados são vendidos ao longo de 15 dias). O recebimento é à vista. O responsável pela formação de preços desta empresa foi informado hoje de que, para comprar novamente os materiais de revenda, precisaria pagar por eles $60. Portanto, ele passou a considerar nos preços o custo de $60 e não de $50, já que precisa repor os estoques no mesmo nível que anteriormente. Comentários: Podemos perceber que o executivo está precificando de maneira incorreta, já que, se ele paga os fornecedores em um prazo maior do que gira seus estoques, deveria considerar o custo incorrido na compra das mercadorias que vendeu, e não o de reposição: Recebimento da venda 0 15 20 Pagamento das mercadorias Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 13

CASO PRÁTICO PROPOSTO Dados de uma indústria (assuma um mark-up de 1,5, isto é, o preço de venda é 1,5 vezes o valor do custo): a) Data de compra da mercadoria: 1/4. Valor $100. b) Prazo médio de pagamento de fornecedores: 30 dias c) Prazo médio de giro de estoques de matérias-primas: 10 dias d) Prazo médio de giro de estoques de produtos em elaboração: 1 dia e) Prazo médio de giro de estoques de produtos acabados: 15 dias f) Recebimento da venda: à vista g) Novo custo das matérias-primas: $110 Pede-se: Preencha o fluxo de caixa abaixo com os valores a serem pagos/recebidos em cada momento, identificando ao final se a empresa deverá calcular seus preços com base em custos históricos ou de reposição. Recebimento da venda 1/4 27/4 1/5 Pagamento das mercadorias Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 14

CASO PRÁTICO RESOLVIDO Recebimento da venda $150 1/4 27/4 1/5 Pagamento das mercadorias $100 Giro total dos estoques: 10 + 1 + 15 = 26 dias Prazo médio de pagamento a fornecedores: 30 dias Como o giro dos estoques ocorre em prazo menor que o prazo de pagamento a fornecedores, então ela deve se utilizar do custo incorrido. Para se utilizar do custo de reposição, seus estoques deveriam girar em mais de 30 dias. Up-To-Date - n o 51- CUSTOS DE REPOSIÇÃO 15