Das Perdas no Recebimento de Créditos na Determinação do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ( CSLL ):



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Transcrição:

02/15 Alterações relevantes na legislação tributária, dos mercados financeiro e de capitais e relativa aos registros públicos Prezados Senhores, Servimo-nos do presente para informá-los de que no último dia 20 de janeiro foi publicada no Diário Oficial da União ( DOU ) a Lei n. 13.097, de 19 de janeiro de 2015, resultado da conversão da Medida Provisória ( MP ) n. 656, de 07 de outubro de 2014, que modificou consideravelmente determinados aspectos da legislação tributária federal, na regulamentação dos mercados financeiro e de capitais, além de normas aplicáveis aos registros públicos, conforme principais itens a seguir destacados: I. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA Das Perdas no Recebimento de Créditos na Determinação do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ( CSLL ): Conforme previsão do artigo 8º, a Lei nº. 13.097/15 alterou a redação original dos artigo 9º e 10 da Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que tratavam da dedução e registro, como despesa, das perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica da determinação do Lucro Real, base de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica ( IRPJ ), e da base de cálculo da CSLL. Nesse contexto, foram atualizados os valores limites para dedução anteriormente previstos, de forma que, para os contratos inadimplidos a partir da publicação da MP nº. 656/14, o limite de dedução como perda, para os créditos sem garantia, passa a ser de (artigo 9º, 7º, inciso II): (i) até R$ 15.000,00 (quinze mil reais) por operação, para os créditos vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; (ii) entre R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e R$ 100.000,00 (cem mil reais) por operação, para os créditos vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e, (iii) superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento. Ademais, para os créditos com garantia, desde que vencidos há mais de dois anos, o limite de dedução fora ampliado para (artigo 9º, 7º, inciso III):

(i) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e, (ii) superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias. Ainda em relação aos contratos inadimplidos, a partir da publicação da MP nº. 656/14, os créditos contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, continuam passíveis de dedução, mas sujeitos aos novos limites acima (artigo 9º, 7º, inciso IV) e, no caso dos contratos de crédito em que o não pagamento de uma ou mais parcelas implique o vencimento automático de todas as demais, os limites de dedução a que se referem as alíneas a e b do inciso II do 7 o deverão ser considerados em relação ao total dos créditos, por operação, com o mesmo devedor. Para os contratos inadimplidos antes da edição da MP, os limites para dedução e demais disposições anteriores (artigo 9º, 1º) permanecerão inalterados; outro ponto considerado relevante refere-se à inclusão da recuperação judicial no rol dos créditos inadimplidos, nos termos da Lei nº. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005, já que até então, na redação original do artigo 9º da Lei nº. 9.430/96, havia previsão somente aos casos envolvendo a concordata, gerando questionamentos e diversas dúvidas aos contribuintes, ora sanadas em definitivo. Das alterações do regime tributário aplicável à Produção e Comercialização de Cervejas, Refrigerantes e outras Bebidas O artigo 15 da Lei nº. 13.097/15 interrompeu a suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI ) na saída dos estabelecimentos industriais ou equiparados (na forma do artigo 18) e alterou a alíquota dessas operações e no desembaraço aduaneiro para 6% (seis por cento) para a cerveja sem álcool e cervejas de malte e 4% (quatro por cento) para os demais produtos. Na hipótese de a saída dessas mercadorias destinarem-se a estabelecimentos varejistas ou a consumidor, as alíquotas ficam reduzidas em 22% (vinte e dois por cento) para os fatos geradores ocorridos no ano-calendário de 2015 e em 25% (vinte e cinco por cento) para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário de 2016. No caso da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público ( PIS/Pasep ) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social ( COFINS ), as alíquotas incidentes na importação e na venda desses produtos foram alteradas respectivamente para 2,32% (dois inteiros e trinta e dois centésimos por cento) e 10,68% (dez inteiros e sessenta e oito centésimos por cento) e, na hipótese das saídas para estabelecimentos varejistas ou consumidor final, as alíquotas também ficam reduzidas em 1,86% (um inteiro e oitenta e seis centésimos por cento) para a Contribuição para o PIS/Pasep e 8,54% (oito inteiros e cinquenta e quatro centésimos por cento) para a COFINS - as vendas promovidas pelas pessoas jurídicas varejistas, por sua vez, tiveram

sua alíquota reduzida à zero. Ademais, os artigos 29 e 30 da Lei nº. 13.097/15 passaram a regulamentar a apuração dos créditos dessas contribuições sociais nas situações especificadas acima, substituindo o desconto dos créditos gerais da não cumulatividade em relação aos bens adquiridos para revenda de que trata o artigo 3º, inciso I, das Leis nº. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e Lei nº. 10.833, de 29 de dezembro de 2003, pelo desconto de créditos calculados sobre o valor de aquisição desses produtos, no mercado interno, às alíquotas de 0,38% (trinta e oito centésimos por cento) para a Contribuição para o PIS/Pasep e 1,60% (um inteiro e sessenta centésimos por cento) para a COFINS. Os artigos 31 e 32, por sua vez, autorizaram o desconto de créditos presumidos em relação às aquisições desses produtos no mercado interno, quando realizadas por pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração cumulativa, correspondente ao valor das contribuições sociais destacadas no documento fiscal. No caso das aquisições promovidas por pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte ( Simples Nacional ), o crédito presumido será calculado sobre o valor de aquisição desses produtos, pelas mesmas alíquotas aplicáveis ao regime geral, o qual somente poderá ser utilizado para desconto do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS devidas pela pessoa jurídica. Por fim, consoante redação do artigo 15, 4º e 15, as reduções de alíquota elencadas acima para o IPI, Contribuição para o PIS/Pasep e COFINS não se aplicam na hipótese da saída das mercadorias de estabelecimentos optantes pelo Simples Nacional. As alterações no setor de bebidas passam a vigorar a partir do 1º dia útil do 4º mês subsequente à publicação da Lei nº. 13.097/15 (art. 168, inc. III). Da apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social ( GFIP ) Os artigos 48 e 49 da Lei nº. 13.097/15 concederam a anistia (perdão) das multas pela apresentação em atraso ou com incorreções da GFIP, conforme previstas no artigo 32-A da Lei nº. 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a sua publicação, desde que apresentadas até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega de referida declaração. Foi estabelecida, ainda, a inaplicabilidade de multa pela apresentação em atraso ou com incorreções ou omissões da GFIP, para os fatos geradores ocorridos entre 27/05/2009 a 31/12/2013, no caso de entrega de declaração sem ocorrência de fato gerador de contribuição previdenciária, sendo que,

embora o artigo 50 da Lei nº. 13.097/15 assevere que a anistia/inaplicabilidade das penalidades não implique reconhecimento do direito à restituição e/ou compensação das quantias pagas, o direito à repetição do eventual indébito tributário pode vir a ser questionado judicialmente. Do Capital Social das sociedades cooperativas Com relação ao Capital Social e ao Patrimônio Líquido das sociedades cooperativas, fora alterado o artigo 24 da Lei nº. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, por meio do qual as quotas-partes componentes de seu Capital Social deixam de integrar o Patrimônio Líquido da cooperativa quando se tornar exigível, na forma prevista no estatuto social e na legislação vigente, a restituição do capital integralizado pelo associado, em razão do seu desligamento, por demissão, exclusão ou eliminação, alterando, por conseguinte, os limites de subscrição de quotas-partes previsto no 1º do mesmo artigo - 1/3 (um terço) do total das quotas-partes, salvo nas sociedades em que a subscrição deva ser diretamente proporcional ao movimento financeiro do cooperado ou ao quantitativo dos produtos a serem comercializados, beneficiados ou transformados, ou ainda, em relação à área cultivada ou ao número de plantas e animais em exploração -, bem como a parte integralizada do Capital Social, sobre o qual incidem os juros limites de 12% (doze por cento) ao ano, para distribuição de benefícios aos associados. Da dedutibilidade de despesas, perdas ou prejuízos de instituições financeiras em decorrência de inconsistências contábeis identificadas pelo órgão regulador ou fiscalizador na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL O artigo 146 da Lei nº. 13.097/15 permitiu a dedução, na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, dos valores registrados como despesas ou perdas pelas instituições financeiras durante o período em que estejam sob intervenção ou liquidação extrajudicial, regime de administração especial temporária ou em processo de saneamento, observado o regime de competência e desde que a dedutibilidade desses valores encontre previsão na legislação de regência. Referido dispositivo legal tem o intuito claro de prover ao Governo Federal mecanismos auxiliares de socorro a instituições financeiras em processo de intervenção ou liquidação judicial, concedendo a dedutibilidade fiscal de eventuais despesas ou perdas decorrentes de mencionada intervenção, tal como verificado com o PROER - Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, facilitando as operações de fusão, aquisição e incorporação. Da cessão de créditos de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL para pessoas jurídicas controladas, controladoras ou coligadas Outro ponto relevante da Lei nº 13.097/15 fora a disposição trazida pelo artigo 153, que reduziu

a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas, pelos cedentes e cessionários (este último, no caso de créditos cedidos com deságio), na cessão de créditos de Prejuízo Fiscal e de Base de Cálculo Negativa da CSLL para pessoas jurídicas controladas, controladoras ou coligadas, na forma da quitação antecipada de parcelamento instituída pelo artigo 33 da MP nº. 651, de 09 de julho de 2014, convertida na Lei nº. 13.043/14. 3 Nesse contexto, mencionada disposição legal sanou questionamentos gerados por ocasião da instituição do parcelamento previsto pelo artigo 33 da MP nº. 651/14, que permitia não somente a quitação de débitos fiscais federais com créditos diferidos (Prejuízo Fiscal e Base de Cálculo Negativa de CSLL), como também autorizava a cessão desses créditos a terceiros pessoas jurídicas do mesmo grupo econômico -, já que mencionados valores obrigatoriamente deveriam ser reconhecidos como receitas para a pessoa jurídica cessionária, sobre as quais, nos termos da legislação de regência (Leis nº. 10.637/02 e nº. 10.833/03), poderiam incidir mencionadas contribuições sociais. II. ALTERAÇÕES NOS MERCADOS FINANCEIRO E DE CAPITAIS Das operações de crédito com desconto em folha de pagamento O artigo 52 da Lei nº. 13.097/15 alterou a Lei nº 10.820, de 17 de dezembro de 2003, para autorizar o desconto em folha de pagamento ou na remuneração disponível dos trabalhadores sujeitos ao regime celetista, dos valores referentes ao pagamento de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento mercantil, concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mercantil, quando previsto nos respectivos contratos entre as instituições financeiras e os empregadores. A alteração legislativa, que garante à instituição financeira a possibilidade de proceder diretamente ao desconto das prestações, além de significar redução de custos para as empresas que optem por essa sistemática, pois deixarão de ser encarregadas do desconto dos valores dos pagamentos de seus funcionários (...) traz maior segurança à instituição financeira, evitando-se que as empresas retenham o valor referente ao pagamento mensal do consignado de seu funcionário e não o repassem à instituição emprestadora (...) tendo consequência apenas na possível redução da taxa de juros oferecida pela instituição financeira para essas operações. 4 Trata-se, portanto, do resgate de medida já anteriormente utilizada pelo Governo Federal, com a finalidade de reduzir as taxas de inadimplência e, por consequência, de reduzir os juros praticados pelas instituições financeiras no crédito pessoal. Da criação da Letra Imobiliária Garantida ( LIG ) 3 Vide Comunicado PSAA nº. 08/2014: http://www.psaa.com.br/clipping.php?id=164 4 Exposição de motivos da MP nº. 656/14.

Outra alteração relevante da Lei nº. 13.097/15 foi a criação, por meio dos artigos 63 a 98, da Letra Imobiliária Garantida (LIG), conceituada como título de crédito nominativo, transferível, de livre negociação, emitido por instituição financeira exclusivamente na sua forma escritural, garantido por regime fiduciário próprio e que consiste em promessa de pagamento em dinheiro, permitindo, portanto, a criação de patrimônio de afetação próprio para a garantia da sua emissão, que não se confundirá com o patrimônio da instituição financeira emitente, denominado como Carteira de Ativos. Assim, nos termos do artigo 66 da Lei nº. 13.097/15, podem integrar a Carteira de Ativos, desde que livres de quaisquer ônus não relacionados com a emissão da LIG, os seguintes bens e direitos: (i) créditos imobiliários garantido por hipoteca, alienação fiduciária de coisa imóvel, ou ainda pela incorporação imobiliária submetida ao regime de afetação instituído pela Lei nº. 4.591, de 16 de dezembro de 1964; (ii) títulos de emissão do Tesouro Nacional; (iii) outros ativos que venham a ser autorizados pelo Conselho Monetário Nacional ( CMN ). Referida legislação estabelece ainda que, ao integrar o referido patrimônio de afetação, os ativos da Carteira de Ativos (i) não são alcançados pelos efeitos da decretação de intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição emissora, não integrando a massa concursal; (ii) não respondem direta ou indiretamente por dúvidas e obrigações da instituição emissora, porá mais privilegiada que sejam, até o pagamento integral dos montantes devidos aos titulares da LIG; (iii) não podem ser objeto de arresto, sequestro, penhora, busca e apreensão ou qualquer outro ato de constrição judicial em decorrência de obrigações da instituição emissora; e (iv) não podem ser utilizados para realizar ou garantir obrigações assumidas pela instituição emissora, exceto as decorrentes da emissão da LIG, respondendo a própria instituição financeira pelo adimplemento das obrigações assumidas, independentemente do saldo dos bens integrantes em referida carteira. Ademais, a LIG poderá, além da previsão de juros remuneratórios, contar com índices de atualização calculados pela variação cambial, desde que a Carteira de Ativos conte com dispositivos aptos a mitigar o risco cambial, ou mensalmente através de índice de preços, sendo que, nesse último caso, desde que emitida com prazo mínimo de 36 (trinta e seis meses). Por outro lado, ficam isentos do imposto sobre a renda os rendimentos e ganhos de capital produzidos pela LIG para as pessoas físicas residentes no Brasil ou para aqueles residentes ou domiciliados no exterior, exceto em país com tributação favorecida (a que se refere o art. 24 da Lei nº. 9.349/96), que pagarão o imposto pela alíquota de 15% (quinze por cento), reduzida em relação à regra geral (25%). O que se verifica, por tanto, é que com a entrada em vigor da Lei nº. 13.097/15, as instituições financeiras brasileiras poderão atuar diretamente nas atividades de securitização de operações imobiliárias,

através da criação de regime fiduciário específico e independentemente da atuação das companhias securitizadoras, o que acarretará a redução de custos dessas operações e fomentará o mercado de financiamentos imobiliários brasileiro. Do acesso, coleta e registro de informações referentes ao mercado financeiro e de capitais pelo Banco Central do Brasil ( BACEN ) O artigo 106 da Lei nº. 13.097/15 autoriza o BACEN a requerer diretamente dos administradores de fundos de investimento as informações necessárias para o desempenho de suas atribuições, em formato a ser posteriormente estabelecido em conjunto com a Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ). Além disso, as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo BACEN também estão obrigadas a fornecer dados, informações, documentos e verificações relativos às sociedades em que participam e que são imprescindíveis para avaliação das operações ativas, passivas e dos riscos assumidos. Mencionadas alterações têm o intuito claro de promover maior transparência aos mercados financeiro e de capitais no Brasil, em linha com as recentes alterações promovidas à Lei nº. 9.613, de 03 de março de 1998, que trata dos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores e da prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos ali previstos nesta Lei, criando o Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( COAF ). III. ALTERAÇÕES NAS NORMAS DE REGISTROS PÚBLICOS Do registro de direito real de garantia sobre imóveis rurais localizados em faixa de fronteira Sobre as alterações perpetradas às normas aplicáveis aos registros públicos, o artigo 53 da Lei nº. 13.097/15 adicionou o 4º ao artigo 2º da Lei nº. 6.634, de 02 de maio de 1979, com a seguinte redação: Excetua-se do disposto no inciso V, a hipótese de constituição de direito real de garantia em favor de instituição financeira, bem como a de recebimento de imóvel em liquidação de empréstimo que trata o inciso II do art. 35 da Lei nº. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Em sua redação original, o artigo 2º da Lei nº. 6.634/79 previa o impedimento para operações que acarretem na realização de transações com imóvel rural, que impliquem a obtenção, por estrangeiro, do domínio, da posse ou de qualquer direito real sobre o imóvel, referentes aos imóveis situados em faixa de fronteira, conceituado pelo artigo 1º dessa mesma lei como a faixa interna de 150 Km (cento e cinquenta quilômetros) de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, salvo nas hipótese de prévia autorização do Conselho de Segurança Nacional.

Sendo assim, mencionada inclusão autorizou expressamente que os imóveis rurais localizados em áreas de fronteira possam garantir operações de crédito firmadas entre seus proprietários e instituições financeiras nacionais e estrangeiras e, da mesma forma, que na hipótese de constatação de default nessas operações, os credores poderão receber a posse e propriedade desses imóveis, independentemente de qualquer autorização específica, o que proporcionará a alavancagem da atividade agrícola e pecuária brasileira, através do fornecimento de novas linhas de financiamento, além do desenvolvimento econômico das áreas de fronteira e da correlata proteção do território nacional. Dos requisitos para a invalidação do negócio jurídico envolvendo a compra e venda de bens imóveis pela alegação de fraude Como importante marco para conferir segurança jurídica às negociações envolvendo a compra e venda de bens imóveis, o artigo 54 da Lei nº. 13.097/15 prevê a exigência de certos requisitos registrais para que seja declarada a invalidade desses negócios pela alegação de fraude praticada pelos seus vendedores, o que vem corroborar o entendimento já adotado pelos tribunais superiores brasileiros acerca da matéria, em especial, pelo Superior Tribunal de Justiça ( STJ ), como demonstra a análise da Súmula nº. 375, que dispõe que o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.. Especificamente sobre o assunto, a partir da entrada em vigor da Lei nº. 13.097/15, para a invalidação dos negócios jurídicos que tenham por fim constituir, transferir ou modificar direitos reais sobre imóveis será exigido que as informações sobre os atos jurídicos pretéritos sejam devidamente averbadas ou registradas nas matrículas desses bens, incluindo as informações relativas aos seguintes atos: I - registro de citação de ações reais ou pessoais reipersecutórias; II - averbação, por solicitação do interessado, de constrição judicial, do ajuizamento de ação de execução ou de fase de cumprimento de sentença, procedendo-se nos termos previstos do art. 615-A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil; III - averbação de restrição administrativa ou convencional ao gozo de direitos registrados, de indisponibilidade ou de outros ônus quando previstos em lei; e IV - averbação, mediante decisão judicial, da existência de outro tipo de ação cujos resultados ou responsabilidade patrimonial possam reduzir seu proprietário à insolvência, nos termos do inciso II do art. 593 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Desta forma, aquela pessoa que pretender ressalvar os seus direitos e resguardar a possibilidade de pleitear a anulação futura de negócio jurídico envolvendo a compra e venda de bens imóveis, deverá tomar as providências cabíveis para conferir publicidade do seu direito a terceiros, através dos procedimentos registrais citados acima, resguardando os direitos dos adquirentes de boa fé, que não mais serão obrigados a realizar pesquisas perante os cartórios distribuidores cíveis para a obtenção de informações sobre eventuais ações de execução em andamento em desfavor dos vendedores. Como exceção à referida regra, o parágrafo único do artigo 54 da Lei nº. 13.097/15 ressalva e

excetua as hipóteses previstas nos artigos 129 e 130 da Lei nº. 11.101/05, que tratam sobre certos atos que não possuem eficácia perante a massa falida de empresas, dentre eles, os praticados entre a empresa devedora e um credor específico, com o comprovado intuito de fraudar os demais credores, que não necessitarão de prévia averbação ou registro nas matrículas dos bens imóveis objeto de tias negociações para serem invalidados posteriormente. Da impossibilidade de declaração de evicção ou ineficácia dos negócios envolvendo imóveis objeto de incorporação imobiliária Outra inovação trazida pela Lei nº. 13.097/15 refere-se à proteção dos adquirentes de bens imóveis decorrentes de incorporação imobiliária, sendo que, mais especificamente, o artigo 55 estabelece que a alienação ou oneração de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária, parcelamento do solo ou condomínio edilício, devidamente registrada, não poderá ser objeto de evicção ou de decretação de ineficácia, mas eventuais credores do alienante ficam sub-rogados no preço ou no eventual crédito imobiliário. Em outras palavras, havendo o devido registro da incorporação, os anteriores credores da incorporadora ou detentores de direitos reais pretéritos relativos aos imóveis incorporados não poderão mais requerer a anulação da venda das respectivas unidades autônomas, sendo que, nessas hipóteses, após a confirmação dos referidos direitos, os eventuais credores da empresa incorporadora assumirão a posição por esta ocupada e ostentarão os mesmos direitos creditórios em relação aos adquirentes desses bens imóveis. Considerações Finais Diante do exposto, considerando as relevantes alterações trazidas pela Lei n. 13.097/15, principalmente em seus aspectos atinentes ao Direito Tributário, à regulamentação dos Mercados Financeiro e de Capitais e às normas de Registros Públicos, permanecemos à inteira disposição de V. Sas. para quaisquer esclarecimentos que se verifiquem necessários em relação aos dispositivos em análise, bem como no que se refere ao suporte jurídico para aferição da adoção dos novos mecanismos introduzidos pela Lei sob análise. Atenciosamente, Passos e Sticca Advogados Associados PSAA.