CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M2 D3 HIGIENE DO TRABALHO I GUIA DE ESTUDO PARTE IV AGENTES QUÍMICOS



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Transcrição:

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO M2 D3 HIGIENE DO TRABALHO I GUIA DE ESTUDO PARTE IV AGENTES QUÍMICOS PROFESSOR AUTOR: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI PROFESSOR TELEPRESENCIAL: ENG. LUIZ CARLOS ROMA PAUMGARTTEN COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO NOVEMBRO 2011 1

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA: HIGIENE DO TRABALHO I O desenvolvimento da Disciplina Higiene do Trabalho I está organizado em cinco partes, nas quais serão tratados os seguintes conteúdos: Parte I: PPRA - Introdução à Higiene do Trabalho. Conceitos e definições. Objetivos da Higiene do Trabalho. Higiene do Trabalho e PPRA. Etapas do PPRA (Antecipação, Reconhecimento, Avaliação, Medidas de Controle, Monitoramento e Registro dos dados). Classificação dos riscos ambientais (agentes físicos, químicos e biológicos). Limites de tolerância e TLVs (legislação brasileira e ACGIH). PPRA e insalubridade. Nível de Ação. Estratégia de amostragem. Parte II: Exposição ao calor. Conceito, definição, meios de transmissão, parâmetros de avaliação, efeitos do calor no organismo, instrumentos de medição, critérios de avaliação. Árvore de termômetros. Aparelhos de medição de calor. Classificação da insalubridade. Efeitos do calor no organismo. Limites de tolerância. Medidas de controle contra o calor. Exercícios práticos de avaliação. Apresentação de instrumentos de avaliação. Parte III: Ruído. Conceitos e definições. Física do som. Nível de pressão sonora (decibel). Intensidade sonora. Potência sonora. Curvas de compensação. Dose equivalente e efeito combinado. Fator de duplicação de dose. Nível equivalente de ruído. Ruído contínuo, intermitente e de impacto. Critérios de avaliação de ruído. Efeitos do ruído. Instrumentos de medição. Limites de tolerância. Avaliação de ruído (dose). Adição de níveis de ruído. Subtração de níveis de ruído. Medidas de controle. EPIs e fator de atenuação de protetores.instrumentos de avaliação. Parte IV: Agentes químicos: conceitos, definições e classificação de gases, vapores, particulados, poeira, fumos metálicos, névoas, neblinas. Parâmetros utilizados nas avaliações de agentes químicos. Limites de Tolerância (média ponderada, curta duração, valor teto). Riscos químicos. Avaliação de campo. Análise laboratorial. Métodos de avaliação ACGIH. Estratégias de amostragem. Limites de tolerância da NR15 (Anexo 11).Avaliação qualitativa (Anexo 13). Limites de tolerância ACGIH.Medidas de controle.instrumentos de avaliação. Parte V: Exposição ao frio: conceito, definição, meios de transmissão, parâmetros de avaliação. Critério legal da CLT. Critério técnico da Fundacentro. Critério legal da NR-15, Anexo 9. Portaria do Ministério do Trabalho sobre Mapas Climáticos. Zonas climáticas brasileiras do IBGE. Classificação da insalubridade. Efeitos do frio no organismo. Limites de tolerância. Medidas de proteção contra o frio. Exercícios práticos de avaliação do frio. Apresentação de técnicas de avaliação. Neste texto, apresentamos a Parte IV do Guia de Estudo - Agentes Químicos. 2

O calendário atualizado da disciplina encontra-se no quadro a seguir. Datas aulas Guia de Estudo Textos Complementares de Leitura Obrigatória N o Lista Exercícios Data Postagem Data Final Resposta 18 out Parte I Fantazzini, Mario Luiz. Higiene Industrial - Aspectos históricos. Disponível em: http://www.medicinaetrabalho.med.br/arquiv os/higiene%20ocupacional%20aspectos%20h istoricos.pdf 19 24/10/2011 07/11/2011 25 out Parte II 01 nov Parte III 08 nov Parte IV QUEIROZ, Teresa Cristina Ferreira e BASTOS, Leopoldo Eurico Gonçalves. Riscos de exposição ao calor e circulação de poluentes em ambiente de trabalho industrial em oficina de fundição naval. Disponível em: http://www.higieneocupacional.com.br/download /calor-queiroz.pdf CARMO, Lívia Ismália Carneiro. Ruído. Efeitos do ruído ambiental no organismo humano e suas manifestações auditivas. Monografia de conclusão do Curso de Especialização em Audiologia Clínica. Goiânia, 1999. Disponível em: http://acd.ufrj.br/consumo/vidaurbana/monografi a_goiania.pdf COSTA, Karina Nunes Soares da. Avaliação dos riscos associados ao uso do xilol em laboratórios de anatomia patológica e citologia. Dissertação. Rev. bras. Saúde Ocupacional. São Paulo, 32 (116): 50-56, 2007. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/rbso/bancoanexo s/rbso%20116%20xilol.pdf 20 26/10/2011 09/11/2011 21 02/11/2011 18/11/2011 22 09/11/2011 23/11/2011 22 nov Parte V 23 23/11/2011 07/12/2011 Prova do Modulo 2: 13 de dezembro de 2011 RECOMENDAMOS! Leia com atenção o Guia de Estudo e os textos complementares, tome notas e organize esquemas que o (a) ajudem a compreender os temas abordados e a pesquisar o assunto com a devida profundidade. Procure assistir a todas as aulas telepresenciais e resolver as Listas de Exercícios nos prazos assinalados. Não deixe para a última hora! Lembre-se de comentar os tópicos do Fórum. Você precisa postar oito comentários ao todo para obter a pontuação máxima. 3

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM Após a realização das atividades previstas para a Parte IV desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: 1. conceituar exposição aos diversos tipos de agentes químicos; 2. identificar as fases de avaliação dos riscos químicos; 3. identificaras atividades que expõem os trabalhadores aos riscos químicos; 4. descrever os danos causados pela exposição aos agentes químicos; 5. descrever a classificação dos agentes químicos; 6. descrever os equipamentos usados para avaliação dos agentes químicos; 7. identificar os objetivos do estudo dos agentes químicos; 8. comparar os limites de tolerância brasileiros com os limites americanos; 9. descrever os conceitos básicos dos riscos químicos; 10. descrever a metodologia de aplicação das medidas de controle contra agentes químicos. 4

PARTE IV: AGENTES QUÍMICOS 1. INTRODUÇÃO A Química faz parte das ciências naturais, tal qual a Física, a Matemática e a Biologia, estando voltada para o estudo dos fenômenos de transformação da matéria que pode resultarem produtos largamente utilizados pela sociedade. Muitas vezes, não percebemos que a Química está presente em quase tudo que nos rodeia, como as transformações climáticas, a agricultura, a qualidade do ar e as transformações biológicas no organismo dos seres vivos. O estudo da Química divide-se em duas partes: Química Orgânica, que é o estudo das substâncias que contêm carbono em sua composição molecular. Exemplos: hidrocarbonetos, aldeídos, cetonas, entre centenas de outras. Química Inorgânica, que é o estudo das substâncias que não possuem carbono coordenado em cadeias, em sua estrutura molecular. Exemplos: alumínio, oxigênio, enxofre, ácido sulfúrico, entre milhares de outras. Um dos objetivos da Higiene do Trabalho é estudar os agentes químicos presentes no meio ambiente de trabalho, resultantes das transformações industriais e comerciais, e que possam penetrar no organismo pelas vias respiratórias, na forma de poeira, fumos metálicos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou por via cutânea, por meio de contato com essas substâncias e ingestão ou absorção delas pela pele. Os agentes químicos dão origem a uma cadeia de produtos que estão presentes em praticamente todos os ramos de negócios, sendo que seus efeitos atingem o organismo, em menor ou maior escala, em função da presença de substâncias, compostos ou produtos, em suas mais variadas formas: particulados, líquidos, gases e vapores e em concentrações prejudiciais aos trabalhadores. 2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS A ACGIH - American Conference of Governmental Industrial Hygienists classifica os agentes químicos em: irritantes; pneumoconióticos; carcinogênicos; tóxicos sistêmicos; anestésicos e narcóticos; alérgicos; asfixiantes simples; asfixiantes químicos. 5

2.1. Irritantes Irritantes são agentes químicos que provocam irritação localizada, levando a inflamação e feridas, devido à interação do agente coma área de contato, normalmente pele, mucosas, e sistema respiratório. De modo geral, os agentes irritantes têm seus efeitos e interações com o organismo humano determinados basicamente pela capacidade de solubilizar-se em água e, assim, interferir na atividade vital das células,provocando a inflamação do tecido epitelial. Os efeitos dos agentes irritantes podem atingir a pele ou penetrar no organismo via sistema respiratório. Quando atingem a pele, os agentes irritantes podem provocar dermatoses. A dermatose é uma lesão na pele resultante do contato com o agente, independentemente dos efeitos tóxicos que ele possa causar. O Tricloroetileno, por exemplo, é uma causa de dermatose, uma vez que, por ser desengordurante, atua retirando a camada de gordura que protege a pele que, sem sua proteção natural, inicia um processo de dermatose, em resposta à agressividade do meio. Quando penetram no organismo via sistema respiratório, os agentes com maior solubilidade em água tendem a restringir sua ação ao sistema respiratório superior, presos pela alta umidade do nariz e garganta, ao passo que os de menor capacidade de solubilizar-se conseguirão penetrar até o pulmão, onde se solubilizarão. Os agentes irritantes respiráveis são divididos em três grupos, a saber: Irritantes para sistema respiratório superior - atingem o nariz e garganta. São exemplos os ácidos como o clorídrico e o sulfúrico; os álcalis como a amônia anidra e o hidróxido de cálcio, além do formaldeído, que se caracterizam pela alta solubilidade em água. Irritantes das vias respiratórias superiores e brônquios - ultrapassam o nariz e a garganta, atingindo a parte alta do pulmão (brônquios).são exemplos o dióxido de enxofre e o gás cloro. Irritantes para os pulmões - podem alcançar os alvéolos pulmonares, tais como o Ozônio e os gases Nitrosos. 2.2. Pneumoconióticos São os aerodispersoides que penetram no organismo por via respiratória, interagindo com os pulmões e originando degeneração (fibrose) do tecido pulmonar. Citam-se como exemplos as fibras de asbestos e a poeira de sílica cristalizada que podem vir a gerar câncer no pulmão. Temos ainda a poeira respirável de fibras de madeiras e de algodão como geradoras de pneumoconioses. 6

2.3. Carcinogênicos São agentes químicos que podem desencadear o desenvolvimento de tumores cancerosos, ou ainda potencializar tumores existentes. A ACGIH faz contínuos estudos nessa área e classifica os agentes carcinogênicos em cinco níveis: A1) confirmados como carcinogênicas para os humanos; A2) suspeitos de serem carcinogênicas aos humanos; A3) carcinogênicos para animais; A4) não classificáveis como carcinogênicos para os humanos; A5) não suspeitos de serem carcinogênicos para os humanos. Um exemplo de substância comprovadamente carcinogênica para os humanos é o benzeno, que provoca leucopenia (benzenismo), mesmo a baixos níveis de exposição (acima do limite de tolerância), sendo então classificada como A1 pela ACGIH, uma vez que, depois de muitos anos, o quadro pode evoluir para uma leucemia. A ACGIH revisa anualmente as tabelas alterando ou mantendo os limites de tolerância TLV Threshould Limit Value. 2.4. Tóxicos sistêmicos Tóxicos sistêmicos são os agentes que se espalham por todo o organismo humano, originando os mais diversos efeitos, em vários órgãos ou em órgãos e sistemas fisiológicos específicos. A maioria das substâncias listadas como tóxicas está nesta classificação. Os agentes desse tipo interagem com o organismo basicamente por via respiratória, mas também podem atuar por via cutânea ou digestiva, como, por exemplo, o gás sulfídrico. 2.5. Anestésicos e narcóticos Esses agentes atuam como depressores do sistema nervoso central, levando o indivíduo à sonolência e até provocando parada cardíaca. A penetração do agente se dá basicamente pelo sistema respiratório, passando do pulmão para o sangue e atingindo o cérebro. Contudo também existem substâncias que chegam ao cérebro a partir de absorção pela pele ou mucosas. A maioria dos solventes orgânicos é composta de anestésicos ou narcóticos. Podem agir de forma imediata, quando presentes em grande concentração no ambiente, mas também podem gerar intoxicações sistêmicas pela exposição continuada a baixas concentrações, sendo esta situação muito comum nas indústrias em geral. Podemos dividir os narcóticos e anestésicos em grupos, de acordo com sua forma de atuar. 7

Anestésicos primários: são substâncias que produzem efeitos exclusivamente anestésicos, mesmo que o trabalhador seja submetido a exposições repetidas, em baixas concentrações (Ex: aldeídos, cetonas, ésteres e outros hidrocarbonetos alifáticos, tais como butano, propano e eteno). Anestésicos sobre as vísceras: possuem efeito anestésico rápido em concentrações altas e causam danos ao fígado e aos rins dos indivíduos expostos continuamente a baixas concentrações. São exemplos, os hidrocarbonetos clorados (Tricloroetileno, 111 Tricloroetano, tetracloreto de carbono, percloroetileno). Atualmente, este grupo é suspeito de ser hepatocarcinogênico. Anestésico com ação sobre a formação do sangue - São os agentes que atuam sobre os tecidos que produzem o sangue, tais como a medula óssea, alem de atuar sobre os tecidos graxos e SNC. Neste grupo estão os Hidrocarbonetos aromáticos (benzeno, xileno tolueno ou BTX). O Benzeno tem sua utilização controlada por ser um carcinogênico comprovado, provocando leucopenia que evolui para leucemia. Todos têm ação também sobre o metabolismo no fígado. Anestésico de ação direta no Sistema Nervoso - Neste grupo estão os alcoóis metílico e etílico, e os ésteres ácido orgânicos, etc. Estes têm eliminação lenta pela sua alta capacidade de solubilização, sendo que o álcool metílico (metanol) também atua como tóxico, após ser biotransformado, principalmente para o nervo ótico (provoca cegueira permanente). Anestésico com atuação sobre o sangue, e o Sistema Circulatório - Pode gerar modificações na hemoglobina, em exposições continuadas, mesmo em baixas concentrações. São anestésicos desse tipo os orgânicos nitro compostos tais como o nitrotolueno, nitrobenzeno, nitrito de etila, anilina, toluidina, entre outros. 2.6. Alergenos As substâncias deste grupo não atuam de forma igual em todos os indivíduos, pois dependem de uma predisposição orgânica ou de uma sensibilização prévia de cada indivíduo. Podemos dizer que essas substâncias só são de risco para alguns indivíduos, mas para o prevencionista todos os trabalhadores devem ser considerados como individuais, devendo seu problema ser tratado com a devida importância. 8

2.7. Asfixiantes Simples São as substâncias que podem impedir a perfeita oxigenação dos tecidos humanos pelo deslocamento do oxigênio (O2) do ar de um ambiente, levando o percentual de oxigênio deste ambiente a níveis menores que 18%, que vem a ser o percentual mínimo de O 2 necessário para manter a vida humana, sem riscos. O dióxido de carbono (CO 2 ) usado em extintores de incêndio, liberado em um ambiente, dependendo do volume, desloca o O 2 levando à asfixia quem permanecer no ambiente. 2.8. Asfixiantes Químicos Também impedem a oxigenação dos tecidos, mas pela interferência química que impede o oxigênio de chegar às células. Por exemplo, o monóxido de carbono (CO), quando inalado ocupa na hemoglobina o espaço do oxigênio, formando a carboxiemoglobina. O CO tem cerca de 200 vezes mais afinidade com a hemoglobina do que o O 2 impedindo a troca gasosa e reduzindo a oxigenação dos tecidos. São também asfixiantes químicos a anilina e o ácido cianídrico. 9

3. ANÁLISE DOS AGENTES QUÍMICOS Os agentes químicos presentes no meio ambiente ocupacional classificam-se de diversas categorias, e três delas são importantes para a Higiene Industrial: - particulados ou aerodispersoides; - gases e vapores; - líquidos. 3.1. Particulados ou aerodispersoides: Os agentes químicos na forma de partículas, também chamados aerodispersoides ou aerossois, são partículas sólidas ou líquidas de tamanho inferior a 100 µ, dispersas no ar do ambiente ocupacional e que podem se manter assim por longo tempo (LOPES, 2007). Podem provocar danos ao organismo, dependendo do tamanho e do formato das partículas. Partículas com diâmetro inferior a 10 µ são respiráveis, enquanto partículas com tamanho maior do que 10 µ não conseguem penetrar no trato respiratório. Saiba Mais! O diâmetro das partículas dos aerodispersoides pode variar de 0,001 micrômetros até 100 micrômetros e as concentrações, de 10 (-9) g/m3 a 10 g/m3 no ar. Os aerodispersoides são classificados em sólidos e líquidos. As partículas sólidas se subdividem empoeiras, fumaças e fumos metálicos. As poeiras são partículas sólidas com tamanho entre 0,1 µ a 25 µ, em suspensão. Resultam de ruptura mecânica de um sólido, seja pelo simples manuseio ou em consequência de uma operação mecânica como trituração, moagem, peneiramento, polimento, entre outras. São exemplos de aerodispersoides as partículas produzidas pela ruptura de fibras de amianto (asbesto), de sílica etc. As fumaças são partículas sólidas (menores que 0,1 µ) e originam-se de processos de combustão incompleta. Os fumos metálicos são partículas sólidas (menores que 0,1 µ), em suspensão, originadas em processos de condensação do estado gasoso advindo da sublimação ou volatilização de um metal, isto é, são geradas termicamente. São exemplos de fumos metálicos as partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos como, por exemplo: o cromo e outros metais, nas operações de solda elétrica; o chumbo 10

aquecido a 500 graus Celsius, para a soldagem de terminais de baterias; fumos de zinco, resultantes da galvanoplastia. Os aerodispersoides líquidos se dividem em névoas e neblinas. As névoas são gotas entre 0,01 µ e 10 µ geradas por condensação de um estado gasoso ou pela desintegração de um estado líquido por atomização, ebulição e outros processos. São também exemplos de partículas líquidas as originadas de ruptura mecânica de volumes maiores de líquidos, como os sprays, as névoas de óleo em máquinas operatrizes etc. As neblinas são partículas líquidas, entre 2 µ a 60 µ, vistas a olho nu, produzidas pela condensação de vapores de substâncias que são líquidas à temperatura ambiente, como neblina de água, vapores resfriados de hidrocarbonetos etc. 3.2. Gases e vapores Os agentes químicos, na forma gasosa são divididos em gases e vapores. Ao contrário dos aerodispersoides, os gases e vapores podem permanecer indefinidamente dispersos num ambiente (desde que em condições favoráveis). Gases é a denominação dada às substâncias fluidas, cujas moléculas,em condições normais de temperatura e pressão (25ºC e 760 mmhg), ficam dispersas no ar e ocupam o espaço (volume) que os contém, ou seja podem expandir-se indefinidamente e deslocar outros gases. Os gases só podem mudar de estado físico pela combinação de pressão e temperatura. São exemplos de gases o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio, o gás carbônico e o dióxido de enxofre. As moléculas de um gás podem misturar-se completamente com as de outros gases, como acontece, por exemplo, com o nitrogênio, o oxigênio o gás carbônico e os gases nobres, na atmosfera da Terra. Os vapores também são dispersões de moléculas no ar, só que, ao contrário dos gases, podem-se condensar para formar líquidos ou sólidos e alcançam um nível máximo de saturação num ambiente, numa temperatura e pressão determinadas, não ultrapassando este limite. A principal característica diferencial entre gases e vapores é que esses últimos não deslocam os gases. Vapores representam a fase gasosa de uma substância líquida ou sólida nas CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão). Podem mudar de estado físico por mudanças na temperatura ou pressão. Exemplos de vapores: de álcool, de gasolina, de querosene, de tolueno etc. 11

Importante! Para fins de Higiene Industrial, gases e vapores se confundem e as medidas de prevenção são as mesmas para o ambiente ocupacional. 3.3. Líquidos Os agentes químicos líquidos são basicamente os solventes. Normalmente este tipo de agente, não se considerando os vapores e gases que possam ser gerados por eles, atuam ao nível de contato com tecidos externos (pele, conjuntivos etc.). Deve ser considerada a possibilidade da ingestão e aspiração de agentes químicos líquidos, principalmente em atitudes involuntárias forçadas pelo tipo de atividade do trabalhador. QUANDO RESUMO DA CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS Poeiras AERODISPERSÓIDES SÓLIDOS Fumaças Fumos metálicos ESTADO FÍSICO Névoas LÍQUIDOS Neblinas GASES E VAPORES Vapores orgânicos, gases inertes, gases e vapores ácidos, gases e vapores alcalinos, gases e vapores organometálicos 12

4.RISCOS QUÍMICOS Os riscos químicos derivam das diversas atividades ocupacionais, tais como: manuseio, transporte, armazenamento, produção e operação com agentes e produtos químicos, de forma não controlada ou em desacordo com as normas de segurança estabelecidas. Para a obtenção desse controle e do cumprimento das normas de segurança, faz-se necessário aplicar a metodologia das etapas da Higiene do Trabalho e que são: Reconhecimento do risco químico; Avaliação do risco químico e comparação com os limites de tolerância; Controle do ambiente em que existe risco químico. 4.1. Reconhecimento do risco químico Reconhecer um risco químico significa identificar agentes químicos e seus efeitos sobre os trabalhadores, dentro de processos produtivos ou quaisquer outras situações, nas quais elementos químicos possam afetar a saúde de seres humanos. O trabalho do Engenheiro de Segurança se pauta na investigação do ambiente de trabalho, procurando estudar os processos e produtos envolvidos nas atividades do trabalhador. Uma boa técnica é elaborar uma "checklist", na qual devem ser considerados os tópicos seguintes. 4.1.1. Produtos (químicos) a. Tipos de matérias primas utilizadas. b. Produtos químicos utilizados, mesmo que não matérias primas (catalisadores e acessórios). c. Produtos de presença intermitente ou eventual no ambiente. d. Produto final. Observar que muitas vezes vários produtos químicos não perigosos, após processados se transformam em produtos insalubres ou perigosos para o ser humano. 4.1.2. Processos a. No reconhecimento do risco químico, devem-se levar em conta as condições de processo, considerando parâmetros como: temperatura, pressão, radiação, umidade relativa, e outros que possam influenciar na atividade do agente químico. b. É importante que se observem os manuais que determinam os parâmetros dos processos, e documentos como PPRA, PCMSO, Laudos Periciais de 13

insalubridade e periculosidade, e a Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ). c. É necessário fazer uma inspeção das instalações para reconhecimento do risco químico, verificando tubulações, reatores, caldeiras, bombas, registros para manobras trocadores de calor, tanques de armazenagem e outros. d. Devem-se solicitar informações de supervisores e especialistas sobre o local, processo e materiais utilizados na atividade. e. Durante a atividade de reconhecimento do risco químico, os agentes devem ser identificados, classificados e relacionados com seus estados físicos: particulados,gasosos ou líquidos. Uma importante ferramenta para identificar agentes químicos e seus riscos é a FISPQ Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico. A FISPQ é documento de emissão obrigatória por lei (Portaria 204 do MT), e tem 16 itens normalizados pela ABNT NBR14725-4, começando pela identificação dos componentes químicos que estejam compondo um produto comercial de nome genérico. São partes de uma FISPQ: 1. identificação do produto e da empresa; 2. identificação de perigos; 3. composição e informações sobre os ingredientes; 4. medidas de primeiros-socorros; 5. medidas de combate a incêndio; 6. medidas de controle para derramamento ou vazamento; 7. manuseio e armazenamento; 8. controle de exposição e proteção individual; 9. propriedades físicas e químicas; 10. reatividade e estabilidade; 11. informações toxicológicas; 12. informações ecotoxicológicas; 13. considerações sobre tratamento e disposição; 14. informações sobre transporte; 15. regulamentações; 16. outras informações; 14

Exemplo do Item 3 de uma FISPQ de Formol: composição e informações sobre os ingredientes Produto químico obtido de diluição em água purificada. Nome químico ou genérico do princípio ativo: metanol Sinônimo: formol estabilizado ou inibido Natureza química: composto orgânico - aldeído Ingredientes / impurezas que contribuem para o perigo: Substância: formaldeyde solution N CAS: 75-12-7 Concentração: MÍN. 37% Substância: metanol N CAS: 0067-56-1 Concentração: 0 à 9% 4.2. Avaliação dos riscos químicos A avaliação dos agentes químicos deve ser feita após a fase de reconhecimento, no meio ambiente de trabalho, em trabalhadores expostos aos contaminantes em suas formas identificadas nos postos de trabalho e que podem interagir com o organismo pelas vias respiratória, cutânea e digestiva. A etapa de avaliação é feita por análises quantitativas e/ou qualitativas dos agentes químicos identificados na fase de reconhecimento. Os contaminantes químicos que interagem com os trabalhadores por via respiratória estão suspensos no ar e são passíveis de serem aspirados, tais como vapores, gases e aerodispersóides. A interação dos contaminantes pela via cutânea depende do contato entre o contaminante e a pele, e ainda da integridade da pele. sendo que estes contaminantes podem estar nas formas de vapores, gases ou aerodispersoides, mas também na forma líquida. A interação por via digestiva abrange todas as formas de contaminantes, desde que, de alguma forma, possam ser ingeridas. Pelas características de permanecerem dispersos no ar por longos períodos, os gases e vapores representam o maior e mais frequente risco aos trabalhadores. Na avaliação ocupacional é fundamental conhecer com máxima exatidão os valores das concentrações a que os trabalhadores estão expostos, devendo o monitoramento ser realizado de forma sistemática e planejada. A avaliação pode ser 15

feita no trabalhador, individualmente, em seu posto de trabalho ou pela amostragem de grupo homogêneo de exposição, em que um ou mais trabalhadores são monitorados e passam a representar o grupo de trabalhadores que executam suas atividades no mesmo posto de trabalho ou sob as mesmas condições de trabalho. 4.3. Medidas de controle O controle dos agentes químicos segue a mesma hierarquia de medidas para tratar os riscos laborais em geral. Assim, pode ser feito por meio de:medidas relativas ao meio ambiente; medidas administrativas e uso de EPIs. 4.3.1. Medidas relativas ao meio ambiente Do ponto de vista da Higiene Industrial, essas medidas são prioritárias. São tratadas no item 9.3.5.2 da NR-9 (PPRA), no qual se estabelece a hierarquia das medidas de controle, principalmente as medidas coletivas, entre as quais se incluem: substituição do produto tóxico ou nocivo; mudança do processo ou operação, ou alterações em alguma de suas partes; encerramento ou enclausuramento da operação; segregação da operação ou processo; umidificação; ventilação geral diluidora; ventilação local exaustora; 4.3.2. Medidas administrativas O controle administrativo pode ser alcançado por meio de limitação do tempo de exposição ao agente agressivo. A implantação dessa medida deve ser feita com critérios técnicos bem definidos para tornar-se uma solução definitiva e econômica para reduzir ou eliminar a exposição. A medida administrativa pode ser também implantada por meio de pausa e revezamento de trabalho, com estudo detalhado do processo produtivo. 4.3.3. Uso de EPIs Os equipamentos de proteção individual devem ser utilizados quando forem esgotadas todas as possibilidades e alternativas de medidas de controle coletivas e administrativas ou enquanto tais medidas estiverem sendo implantadas. Em caso de uso de EPIs, deve-se estudar sua implantação com base no Programa de Proteção Respiratória estabelecido pela Instrução Normativa nº 1, de 11/04/1994, do Ministério do Trabalho e Emprego, sendo recomendada a obra Manual de Proteção Respiratória (TORLONI, 2002). 16

5. LIMITES DE TOLERÂNCIA Limite ite de Tolerância é a concentração ou a intensidade máximas de um determinado agente agressivo à saúde humana, às quais a maioria dos trabalhadores pode ficar exposta por toda a sua vida laboral, sem que venha a desenvolver seqüelas ou doenças ocupacionais. (ACGIH, 2003) No Brasil, adotam-se três tipos de limites de tolerância: Média Ponderada é a concentração média ponderada pelo tempo, para uma jornada de 8 horas diárias e 44 semanais Limite de Tolerância Valor Teto é a concentração que não deve ser ultrapassada, em nenhum momento da jornada Valor máximo- é a concentração que não deve ultrapassar o valor obtido na equação abaixo, sob pena de ser considerada situação de risco grave e iminente: Valor Máximo (VM) = LT x FD Onde: LT = limite de tolerância para o agente químico, conforme Quadro 1 do Anexo 11 da NR 15 (o quadro 1 é extenso. Consultá-lo) FD = fator de desvio, segundo definido no Quadro 2, NR 15, abaixo:. Quadro 2 da NR 15 anexo 11 Exemplo de fator de desvio a. Qual é o valor de limite de tolerância máximo da amônia? b. LT: 20ppm (NR-15, anexo 11) c. FD = 1,5 (Quadro 2, Anexo 11) d. Valor máximo: 20ppmx 1,5 (FD) = 30ppm e. ppm = partes por milhão 17

Como exemplo do uso desta tabela, consideremos o ácido fórmico, que tem LT de 4ppm. Consultando a tabela, vemos que 4ppm está entre 1 e 10 e que o fator de desvio (FD) é 2. Daí, o valor máximo é: 4ppmx 2,00 = 8ppm. Importante! Recomenda-se que os profissionais de segurança façam consultas aos anuários da ACGIH, uma vez que as tabelas brasileiras foram originalmente adaptadas dessas tabelas americanas. Entretanto, tais tabelas são revisadas anualmente e as tabelas brasileiras não acompanham tal revisão, permanecendo com seus limites estacionários e desatualizados. 5.1. Limites definidos na NR 15 Anexo 11 A NR-15, em seu anexo 11,estabelece limites de tolerância baseados na média ponderada das concentrações existentes em determinado local, em relação à jornada de trabalho. 5.1.1. Definições Algumas definições se fazem necessário para trabalhar com as tabelas do quadro 1 do anexo 11 da NR-15: a. Todos os limites das tabelas são para absorção por via respiratória, em jornadas de até 48 horas semanais. b. A notação asfixiantes simples determina que, em presença de substâncias agressivas por via respiratória, a concentração mínima de oxigênio não poderá ser inferior a 18% em volume. Essas substâncias não são consideradas insalubres. c. Substâncias assinaladas na coluna "Valor Teto" não podem ter concentrações superiores ao limite de tolerância em momento algum da jornada. d. Se estiverem assinaladas na coluna "Absorção também pela pele", é condição prévia que, no indivíduo exposto, estejam adequadamente protegidos, a pele, os olhos e outros tecidos passíveis de contato direto com o agente químico. e. As avaliações das concentrações através do método de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverão ser feitas pelo menos 10 vezes em intervalos regulares, ao longo da jornada de trabalho. As coletas deverão ser feitas ao nível do nariz do trabalhador e sempre no mesmo local em avaliação. Entre cada leitura deverá ser observado um intervalo mínimo de 20 minutos. Deve-se procurar medir momentos de concentração máxima, já que este deve ser o objetivo do profissional prevencionista. 18

5.1.2. Limite de Tolerância - Valor Média Ponderada O Limite de Tolerância - Valor Média Ponderada é utilizado para todos agentes químicos listados no quadro 1 das tabelas de Limite de Tolerância do anexo 11, desde que não tenham valor teto assinalado. Quando isso acontece, o limite de tolerância será o próprio valor máximo. Tomando-se o agente químico "amônia" como exemplo e fazendo-se 10 avaliações instantâneas da concentração ambiental para este agente químico, possíveis situações que se apresentam estão representadas a seguir. LT =20ppm Valor máximo: 20ppmx 1,5 (FD) = 30ppm Exemplo de Média ponderada abaixo do LT, e nenhum valor acima do valor máximo Veja o Gráfico 1, a seguir. Somando os valores e calculando a média ponderada (M), encontraremos M = 16ppm, que é inferior ao LT = 20ppm. V.Max30 25 L.T. 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gráfico 1 valores de medições de concentração de amônia Observe que existem valores na 5ª e 8ª medições que superam o LT (20 ppm).no entanto,esses valores não superam o máximo (30ppm), e dizemos que este local é salubre, e que o Limite de Tolerância Média Ponderada não foi ultrapassado. Exemplo de Média ponderada abaixo do LT e valor máximo ultrapassado. No caso do Gráfico 2, a média ponderada (M = 15,0ppm)está abaixo do LT, mas a situação representada pela medição 4 representa risco por ter ultrapassado o valor máximo (35 ppm). Por isso, o ambiente é considerado insalubre, e dizemos que o Limite de Tolerância foi ultrapassado. 19

10 0 0 40 10 0 0 V.Max 35 10 0 0 20 10 5 30 15 0 0 25 20 0 0 L.T. 10 0 0 20 10 0 0 15 20 0 0 10 10 0 0 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gráfico 2 - valores de medições de concentração de amônia Exemplo de média ponderada ultrapassada, sem ultrapassar o valor máximo. No gráfico 3, a média ponderada de 23,5 ppm está acima do limite de tolerância 20ppm. Neste caso, o local é insalubre. Diz-se que o Limite de tolerância média ponderada foi ultrapassado. V.Max30 25 L.T. 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gráfico 3 - valores de medições de concentração de amônia Exemplo de média ponderada ultrapassada e valor máximo ultrapassado. É uma situação crítica, em que, tanto a média ponderada de 26ppm ultrapassa o limite de tolerância, quanto o valor máximo foi ultrapassado, sendo clara a conclusão pela insalubridade. Assim, diz-se que o limite de tolerância foi ultrapassado. 20

35 V.Max 30 25 L.T. 20 15 10 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gráfico 4 - valores de medições de concentração de amônia 5.1.3. Limite de Tolerância- Valor Teto Quando, nas tabelas de limite de tolerância, existe uma indicação de que o agente tem valor teto, não se calcula média ponderada, nem valor máximo, assumindo-se este valor teto como o máximo suportável, em qualquer instante da jornada de trabalho do indivíduo. Portanto, o valor teto é o mesmo valor máximo, e os dois coincidem com o limite de tolerância. Estes agentes químicos que possuem valor teto são de atuação muito rápida e altamente tóxicos, o que coloca em risco a pessoa, que e a eles se expõe. Neste caso, além de ser classificado comode risco grave e iminente, o ambiente será insalubre, se o LT valor teto for ultrapassado a qualquer instante. Caso contrário, se o LT não for ultrapassado o ambiente é salubre. 5.2. Conceituação dos Elementos da NR-15 - Anexo 11 A Portaria 3214/78, NR-15, Anexo 11, estabelece os limites de tolerância para 132 agentes químicos, sendo que tais substâncias estão contidas no Quadro nº 1 Tabela de Limites de Tolerância constituída pelas seguintes colunas: Agentes Químicos gases e vapores com limites de tolerância definidos, válidos paracontrolar absorção por via respiratória. Valor teto - limites de tolerância que não podem ser ultrapassados em momento algum da jornada de trabalho. Absorção também pela pele agentes químicos que, se utilizados, exigem o uso obrigatório de proteção cutânea. 21

Concentração em ppm -uma das formas de traduzir a concentração. Concentração em mg/m 3 - uma das formas de traduzir a concentração. Grau de insalubridade - a ser considerado para a caracterização do risco(consultar o Anexo 11 da NR 15) Conceito de ppm Como dissemos, oppm é a concentração de um gás ou vapor expressa em volume/volume, ou seja, 1 cm 3 de ar contaminado 1 cm 3 de ar contaminado ppm = = 1 m 3 de ar 1.000.000 cm 3 O Anexo 11 da NR 15 fornece a concentração em ppme mg/m 3. A conversão entre ambos pode ser feita conforme explicamos a seguir. Transformação de mg/m 3 em ppm Para transformar a concentração de mg/m 3 em ppm, usa-se a seguinte fórmula: Ppm = 24,45 x mg/m 3 Peso molecular da substância Exemplo 1: transformar 88 mg/m 3 de CO 2 em ppm. Dados: peso atômico C =12 g/mol 0 = 16 g/mol Pm = Peso molecular do dióxido de carbono CO 2 : Pm = 12 x 1 + 16 x 2 = 44 g 24,45 x 88 Ppm = = 12,22 ppm 44 Transformação de ppm em mg/m 3 ppm x peso molecular mg/m 3 = 24,45 Exemplificando: transformar 8,15ppm de benzeno (C 6 H 6 ) em mg/m 3. 22

Dados: peso atômico C =12 g/mol H = 1 g/mol Peso molecular do benzeno C 6 H 6 Pm = 12 x 6 + 6 x 1 = 72 + 6 = 78 g 8,15 x 78 mg/m 3 = = 26 mg/m 3 24,45 Fórmula de Brief & Scala O Quadro I do Anexo 11 da NR-15 foi elaborado com base na ACGHIH, em 1978, considerando a jornada de trabalho americana que, na época, era de 8 horas diárias e 40 horas semanais. Atualmente, nobrasil,a jornada é de 8 horas diárias e 44 horas semanais, tornando-se necessário ajustar os valores do Quadro I. Para fazer esse ajuste, utiliza-se um modelo matemático, conhecido como Brief & Scala,que calcula o fator da redução no limite estabelecido. Confira: FR = ( 40 / h ) x ( 168 - h ) / 128 Onde: FR - Fator de Redução. h - Horas semanais trabalhadas. Dados: h = 48 horas (como na NR-15 anexo 11), Aplicando a fórmula, temos: FR = ( 40 / 48 ) x ( 168-48 ) / 128 FR =.0,78 arredondando, podemos usar FR = 0,88 Esse é o valor que devemos aplicar aos valores que constam do Anexo 11 da NR-15, para encontrar o novo limite de tolerância. Exemplo: o limite de tolerância àamônia é de 20 ppm (Anexo 11 da NR-15). Qual será o novo limite de tolerância à amônia, adotando-se a fórmula de Brief & Scala? O novo limite será: FR = 0,88 x 20 = 17,6 ppm 23

5.3. Limites Tolerância ACGIH A ACGIH adota os seguintes limites de exposição para agentes químicos: TLV TWA (Threshold Limit Value - Time Weighted Average ou Limite de Tolerância Média Ponderada ou Limite Médio das concentrações ambientais ponderadas na jornada diária ou semanal do trabalhador. TLV STEL (Threshold Limit Value - Short Term Exposure Limit) ou Limite de Tolerância para Exposições de curto período.o STEL é definido como a exposição TWA de 15 minutos (no máximo) que sópode ser repetida no máximo 4 períodos de tempo durante a jornada diária de trabalho, sendo que cada período deve estar separado do outro pelo intervalo mínimo de uma hora. TLV CEILING ou Limite de Tolerância Valor Teto. É o limite que não pode ser excedido em qualquer momento da jornada de trabalho. 24

6. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO A avaliação quantitativa dos agentes químicos é realizada por diversos métodos e com equipamentos variados, devendo ser escolhido o mais adequado em função dos objetivos da avaliação. Apresentamos a seguir os instrumentos mais usados. 6.1. Tubos reagentes Os tubos reagentes são utiliamostragens instantâ- zadospara neas. Compõem-se de uma bomba manual e um tubo reagente, sendo que a bomba capta o ar do ambiente e amostra coletada reage com o produto contido no tubo. O reagente é especifico para o produto a ser analisado. O tubo possui uma escala externa que permite a leitura direta da concentração da substância, após a reação da amostra com o reagente. Esse tipo de avaliação deve ser usado apenas para medição instantânea e sua precisão é em torno de 70%, não sendo recomendado seu uso em casos que exigem precisão. 6.2.Bombas de amostragem As bombas de amostragem são usadas para amostragens contínuas, durante a jornada de trabalho. Esse tipo de instrumento utiliza bomba com baixas vazões (em torno de 0,2 a 0,5 litros por minuto),ajustadas, em função da substância a ser avaliada e do tempo de avaliação. As bombas de amostragem forne- cem a concentração média ponderada a que o trabalhador está exposto. Os equi- pamentos podem indicar resultados no seu próprio display, após a amostragem de uma ou de várias substâncias, simultaneamente. Nesse caso, são conhecidos como detectores ou medidores multigás. 25

A coleta deve ser levada ao laboratório para análise e emissão do certificado de análise. Os meios de coleta variam com relação ao tipo de gás ouvapor a ser amostrado. Os tipos mais comuns são: tubo de carvão ativado é utilizado principalmente na coleta de vapores orgânicos, tais como benzeno, tolueno, xileno, brometo de metila. A vazão da amostragem é variável (entre 0,05 lpm a 0,20 lpm), em função do tipo de substância a ser avaliada. A análise da amostra, no laboratório, normalmente é feita por cromatografia gasosa.(lpm = litros por minuto) tubo de sílica gel é usado normalmente para coleta de ácidos inorgânicos, tais como os ácidos clorídrico, nítrico, sulfúrico, bromídrico, fluorídrico. A vazão varia de 0,2 a 0,5 lpm e a análise é feita por cromatografia de íons, pelo método NIOSH. impinger nesse tipo de coleta, é colocada dentro do impinger a solução específica para o gás a ser coletado. Assim, por exemplo, na coleta de cloro, utilizam-se dois impingers com 20 ml de solução de metilorange. Já no peróxido de hidrogênio, a solução usada é o oxisulfato de titânio. As vazões de coleta são variáveis, em função do método e a análise química poderá ser feita por espectrofotometria de radiação visível ou por cromatografia. 6.3. Coletor passivo ou dosímetro Os coletores passivos não utilizam bombas de sucção da amostra do ar para dentro dos coletores. O princípio usado é o da difusão, em que a amostra interage com o carvão ativado do coletor, produzindo uma reação que é levada em laboratório. Os amostradores são específicos para cada tipo de gás (monóxido de carbono, dióxido de enxofre, entre outros). Já para vapores orgânicos, utiliza-se o coletor de carvão ativado, sendo a análise feita por cromatografia gasosa. 26

7. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Giovanni Moraes de e BENITO, Juarez Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de Janeiro: Edição dos autores, 2011. SALIBA, Tuffi Messias.Manual Prático de Higiene Ocupacional e PPRA.Belo Horizonte: Ed. Astec, 2009. TORLONI, Maurício.Manual de Proteção Respiratória. São Paulo: Ed. Fundacentro, 2002. SILVA, Armando Lopes da Silva Filho. Segurança Química. São Paulo: Ed. LTR, 2008. LOPES, Armando Lopes. Segurança Química. São Paulo: Ed LTR, 2007. MORAES, Giovanni Araújo.Segurança na Armazenagem, Manuseio e transporte de Produtos Perigosos.Rio de Janeiro: Editora GVC,2005. 27