Análise de Resultado Especial II Petrobras São Paulo, 24 de Abril de 2015. Ajuste totaliza R$ 50,8 bilhões (R$ 6,2 bilhões de corrupção) e prejuízo soma R$ 21 bilhões em 2014. O ajuste divide-se em ativos que tiveram valor majorado por práticas de corrupção (R$ 6,194 bilhões) e o ajuste por impairment em ativos de refino, exploração e produção e petroquímica (totalizaram R$ 44,3 bilhões). O montante da baixa por impairment em boa parte deveu-se ao segmento de refino, que respondeu por R$ 30,9 bilhões, em virtude da avaliação dos projetos do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Nas palavras da companhia isso se deu por conta de problemas no planejamento dos projetos, utilização de taxa de desconto com maior prêmio de risco, postergação da expectativa de entrada de caixa e menor crescimento econômico. Também houve ajuste no segmento de exploração e produção que totalizou R$ 10 bilhões, por conta da forte queda dos preços de petróleo no mercado internacional. Por fim, na área petroquímica, a baixa por impairment foi de R$ 2,9 bilhões em razão de contração de demanda e margens. Já com relação ao ajuste relacionado à corrupção (que totalizou R$ 6,2 bilhões), a metodologia utilizada para quantificar a corrupção foi aquela que já se tinha notícia: aplicou-se 3% (percentual revelado em delação premiada) sobre o total dos contratos assinados entre 2004 e abril de 2012 (R$ 199,6 bilhões). Como resultado da baixa contábil de quase R$ 51 bilhões, a companhia reportou prejuízo de R$ 21,6 bilhões, devolvendo praticamente todo o lucro do ano anterior e anunciou que não distribuirá dividendos neste ano.
Dinâmica de menor produção vs elevado endividamento continua como ponto de preocupação A perspectiva de produção para este ano foi mantida, mas para 2016 deve ser menor. Para 2015 a produção pode variar até 4,5% e para o ano que vem pode expandir-se em até 2%. Um ponto importante a não perder de vista aqui, é que se trata de uma empresa que extrai petróleo e comercializam derivados (e petróleo) estando com seu endividamento bastante elevado. Um dos caminhos para sanar este problema seria aumentar a geração de caixa, contudo o cenário de redução de investimentos, diminuição do parque de ativos em meio a um contexto de continuidade de pressão para o barril de petróleo, deixa esse caminho mais difícil. No que diz respeito aos preços de derivados, nenhuma novidade. A companhia continua com o mesmo discurso de constante busca pela paridade de preço e segundo o próprio diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, a companhia utilizará como base do plano de negócios preços competitivos e de mercado, um discurso bastante parecido com as gestões anteriores. Já com relação ao endividamento, temos o principal problema e foco da companhia ao longo dos próximos períodos. Os principais indicadores acerca do endividamento da Petrobras apresentaram sensível deterioração, com aumento da relação Dívida líquida/ebitda de 3,52x em 2013 para 4,77x em 2014 e expansão da alavancagem financeira de 39% para 48%, como destacado no gráfico abaixo.
É importante lembrar que no plano de investimentos anterior o limite estabelecido para a manutenção do rating pelas agências de classificação de risco era de 2,5x para o indicador Dívida líquida/ EBITDA e de 35% para a alavancagem financeira (Endividamento Líquido) / (Endividamento Líquido + Patrimônio Líquido). No novo plano a ser divulgado dentro de 30 dias esperamos novas informações acerca do caminho para a recuperação do rating.
Em termos de perspectivas, a companhia parece ter colocado os pés no chão As novas premissas contemplam cenário mais realista com preço médio para o barril (em US$ 60) menor do que no Plano de Negócios 2014 2018 além de uma taxa de câmbio de R$ 3,10/US$. Com relação às métricas de produção, manteve-se a expectativa de que se produza até 2,79 milhões de barris/dia em média (evolução de 4,5%) neste ano e 2,88 milhões de barris/dia em 2016 (evolução de 2%). Em 2016 os desinvestimentos devem ser de US$ 10 bilhões e os investimentos de algo em torno de US$ 25 bilhões com suave recuperação dos preços de petróleo e continuidade da desvalorização do câmbio. A assunção de tais premissas auxilia no processo de retomada de confiança do mercado, e para este ano a companhia sanou sua necessidade de captações, minimizando a possibilidade de nova emissão de ações no curto prazo.
Conclusão A divulgação alivia a pressão sob a companhia que teria um problema nunca antes visto na sua história, com a possibilidade de antecipação de cobrança de dívidas e maiores problemas financeiros. Mas ainda assim a realidade não empolga. A Petrobras adotou premissas mais realistas com desvalorização do câmbio, evolução produtiva mais contida e deixou claro que a prioridade é a desalavancagem. Para tanto, existem alguns caminhos para que a companhia consiga reduzi-la (fato que não acreditamos que vá acontecer em 2016, somente após o próximo ano): Venda de ativos (plano de desinvestimentos em curso sendo US$ 3 bilhões neste ano e US$ 10 bilhões em 2016) é uma alternativa que embute riscos (de não realizar a venda a um preço interessante em razão da pressão nas cotações do petróleo) e consequências (menos ativos menor geração de caixa), mas definitivamente é um dos caminhos que devem ser tomados, sobretudo para ativos pouco rentáveis ou que não apresentem potencial interessante; Nova emissão de dívidas, nas atuais condições não seria algo muito vantajoso, principalmente por conta do aumento do custo das dívidas. Seria um tiro no pé. Uma possibilidade que se apresenta é a de emissão de debêntures; Nova emissão de ações é um dos caminhos que a atual gestão diz não considerar no curto prazo. Para a manutenção do controle estatal, provavelmente as contas públicas seriam afetadas (exatamente, que o governo não quer no momento); Discussão do modelo de partilha de produção, (companhia deve ter participação mínima de 30% nos blocos do pré-sal além de ser a empresa responsável pela condução e execução, direta ou indireta, de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção) que reduziria a necessidade de investimentos e parece que pode tomar força após a saga dos resultados de 2014 ; e por fim Aumento da geração de caixa, que deve ocorrer numa velocidade aquém da esperada, tanto por conta de condições setoriais menos favoráveis para a atividade como por reflexo da menor produção e continuidade da atual política de preços de derivados que tem implicado em constante queima de caixa pela companhia. A Petrobras terá um caminho difícil pela frente para atingir tal objetivo e reequilibrar sua situação financeira. Ao que parece os episódios de intervenção estatal devem ser menores doravante, contudo, em pontos chave como na discussão do modelo de partilha de produção e política de preços de derivados o governo deve continuar ditando as regras. Logo, acreditamos que até a apresentação do novo plano de negócios (previsto para daqui a 30 dias) e novidades no que tange
ao plano de desinvestimentos e reforço de caixa da companhia, seus papéis devem seguir pressionados em bolsa. Continuamos recomendando cautela com relação ao aumento de exposição aos papéis da companhia para aqueles que pensam em entrar em Petrobras agora. No caso dos investidores já posicionados no papel, a recomendação é de manutenção à espera de maiores esclarecimentos sobre a estratégia de investimentos para os próximos anos, que deve ser detalhada na divulgação do plano de negócios, em 30 dias.
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