Dissertação elaborada por: Carlos Dias Sob a orientação de: Prof. Dr. Gilberto Ramos Loureiro. Universidade do Minho Mestrado em Finanças



Documentos relacionados
EEG Research Day Estrutura de Capitais:

Carlos Manuel Barroso Dias. Quem ganha o confronto entre. os modelos do tradeoff e do pecking order? Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão

Otimização da Estrutura de Capital das Empresas Julho de Prepared for professional investors only

Financiamento a Longo Prazo. Alternativas. Capital Próprio. Prf. José Fajardo EBAPE-FGV. Ações Ordinárias Ações Preferenciais

Tópicos Avançados em Estrutura de Capital

Gestão Financeira de Organizações

1. Introdução. Velocidade de ajuste da estrutura de capital e a frequência de aquisições: Um estudo com empresas norte-americanas

João Carvalho das Neves

UNIVERSIDADE DOS AÇORES DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E GESTÃO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS

FANOR. MBA Internacional - Finanças. DISCIPLINA: Análise Financeira Estratégica. PROFESSOR: José Moraes Feitosa (Neto)

CURSO CONTABILIDADE E FINANÇAS PARA JURISTAS

I - FUNDAMENTOS BÁSICOS DE FINANÇAS CORPORATIVAS, 1 1 O

GESTÃO FINANCEIRA. Demonstração de Fluxos de Caixa

Metodologias de Avaliação de Investimentos

Introdução ao controlo de gestão

ANÁLISE AVANÇADA DO PONTO DE EQUILÍBRIO DE UMA EMPRESA

FUNDAMENTOS DA GESTÃO FINANCEIRA

DECISÕES DAS EMPRESAS PORTUGUESAS SOBRE ESTRUTURA DE CAPITAL*

Etapas para a preparação de um plano de negócios

Instrumentos Econômicos e Financeiros para GIRH. Métodos de valoração de água e instrumentos econômicos

OS BENEFÍCIOS DO RENTING NAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO.

40 países 32 anos de história. raciocínio estratégico e visão de negócios

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

Quais as aplicações do custo de capital?

Processode Planejamento Financeiro

Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. "Uma arma verdadeiramente competitiva"

FINANÇAS CORPORATIVAS 2a. Aula 09/04/2011 3a. Aula 30/04/2011

DESCONTO SIMPLES. Os títulos de crédito mais utilizados em operações financeiras são a nota promissória, a duplicata e a letra de câmbio.

OS BENEFÍCIOS DA LOCAÇÃO NAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO.

Gestão do Fluxo de Caixa em Épocas de Crise

Este capítulo é divido em duas seções, a primeira seção descreve a base de

LL = Q x PVu Q x CVu CF

DETERMINANTES DA ESTRUTURA DE CAPITAIS DAS EMPRESAS BRASILEIRAS COM AÇÕES NEGOCIADAS EM BOLSAS DE VALORES

OIT DESENVOLVIMENTO DE EMPRESA SOCIAL: UMA LISTA DE FERRAMENTAS E RECURSOS

Recuperação Financeira Municipal Planos de reestruturação de dívida e assistência financeira. Setembro 2014 André Júdice Glória, LL.M, M.B.A.

Fundos de Investimentos

Roteiro 25 Interferência sonora e batimento sonoro

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO

Modelo para elaboração do Plano de Negócios

Ativos Patrimônio Líquido CAPÍTULO 2 CUSTO DE CAPITAL E CUSTOS FINANCEIROS. 1. Custo de Capital

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO NO PLANO DE NEGÓCIOS Prof. Ms. Marco Arbex

UMe Sobre a Um Investimentos

Engenharia Econômica. Introdução à Engenharia de Produção


CURSO FINANÇAS PARA NÃO FINANCEIROS

6 Construção de Cenários

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

Aspectos Sociais de Informática. Simulação Industrial - SIND

IBRACON NPC nº 20 - DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

CONTABILIDADE GERAL E GERENCIAL

FUTURO FINANCEIRO: VOCÊ PODE PLANEJAR O SEU. Lilian Massena Gallagher

Resolução Prova de RACIOCINIO LOGICO MATEMATICO (PARTE MATEMÁTICA) PROF RICARDO ALVES

Contabilidade financeira e orçamentária I

PLANEJAMENTO E CONTROLE DE VENDAS

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE COOPERATIVAS ESAPL / IPVC

opções de crédito para sua empresa

Sandra Filipa Rodrigues da Silva. Sandra Filipa Rodrigues da Silva Estrutura de capitais: Teste às teorias do trade-off versus pecking order


UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL DE SANTA MARIA Curso de Eletrotécnica

31. A DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA

Objetivos 29/09/2010 BIBLIOGRAFIA. Administração Financeira I UFRN Prof. Gabriel Martins de Araújo Filho. Tópicos BALANÇO DE TAMANHO COMUM

INSTITUTOS SUPERIORES DE ENSINO DO CENSA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROVIC PROGRAMA VOLUNTÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Fundo Social Europeu em Portugal. O que é? Para que serve? Como posso beneficiar?

O ciclo de estratégia, planeamento, orçamento e controlo

Como organizar um processo de planejamento estratégico

Consulte o prospeto para conhecer as restantes novas descrições.

Engenharia de Software II: Definindo Projeto III. Prof. Msc Ricardo Britto DIE-UFPI

Auditor Federal de Controle Externo/TCU

1. O Fluxo de Caixa para á Análise Financeira

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE l

GESTÃO FINANCEIRA II INTRODUÇÃO

INSTITUTO SUPERIOR DE ECONOMIA E GESTÃO UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FINANÇAS. MBA 2006/2007 (1º Bloco) Caderno de Exercícios. José Azevedo Pereira

CAPITAL MEZANINO INVESTIMENTO DE PRIVATE EQUITY EM COMPANHIA FECHADA POR MEIO DE DEBÊNTURES CONVERSÍVEIS FREDERICO VIANA RODRIGUES

No que concerne à qualidade de obras e certificação de empresas, julgue o item a seguir.

ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE. Margem Bruta. VL = Vendas Líquidas (ou Receitas Líquidas ou Faturamento Líquido)

TRABALHO DE ECONOMIA:

U U +E U U E Sendo E e U dois algarismos não nulos e distintos, a soma E + U é igual a

Ementário do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Comercial

Gestão de Stocks. Maria Antónia Carravilla. Março Maria Antónia Carravilla

Workshop em Gerenciamento de Projetos

Gerenciando o Fluxo de Caixa com Eficiência

Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

María Esmeralda Ballestero-Alvarez

MBA Finanças (Turma II)

UM GLOSSÁRIO PARA O DIA A DIA DO EXECUTIVO

1. Função Financeira 2. Modelo Sistêmico da Função Financeira 3. Principais Atribuições do Administrador Financeiro

Módulo Contábil e Fiscal

GPME Prof. Marcelo Cruz. Políticas de Apoio e Análise de Risco I e II. Objetivos. Políticas de apoio e análise de riscos. Administração financeira

"Gestão Contábil para micro e. pequenas empresas: tomada

Finance. Estudos de Remuneração 2012

O SEBRAE E O QUE ELE PODE FAZER PELO SEU NEGÓCIO

Viabilidade Financeira: Calculo da TIR e VPL

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 5.1 Conclusão

OS IMPACTOS DA FILOSOFIA JIT SOBRE A GESTÃO DO GIRO FINANCIADO POR CAPITAL DE TERCEIROS

SISTEMAS DE GESTÃO São Paulo, Janeiro de 2005

Transcrição:

Dissertação elaborada por: Carlos Dias Sob a orientação de: Prof. Dr. Gilberto Ramos Loureiro Universidade do Minho Mestrado em Finanças

A teoria do tradeoff (Modgliani & Miller, 1958) sugere um comportamento de reversão para a média no financiamento. Taggart (1977) Bradley, Jarrell & Kim (1984) Flannery & Rangan (2006) Goyal, Lehn, & Racic (2002) Fama & French (2002) Huang & Ritter (2009)

A teoria do pecking order (Myers, 1984) sugere rácios de dívida guiados pela necessidade de financiamento externo. Shyam-Sunder & Myers (1999) (Fama & French, 2002) Frank & Goyal (2003) Leary & Roberts (2010)

A medida seguida é o rácio de dívida de mercado: DTi,t: valor contabilístico da dívida da empresa i no ano t; APi,t: valor contabilístico das ações preferenciais da empresa i no ano t; CMi,t: capitalização de mercado da empresa i no ano t.

Construção do défice de financiamento: DIVi,t: dividendos da empresa i no ano t; DCi,t: despesas de capital da empresa i no ano t; ΔFMi,t: variação do fundo de maneio da empresa i no ano t; PCi,t: porção corrente de dívida de longo prazo da empresa i no início do ano t; FCi,t: fluxos de caixa gerados pelas atividades operacionais da empresa i no ano t; ATi,t: ativos totais da empresa i no ano t.

O modelo econométrico a ser testado: Hipótese nula (H0) é o financiamento integral com dívida; Hipótese alternativa (H1) é o défice de financiamento não coberto totalmente pela dívida.

Sunder & Myers (1999) recomendam: RDM*i,t: rácio de dívida ótimo da empresa i no ano t; bat: coeficiente que traduz a velocidade do ajustamento em direção ao rácio de divida desejável. No entanto deve-se examinar outro tipo de especificação (Huang & Ritter, 2009)

Partindo de Flannery & Rangan (2006), o rácio de dívida ótimo da empresa i no ano t: Xi,t-1: vetor de características da empresa i no ano t-1; Inclui variáveis dummy para cada ano e efeitos fixos da empresa; γ : vetor do coeficiente

Sabendo o rácio de dívida ótimo basta subtituir no modelo sugerido por Sunder & Myers (1999): Hipótese nula (H0) é a ausência de ajustamentos em direção a um nível de dívida ótimo; Hipótese alternativa (H1) é a presença de ajustamentos no sentido de um nível de dívida ótimo.

Amostra retirada da Datastream; Amostra final engloba 149 empresas pertencentes ao S&P 500; O período cobre 15 anos desde 1993 até 2007.

25% 20% 15% 10% 5% Número de observações: 2235 Média Mediana Desvio padrão 0% -5% RDM RDC DEF

ΔRDM Média Móvel 3 anos Média móvel 5 anos Média da amostra RDM * i,t-rdm i,t-1 0.053 c (1.47) 0.109 a (4.12) 0.361 a (16.90) Dummies de anos Não Não Não Efeitos fixos de empresas Não Não Não R 2 0.002 0.013 0.188

Mínimos Quadrados Ordinários RDM Efeitos Fixos Variável Instrumental RDM i,t-1 0.868 a 0.645 a 0.685 a (44.76) (36.81) (24.66) LogAT 0.003 b 0.010 a 0.009 a (2.35) (2.92) (2.81) MBA -0.001 c 0.001-0.000 (-1.73) (-0.95) (-0.35) TAN_AT 0.017 c 0.020 0.016 (1.84) (1.06) (0.84) RO_AT -0.011-0.006 0.005 (-1.46) (-0.29) (0.25) DEP_AT 0.012 0.093 0.093 (0.23) (1.18) (1.18) I&D_AT -0.103 b -0.103-0.123 (-2.21) (-1.28) (-1.51) I&DD 0.002 0.002 0.003 (0.74) (0.28) (0.34) Dummies de anos Sim Sim Sim Efeitos fixos Não Sim Sim R 2 0.836 0.483 0.481

Mínimos Quadrados Ordinários RDM Efeitos Fixos Variável Instrumental RDM i,t-1 0.868 a 0.645 a 0.685 a (44.76) (36.81) (24.66) LogAT 0.003 b 0.010 a 0.009 a (2.35) (2.92) (2.81) MBA -0.001 c 0.001-0.000 (-1.73) (-0.95) (-0.35) TAN_AT 0.017 c 0.020 0.016 (1.84) (1.06) (0.84) RO_AT -0.011-0.006 0.005 (-1.46) (-0.29) (0.25) DEP_AT 0.012 0.093 0.093 (0.23) (1.18) (1.18) I&D_AT -0.103 b -0.103-0.123 (-2.21) (-1.28) (-1.51) I&DD 0.002 0.002 0.003 (0.74) (0.28) (0.34) Dummies de anos Sim Sim Sim Efeitos fixos de empresas Não Sim Sim R 2 0.836 0.483 0.481

RDM ΔRDM ΔRDM RDM i,t-1 0.685 a -0.321 a (24.66) (-11.62) LogAT 0.009 a 0.012 a (2.81) (3.53) MBA -0.000-0.002 (-0.35) (-1.16) TAN_AT 0.016-0.002 (0.84) (-0.10) RO_AT 0.005 0.027 (0.25) (1.33) DEP_AT 0.093 0.101 (1.18) (1.28) I&D_AT -0.123-0.075 (-1.51) (-0.92) I&DD 0.003 0.004 (0.34) (0.42) DEF 0.039 b 0.075 a (2.52) (4.80) Dummies de anos Sim Sim Sim Efeitos fixos de empresas Sim Sim Sim R 2 0.481 0.098 0.266

RDM ΔRDM ΔRDM RDM i,t-1 0.685 a -0.321 a (24.66) (-11.62) LogAT 0.009 a 0.012 a (2.81) (3.53) MBA -0.000-0.002 (-0.35) (-1.16) TAN_AT 0.016-0.002 (0.84) (-0.10) RO_AT 0.005 0.027 (0.25) (1.33) DEP_AT 0.093 0.101 (1.18) (1.28) I&D_AT -0.123-0.075 (-1.51) (-0.92) I&DD 0.003 0.004 (0.34) (0.42) DEF 0.039 b 0.075 a (2.52) (4.80) Dummies de anos Sim Sim Sim Efeitos fixos de empresas Sim Sim Sim R 2 0.481 0.098 0.266

Amostra dividida segundo o crescimento Influência do período temporal A velocidade de ajustamento nunca sai do intervalo 31%-33%; A magnitude do coeficiente do DEFi,t não ultrapassa 0,10. No limite, uma empresa demora cerca de um ano e um mês; Problema do enviesamento (Nickel, 1981).

Nova versão do défice de financiamento O desempenho do pecking order continua a ser fraco; Um ano e nove meses para atingir metade do ajustamento. Medidas alternativas de alavancagem A velocidade de ajustamento nunca ultrapassa os 32%; O coeficiente do pecking order sofre uma ligeira melhoria.

O modelo do tradeoff descreve melhor a política de financiamento empresarial: Uma empresa típica apresenta, anualmente, um ajustamento de 32%; O rápido ajustamento não é afetado pela inclusão de considerações ligadas ao modelo do pecking order.

Existe robustez ao longo de várias construções do défice de financiamento, rácio de dívida e da divisão da amostra segundo as oportunidades de crescimento. Má especificação do modelo do pecking order. Acontecimentos que afetam simultaneamente o rácio de dívida contabilístico e o rácio de dívida de mercado.

OBRIGADO PELA A ATENÇÃO!