Bovinos de leite. Exognósia e Maneio Animal 9. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO GADO BOVINO E ZEBUÍNO



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Transcrição:

Exognósia e Maneio Animal 4 de Novembro de 2008 Bovinos de leite 9. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO GADO BOVINO E ZEBUÍNO Paulo P. Cortez IV. Principais raças de aptidão leiteira Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar Universidade do Porto 9. 4. Principais raças de aptidão leiteira a) Frísia holandesa (Holstein Frisean) b) Jersey Origem da raça: Países Baixos (região norte) Séc. XVIII: animais negros dos batávios x animais brancos dos frisões Principal objectivo: produção de leite c) Parda Suiça d) Guernsey Após 1945 (Europa): Produção de leite Aumento da massa muscular Teor em gordura Tronco mais volumoso Produção de carne Extremidades mais curtas Importada para o Novo Mundo em 1852 Holstein 1886 10.000 animais Frisean Substituição das raças de origem hispânica e inglesa 1872-1º livro genealógico (Holanda 1879) 1885 - Associação Americana de Holstein-Frisean Ênfase colocado na produção de leite: Produção de leite superior 1972: 20.000 Kg - 3,4% de gordura 1990: produção média diária de 91 Kg Exportação para todo o mundo (sémen para IA) Maior tamanho Musculatura menos desenvolvida 1

Raça de maior potencial leiteiro A mais cosmopolita ± 80% das vacas leiteiras na Europa Principais características morfológicas: Muitas variedades da raça nos diversos países EUA 8 466 606 Itália 1 450 000 França 2 852 033 N. Zelândia 1 235 855 Frísea Holandesa Frísea Americana Alemanha Inglaterra 2 290 000 2 195 000 Canadá Espanha 1 021 535 1 114 000 Frísea Portuguesa Austrália 1 680 000 Holanda 850 000 Frísea Francesa Frísea Italiana Perfil côncavo Longilíneo ou sub-longilíneo Sub-hipermétrico ou eumétrico (600-700 Kg) Padrão de pelagem Preta e branca ou vermelha e branca Mucosas escuras Cornos Em 3 deitado Em coroa Ausentes Altura no sacro: ± 1,45 m - 1, 50 m Cabeça com linhas femininas: pouco músculo olhos salientes orelhas horizontais em alerta docilidade Linha dorsal comprida e recta Úbere muito desenvolvido Características produtivas gerais: Raça leiteira que produz maior quantidade de leite Teor proteico melhoramento (pago: 3.2) Teor em gordura ± 3.5-4.3 % (pago: 3.7) Elevada digestibilidade Coloração muito branca Produção média de leite: 7 841Kg (padronizada 305 d) Raça de elevada precocidade: Primeiro cruzamento por volta dos 15 meses Gestação: 280 dias Primeiro parto entre 24-27 meses Intervalo entre partos: 15-17 meses Peso dos vitelos ao nascimento ± 40 Kg Vida produtiva média 2

Em Portugal: Excelente morfologia funcional: Úbere bem adaptado à ordenha mecânica Partos fáceis Membros de boa conformação Bom aproveitamento nutricional Razoável capacidade de adaptação Associação Portuguesa dos Criadores da Raça Frísia (1975) Promove as seguintes acções: Entidade receptora do SNIRB Promove a Classificação Morfológica Inscrição no Livro Genealógico (1991) Classificação genealógica dos touros Concurso Nacional da raça Holstein Frísia Leilões de Animais Comissões consultivas (quotas leiteiras) Origem da raça: Ilha de Jersey Relatos com 6 séculos Conhecida em Inglaterra nos finais do séc. XVIII Livro genealógico em 1866 Apreciada pela produção leiteira e quantidade de gordura no leite Distribuição quase mundial, em grande leque de climas e geografias Levada para os EUA na década de 1850 Diferenciou-se em dois tipos Tipo Ilha de Jersey Tipo americano Esta distinção não é feita no presente Tendência actual - ênfase na produção leiteira e menos no conteúdo gordo Principais características morfológicas: Principais características morfológicas: Perfil ultra-côncavo Longilíneo Elipométrico (± 400 Kg) Baixa estatura (115-120 cm) Cornos pequenos e finos, em 3 deitado Pelagem: de cinzento muito claro a fulvo marcado ou sombreado quase negro (tonalidades médias são preferidas) coloração mais escura na região das ancas, cabeça e ombros 3

Grande refinamento da cabeça e ombros, linhas superiores alongadas Garupa horizontal Úbere volumoso, bem irrigado, quadrado e tetos pequenos e espaçados Temperamento um pouco nervoso; machos pouco dóceis Características produtivas gerais: Precocidade e longevidade Capacidade de adaptação (pastoreio) Tolerância ao calor Bons índices reprodutivos: 1ª cobrição aos 15-18 meses 1º parto aos 26 meses Intervalo de 110 dias Intervalo entre lactações curto Facilidade de partos > índice de produção de leite por unidade de peso > produção por tonelada de forragem > quantidade de gordura no leite por 100 Kg de animal: gordura no leite até 5% amarelo, com grandes glóbulos de gordura rico em proteína, lactose, vitaminas e minerais (cálcio: + 20%) mais consistente e de sabor mais forte Cruzamento com raças zebuínas ( produção de leite) Origem da raça: Registos de 80 a.c Origem na Suiça (Alpes) na zona alemã Cruzada com raças alemãs e austríacas para aumento do tamanho Raça leiteira importante na 1ª metade do séc. XIX 1º LG nos EUA e 20 anos + tarde na Suiça (1911) Adaptou-se bem a climas quentes (húmidos e áridos) 11 milhões de exemplares em todo o mundo Principais características morfológicas : Características produtivas gerais: Raça de dupla aptidão e elevada rusticidade Vaca leiteira de boa qualidade (4300 l/lactação) Produção de queijo (gordura ± 4%) Leite de elevado teor proteico Resistência às mamites Baixas contagens celulares Curva de lactação plana e persistente (sem pico) 4

Principais características morfológicas : Muito robusta (solar: 700-2000 m) Rectilínea, eumétrica (± 600 Kg ) e mediolínea Estatura média: vaca ± 1,32 m (Suiça) Pelagem: parda clara a cinzento escuro; lista dorsal mais clara machos mais escuros tonalidade variável com idade e altitude Excelentes aprumos A raça americana é de maior peso e estatura Características produtivas gerais: Raça de dupla aptidão e elevada rusticidade Nos EUA, a raça tem aptidão exclusivamente leiteira Vaca leiteira de boa qualidade (4300 l/lactação) Produção de queijo (gordura ± 4%) Leite de elevado teor proteico Resistência às mamites Baixas contagens celulares Curva de lactação plana e persistente (sem pico) Produção de carne: Boas velocidades de crescimento Desenvolvimento muscular (1º prémio em 1998 1500 kg/dia) Animais de refugo valorizados Carne macia, marmoreada, com pouca gordura externa Bom rendimento da carcaça Bons índices reprodutivos: Elevada fertilidade de machos e fêmeas Precocidade sexual (cio aos 332 dias) Facilidade de partos Habilidade materna Bons índices de conversão alimentar Com frequência, uma fêmea faz 9/10 partos Cruzamento com gado zebuíno ( produção de carne) 9. 4. 4. Guernsey Origem da raça: 9. 4. 4. Guernsey Principais características morfológicas: Ilha de Guernsey no canal da Mancha Cruzamento de bovinos da Bretanha e Normandia Exportação para Inglaterra a partir do séc. XVIII Boa adaptação a todos os ambientes, mesmo aos frios Presente em quase todos os países com indústria bovina importante 5

9. 4. 4. Guernsey Principais características morfológicas: Anguloso Perfil recto a côncavo Elipométrico (450-500 Kg) Raça pequena, ligeiramente superior à Jersey (1,30 m) Pelagem: Amarelo claro a escuro até vermelho cereja Zonas brancas irregulares no tronco Borla da cauda de coloração clara 9. 4. 4. Guernsey Principais características produtivas: Óptimo carácter leiteiro e boa conformação mamária Leite com elevado teor de proteína e gordura Burro de ouro coloração do leite Boa fertilidade e sem problemas no parto Boa precocidade e longevidade Bons índices de conversão alimentar 6