Ética e Cidadania Gabarito de Atividade de Classe 1 os anos Beto abr/10 Nome: Nº: Turma: Contextualize e esclareça a ironia da charge abaixo: Veja o seguinte roteiro: Tema (qual o assunto central da charge?) / Contextualização (que tipo de relação a charge estabelece com a realidade atual?) / Ironia (qual a piada ou a brincadeira presente na charge?) Charge 1 TEMA O tema diz respeito ao encontro entre o líder tibetano Dalai-Lama e o presidente estadunidense Barack Obama e suas repercussões na relação entre China e EUA. CONTEXTUALIZAÇÃO No dia 18 de fevereiro, Barack Obama recebeu para uma reunião em Washington o líder espiritual (budista) e político Dalai- Lama. Apesar dos cuidados e discrição que cercaram o encontro, realizado não no salão oval (onde costumam ser recebidos os chefes de estado), e sim na sala dos mapas), os EUA não evitaram o protesto do governo chinês que tem Dalai-Lama como um líder político separatista (Dalai-Lama encontra-se exilado na Índia desde 1959 por liderar resistência e revolta à ocupação chinesa do território tibetano desde 1950), e anunciaram repúdio à intervenção do presidente estadunidense em um assunto puramente doméstico. O impasse entre as duas maiores potências mundiais agrava-se diante de outros fatos recentes, como a venda de armas a Taiwan por parte dos EUA e as questões ligadas ao grupo Google. IRONIA A ironia da charge se anuncia pela expressão pisando em ovos, que ilustra uma situação delicada, onde é necessário cuidado e cautela, ou então os ovos se quebram. A partir da charge, podemos concluir que o presidente dos EUA é quem deve se preocupar com as consequências de tal encontro, enquanto Dalai-Lama levita (referência à religião budista e à levitação dos monges em estado de júbilo) e satisfaz-se com a reunião, que pode chamar atenção à sua causa pela independência do Tibet. 1
(I) Leia atentamente as manchetes e/ou passagens (em negrito) abaixo e identifique o tema político ao qual cada uma delas faz referência. (II) Comente-as indicando o contexto em que foram produzidas e os antecedentes históricos do problema. Trecho I Pedindo uma diplomacia "tranquila", mais que "estridente", Roberto Jaguaribe, o responsável oficial pelas relações com o Irã no Ministério das Relações Exteriores do Brasil, acrescentou: "O Brasil não quer um Irã com armas nucleares e o Brasil não quer uma solução não-diplomática." O tema político ao qual a manchete faz referência é o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, e a posição brasileira diante dele, bem como as reações de diversos países (EUA, França, Reino Unido etc.) na tentativa de parar a escalada nuclear de Teerã por meio de sanções econômicas e militares. O Brasil (que sempre foi reconhecido por sua diplomacia ponderada e conciliadora), diante do impasse diplomático relacionado ao programa nuclear iraniano (diversos países temem que o Irã desenvolva armas nucleares e planejam punições ), afirmou seu apoio ao governo de Teerã enquanto seu programa nuclear seguir com objetivos pacíficos (medicinais e energéticos). A diplomacia tranquila à que se refere Roberto Jaguaribe vem no sentido contrário às sanções econômicas e militares em detrimento do diálogo. O governo brasileiro afirma que isolar o Irã (política e economicamente) é o pior caminho. No dia 7 de fevereiro, o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou que o Irã já possuía em suas instalações tecnologia suficiente para enriquecer Urânio a 20% (grau apropriado para fins medicinais); o anúncio foi o estopim para uma reação mais radical das potências ocidentais que temem que a escalada nuclear iraniana chegue a armas nucleares (para construção de armas nucleares é necessário que o urânio seja enriquecido a 90%). Em 2003, a AIEA comunicou que Teerã ocultara um programa de enriquecimento de urânio por 18 anos. Como signatário do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear), o Irã tem o direito de enriquecer urânio para fins pacíficos, desde que sob inspeção da AIEA, mas a desconfiança dos países ocidentais também se nutre da conflituosa relação do país com o vizinho Paquistão (não-signatário do TNP e detentor de armas nucleares) e Israel (inimigo declarado que também possui armas nucleares. (Financial Times / Daniel Dombey / Jonathan Wheatley / 27/02/2010) Trecho II Os EUA invadem Brasília, mas com boas intenções. Vamos ser diplomáticos e esquecer que o inferno está cheio delas para focar uma agenda recheada de adjetivos, como "positiva" e "propositiva". Como essas viagens sempre incluem outros países, é claro que lá pelas tantas eles vão discutir Venezuela, Colômbia, os novos presidentes do Chile e do Uruguai. Mas a questão hoje é o Irã. (Burns, Hillary, Obama / ELIANE CANTANHÊDE / Folha de S. Paulo 26.02.2010). 2
A manchete trata da visita que Hillary Clinton, secretária de estado estadunidense realizará (amanhã 03/03) ao Brasil, que virá discutir assuntos da geopolítica mundial, principalmente americanos, e também a questão das sanções ao Irã, em que o Brasil tem posição divergente da diplomacia norte-americana. A visita da Secretária de Estado dos EUA é realizada em um momento conturbado na relação entre Brasil e EUA. Os atritos após o terremoto em Haiti (os EUA enviaram tropas que dominaram os portos e aeroportos e controlaram de maneira unilateral as operações humanitárias, antes lideradas pelo Brasil por meio da MINUSTAH Missão Internacional das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), os subsídios norte-americanos a seus produtores de algodão (a OMC autorizou a retaliação brasileira a produtos dos EUA), bem como as questões da América do Sul (por exemplo: a criação da CELAC Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, as bases americanas na Colômbia, a relação dos dois países com Venezuela e Cuba, além dos novos presidentes do Chile e do Uruguai), são parte do que deverá ser discutido entre Washington e Brasília. Porém, é diante da questão do Irã que a visita se torna tão importante (os EUA buscam apoio às sanções impostas ao Irã em decorrência do desenvolvimento de seu programa nuclear). As relações entre Brasil e EUA, historicamente, são figuradas como desiguais (como nas esferas: comerciais, econômicas, militares, sociais) em favor dos interesses de Washington. Tal visita e disposição ao diálogo mostra que o Brasil ganha força no cenário internacional, não só na política (podendo ter papel importante na solução de questões como a do Iraque), bem como na economia (o Brasil recuperou-se rapidamente da crise mundial que ainda assola, principalmente, a Europa e tem feito parceiros econômicos, inclusive o Irã, bem como os integrantes da CELAC). Manchete III Os Kelpers já decidiram: não queremos ser colonizados pela Argentina O tema político tratado na manchete é o conflito diplomático entre Argentina e Reino Unido diante da descoberta e anúncio de futuras explorações de petróleo pelo governo britânico nas cercanias das Ilhas Malvinas (Falklands). O fato anunciado reacendeu o antigo interesse argentino de reaver o território (em mãos britânicas desde 1833), pretendido pela invasão militar de 1982, que deu origem à chamada Guerra das Malvinas, que ao fim afirma a posse britânica sobre as ilhas. Diante da decisão de Londres de autorizar a prospecção de petróleo nas proximidades das Ilhas Malvinas, o governo argentino, além de reiterar à ONU a necessidade da discussão sobre o assunto (afirma que tal possessão ultramarítima inglesa seria o resquício de imperialismo), também proibiu que qualquer navio que passe por portos argentinos deverá ter autorização prévia para aproximar-se das ilhas. Como primeira medida de boicote à exploração de petróleo, a ação dificulta, mas não afeta profundamente, as práticas dos habitantes da ilha (denominados Kelpers, em sua maioria, pescadores e criadores de ovelhas). Durante a cúpula de Cancun, Cristina Kirchner recebeu respaldo verbal dos 33 presidentes da região (América do Sul e Central), apoio significativo para engrossar os boicotes, porém insuficientes para iniciar uma discussão da diante da ONU (o governo inglês utiliza-se de seu poder de veto para não discutir a situação). Em 1982, a Argentina envia soldados às Ilhas Malvinas com o objetivo de ocupá-las (tal ação hoje é vista mais como uma estratégia utilizada pela junta militar que governava o país ditadura na busca por fomentar o nacionalismo e, assim, se fortalecer diante da eminente perda do apoio popular em decorrência da crise de seu modelo econômico e seus reflexos sociais). A reação britânica, também alimentada pelo sentimento nacionalista, foi rápida e em pouco mais de três meses 3
Buenos Aires chorava derrotada a morte de 649 soldados. A derrota e a perda das ilhas foram essenciais para a queda do poder militar na governança argentina. Manchete IV Folha de São Paulo, 22 de fevereiro de 2010. Antiga aliada, Rússia adere a cerco do Ocidente ao Irã Folha de São Paulo, 17 de fevereiro de 2010 O tema político ao qual a manchete faz referência é o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, bem como as reações de diversos países (EUA, França, Reino Unido, China, Brasil etc.) e a tentativa de parar tal programa por meio de sanções por alguns deles, além das decorrentes mudanças na geopolítica mundial fomentadas por tal conflito de interesses. Em fevereiro, a Rússia oficializou a adesão às políticas ocidentais na tentativa de parar o desenvolvimento do programa nuclear iraniano. As sanções propostas no Conselho de Segurança (CS) da ONU passam pelo âmbito da exportação, importação (de petróleo) e ações de bancos iranianos. Tais sanções são o caminho proposto com forte pressão política aos outros países (como o Brasil), principalmente pelos EUA, junto ao CS, para impedir o avanço do programa nuclear iraniano que Teerã insiste ser para fins pacíficos. No dia 7 de fevereiro, o presidente Mahmoud Ahmadinejad anunciou que o Irã tinha em suas instalações tecnologia para enriquecer Urânio a 20% (grau apropriado para fins medicinais). Para construção de armas nucleares, é necessário que o urânio seja enriquecido a 90%. O Brasil tem tido importante papel diante dessa questão, alegando que o diálogo e a diplomacia são o melhor caminho e que tais sanções poderiam acuar o governo iraniano. Apesar da adesão russa às sanções impostas ao Irã na tentativa de frear o programa nuclear, a boa relação entre os dois países é histórica. A Rússia é um grande parceiro comercial e militar de Teerã, com importante papel no desenvolvimento do programa nuclear e na construção de usinas, como a de Bushehr na costa do Golfo Pérsico iraniano. Os dois países também partilham da intenção de limitar a influência estadunidense na região do Oriente Médio e da Ásia Menor (a Rússia pretende negociar um recuo em relação ao posicionamento da OTAN na proposta feita pelo então presidente norte-americano W. Bush na Geórgia para integrar a aliança militar ocidental). Pode-se pensar tal apoio às sanções por Moscou pelos pontos de vista militar (segurança de sua fronteira sul na região do Cáucaso, onde Irã e Rússia aproximam-se separados pelo Mar Cáspio, ou seja, apesar de aliada, a Rússia não deseja um vizinho com armas nucleares), bem como econômico (como um sintoma de um gradativo aumento da dependência econômica russa em relação ao Ocidente). 4
Contextualize e esclareça a ironia da charge abaixo: Charge 2 TEMA O tema diz respeito ao terremoto ocorrido no Haiti no começo deste ano, o decorrente envio de ajuda humanitária e a posição estadunidense (unilateral) de controle e monopolização das operações, com marcante presença de sua força militar. CONTEXTUALIZAÇÃO MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti) O Haiti é o país mais pobre do Ocidente (80% da população vive abaixo da linha da pobreza). Foi criada em 2004 por meio de resolução da ONU com objetivo de assegurar (durante o governo transitório até que o país esteja fortalecido para seguir com autonomia) a ordem e efetivação dos projetos sociais e políticos no país. O Brasil é líder da missão e comanda cerca de 7 mil soldados de diversas nacionalidades. (objetivos do Brasil em assumir a missão?). - O Terremoto (de 7 graus na escala Richter), ocorrido no começo deste ano (12 de janeiro, atingiu o país e destruiu a capital Porto Príncipe. Quase todas as estruturas de órgãos do governo (ainda em processo de desenvolvimento com ajuda da MINUSTAH) foram destruídas. O palácio presidencial e o Senado desmoronaram cheios de funcionários, que se somam aos mais de 200 mil mortos na catástrofe. Entre os escombros, milhares de feridos e desabrigados aguardam ajuda internacional, já que todas as estruturas sociais, políticas e econômicas do país foram destruídas ou não têm condições de funcionar. - Os EUA passaram a sofrer fortes críticas após o desembarque das tropas de pretensa ajuda humanitária ao Haiti, tanto pelo contingente de soldados, armamentos e outros equipamentos mais adequados a situações de guerra que ao auxílio a uma população vítima de um terremoto quanto pela postura autoritária e unilateral nas decisões que envolvem outros atores dos programas da ajuda humanitária. 5
IRONIA A ironia presente está na referência à imagem (famosa foto da conquista de Iwo Jima, ilha japonesa, durante a Segunda Grande Guerra), que está associada à ideia de conquista, ou seja, os EUA estão em uma operação de conquista do território haitiano devastado, dominando-o por meio da força militar, quando deveriam prestar socorro. Pela referência histórica da imagem, o Haiti mostra-se como um excelente ponto na estratégia geopolítica norteamericana, assim como foi a ilha japonesa durante a Segunda Guerra. Q:\editoracao\Ped2010\Ética\Gabarito da Atividade-1B 1C.doc 6