DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE MICOSES SUPERFICIAIS EM IDOSOS RESIDENTES EM ENTIDADE BENEFICENTE NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL



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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI-CAMPUS DE ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA BIOQUÍMICA CLÍNICA ANANDA POLO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE MICOSES SUPERFICIAIS EM IDOSOS RESIDENTES EM ENTIDADE BENEFICENTE NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ERECHIM 2008

1 ANANDA POLO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE MICOSES SUPERFICIAIS EM IDOSOS RESIDENTES EM ENTIDADE BENEFICENTE NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Farmácia, Departamento de Ciências da Saúde, da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Campus de Erechim, como requisito parcial para obtenção do Título de Farmacêutico Bioquímico Clínico. Orientadora: Profª. MsC. Neiva Aparecida Grazziotin ERECHIM 2008

2 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais Arnaldo e Vanildes que sempre acreditaram em mim e nunca mediram esforços para que este sonho se realizasse...

3 AGRADECIMENTOS À Prof. MsC. Neiva Aparecida Grazziotin, sinceros agradecimentos pela orientação e incentivo durante todas as etapas deste trabalho. À minha família, em especial aos meus pais, Arnaldo e Vanildes, pela compreensão e apoio. Às amigas que convivo diariamente e aos colegas de faculdade pelo incentivo e colaboração na realização deste trabalho. À URI-Campus de Erechim, pelo apoio e colaboração para a realização deste trabalho. E, principalmente a Deus, pela possibilidade de conclusão deste trabalho.

A maior revolução de nossos tempos é a descoberta de que ao mudar as atitudes internas de suas mentes, os seres humanos podem mudar os aspectos externos das suas vidas. William James

6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE MICOSES SUPERFICIAIS EM IDOSOS RESIDENTES EM ENTIDADE BENEFICENTE NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL* LABORATORY DIAGNOSIS OF SUPERFICIAL MYCOSIS IN ELDERLY LIVING IN BENEFICENT ENTITY IN THE NORTH OF RIO GRANDE DO SUL Ananda Polo 1, Neiva Aparecida Grazziotin 2 RESUMO - As micoses superficiais são definidas como infecções que afetam as camadas superficiais da pele, assim como pêlos e unhas. O objetivo do presente estudo foi verificar a prevalência de micoses superficiais em idosos residentes em entidade beneficente localizada na região Norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, em estudo retrospectivo, referente ao período de março de 2002 a novembro de 2007. Foram analisadas amostras de 124 pacientes idosos com suspeita clínica de micoses superficiais, às quais 28,2% (35/124) foram positivas. Dermatofitose foi a micose mais freqüente, presente em 73,6% das amostras positivas e candidíase, em 26,4%. Em relação ao sexo dos pacientes, 57,1% (20/35) pertenciam ao sexo feminino. As espécies de dermatófitos isoladas através da cultura foram Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes. Quanto ao gênero Candida, a espécie prevalente foi a Candida albicans. Estudos abordando a etiologia e epidemiologia das micoses superficiais são importantes pois auxiliam o controle e prevenção destas infecções. Palavras-chave: Micose. Idosos. Dermatófitos. Candida. ABSTRACT - Superficial mycosis are defined as infections which affect superficial layers of skin, hair and nails. The aim of this paper was to verify prevalence of superficial mycosis in elderly living in beneficent entity in the North of Rio Grande do Sul, Brazil, in a retrospective study, from March 2002 to November 2007. Samples of 124 elderly patients with clinic suspect of superficial diagnosis were analyzed, being 28,2% (35/124) positive. Dermatophytose was the most common mycosis, present in 73,6% of the positive samples and candidiase in 26,4%. 57,1% (20/35) of the patients were females. Species of dermatophytes, isolated by culture were Trichophyton rubrum and Trichophyton mentagrophytes. In Candidiase, Candida albicans was the prevalent specie. Studies of etiology and epidemiology of superficial mycosis are important because they help to control and prevent infections. Key-words: Mycosis. Elderly. Dermatophytes. Candida. * Trabalho desenvolvido na Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus de Erechim. 1 Graduanda do Curso de Farmácia Bioquímica Clínica da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Campus de Erechim. 2 Msc em Ciências Biológicas pela UNICAMP, Farmacêutica Bioquímica, Professora do Curso de Farmácia da URI - Campus de Erechim.

7 INTRODUÇÃO Os fungos podem apresentar-se como patogênicos para os seres humanos e, dependendo do tecido ou do órgão afetado, as micoses classificam-se em superficiais da pele, unhas e pêlos; subcutâneas e sistêmicas ou profundas (36). As micoses superficiais são definidas como infecções que afetam as camadas superficiais da pele, assim como pêlos e unhas (17) ; são causadas principalmente por dermatófitos e leveduras (33). Estudos epidemiológicos indicam que estas infecções estão entre as doenças humanas mais comuns, interferindo na execução das tarefas diárias e nas práticas desportivas realizadas pelos pacientes. Estima-se que constituem o terceiro distúrbio cutâneo mais encontrado em crianças menores de 12 anos de idade e o segundo mais comum na população com maior idade, variando de acordo com sexo, idade, grupo étnico e hábitos culturais e sociais dos indivíduos (26). O estudo das micoses superficiais tem grande importância na prática médica pelo comprometimento que estas causam à população, por simularem outras patologias, como aquelas que afetam áreas expostas do corpo como a pele, sendo necessária a análise laboratorial para seu diagnóstico definitivo (8). Quadros rotineiros e esperados de micoses têm evoluído para situações clínicas complexas e, às vezes de alto risco (14). O diagnóstico laboratorial das micoses superficiais é realizado por meio de exame microscópico de raspados das áreas afetadas e o cultivo, em meios de cultura seletivos para tal agente (35). As dermatofitoses também chamadas tinea ou tinhas são causadas por dermatófitos, ou seja, por fungos que secretam queratinases, enzimas que degradam a queratina encontrada na pele, no cabelo e nas unhas dos indivíduos (35). Estes fungos pertencem a três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton (16,31). Têm distribuição universal e são classificados como geofílicos, zoofílicos ou antropofílicos, dependendo do seu habitat natural (7). Os dermatófitos pertencentes ao grupo antropofílico podem causar infecções crônicas, tendo cura difícil; ao contrário, os dermatófitos zoofílicos e geofílicos provocam lesões na maioria das vezes,

8 cicatrizando de forma espontânea (22,25). Estas infecções fúngicas são comuns em países tropicais e subtropicais, como é o caso do Brasil. Têm grande importância epidemiológica e terapêutica, tornando-se um problema de saúde pública que reflete o nível de educação sanitária da população (3,10). As dermatofitoses espalham-se através de artroconídeos que são células vegetativas que possuem paredes espessas formadas pelas hifas dos dermatófitos, sendo liberadas provavelmente em escamas de pele, lâminas ungueais e cabelo, podendo sobreviver por alguns meses no ambiente (23). A transmissão pode ocorrer entre indivíduos, por animais, pelo contato com o solo ou materiais contaminados como pisos de banheiros, colchões de judô, toalhas de banho, entre outros (13). De acordo com Pelczar et al. (28), a umidade da pele é um fator de risco à infecção por dermatófitos. O gênero Candida também constitui o grupo dos agentes causadores de infecções fúngicas, sendo esta um componente da microbiota normal humana (27). A candidíase pode originar-se de uma fonte endógena ou exógena, quando esta for transmitida pelo contato de indivíduos sadios com o paciente (13). Também relata-se que a Candida está presente em pequeno número na pele íntegra saudável, podendo invadir a pele danificada e os locais de dobras da pele onde freqüentemente ficam úmidos e esta torna-se macerada (23). As infecções relacionadas a candidíase, iniciam-se provavelmente por mudanças na defesa do hospedeiro, alterando o equilíbrio deste com o parasita. Esta micose afeta pele e mucosas, provocando alterações na hidratação, no ph e nas concentrações de nutrientes destas regiões. Também relata-se que pessoas com atividades ocupacionais que submetem as mãos à umidade estão mais predispostas a este tipo de infecção (32). Assim, acredita-se que quando ocorrem alterações no sistema de defesa do hospedeiro, como prematuridade, envelhecimento, doenças degenerativas, imunodeficiências congênitas ou adquiridas e a imunodepressão, estes microrganismos tornam-se patogênicos, causando infecção ao organismo humano (9). O presente trabalho teve como objetivo verificar a prevalência de micoses superficiais em idosos residentes em entidade beneficente localizada na região Norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, assim como avaliar estas, sob o ponto de vista epidemiológico, utilizando parâmetros como sexo e sítio anatômico das lesões e

também comparar os resultados com os disponíveis na literatura quanto à ocorrência destas infecções em outras regiões do país. 9

10 MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado um estudo retrospectivo, referente ao período de março de 2002 a novembro de 2007, visando refletir a importância de diagnosticar infecções fúngicas que acometem a população. Houve uma análise prévia sob o ponto de vista ético pelo Comitê de Ética em Pesquisa da URI Campus de Erechim. As amostras foram constituídas pelos resultados dos exames micológicos de pele e unha, realizados em idosos residentes em entidade beneficente situada na região Norte do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra do estudo foi composta por 124 pacientes idosos com suspeita de apresentarem micoses superficiais. Foram analisadas variáveis como: sexo, idade e sítio anatômico das lesões. As amostras biológicas foram obtidas por meio de raspagem das regiões afetadas (pele e unha) após antissepsia com álcool 70%. O exame micológico direto foi realizado depositando uma porção do espécime entre lâmina e lamínula com uma gota de hidróxido de potássio 20% e posterior observação em microscópico óptico com aumento de 100X e 400X. As amostras foram cultivadas em ágar Sabouraud dextrose e em ágar seletivo para fungos, incubadas em estufa a temperatura de 25 a 30 C por um período de 30 dias. Os fungos filamentosos foram identificados através do aspecto macroscópico e microscópico das colônias e, quando necessário, perfuração do pêlo in vitro. As leveduras foram semeadas em CHROMagar Candida. O teste do tubo germinativo foi utilizado para diferenciar Candida albicans de outras espécies do gênero.

11 RESULTADOS Foram analisados os resultados dos exames micológicos de 124 pacientes idosos, com idade média de 73,17 anos (DP±11,2). Os exames micológicos revelaram micoses superficiais em 28,2% (35/124) dos indivíduos (Fig. 1). 28% Positivos Negativos 72% Figura 1- Ocorrência de micoses superficiais nos idosos analisados A figura 2 mostra a freqüência das micoses nos indivíduos analisados. Dermatofitose foi a micose verificada na maioria dos pacientes, 65,7% (23/35); candidíase esteve presente em 20% (7/35) dos pacientes e 14,3% (5/35) dos indivíduos analisados apresentaram as duas micoses, dermatofitose e candidíase. 25 23 Número de pacientes 20 15 10 5 7 5 Dermatofitose Candidíase Dermatofitose e Candidíase 0 Micose superficial Figura 2- Freqüência de dermatofitose e candidíase nos indivíduos analisados

Quanto à distribuição das micoses superficiais de acordo com o sexo, 57,1% (20/35) dos idosos pertenciam ao sexo feminino (Fig. 3). 12 43% Feminino 57% Masculino Figura 3 - Distribuição das micoses superficiais de acordo com o sexo A tabela 1 mostra a freqüência de micoses superficiais na população estudada, de acordo com o sítio anatômico acometido. Lesões em dois ou três sítios anatômicos diferentes, foram observadas em 14/35 pacientes, totalizando 53 amostras analisadas. A dermatofitose esteve presente em maior número nas unhas dos pés (30,1%). Ao contrário, as unhas das mãos foram mais acometidas pela candidíase (9,4%). Em relação aos espaços interdigitais dos pés/região plantar, verificou-se predomínio de dermatofitose (39,6%). Também observou-se apenas um caso de dermatofitose na região dorsal e dois casos de candidíase nas nádegas.

13 TABELA 1 Freqüência de Candidíase e Dermatofitose de acordo com o sítio anatômico acometido nos idosos Candidíase Dermatofitose Total Sítio anatômico n % n % n % Unhas dos pés 3 5,7 16 30,1 19 35,8 Espaços interdigitais dos 4 7,5 21 39,6 25 47,2 pés/região plantar Unhas das mãos 5 9,4 1 1,9 6 11,3 Nádegas 2 3,8 - - 2 3,8 Região dorsal - - 1 1,9 1 1,9 Total 14 26,4 39 73,6 53 100 Em relação às dermatofitoses, o agente prevalente foi Trichophyton rubrum, seguido de Trichophyton mentagrophytes. Quanto ao gênero Candida, a espécie prevalente foi a Candida albicans.

14 DISCUSSÃO A análise dos exames micológicos, realizada neste estudo, mostrou que 28,2% (35/124) dos idosos apresentaram micoses superficiais em cinco sítios anatômicos distintos. A prevalência de micoses na população adulta é elevada, observando um aumento desta ocorrência ao passo que a idade avança, afetando, aproximadamente, 40% da população mundial (3, 34). Segundo JAFFE (15), 20% da população dos Estados Unidos com idade entre 40 e 60 anos possui onicomicoses, sendo que apenas nas últimas duas décadas têm sido disponibilizados tratamentos efetivos para esta infecção superficial. Também percebese que estes comprometimentos estão sendo vistos mais que um simples problema estético, pois ocasionam queda na qualidade de vida do paciente e assim estas pessoas dependem cada vez mais de profissionais e cuidados médicos à sua saúde. A ocorrência de micoses superficiais em pacientes idosos deve-se a fatores que contribuem para o aparecimento destas infecções, como a taxa reduzida de crescimento da unha e o aumento de trauma quando comparado ao grupo jovem, levando estes indivíduos a adquirirem esta doença e ao aparecimento de sintomas na lâmina ungueal (21, 29). No presente estudo, o sítio anatômico mais acometido por dermatofitoses foram as unhas dos pés e os espaços interdigitais dos pés/região plantar, pois segundo Araújo et al. (1), nos pés ocorre um crescimento mais lento das unhas e, conseqüentemente, uma maior predisposição de acometimento nesta região. Entretanto, quando estas infecções afetam as unhas das mãos têm uma maior atenção médica, sendo diagnosticadas mais precocemente do que quando afetam as unhas dos pés. As onicomicoses dos pés causam desconforto, juntamente com dor e isto torna difícil a permanência das pessoas em pé, de andar e também de praticar esportes (1). Segundo GUILHERMETTI et al. (14), tem aumentado a procura pelo diagnóstico laboratorial das micoses superficiais, visto que a ocorrência destas é devido,

15 muitas vezes, às mudanças de hábitos em razão da vida moderna, à crescente exigência dos pacientes em resolver seus problemas de saúde e a um elevado número de imunocomprometidos. Comparando os dados do presente estudo com outros trabalhos, percebe-se uma maior ocorrência de micoses na região dos pés, sendo os dermatófitos os fungos responsáveis por 80-90% das onicomicoses (18,37). A candidíase esteve em maior número nas unhas das mãos, ocorrendo positividade em 9,4% das amostras analisadas, estando estes dados de acordo com um estudo realizado por SOUZA et al. (34), que detectou que as unhas das mãos foram mais acometidas pelo gênero Candida, considerado o principal patógeno que afeta esta região. Esta levedura muitas vezes tem sido associada a infecções cutâneas, paroníquias e candidíase mucocutânea, sendo uma infecção secundária. Ainda, em relação a candidíase, os resultados obtidos neste estudo, são compatíveis com outros trabalhos realizados, que verificaram o acometimento de leveduras do gênero Candida predominantemente nas unhas das mãos, principalmente de donas de casa, onde o excesso de umidade, devido a imersão prolongada em água e detergentes favorece a penetração do fungo, sendo um fator predisponente para o aparecimento desta infecção (11, 12, 19). Com relação à distribuição das micoses superficiais de acordo com o sexo, constatou-se que o sexo feminino foi mais acometido, representando 57% dos casos. Nas mulheres é maior o risco de apresentarem micoses superficiais, devido a estas apresentarem um maior trauma em conseqüência de atividades manuais, principalmente as domésticas, que expõem as mãos à umidade e também pela utilização de calçados com salto alto que facilitam a agressão (2, 4, 8, 27). Sabe-se que 90% das micoses superficiais têm como agentes causadores os dermatófitos, encontrando o gênero Trichophyton na maioria dos casos das amostras analisadas (20). No presente estudo, as culturas que foram realizadas demonstraram que as espécies Trichophyton rubrum e Trichophyton mentagrophytes, foram os dermatófitos isolados nas culturas analisadas, visto que o Trichophyton rubrum foi o agente predominantemente encontrado. O mesmo ocorreu no estudo descrito por Gambale et al. (12), onde o autor encontrou dados semelhantes em relação à ocorrência destes agentes nas culturas realizadas.

16 Comparando estes resultados com outros trabalhos, verifica-se compatibilidade entre eles, pois relata-se que T. rubrum é o mais cosmopolita e o mais implicado na maioria dos quadros clínicos de dermatofitose, devido a apresentar características que tendem a efeitos crônicos e a resistência aos tratamentos utilizados atualmente (3,10, 30,33). Ainda, o T. rubrum, está relacionado com hábitos de higiene e com uso de calçados, tornando-se assim um dos principais causadores das micoses superficiais (2,6). Em relação ao gênero Candida, Candida albicans foi a espécie predominante no presente estudo, assim como em outros estudos realizados, representando mais de 50% de positividade nas análises (5,19,24).

17 CONCLUSÃO Com o presente trabalho verificou-se a ocorrência de dermatofitose e/ou candidíase em quase 30% da população idosa estudada. Sabendo-se que estas micoses podem ser transmitidas de um indivíduo para outro, e que estão relacionadas com os hábitos e costumes das pessoas, torna-se importante a prevenção e os cuidados a serem tomados quando diagnosticadas. Assim, é necessário que os profissionais da saúde preocupem-se com a investigação clínica e o diagnóstico laboratorial, além de proporcionar um tratamento efetivo. Deste modo, estudos abordando a etiologia e epidemiologia das micoses superficiais devem ser realizados freqüentemente a fim de auxiliar a melhor conduta a ser tomada, evitando sua transmissão.

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