Afetação de recursos, produtividade e crescimento em Portugal 1



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Transcrição:

Artigo 65 Afetação de recuro, produtividade e crecimento em Portugal 1 Daniel A. Dia 2 Carlo Robalo Marque 3 Chritine Richmond 4 Reumo No período 1996 a 2011 ocorreu uma acentuada deterioração na afetação do recuro na emprea portuguea, o que contribuiu ignificativamente para o decrécimo de produtividade e etagnação económica verificado a partir de 2001. De acordo com a noa etimativa, eta deterioração na afetação de recuro poderá ter reduzido o crecimento do PIB em 1,3 ponto percentuai, em termo médio anuai, durante o período 1996-2011. Eta deterioração na afetação do recuro, embora eja um fenómeno relativamente generalizado em termo etoriai, foi muito mai elevada no erviço do que na indútria. A ditorçõe de capital aparecem como a principai reponávei pela deterioração na afetação de recuro, epecialmente no erviço, e com uma importância relativa crecente ao longo do tempo. Introdução Em princípio eria de eperar que uma maior integração financeira, potenciada pela área do euro, levae a uma afetação mai eficiente do recuro, facilitae a partilha de rico e contribuíe para um maior crecimento económico. Todavia, aparentemente, eta maior integração financeira não e traduziu num maior crecimento da produtividade, pelo meno para algun paíe do ul ou periferia da Europa, o quai entraram num período de etagnação ou memo de perda de produtividade, apear do grande influxo de capitai que teve lugar durante a década que precedeu o início da crie da área do euro, em 2009. De facto, de acordo com o gráfico 1 a produtividade total do fatore (PTF) em paíe como a Epanha, Grécia, Itália, Irlanda e Portugal etagnou, ou decreceu, no período que vai enivelmente dede o início do ano 2000 até pelo meno 2009 5. O comportamento da PTF nete 5 paíe contrata com o que aconteceu noutro paíe da área do euro como a Alemanha, França, Finlândia e Holanda onde a produtividade creceu nete período. Ete artigo procura reponder à quetão de aber e alteraçõe ao longo do tempo na correta afetação de recuro podem ter contribuído para um declínio ignificativo da produtividade e, dete modo, para um deempenho económico mai fraco em Portugal. Para reponder a eta quetão é invetigada a evolução da afetação de recuro na economia portuguea ao longo do período 1996-2011, uando dado ao nível da emprea. Em noa opinião, Portugal é um cao intereante para er etudado, poi recebeu uma quantidade ubtancial de recuro financeiro vindo do exterior, de fonte privada ou oficiai, epecialmente a partir do meio da década de noventa, e ete facto levanta a quetão de aber e ete recuro foram alocado de acordo com critério de eficiência. Recentemente, Rei (2013), ao procurar encontrar a razõe para a etagnação da economia portuguea no ano 2000, argumenta que certa caraterítica do etor financeiro portuguê fizeram com que o influxo de capital tiveem ido eencialmente mal alocado, levando a uma expanão do etor meno produtivo do ben não tranacionávei e, dete modo, a uma quebra na produtividade. Ete facto explicaria, na opinião dete autor, por que razão Portugal é um cao único no entido em que foi o único paí onde a produção (PIB) etagnou, enquanto a Grécia, Irlanda e Epanha beneficiaram imultaneamente de um período de forte crecimento. O preente artigo também invetiga a afetação de recuro ma ditingue-e da contribuição de Rei (2013) em algun ponto importante. Enquanto Rei (2013) analia a afetação de recuro numa perpetiva interetorial, ete artigo utiliza dado do balanço da emprea para quantificar a importância

66 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 da deficiente afetação de recuro dentro de cada etor, definido a um nível muito deagregado, bem como a ua implicaçõe para o crecimento potencial da PTF e do PIB em Portugal. Adicionalmente, a abordagem metodológica eguida nete artigo permite identificar eparadamente a importância relativa da ditorçõe preente na economia, bem como o eu contributo para um menor crecimento da PTF e do PIB, incluindo não ó a ditorçõe que afetam o preço do capital, ma também a que afetam o preço do trabalho ou diretamente o nível da produção. A metodologia utilizada A metodologia utilizada nete artigo tem por bae a contribuição de Hieh e Klenow (2009, 2011), ma generalizada por forma a coniderar o conumo intermédio como um terceiro fator de produção, para além do capital e do trabalho. Eta generalização permite avaliar a conequência da deficiente afetação de recuro não ó ao nível do valor bruto da produção (VBP), ma também do valor acrecentado (VAB). Eta abordagem tem a vantagem de o ganho de eficiência em termo de VAB erem conitente com uma afetação também eficiente do conumo intermédio, o que não ucede na abordagem que conidera diretamente o VAB e apena o doi fatore de produção, capital e trabalho. Uma primeira hipótee do modelo é que dentro de cada etor exite concorrência monopolítica e a função de produção é igual para toda a emprea do etor. Em particular, a produção de uma emprea genérica i, de um dado etor S, é decrita pela eguinte função Cobb-Dougla com rendimento contante à ecala: (1) Y = AK H Q α β 1 α β i i i i i onde Y i, A i, K i, H i e Q i repreentam a produção, a PTF, o tock de capital, a quantidade de trabalho e o conumo intermédio, repetivamente. O parâmetro α e β repreentam a elaticidade do capital e do trabalho em relação à produção. Uma egunda hipótee importante é a da exitência de ditorçõe na economia, cuja importância pode variar de emprea para emprea, e podem atuar obre o preço do fatore de produção Gráfico 1 Entrada líquida de capital e produtividade total do fatore Influxo líquido de capital acumulado Percentagem do PIB Produtividade total do fatore 1996 = 100 120 100 80 60 40 20 0-20 1996 1999 2002 2005 2008 2011 Irlanda Grécia Epanha Itália Portugal 120 115 110 105 100 95 90 85 80 1996 1999 2002 2005 2008 2011 Irlanda Grécia Epanha Itália Portugal Fonte: FMI, Working Paper 13/183. Fonte: Conference Board Total Economy Databae.

Artigo 67 ou influenciar diretamente a quantidade produzida pela emprea. Em particular, aume-e a exitência de trê ditorçõe que, para efeito do preente artigo, erão deignada por ditorção de produção, ditorção de capital e ditorção de trabalho. Tai ditorçõe aumem a forma de um impoto obre o rendimento da emprea, de um impoto obre o preço do capital e de um impoto obre o preço do trabalho, repetivamente. Vejamo algun exemplo de ditorçõe a que a emprea de um determinado etor poderão etar ujeita. Num itema bancário não concorrencial, algun banco poderão oferecer crédito a taxa de juro favorávei a alguma emprea, baeado em fatore não económico, ou recuar crédito a emprea que, endo muito eficiente, não tenham ainda uma hitória de crédito ou garantia uficiente, impedindo deta forma que tai emprea creçam. Pelo contrário, certa emprea de pequena ou média dimenão poderão ter aceo a crédito mai barato devido a linha epeciai de crédito. O governo podem decidir oferecer ubídio ou regime de impoto epeciai ou contrato lucrativo a certa emprea. A atividade de inpeção de impoto poderão incidir mai fortemente obre a emprea grande e potencialmente mai produtiva, o que na prática ignificará um ubídio à emprea pequena e potencialmente meno produtiva. Certa legilação laboral, como por exemplo a que obriga à criação de centro de cuidado de aúde interno em emprea de certa dimenão poderá implicar um maior cuto do trabalho em emprea grande. Pelo contrário, ubídio à contratação em emprea pequena poderão ignificar uma redução do cuto da mão-de-obra, neta emprea. Do objetivo de maximização do lucro, dada a hipótee decrita acima, é poível obter a expreão da chamada produtividade-rendimento total do fatore para a firma i do etor S ( PTFR i ): (2) PTFR i α (1 + τk ) (1 + τ ) i hi = B (1 τ ) yi β onde τ y i, τ k i e τ h i repreentam a ditorçõe de produção, capital e trabalho, repetivamente e B é uma contante igual para toda a emprea do etor S (função do preço do fatore de produção e de outro parâmetro do modelo). A ditorçõe de produção, capital e trabalho ão identificada no modelo comparando o peo do cuto do fatore na emprea com o peo médio dee cuto no repetivo etor. Por exemplo, concluímo pela preença de uma ditorção de capital numa dada emprea e o cuto do conumo intermédio relativo ao cuto do capital nea emprea for uperior ao repetivo cuto médio no etor. O reultado da equação (2) é muito importante poi motra que no contexto do modelo a PTFR, que por definição correponde ao produto do preço da produção pela PTF, não varia de emprea para emprea dentro do memo etor, a meno que a emprea enfrentem algum tipo de ditorção. Intuitivamente, eta equação diz-no que, na auência de ditorçõe, mai capital, trabalho e conumo intermédio eriam alocado à emprea mai produtiva (com maior PTF) até ao ponto em que o maior volume de produção dea emprea reultae num preço menor, implicando uma PTFR igual para toda a emprea do etor. Pelo contrário, na preença de ditorçõe uma alta (baixa) PTFR é inal que a emprea enfrenta barreira (beneficia de ubídio) que fazem com que eta produza abaixo (acima) do nível ótimo. Penemo então no exercício que conite em admitir que a ditorçõe num dado etor ão eliminada por forma a que PTFR pae a er igual para toda a emprea dee etor. Uma quetão que e coloca é a de que, de acordo com a equação (2), exitem vária oluçõe alternativa para eta PTFR, a quai variam de acordo com a hipótee que façamo para o valore a aumir pela ditorçõe τ, τ e τ. Uma poibilidade conitiria em uar a PTFR que reultaria e y i k i h i

68 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 toda a ditorçõe foem nula ( τ y i = τ k i = τ h i =0). Contudo, eta hipótee não garantiria que, em equilíbrio, a procura de fatore ao nível do etor foe exatamente a mema ante e apó a reafetação do recuro que e eguiria à eliminação da ditorçõe. Ete facto teria implicaçõe de equilíbrio geral levando a alteraçõe no preço do fatore de produção. Para evitar que ito aconteça, vamo coniderar o exercício em que a PTFR, comum a toda a emprea do etor, é definida como endo a que reulta quando toda a emprea enfrentam a mema ditorçõe média τ k, τ h e τ y, e eta ão definida ujeita à retrição de que a procura total de fatore de produção, a nível etorial, é a mema ante e apó a reafetação de recuro. Dete modo, o noo exercício hipotético implica apena uma reafetação do recuro já diponívei no etor em direção à emprea mai produtiva e anteriormente ujeita a ditorçõe uperiore à média do etor. À PTFR, comum a toda a emprea do etor, que e obtém ob eta condiçõe, * chamaremo PTFR eficiente do etor S, e erá repreentada por PTFR. * Obtida a expreão para a PTFR é poível calcular o valor da produção etorial que e obteria na auência de ditorçõe, ou eja o nível de produção eficiente. Comparando o nível de produção eficiente com o nível de produção efetivamente obervado, podemo calcular o ganho de produção (VBP) que e obteriam não ó a nível etorial, ma também a nível agregado da economia. Como o exercício fixa o total do recuro e calcula o acrécimo de produção reultante da imple reafetação do fatore de produção entre a emprea do etor, egue-e que o ganho potencial de VBP (em termo reai) coincide com o ganho potencial em termo de produtividade (PTF). Obtido o ganho de VBP em termo etoriai, a obtenção do ganho em termo de VAB etoriai é imediata, poi o VAB é, por definição, a diferença entre o VBP e o conumo intermédio, e ete, como vimo, ão, por hipótee, contante a nível etorial. Agregando o ganho etoriai obtêm-e o ganho para o total da economia. O exercício que e egue admite que é ótimo eliminar toda a ditorçõe identificada no contexto do modelo. Pode, todavia, argumentar-e que exitem ditorçõe que não podem ou não devem er totalmente eliminada numa ituação ótima. Por exemplo, pode penar-e numa ituação em que, no ótimo, o cuto do capital (taxa de juro) difira de emprea para emprea de acordo com critério de rico. Por outro lado, convém ter preente que a ditorçõe, identificada no exercício, incluem também o efeito de fricçõe que afetem de forma diferente a emprea do etor, como o efeito de cuto de ajutamento de fatore ou de racionamento devido a retriçõe de quantidade. Tudo omado, pode argumentar-e que a hipótee de eliminação total da ditorçõe, aumida nete exercício, poderá conduzir a ganho de eficiência mai elevado do que aquele que reultariam da eliminação apena da ditorçõe provocada por política dicricionária. Principai reultado Vejamo então quai o ganho de eficiência, em termo de VBP e de VAB, que e obtêm quando, hipoteticamente, e eliminam a ditorçõe da economia, no termo acabado de dicutir. Interea referir que o cálculo do ganho etoriai ão feito a um nível batante deagregado, endo o etor definido ao nível do 3 dígito da Claificação da Atividade Económica (CAE). Globalmente, eta claificação implica a exitência de 212 etore ditinto (115 da indútria, 9 da agricultura (incluindo indútria extrativa) e 88 do erviço (incluindo contrução, produção e ditribuição de eletricidade e erviço de ditribuição de água)) 6. O reultado para período 1996-2011 encontram-e no quadro 1 e permitem alguma concluõe importante. Primeiro, o ganho potenciai reultante da eliminação da ditorçõe na economia portuguea aparecem como batante modeto em termo de produção (VBP), ma

Artigo 69 muito ignificativo quando avaliado em termo de VAB. Por exemplo, o ganho em termo de VBP para o total da economia em 2011 ão apena 28 por cento, ma correpondem a ganho de 79 por cento em termo de VAB. A diferença reulta de o ganho em termo de produção erem obtido ob a hipótee de conumo intermédio contante a nível etorial. Neta ituação, memo ganho pequeno em termo de produção poderão dar origem a ganho ignificativo em termo de valor acrecentado. Ete erá epecialmente o cao do etore onde o conumo intermédio repreentam uma elevada proporção do valor da produção. O reultado para Portugal, na parte em que ão comparávei, não diferem ignificativamente do obtido para paíe como o EUA e França 7. Quadro 1 Ganho de eficiência reultante da reafetação ótima do recuro dentro de cada etor Ganho de VBP Ano Total da economia Agricultura Indútria Serviço 1996 16,91 24,84 11,21 24,42 1999 17,41 17,78 10,70 24,95 2004 23,69 19,26 12,37 32,27 2008 28,86 17,02 13,24 39,26 2011 28,03 31,29 13,66 38,44 Ganho de VAB Ano Total da economia Agricultura Indútria Serviço 1996 48,00 57,11 37,49 58,17 1999 48,15 38,62 35,34 58,63 2004 63,25 45,47 40,49 76,49 2008 78,94 40,61 47,86 93,93 2011 79,01 81,82 53,53 91,51 Nota: O valore do quadro repreentam o aumento em percentagem do VBP ou do VAB que ocorreria e foem eliminada a ditorçõe na economia, no termo definido na ecção anterior. Uma egunda concluão importante é o de que o ganho maiore ocorrem no etor do erviço. Em termo de valor acrecentado, o ganho de eficiência potenciai nete etor repreentam 92 por cento em 2011, quae o dobro do ganho na indútria. Por outra palavra, ete reultado motram que a afetação do recuro diponívei é muito meno eficiente no erviço do que na indútria. Um menor grau de concorrência no etor do erviço em relação à indútria poderá ajudar a explicar ete reultado. O erviço ão, em geral, não tranacionávei e muita veze protegido por regulamentação epecífica. Além dio, variávei como a localização aumem um papel mai importante no erviço do que na indútria. Uma deficiente afetação do recuro é intoma de falta de concorrência pelo recuro diponívei, ou eja, inal de que alguma política, falha de mercado ou vantagen de localização favorecem certa emprea em detrimento de outra, por razõe que não têm a ver com a ua eficiência relativa. Uma terceira concluão importante, que e obtém a partir do quadro 1 e do gráfico 2, é que o ganho potenciai de eficiência para o total da economia creceram de forma ignificativa durante o período amotral, o que ignifica que houve, ao longo do tempo, uma deterioração acentuada na forma como o recuro foram aplicado dentro do vário etore da economia. Entre 1996 e 2011 o ganho hipotético de eficiência em termo de produção aumentaram de 17 por cento para 28 por cento, enquanto o ganho em termo de valor acrecentado aumentaram de

70 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 48 por cento para 79 por cento. Ou eja, a deterioração na afetação de recuro, durante o período amotral, implicou perda acumulada de 9,5 por cento em termo de VBP (1,28/1,17-1) e de 21 por cento em termo de VAB. Ito ignifica que a deterioração na afetação de recuro na economia portuguea poderá ter retirado, em média, 0,6 ponto percentuai (pp) ao crecimento anual da produção, ou 1,3 p.p. ao crecimento anual do PIB (ou VAB) em termo reai no período 1996-2011. Ete número ão muito ignificativo poi, durante ete período, o PIB da economia portuguea creceu apena 25,2 por cento (1,5 por cento, em média, por ano). O quadro 1 e o gráfico 2 motram também que o etor do erviço é o principal reponável por ete reultado. De facto, não ó a importância do ganho de reafetação de recuro aumentou mai rapidamente nete etor do que na indútria ou agricultura, refletindo uma deterioração crecente na afetação do recuro no erviço, ma também a importância do erviço na economia aumentou de forma ignificativa nete período. Uma análie mai detalhada a nível etorial permite concluir que a deterioração da afetação de recuro ao longo do tempo, endo embora um fenómeno preente em muito etore de atividade, tem a ua importância fortemente concentrada num número retrito de etore do erviço. A contribuição do cinco principai etore correponde a 72 por cento do total da deterioração na afetação do fatore ocorrida entre 1996 e 2011. O etor da contrução (edifício e etrada) aparece como o mai importante, eguido pelo etore do tranporte terretre, atividade auxiliare de tranporte, atividade jurídica, de contabilidade e auditoria, conultoria fical e etudo de mercado e comércio por groo de produto alimentare, bebida e tabaco. Por ua vez, o etore com melhor deempenho, no entido em que contribuíram para uma redução da deterioração na afetação de recuro, incluem, por ordem decrecente de contribuição, a produção, tranporte e ditribuição de eletricidade, aluguer de veículo automóvei, publicidade, indútria de bebida alcoólica e não alcoólica e comércio por groo de ben intermédio. O reultado apreentado no quadro 1 etão condicionado por hipótee obre o valor de certo parâmetro do modelo, pela forma como é medido o fator trabalho, bem como pelo facto de a amotra utilizada não incluir emprea com meno de 20 trabalhadore. Todavia, algun exercício de robutez efetuado motraram que o valore apreentado naquele quadro podem er vito como repreentando uma etimativa conervadora não ó no que e refere ao nível do ganho de eficiência, ma também à conequência negativa para o crecimento da 100 Gráfico 2 Ganho de eficiência em termo de VAB entagem Perce 90 80 70 60 50 40 30 20 1996 1999 2002 2005 2008 2011 Total Indútria Serviço

Artigo 71 produtividade e do PIB em Portugal. Em particular, quando e incluem na amotra a emprea com meno de 20 trabalhadore, a quai têm uma papel muito importante na economia portuguea, conclui-e que o ganho de eficiência ão ignificativamente mai alto do que no cao apreentado no quadro 1 e que ete aumento é explicado obretudo pelo etor do erviço, onde o ganho em termo de VAB, em 2011, ão aproximadamente o dobro do apreentado no quadro 1. Globalmente, ete reultado motram que uma parte muito ignificativa do problema de eficiência na aplicação do recuro etá concentrada na pequena emprea do etor do erviço, e que a gravidade dete problema aumentou ao longo do tempo, implicando perda ignificativa de produtividade e de valor acrecentado na economia portuguea. A importância de cada ditorção A forma como a ditorçõe variam entre a diferente emprea bem como a importância relativa de cada uma ão doi apeto importante que ajudam a caraterizar a origem da deficiente afetação de recuro. Exitem razõe para eperar que a importância de cada ditorção varie com a dimenão da emprea. Por exemplo, e a ditorçõe ão devida a política que favorecem emprea pequena pela redução do cuto do capital (atravé de linha epeciai de crédito) ou do cuto do trabalho (atravé de regulamentação epecial do trabalho que faz baixar o cuto alariai neta emprea), erá de eperar que o retorno por aumento de capital e trabalho ejam menore na emprea pequena. Pelo contrário, e a deficiente afetação de recuro é devida a falha no mercado financeiro, que favorecem a grande emprea, erá de eperar a preença na economia de muita emprea pequena que não crecem por dificuldade de aceo ao crédito. Por eu turno, e a atividade de ficalização de impoto incidir mai obre a emprea maiore e mai produtiva io ignifica um ubídio à emprea pequena e potencialmente meno produtiva. Dete modo, uma forma de identificar a fonte de ditorçõe paa por invetigar a relaçõe entre o grau de eficiência na afetação de recuro e a dimenão da emprea. O gráfico 3 ilutra a relação entre a dimenão da emprea (medida pelo logaritmo do valor da produção) e a ua PTFR normalizada 8. A partir dete gráfico oberva-e que para o total da economia (painel uperior) a PTFR aumenta com a dimenão (de forma não monótona) ugerindo que, em média, a emprea pequena e de média dimenão (emprea para a quai a PTFR normalizada é negativa) ão afetada por menore ditorçõe. Ete padrão, para o total da economia, reflete em grande parte o comportamento do etor do erviço (painel inferior) onde é claro que a pequena e média emprea ão meno afetada por ditorçõe do que a emprea grande. A ituação na indútria é diferente: a PTFR aumenta com a dimenão para emprea pequena, ma urge eencialmente não correlacionada com o valor da produção para a emprea grande e muito grande. Com a vita a identificar o tipo de ditorção mai importante em cada cao, podemo recorrer à decompoição da PTFR. É poível demontrar que a PTFR normalizada, para a emprea de um dado etor S, e pode decompor na eguinte forma: (3) PTFR 1+ τk 1+ τh 1 τ i y i i i ln ln ln ln * = α + β PTFR 1 τ k 1 τ h 1 τ + + y onde τ k, τ h e τ y repreentam a ditorçõe média no etor S que e verificarão numa ituação de afetação eficiente do recuro (e que ão comun a toda a emprea do etor). Ou eja, a equação (3) permite-no decompor a PTFR normalizada na forma de uma oma ponderada da ditorçõe normalizada de capital, trabalho e produção.

72 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 A partir do gráfico 4 e 5, que apreentam a relaçõe entre cada ditorção individual e a dimenão da emprea para a indútria e erviço em 2011, vemo que a trê ditorçõe normalizada aumentam com a dimenão, ugerindo que, em média, a emprea pequena e de média dimenão beneficiam de menore cuto de capital e trabalho, ma tendem a enfrentar maiore ditorçõe de produção 9. Ao contrário do que e poderia eperar, na economia portuguea a ditorçõe de capital não parecem afetar mai a pequena ou média emprea do que a grande emprea. Além dio, a pequena e média emprea aparecem também como beneficiando de cuto de trabalho mai baixo. O facto de tai emprea aparecerem como beneficiando de menore cuto de capital e trabalho, tanto na indútria como no erviço, etá em linha com a ideia de que em Portugal a pequena e média emprea têm beneficiado de lei paada pelo uceivo Governo que direta ou indiretamente reduzem o cuto do capital e do trabalho, nete tipo de emprea 10. Analiemo agora a importância relativa de cada ditorção. O quadro 2 apreenta o ganho de eficiência em termo de VAB que e obtêm quando e elimina uma ditorção de cada vez, i.e., e elimina a variação numa ditorção e e fixa a quantidade do outro doi fatore de produção. A ditorçõe de capital urgem como a mai importante e com importância crecente ao longo do tempo. A ua eliminação implica ganho de valor acrecentado para o total da economia de 18 por cento em 1996, 25 por cento em 2004 e 32 por cento em 2011. O valore correpondente para a ditorçõe de trabalho, que urgem como a egunda mai importante, ão 12, 15 e 17 por cento, repetivamente. Ete quadro geral altera-e, todavia, quando analiamo Gráfico 3 PTFR e dimenão da emprea (2011)

Artigo 73 a deagregação etorial. Na indútria, a ditorçõe da capital e trabalho têm aproximadamente a mema importância, enquanto no etor do erviço, a ditorçõe de capital têm um impacto que é enivelmente o dobro do da ditorçõe de trabalho. Quadro 2 Importância relativa da ditorçõe (em termo de VAB) 1996 2004 2011 Total Ind. Serv. Total Ind. Serv. Total Ind. Serv. Ditorção do capital 18,35 13,77 22,62 25,31 13,47 31,70 32,08 19,27 37,64 Ditorção do trabalho 12,43 12,10 12,60 15,01 13,40 15,94 16,81 17,11 16,78 Ditorção da produção 8,68 7,84 9,42 8,58 10,50 7,65 9,39 11,50 8,56 Total 48,00 37,49 58,17 63,25 40,49 76,49 79,01 53,53 91,51 Nota: O valore do quadro ão o ganho que e obtêm por eliminação da variação em cada ditorção individualmente, ao memo tempo que e fixa a quantidade do outro doi fatore de produção. O valore para o total correpondem ao ganho que e obtêm por eliminação imultânea da trê ditorçõe e ão reproduzido do quadro 1. Gráfico 4 Indútria: relação entre ditorçõe e dimenão da emprea (2011)

74 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 Concluõe Ete artigo utiliza dado de balanço da emprea portuguea para invetigar e uma deterioração na afetação de recuro pode ter contribuído para o decrécimo da produtividade e etagnação económica ocorrida em Portugal no período mai recente. De acordo com o dado diponívei, conclui-e que a importância da deficiente afetação de recuro em Portugal quae duplicou entre 1996 e 2011. Por outra palavra, e foem eliminada da economia a ditorçõe que condicionam a atual afetação de recuro a reafetação do recuro diponívei, da emprea meno eficiente para a emprea mai eficiente, aumentaria o valor acrecentado da economia em 48 por cento em 1996 e em 79 por cento em 2011. Ete número implicam que a deterioração da afetação de recuro poderá ter reduzido a taxa média de crecimento anual do PIB em 1,3 ponto percentuai entre 1996 e 2011. Ete valore ão muito ignificativo, poi o PIB em Portugal creceu, nete período, apena 1,5 por cento, em média, por ano. Ete reultado ão eencialmente devido ao etor do erviço, onde a importância da deficiente afetação de recuro é muito uperior, e aumentou de forma muito mai ignificativa do que na indútria. A deterioração na afetação eficiente de recuro foi um fenómeno relativamente generalizado em termo etoriai, ma a importância do fenómeno varia muito de etor para etor, notando-e uma alta concentração no erviço, onde apena cinco etore ão reponávei por 72 por cento da deterioração total ocorrida no período. A ditorçõe obre o capital urgem como mai importante do que a ditorçõe obre o trabalho e a produção na explicação do ganho potenciai de eficiência, epecialmente no etor do Gráfico 5 Serviço: relação entre ditorçõe e dimenão da emprea (2011)

Artigo 75 erviço. A ua contribuição relativa para o ganho totai também aumentou ao longo do tempo, tendo paado de 46 por cento em 1996 para 55 por cento em 2011. A emprea mai pequena urgem como tendo beneficiado, em média, de ubídio de capital e trabalho. Ete reultado ugere que uma larga proporção de emprea poderá ter obrevivido porque teve aceo a crédito e trabalho relativamente mai barato, eja porque o uceivo governo tenham criado lei que direta ou indiretamente reduzem o cuto do fatore para eta emprea, eja porque eta encontraram forma de contornar a aplicação de lei ou regulamento que aumentam o cuto efetivo do fatore capital e trabalho. Ao memo tempo, eta emprea também enfrentaram, em média, maiore ditorçõe de produção, ma, globalmente, o reultado motram que e a ditorçõe foem eliminada da economia a maior parte dela reduziria a ua produção, num contexto de uma afetação eficiente de recuro. A razõe que poderão explicar o aumento da deficiente afetação de recuro ao longo do tempo na economia portuguea não ão fácei de identificar. O facto de uma parte importante deta deficiente afetação etar concentrada na pequena emprea, epecialmente no etor do erviço, conjuntamente com o facto de a importância de tai emprea ter aumentado ao longo do tempo (Braguinky et al. (2011)) poderá ajudar a explicar o padrão temporal da má afetação de recuro. Além dio, a importância crecente da ditorçõe de capital ugere também que o etor financeiro pode ter contribuído para a obrevivência de muita emprea pequena, relativamente pouco eficiente. Ete reultado é conitente com a menagem em Rei (2013). Ete autor argumenta que a afetação de recuro, eencialmente dirigida para o etor meno produtivo do ben não tranacionávei (em grande parte erviço), devido à deficiência do etor financeiro, é a principal caua da etagnação do PIB em Portugal, no ano 2000. Apear deta explicaçõe, acreditamo que mai invetigação é neceária para compreender completamente a razõe pela quai a afetação de recuro e deteriorou de forma tão ignificativa em Portugal nete período. O facto de, à emelhança de Portugal, a produtividade ter etagnado ou decrecido em vário paíe do ul e periferia da Europa, leva-no a preumir que também nete paíe poa ter ocorrido uma deterioração da afetação de recuro. Tal facto, preciará, todavia, de er confirmado. Será também importante invetigar como é que a crie financeira global afetou a afetação de fatore, em particular, e teve um efeito de redução ou aumento da eficiência na afetação do memo, e e tai efeito foram gerai ou aimétrico por etore. Eta ão quetõe importante que deixamo para invetigação futura. Referência Bellone, F. e Mallen-Piano, J., 2013, I miallocation higher in France than in the United State?, GREDEG Working Paper 2013-38, Groupe de Recherche en Droit, Economie, Getion (GRE- DEG CNRS), Univerity of Nice-Sophia Antipoli. Braguinky, S., Brantetter, L. G. e Regateiro, A., 2011, The incredible hrinking Portuguee firm, NBER Working Paper 17265, National Bureau of Economic Reearch, Inc. Dia, D., Marque, C. R. e Richmond, C., 2014, Miallocation and productivity in the lead up to the Eurozone crii, Working Paper N.º 11, Banco de Portugal. Hieh, C.-T. e Klenow, P. J., 2009, Miallocation and manufacturing TFP in China and India, The Quarterly Journal of Economic, 124(4), 1403-1448. Hieh, C.-T. e Klenow, P. J., 2011, Miallocation and manufacturing TFP in China and India: Correction appendix, Stanford Univerity, Unpublihed. Rei, R., 2013, The Portuguee lump and crah and the euro crii, Brooking Paper on Economic Activity, 46 (1, Spring), 143-210.

76 BANCO DE PORTUGAL Boletim Económico outubro 2014 Nota 1. Ete artigo contitui um reumo do principai reultado apreentado em Dia et al. (2014). O leitor mai intereado poderá ver aqui o conjunto completo de reultado obtido, bem como o modelo utilizado e repetiva derivaçõe analítica. A opiniõe exprea nete artigo ão da reponabilidade do autore, não coincidindo neceariamente com a do Banco de Portugal, do Euroitema ou do Fundo Monetário Internacional. Eventuai erro ou omiõe ão da excluiva reponabilidade do autore. 2. Department of Economic, Univerity of Illinoi at Urbana-Champaign e CEMAPRE. 3. Banco de Portugal, Departamento de Etudo Económico. 4. Department of Agriculture and Conumer Economic, Univerity of Illinoi at Urbana-Champaign e Fundo Monetário Internacional. 5. A produtividade total do fatore (PTF) pode definir-e como a quantidade de produto (ou valor acrecentado) que e obtém com uma unidade ponderada de todo o fatore de produção. Ito ignifica que o crecimento da PTF explica o crecimento do produto não cauado por variaçõe na quantidade do fatore de produção. Para a fórmula de cálculo da PTF uada no gráfico 1, ver http://www.conference-board.org. 6. O dado originai ão dado de balanço da emprea e foram obtido do INE para o período 1996 a 2011. O dado para o ubperíodo 1996-2004 ão retirado do Inquérito à Emprea Harmonizado (IEH), enquanto o dado para o ubperíodo 2004-2011 ão retirado do Sitema de Conta Integrada da Emprea (SCIE). Por forma a tornar comparávei a dua fonte de dado, entre outro ajutamento, excluíram-e do SCIE a emprea que tinham meno de 20 empregado no primeiro ano em que urgiam na amotra, porque tai emprea etão excluída no IEH. Importa friar, portanto, que o reultado que a eguir e apreentam para o período 1996-2011 ão baeado numa amotra que não inclui a emprea com meno de 20 trabalhadore. 7. A evidência empírica obre ganho de eficiência para outro paíe, diponível na literatura, refere-e excluivamente à indútria e foi obtida, na quae totalidade, uando um modelo de doi fatore de produção (capital e trabalho) diretamente obre o valor acrecentado. Quando e ua eta abordagem para Portugal conclui-e que o ganho de eficiência, em termo de VAB para a indútria, comparam de perto com o obtido para paíe como o EUA e França. Hieh e Klenow (2009) obtêm ganho de 43 por cento para o EUA em 1999 e Bellone e Mallen-Piano (2013) ganho de 31 por cento para a França quer em 1998 quer em 2005. Para Portugal obtêm-e ganho de 29 por cento em 1996 e 38 por cento em 2011. * * 8. Por PTFR normalizada entende-e o rácio ln( PTFRi / PTFR ) onde PTFR repreenta o nível de eficiência da PTFR (PTFR que e verifica em toda a emprea do etor, em ituação de eficiência, no termo dicutido atrá). Demontra-e que numa afetação eficiente do fatore * produção de uma emprea aumenta e a PTFR normalizada for poitiva, ou eja e PTFR i > PTFR, e diminui cao contrário. 9. Note-e que a emprea para a quai a ditorçõe normalizada de capital ou trabalho ão negativa podem er vita como endo ubidiada no entido em que beneficiam de menore cuto de capital e trabalho do que a emprea para a quai tai ditorçõe ão poitiva. Pelo contrário, emprea para a quai a ditorção de produção normalizada é negativa enfrentam ditorçõe de produção mai elevada do que a emprea para a quai tal ditorção é poitiva. 10. Lei que obrigam a grande emprea a manter um erviço interno de proteção de aúde, ou que permitem a pequena e média emprea receberem apoio para contratar trabalhadore ou a terem aceo a linha de crédito epeciai, ão exemplo de política que dão origem a ditorçõe de trabalho e capital que podem ajudar a explicar o reultado acabado de decrever.