IMPACTO DO PRÓ E PET-SAÚDE: UMA PESQUISA COM DOCENTES E PRECEPTORES

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Transcrição:

IMPACTO DO PRÓ E PET-SAÚDE: UMA PESQUISA COM DOCENTES E PRECEPTORES Matheus Frohlich Marquetto (UFSM) matheusmarquetto@yahoo.com.br Ana Cláudia da Rosa (UFSM) ana.claudiadarosaa@gmail.com Gabriela Guarienti (UFRGS) gabiguarienti@gmail.com Lais Vieira Trevisan (UFSM) laisvtrevisan@gmail.com Márcia Zampieri Grohmann (UFSM) marciazg@gmail.com Resumo: Inserido no contexto da educação e saúde pública brasileira, torna-se necessário avaliar o impacto do programa PRÓ e PET-Saúde para a graduação e integração do ensino-serviço na comunidade. Os objetivos do atual estudo foram: (i) avaliar a percepção dos docentes e preceptores sobre o impacto do programa na formação e orientação para o mercado dos universitários e (ii) verificar divergências entre docentes e preceptores quanto as suas percepções. Para tal, utilizou-se a escala denominada MARKOR, desenvolvida por Kohli et al. (1993) e validada no Brasil por Antoni, Damacena e Lezana (2006), formada pelos construtos geração de inteligência, disseminação de inteligência e resposta ao mercado. A amostra foi constituída por 43 docentes e 25 preceptores dos cursos que possuem o programa PRÓ e PET-Saúde pertencentes a instituições de ensino superior localizadas na cidade de Santa Maria/RS. Evidenciou-se que os docentes e preceptores tiveram uma avaliação semelhante em relação às dimensões pesquisadas, indicando que o programa cumpre seu papel de formação, disseminação e orientação na formação profissional dos universitários. Palavras chave: Educação; Gestão Pública de Saúde; PRÓ e PET-Saúde. PRÓ AND PET-SAÚDE IMPACT: A RESEARCH WITH TEACHERS AND PRECEPTORS Abstract Inserted in the context of Brazilian Public Health, it is necessary to evaluate the impact of the PRÓ and PET-Saúde Program for undergraduate courses and for the integration of teaching and service in the community. The objectives of the present study were: (i) to evaluate teachers and preceptors perception about the impact of the Program on training and market orientation of university students and (ii) to verify if there were divergences between teachers and preceptors about their perceptions. To this end, it was used a scale called MARKOR developed by Kohli et al. (1993) and validated in Brazil by Antoni, Damacena e Lezana (2006), formed by the constructs generation of intelligence, dissemination of intelligence and response to the market. The sample was consisted of 43 teachers and 25 preceptors of the courses that have the PRO and PET-Saúde Program belonging to institutions located in the city of Santa Maria/RS. It was evidenced that the teachers and preceptors had a similar evaluation in relation to the dimensions surveyed, indicating that the PRÓ and PET-Saúde Program fulfills its role of training, dissemination and orientation in the professional formation of university students. Key-words: Education; Health Public Management; PRÓ and PET-Saúde.

1 Introdução Preocupados com a consolidação das ações do trabalho multiprofissional e interdisciplinar e visando aproximar a graduação das necessidades da atenção básica, os Ministérios da Saúde e da Educação, em conjunto, vem propondo projetos que incitam a parceria entre universidades e serviços de saúde, como o Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde (PRÓ-Saúde) e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) (PEREIRA, 2007). Tais programas constituem ações direcionadas para o fortalecimento da atenção básica e da vigilância em saúde, de acordo com princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Ferreira et al. (2012), estes programas têm como pressupostos a educação pelo trabalho baseada na integração ensino-serviço-comunidade. O PET-Saúde é composto por docentes das instituições de ensino superior, discentes e profissionais dos serviços, visando o fortalecimento da atenção básica, a vigilância em saúde, o desenvolvimento de novas práticas de atenção e de experiências pedagógicas que contribuam para formação de profissionais de saúde com perfil adequado aos princípios e às necessidades do SUS, sendo norteado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação da área da saúde (LIMA e ROZENDO, 2015). Em 2012, ocorreu a união entre o PET-Saúde e o PRÓ-Saúde, resultando no programa PRÓ e PET-Saúde, que desenvolve ações de promoção, prevenção, controle social e pesquisa nos serviços de saúde, buscando oferecer à comunidade uma assistência na perspectiva da integralidade. O programa contribui também com a formação, pois promove a integração ensino-serviço, e torna possível o contato com a realidade SUS e a experiência da Educação Interprofissional que ocorre quando duas ou mais profissões desenvolvem trabalho em conjunto, respeitando a especificidade de cada uma, em benefício do usuário (SILVA, SCAPIN e BATISTA, 2011). Este contato simultâneo do discente com o SUS só é possível devido à preceptoria, atividade de caráter pedagógico, comum na área da saúde, que é guiada pelo profissional do serviço denominado preceptor, que incorpora o ofício de ensinar em função de outro para o qual foi preparado, ou seja, de cuidar. O preceptor deverá integrar conceitos e valores da escola e do trabalho ao ensinar, aconselhar, inspirar no desenvolvimento dos futuros profissionais, servindo-lhes como exemplo e referencial para a futura vida profissional e formação ética (BOTTI e REGO, 2008). Assim, o preceptor da atenção básica é o articulador do eixo ensino-serviço, para isso deve inserir o aluno, de maneira adequada, nas responsabilidades dos serviços, de forma colaborativa e participativa, delegando atividades que irão contribuir com os objetivos de sua aprendizagem, além de não prejudicar o fluxo de atendimento estabelecido na unidade (BARRETO et al., 2011). Diante deste cenário e pela importância da preceptoria na formação profissional, este estudo teve como objetivo avaliar a percepção dos docentes e preceptores sobre o impacto do programa PRÓ e PET-Saúde na formação acadêmica e na orientação para o mercado, e verificar as divergências entre docentes e preceptores quanto as suas percepções. Para alcançar tais objetivos, realizou-se uma pesquisa quantitativa e descritiva, por meio da aplicação de questionários, baseados na escala denominada MARKOR, desenvolvida por Kohli et al. (1993) e validada no contexto brasileiro por Antoni, Damacena e Lezana (2006), formada pelos construtos: geração de inteligência, disseminação de inteligência e resposta ao mercado. A

amostra foi composta por 43 docentes e 25 preceptores dos cursos que possuem o programa PRÓ e PET-Saúde pertencentes a instituições de ensino superior localizadas na cidade de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul (RS). 2 Referencial Teórico De acordo com Haddad et al. (2008), as ações relacionadas à educação superior na área da saúde buscam implementar estratégias que objetivam a melhoria da qualidade dos cursos, com incentivos e apoio às mudanças nos cursos de graduação e pós-graduação, tendo em vista a adequação às Diretrizes Curriculares Nacionais e aos princípios e diretrizes do SUS. Entre estas ações estão os programas PRÓ-Saúde e PET-Saúde. Albuquerque et al. (2007) constatam a necessidade de um novo perfil de trabalhadores, para que seja possível construir um novo modo de praticar a atenção à saúde. Neste contexto, o Ministério da Saúde e o da Educação criaram o PRÓ e PET-Saúde, a fim de fortalecer a interação entre ensino-serviço-comunidade, pois, por meio de parceria entre instituições de ensino superior e as Secretarias Municipais de Saúde, oferece aos estudantes de graduação na área da saúde a oportunidade de aperfeiçoar-se através de estágios e vivências (ALBUQUERQUE et al., 2007). Segundo Ferreira et al. (2012), este programa constitui ações intersetoriais direcionadas para o fortalecimento da atenção básica e da vigilância em saúde, de acordo com os princípios e necessidades do SUS. Souza et al. (2012) afirmam que para o acadêmico de graduação, empenhar-se em ações intersetoriais de educação em saúde permite um contato valioso com a realidade. Assim, o aluno amplia sua visão acerca da comunidade como um todo, definindo o perfil do profissional que pretende ser. O programa PRÓ e PET-Saúde busca incentivar a interação ativa dos estudantes e docentes dos cursos de graduação em saúde com os profissionais dos serviços e com a população. Cada grupo é formado por um tutor acadêmico, seis preceptores e 30 estudantes (RODRIGUES et al., 2012). Desse modo, o programa é desenvolvido por estudantes que realizam atividades nos serviços de saúde de forma sistemática com preceptores (trabalhadores dos serviços) e com tutores (professores/docentes). Os preceptores detêm a função primordial de supervisionar e orientar as ações dos alunos no serviço e aos alunos compete o desenvolvimento de atividades de pesquisa, sob orientação do tutor e do preceptor (FONSÊCA e JUNQUEIRA, 2014). Para Lima e Rozendo (2015), a preceptoria, assim como o preceptor, inserem-se num contexto de compromisso ético e politico, responsabilidade e vínculo. Conforme os mesmos autores, a preceptoria exige qualificação pedagógica, tanto nos aspectos teóricos quanto práticos, assim o preceptor é um facilitador e mediador no processo de aprendizagem, levando os estudantes a problematizarem a realidade, refletirem sobre as soluções e agirem para responder as questões do cotidiano em que estão inseridos. Além disso, Lima e Rozendo (2015) também afirmam que a preceptoria é um espaço privilegiado de discussão, construção de conhecimento e reflexão e à medida que se colocam em contato com as várias dimensões de sua prática profissional, mediadas pela presença do estudante e do professor, os preceptores podem se ver confrontados com seu próprio fazer, questionando-o, revisitando-o e refazendo-o. Desse modo, para Rocha e Ribeiro (2012), os preceptores que avaliam e refletem seu modo de ser preceptor e que, com autonomia, modificam sua prática, alteram seu ambiente de trabalho, ressignificam o seu fazer, influenciando futuros profissionais a agirem de forma semelhante, com responsabilidade e ética sobre suas ações.

Neste sentido, estudos vêm sendo desenvolvidos com a intenção de avaliar a percepção dos diferentes participantes do programa PRÓ e PET-Saúde em relação à efetividade das propostas e de seu desenvolvimento. Entre eles o de Santos (2016), o qual buscou entender a influência do programa no processo de formação profissional e de trabalho na área da saúde, na perspectiva dos preceptores. Segundo o autor, os preceptores com vínculo ao PRÓ e PET-Saúde perceberam de maneira positiva a contribuição do programa para a reflexão crítica do profissional sobre suas práticas no serviço. E esse resultado sugere a necessidade de continuação dos investimentos nos programas de reorientação da formação do profissional da saúde com o objetivo de ampliá-los, na tentativa de abranger a maior quantidade de profissionais possíveis, pois é dessa maneira que as práticas de saúde no Brasil poderão ser transformadas. Diante deste cenário, destaca-se a relevância dos docentes e preceptores avaliarem o programa e os alunos participantes, verificando se o projeto cumpre seu papel de formação, disseminação e orientação na formação do futuro profissional. Assim, torna-se necessário avaliar o impacto do programa PRÓ e PET-Saúde para a graduação e integração ensino-serviçocomunidade executado em instituições de ensino superior localizadas na cidade de Santa Maria/RS. Dessa maneira, com a finalidade de realizar esta avaliação, investigou-se na literatura de gestão organizacional a escala de orientação para o mercado, um modelo preditivo que busca verificar se as organizações estão em sintonia com as necessidades do mercado. Tal escala é conhecida como Marketing Orientation Scale (MARKOR), ou escala de orientação de mercado desenvolvida por Kohli et al. (1993). Esta escala vem sendo utilizada com frequência em estudos realizados no país e apresenta confiabilidade e validade para mensurar orientação para o mercado no contexto brasileiro, sendo formada pelas dimensões geração de inteligência, disseminação de inteligência e resposta ao mercado. Segundo Antoni, Damacena e Lezana (2006), com o intuito de entender e definir orientação para o mercado, Kohli et al. (1993) desenvolveram um estudo onde verificaram que a orientação para o mercado é a geração de inteligência de mercado, relacionada a necessidades atuais e futuras; ao mesmo tempo, passa pela disseminação dessa inteligência e pela capacidade de resposta da organização em relação ao mercado. Day (2001) afirma que essa orientação para o mercado obriga as organizações a terem estruturas que gerem capacidades para forjar conexões mais próximas com o mercado e a reagirem rapidamente às novas necessidades dos clientes e, até mesmo, a prevê-las. A proposta inicial dos autores em relação à escala MARKOR foi medir o grau de orientação para o mercado de uma determinada organização. Diante disso, a atual pesquisa optou por uma versão adaptada da MARKOR para instituições de ensino, que foi validada ao contexto brasileiro por Antoni, Damacena e Lezana (2006). Para Estevão, Mainardes e Raposo (2009), a geração de inteligência relaciona-se com fatores exógenos à organização, em que todos os departamentos devem recolher e tratar a informação acerca das necessidades dos clientes e também sobre fatores que possam atingir diretamente os desejos dos consumidores, como concorrentes, fornecedores, fatores político - tecnológicos, socioculturais, entre outros, de forma que a organização possa monitorar o seu ambiente. Nesse sentido, a atual pesquisa mensurou a geração de conhecimentos, competências e envolvimento proporcionados aos alunos através da experiência vivenciada no PRÓ e PET- Saúde, conforme a opinião dos docentes e preceptores.

Já a disseminação de inteligência está relacionada ao fato de que as empresas, para se adaptar às necessidades do mercado, devem difundir as informações obtidas na fase anterior para indivíduos e departamento na organização (ESTEVÃO, MAINARDES e RAPOSO, 2009). Desse modo, buscou-se averiguar na opinião dos docentes e preceptores a influência do PRÓ e PET-Saúde nas necessidades de mercado e tendências da área da saúde, nas necessidades futuras do mercado profissional, na disseminação de assuntos relevantes aos futuros profissionais, bem como na identificação dos aspectos a serem melhorados no âmbito profissional. Ainda de acordo com Estevão, Mainardes e Raposo (2009), posteriormente, surge a construção da resposta ao mercado, a qual consiste na formulação e execução de ações lógicas com o estudo do mercado, ou seja, na transformação do conhecimento adquirido nas etapas anteriores em ações reais, que irão refletir-se nas necessidades e desejos atuais e futuros dos consumidores reais e potenciais. Portanto, almejou-se verificar se o PRÓ e PET-Saúde proporciona aos alunos importante contribuição na sua futura atuação profissional, indo de encontro com as necessidades do mercado, como por exemplo, o atendimento das expectativas do público dos serviços de saúde. 3 Metodologia A atual pesquisa apresentou abordagem quantitativa e quanto aos seus objetivos, caracterizou-se como um estudo descritivo, utilizando uma adaptação da Escala MARKOR de Kohli et al. (1993), validada para o Brasil por Antoni, Damacena e Lezana (2006). Desse modo, foram definidos como objetivos: (i) avaliar a percepção dos docentes e preceptores sobre o impacto do programa PRÓ e PET-Saúde na formação (geração de inteligência, disseminação de inteligência) e orientação para o mercado dos universitários e (ii) verificar divergências entre docentes e preceptores quanto as suas percepções. Participaram do estudo tutores (docentes) e preceptores que atuam no programa PRÓ e PET-Saúde nas instituições pesquisadas da cidade de Santa Maria/RS. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), o município está localizado a 292 quilômetros de Porto Alegre, capital do Estado, e possui 261.031 habitantes (95% urbano). Devido ao seu tamanho, localização (no centro do Estado) e por conter grandes hospitais, inclusive um universitário, Santa Maria é cidade referência na área da saúde para toda a região central do estado. Assim, na atual pesquisa a amostra formou-se por conveniência e acessibilidade aos docentes e preceptores da área de saúde que atuam no programa PRÓ e PET- Saúde na cidade, sendo essa amostra composta por 43 docentes e 25 preceptores. A coleta de dados foi realizada pela técnica survey, através da aplicação de questionários constituídos por duas etapas. Primeiramente, os docentes e preceptores foram questionados quanto ao seu perfil (gênero, renda mensal familiar, curso de atuação e função no programa PRÓ e PET-Saúde). Após, foram questionados quanto a sua opinião sobre a geração, disseminação de inteligência e resposta ao mercado do programa PRÓ e PET-Saúde, para isso responderam a 17 questões referentes ao modelo teórico adaptado, onde deveriam se posicionar em uma escala Likert de 5 pontos, variando de 1=discordo totalmente a 5=concordo totalmente. As variáveis utilizadas na coleta de dados são apresentadas no Quadro 1. Construto Geração de Inteligência Variável GI1: Penso que o PET proporciona aos alunos habilidades de que necessitarão no futuro GI2: O PET busca identificar e trabalhar as habilidades que os alunos necessitarão no futuro GI3: Acredito que o PET contribui para a construção de conhecimento

Disseminação da Inteligência Resposta ao Mercado Quadro 1 Escalas da pesquisa GI4: O PET atua promovendo competências em seus membros GI5: O conhecimento adquirido promove mudanças nos procedimentos adotados GI6: Os alunos envolvidos no PET demonstram um grande envolvimento com as atividades GI7: O PET promove o aperfeiçoamento do ensino, proporcionando melhores resultados profissionais aos alunos no mercado de trabalho DI1: O PET busca discutir e disseminar tendências da área da saúde com os alunos DI2: O PET gera discussões entre ambiente de trabalho e a área acadêmica sobre as necessidades futuras dos alunos DI3: O PET é uma forma ágil de disseminar assuntos relevantes para o aluno DI4: O PET é ágil em identificar o que é necessário aprimorar na área acadêmica para gerar melhorias no âmbito profissional RM1: O PET proporciona aos alunos envolvidos agilidade para atender o público RM2: O PET tende a ignorar mudanças nas necessidades do mercado de trabalho RM3: O PET realiza revisões periódicas para assegurar as necessidades dos alunos para melhor atender o público RM4: Os alunos envolvidos no PET respondem adequadamente às expectativas do público RM5: As reclamações, em geral, são ouvidas pela coordenação do PET e petianos RM6: A combinação entre prática e teoria do PET provocam modificações nos cursos envolvidos Após a coleta, os dados foram tabulados e analisados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Portanto, num primeiro momento, procedeu-se a caracterização do perfil dos docentes e preceptores através de estatísticas descritivas; na sequência, para verificar divergências quanto aos comportamentos esperados, foi realizado o Teste Quiquadrado. Após, com o intuito de averiguar a confiabilidade das dimensões, calculou-se o Alpha de Cronbach e, na sequência, a fim de avaliar a opinião dos docentes e preceptores quanto a geração de inteligência, disseminação de inteligência e resposta ao mercado do programa PRÓ e PET-Saúde na formação dos futuros profissionais da área da saúde, procedeu-se ao cálculo das médias e desvios-padrões. Por fim, realizou-se Teste T para verificar as influências na avaliação do programa PRÓ e PET-Saúde. 4 Resultados 4.1 Caracterização da amostra Com o intuito de descrever o perfil dos docentes e preceptores que participam do programa PRÓ e PET-Saúde, foram utilizadas as variáveis gênero, idade, estado civil, renda mensal familiar e curso que se graduou. Assim, num primeiro momento é apresentado o perfil geral dos docentes e preceptores que constituíram a amostra da pesquisa e na sequência, realizou-se o Teste Qui-quadrado para verificar as diferenças entre o perfil dos docentes e preceptores do programa PRÓ e PET-Saúde. A amostra de docentes e preceptores, com relação ao gênero, era constituída por 59 pessoas do sexo feminino (86,8%), e por 9 pessoas do sexo masculino (13,2%). A idade média foi de 44,24 anos, sendo a idade mínima de 26 anos e a idade máxima 63 anos, sendo que a moda deu-se para a idade de 52 anos (11,8%), com um desvio-padrão de 8,90 anos, indicando heterogeneidade na amostra pesquisada. Referente ao estado civil dos docentes e preceptores, evidenciou-se que a maioria, ou seja, 38 pessoas (55,9%) são casadas ou possuem uma união estável; 20 pessoas (29,4%) são solteiras e 10 pessoas (14,7%) se declaram divorciadas.

Sobre a renda mensal familiar dos docentes e preceptores, verificou-se que a maioria, ou seja, 34 entrevistados (51,5%) possui renda acima de R$ 8001,00, 23 (34,8%) têm renda entre R$ 5001,00 e R$ 8000,00, 9 (13,6%) têm renda entre R$ 2501,00 e R$ 5000,00, sendo que 2 entrevistados não responderam a esta questão. Referente ao curso que os docentes e preceptores possuem graduação verificou-se que 18 indivíduos (26,5%) são enfermeiros; 14 (20,6%) são farmacêuticos; 10 (14,7%) são formados em serviço social; 8 entrevistados (11,8%) são fisioterapeutas; 6 (8,8%) são terapeutas ocupacionais; 3 entrevistados possuem outra formação acadêmica; 2 (2,9%) são médicos; 1 (1,5%) é fonoaudiólogo; 1 (1,5%) é nutricionista; 1 (1,5%) é médico veterinário e 1 (1,5%) é formado em odontologia. Os dados são apresentados no Gráfico 1. 18 14 8 1 2 1 1 1 3 10 6 3 Gráfico 1 Curso de graduação dos docentes e preceptores Por fim, em relação a função exercida no programa PRÓ e PET-Saúde, a maioria dos entrevistados (43 pessoas, 63,2%) afirmou que atua como docente e 25 entrevistados (37%) afirmaram que exercem a função de preceptores. Na sequência, foi realizado o Teste Qui-quadrado para testar a significância estatística entre as distribuições de frequência de dois ou mais grupos (HAIR JR et al., 2005). Assim, foram realizados os cruzamentos entre o perfil dos docentes e o perfil dos preceptores. Evidenciou-se que os cruzamentos entre o estado civil e curso de formação geraram diferença significativas no modelo. Portanto, com relação ao estado civil, esperava-se que 12,6 docentes fossem solteiros, porém este número foi maior, ou seja, 17 docentes eram solteiros. E esperava-se que 7,4 dos preceptores seriam solteiros, entretanto, 3 preceptores eram solteiros. Acreditava-se que 24 dos docentes fossem casados, mas foram apenas 19 docentes. E acreditava-se que 14 preceptores seriam casados, mas havia 19 preceptores casados. Era esperado que 6,3 docentes seriam divorciados, mas este número foi maior, ou seja, 7 docentes eram divorciados. Também se esperava que 3,7 preceptores fossem divorciados, contudo a amostra constituiu-se por 3 preceptores divorciados. Esses dados podem ser observados no Quadro 2. Função no programa PRÓ e PET-Saúde Docente Contagem/Contagem Esperada Estado Civil Solteiro Casado Divorciado Contagem 17 19 7 Contagem Esperada 12,6 24 6,3

Contagem 3 19 3 Preceptor Contagem Esperada 7,4 14 3,7 Quadro 2 Resultados Teste Qui-quadrado do estado civil dos docentes e preceptores Por fim, com relação ao curso que os docentes e preceptores possuem graduação, conforme exposto no Quadro 3, era esperado que 11,4 docentes fossem enfermeiros, mas apenas 7 eram; esperava-se que 6,6 preceptores também fossem enfermeiros, mas verificou-se que 11 eram. Tinha-se a expectativa que 8,9 docentes seriam formados em farmácia, mas 13 eram; esperava-se que 5,1 preceptores fossem farmacêuticos, mas apenas 1 preceptor era formado em farmácia. Era esperado que 5,1 dos docentes seriam fisioterapeutas, mas foram 6; esperava-se que 2,9 preceptores fossem fisioterapeutas, mas 2 eram. A contagem esperada era de 6 docentes fonoaudiólogos, mas apenas 1 era formado neste curso; também esperava-se que 4 preceptores seriam fonoaudiólogos, mas nenhum preceptor possua graduação em fonoaudiologia. Tinha - se a expectativa que 1,3 docentes seriam médicos, mas não houve nenhum docente médico; esperava-se que 7 preceptores seriam médicos, mas somente 2 possuíam a formação no curso de medicina. Já com relação a medicina veterinária, esperava-se que 6 docentes possuíssem essa formação, mas apenas um docente era veterinário; era esperado que 4 preceptores seriam veterinários, mas não houve preceptores com essa formação. A contagem esperada de docentes nutricionistas era 6, mas não teve docentes nutricionistas na pesquisa; esperava-se que 4 preceptores seriam nutricionistas, mas apenas 1 era. O esperado de número de docentes formados em odontologia, era de 6, mas apenas 1 docente tinha titulação em odontologia; assim como esperava-se que 4 preceptores seriam dentistas, mas não houve preceptores dentistas no estudo. Além disso, era esperado que 1,9 docentes seriam psicólogos, mas não teve docentes formados em psicologia na amostra da pesquisa; também esperava-se que 1,1 dos preceptores seriam psicólogos, mas este número foi maior, ou seja, 3 preceptores eram psicólogos. Era esperado que 6,3 dos docentes teriam formação em serviço social, e 6,3 docentes eram formados em serviço social; era esperado que 3,7 dos preceptores seriam formados em serviço social, e 4 preceptores tiveram essa formação. A contagem esperada de docentes terapeutas ocupacionais era de 6,3, e a contagem da pesquisa apontou 6 docentes com essa formação; a contagem esperada de preceptores com formação em terapia ocupacional era de 2,2, entretanto não houve preceptores terapeutas ocupacionais neste estudo. Por fim, esperava-se que tivessem 1,9 docentes com outra formação, e assim teve 2 docentes com outro curso de formação; esperava-se que 1,1 dos preceptores tivessem titulação em outra graduação, e este número foi de 1 preceptor com outro curso de formação. Curso que se graduou Contagem/Contagem Esperada Função no programa PRÓ e PET-Saúde Docente Preceptor Enfermagem Contagem 7 11 Contagem Esperada 11,4 6,6 Farmácia Contagem 13 1 Contagem Esperada 8,9 5,1 Fisioterapeuta Contagem 6 2 Contagem Esperada 5,1 2,9 Fonoaudiologia Contagem 1 0 Contagem Esperada 6 4 Medicina Contagem 0 2 Contagem Esperada 1,3 7 Medicina Veterinária Contagem 1 0

Contagem Esperada 6 4 Nutrição Contagem 0 1 Contagem Esperada 6 4 Odontologia Contagem 1 0 Contagem Esperada 6 4 Psicologia Contagem 0 3 Contagem Esperada 1,9 1,1 Serviço Social Contagem 6 4 Contagem Esperada 6,3 3,7 Terapia Ocupacional Contagem 6 0 Contagem Esperada 6,3 2,2 Outros Contagem 2 1 Contagem Esperada 1,9 1,1 Quadro 3 Resultados Teste Qui-quadrado do curso dos docentes e preceptores 4.2 Percepção dos docentes e preceptores A avaliação dos docentes e preceptores com relação ao impacto do programa PRÓ e PET-Saúde para os alunos que participam dessa atividade utilizou o modelo teórico dividido em três dimensões: geração da inteligência, disseminação da inteligência e resposta ao mercado (KOHLI et al. 1993). Antes de iniciar as avaliações das dimensões (médias e desvios-padrões), procedeu-se ao cálculo do Alpha de Cronbach para atestar a confiabilidade das dimensões. Segundo Hair Jr et al. (2005), o Alpha de Cronbach deve apresentar valor superior a 0,60, assim, verificou-se que todas as dimensões apresentaram confiabilidade satisfatória (Alpha 0,5), conforme exposto na Tabela 1. Desse modo, após verificar a confiabilidade das dimensões utilizadas na pesquisa, procedeu-se ao cálculo das estatísticas descritivas (médias e desvios-padrões). Num primeiro momento calculou-se as médias e desvios-padrões referentes a avaliação geral dos docentes e preceptores e, na sequência, foram calculadas estas avaliações separadamente. A escala Likert utilizada na pesquisa variou em uma escala de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente), assim, Hair Jr et al. (2005) afirmam que uma média acima do meio da escala pode ser considerada uma boa avaliação. Sobre a avaliação geral entre docentes e preceptores (Tabela 1), foi possível constatar que a dimensão geração da inteligência obteve a maior média, com valor 4,50, revelando que os docentes e preceptores concordam com o alto impacto da geração da inteligência. Essa dimensão também obteve o menor desvio-padrão (0,59), o que evidencia maior concordância nas respostas. O construto disseminação da inteligência também teve média elevada, sendo 4,17, o que evidencia que os docentes e preceptores acreditam na disseminação do conhecimento proporcionada pela participação dos alunos no programa PRÓ e PET-Saúde. O fator teve o maior desvio-padrão, com valor 0,67 dentre as dimensões do modelo, revelando leve discordância entre as respostas dos docentes e preceptores se comparado aos outros fatores. Já a dimensão resposta ao mercado, teve a menor média dentre as dimensões, ou seja, teve uma média de 4,02 e um desvio-padrão de 0,64. Este dado revela que dentre os outros fatores do modelo, a resposta ao mercado possui a menor média na avaliação dos docentes e preceptores, porém, a média é alta, o que evidencia que os entrevistados acreditam na resposta positiva ao mercado para aos alunos através da participação no programa PRÓ e PET-Saúde.

Variável Média Desvio-padrão Alpha de Cronbach Geração da Inteligência 4,50 0,59 0,849 Disseminação da Inteligência 4,17 0,67 0,746 Resposta ao Mercado 4,02 0,64 0,839 Tabela 1 Média das dimensões docentes e preceptores Em relação à avaliação do modelo apenas pelos docentes, conforme exposto na Tabela 2, evidenciou-se que a maior média (4,47) também foi encontrada na dimensão geração da inteligência, e essa dimensão também obteve o menor desvio-padrão, revelando certa homogeneidade nas respostas dos docentes entrevistados. A segunda maior média (4,02) foi encontrada no construto disseminação da inteligência, a qual teve o maior desvio-padrão das dimensões (0,71), evidenciado mais discordância entre as respostas dos docentes. E por fim, a dimensão resposta ao mercado teve a menor média dentre os construtos, com uma média de 3,71, e um desvio-padrão de 0,69. Variável Média Desvio-padrão Geração da Inteligência 4,47 0,66 Disseminação da Inteligência 4,02 0,71 Resposta ao Mercado 3,97 0,69 Tabela 2 Média das dimensões na avaliação dos docentes Na avaliação dos preceptores, conforme a Tabela 3, a maior média (4,56) também foi encontrada na dimensão geração da inteligência, cuja dimensão também obteve o menor desviopadrão (0,46), revelando maior concordância entre as respostas dos preceptores entrevistados. Na sequência, o construto disseminação da inteligência teve a segunda maior média (4,40), e um desvio-padrão de 0,54. Por fim, o construto resposta ao mercado atingiu a menor média (4,13) dentre as dimensões do modelo, bem como o maior desvio-padrão (0,56). Variável Média Desvio-padrão Geração da Inteligência 4,56 0,46 Disseminação da Inteligência 4,40 0,54 Resposta ao Mercado 4,13 0,56 Tabela 3 Média das dimensões na avaliação dos preceptores Portanto, a partir dos resultados das médias nas dimensões do modelo, nota-se que, para os docentes e preceptores que participam do programa PRÓ e PET-Saúde, não houveram muitas diferenças em relação às médias e desvios-padrões gerais. As variações, na maioria das vezes, acontecem nas casas decimais e, portanto, não há uma grande disparidade entre as avaliações de docentes e preceptores, conforme revelado pela Tabela 4. Variável Média Desvio-padrão Geração da Inteligência Docentes e Preceptores 4,50 0,57 Docentes 4,47 0,66 Preceptores 4,56 0,46 Disseminação da Inteligência Docentes e Preceptores 4,17 0,67 Docentes 4,02 0,71 Preceptores 4,40 0,54 Resposta ao Mercado Docentes e Preceptores 4,02 0,64 Docentes 3,95 0,67 Preceptores 4,12 0,56 Tabela 4 Comparativo das médias entre avaliações dos docentes e preceptores

Por fim, com o intuito de verificar as influências do perfil na avaliação do programa PRÓ e PET-Saúde entre docentes e preceptores, realizou-se o Teste T nas variáveis e nas dimensões de pesquisa. Assim, foi verificado que não houve diferenças estatisticamente significativas entre as avaliações dos docentes e preceptores. 5 Considerações finais O estudo buscou identificar, através de uma pesquisa quantitativo-descritiva, realizada em instituições de Santa Maria/RS, a percepção dos docentes e preceptores sobre o impacto do programa PRÓ e PET-Saúde na orientação para o mercado e verificar se houve divergências entre docentes e preceptores quanto as suas percepções. Para isso, realizou-se uma pesquisa quantitativa e descritiva, através da aplicação de questionários com 43 docentes e 25 de instituições localizadas na cidade de Santa Maria/RS. Sobre o perfil dos docentes entrevistados, evidenciou-se que a maioria são do gênero feminino, com idade média de 42,93 anos, casados ou em uma união estável, possuem renda entre R$ 5001,00 e R$ 8000,00 e a maioria exerce a profissão de enfermeiro. Já dentre os preceptores, foi possível verificar que a maioria são do gênero feminino, com idade média de 46,40 anos, casados ou em uma união estável, possuem renda entre R$ 5001,00 e R$ 8000,00 e em sua maioria atuam na área da enfermagem. Assim, com base no perfil dos docentes e preceptores que participaram da pesquisa, constatou-se semelhança na sua caracterização. Como resposta ao primeiro objetivo, através da análise das médias das dimensões analisadas (geração da inteligência, disseminação da inteligência e resposta ao mercado), observou-se que os docentes e os preceptores tiveram avaliação semelhante no sentido do programa cumprir seus papeis de formação, disseminação e orientação na formação do futuro profissional. Corroborando com a pesquisa de Santos (2016), onde os preceptores também perceberam de maneira positiva a contribuição do PRÓ e PET-Saúde para a reflexão crítica do profissional sobre suas práticas no serviço. Além disso, no Teste Qui-quadrado, os cruzamentos entre o estado civil e curso de formação geraram diferença significativas no modelo. Sobre o segundo objetivo, pode-se contatar que não houve diferenças significativas nas percepções dos docentes e preceptores sobre o impacto do programa na formação dos discentes. Portanto, docentes e preceptores avaliam de maneira semelhante o impacto do programa PRÓ e PET- Saúde na formação dos futuros profissionais da área de saúde que atuam no programa. Este trabalho pode contribuir para análise e melhorias da gestão de políticas públicas de saúde aplicadas na educação, na medida em que evidencia a análise dos agentes envolvidos quanto a programas de saúde pública. Desse modo, a partir da pesquisa realizada, pode-se constatar que os docentes e preceptores que atuam no programa PRÓ e PET-Saúde avaliaram de forma positiva o impacto na formação e orientação ao mercado dos alunos envolvidos nas atividades desse programa. Assim, ressalta-se a importância do constante aprimoramento e aplicação de programas voltados a orientação ao mercado profissional, aspecto fundamental para a formação de alunos e construção de futuros profissionais atuantes na saúde pública de acordo com os princípios propostos pelo SUS. Como limitação deste estudo, destaca-se a aplicação de questionário com apenas 68 docentes e preceptores de instituições de somente uma cidade. Sugere-se que a partir deste trabalho vários outros aspectos possam ser analisados e avaliados por intermédio de outros modelos teóricos. Além disso, também se sugere a replicação do estudo em outras universidades

brasileiras, bem como o desenvolvimento de estudos com caráter qualitativo e exploratório, a fim de identificar novos aspectos acerca do impacto dos preceptores na atuação de programas vinculados a inserção dos alunos nas atividades práticas da área da saúde. Referências ALBUQUERQUE, U. P. de et al. Medicinal and magic plants from a public market in northeastern Brazil Ethnopharmacol. Journal of Ethnopharmacology, v. 110, n. 1, p. 76-91, 2007. ANTONI, V. L., Damacena, C., & Lezana, A. G. R. Um modelo preditivo de orientação para o mercado: um estudo no contexto do ensino superior brasileiro. Teoria e evidência econômica. Ed. Especial, 2006. BARRETO, V. H. L. et. al. Papel do preceptor da atenção primária na saúde na formação da graduação e pós - graduação da Universidade Federal de Pernambuco um termo de referência. Revista Brasileira de Educação Médica, v.35, n.4, p.578-583, 2011. BOTTI, S. H. O., & Rego, S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Revista Brasileira de Educação Médica, v. 32, n. 3, p. 363-73, jul./set. 2008. DAY, George S. A empresa orientada para o mercado: compreender, atrair e manter clientes valiosos. Porto Alegre, Bookman, 2001. ESTEVÃO, C. M. S., Mainardes, E. W., & Raposo, M. L. B. Orientação para o mercado no segmento hoteleiro: o caso português. Turismo em Análise, v.20, n.3, p. 446-468, 2009. FERREIRA, V. S. et al. PET-Saúde: uma Experiência Prática de Integração Ensino-serviço-comunidade. Revista brasileira de educação médica, v. 36, n. 1, p. 147-151, 2012. FONSÊCA, G. S., & Junqueira, S. R. Programa de educação pelo trabalho para a saúde da Universidade de São Paulo (Campus Capital): o olhar dos tutores. Ciência e saúde coletiva, v. 19, n. 4, p. 1151-1162, 2014. HADDAD, A. E. et al. Política nacional de educação na saúde. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v. 32, p. 98-114, 2008. HAIR JR., Joseph F. et al. Análise Multivariada de Dados. 6. ed. Porto Alegre, Bookman, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Cidades. Disponível em http://cidades.ibge.gov.br/v3/cidades/municipio/4316907. Acesso em 04.04.2017. KOHLI, A. K. et al. A measure of market orientation. Journal of Marketing research, v.32, p. 467-477, 1993. LIMA, P. A. B., & Rozendo, C. A. Desafios e Possibilidades no exercício da preceptoria do Pró -Pet-Saúde. Interface, v. 19, p. 779-791, 2015. PEREIRA, J. G. Articulação ensino-serviço para a construção do modelo da vigilância da saúde: em foco o Distrito do Butantã. São Paulo, 2007. Dissertação (Mestrado em Enfermagem), Universidade de São Paulo. ROCHA, H. C., & Ribeiro, V. B. Curso de formação pedagógica para preceptores do internato médico. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 36, n. 3, p. 343-50, 2012. RODRIGUES, A. O. et al. Processo de Interação Ensino, Serviço e Comunidade: a Experiência de um PET- Saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 36, p. 184-192, 2012. SANTOS, W. P. Influência dos Programas de Reorientação da formação do profissional da saúde no processo de trabalho: perspectiva dos preceptores. Goiânia, 2016. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás. SILVA, R. H. A. da, Scapin, L. T., & Batista, N. A. Avaliação da formação interprofissional no ensino superior em saúde: aspectos da colaboração e do trabalho em equipe. Avaliação (Campinas), v. 16, n. 1, p. 167-84, 2011. SOUZA, P. L. et al. Projetos PET-Saúde e Educando para a Saúde: Construindo Saberes e Práticas. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 36, p. 172-177, 2012.