GRÁFICOS DE CONTROLE DE XBARRA PARA O MONITORAMENTO DE PROCESSOS AUTOCORRELACIONADOS COM REGRA ESPECIAL DE DECISÃO

Documentos relacionados
DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE AMOSTRAGENS PARA REDUZIR O EFEITO DA AUTOCORRELAÇÃO NO DESEMPENHO DO GRÁFICO DA MÉDIA

GRÁFICOS DE SHEWHART BASEADOS NA ESTATÍSTICA DE QUI- QUADRADO E COM REGRA ESPECIAL DE DECISÃO

O uso da estatística de qui-quadrado No

O EFEITO DA AUTOCORRELAÇÃO NO DESEMPENHO DO GRÁFICO DE CONTROLE EWMA

O efeito da autocorrelação no desempenho do gráfico de X e na produção de itens não conformes.

MONITORING BIVARIATE PROCESSES WITH A SHEWHART CHART

O USO DA ESTATÍSTICA DE QUI-QUADRADO NO MONITORAMENTO DE PROCESSOS

GRÁFICOS DE CONTROLE COM AMOSTRAGENS DUPLAS PARA O MONITORAMENTO DE PROCESSOS BIVARIADOS

Gráficos de controle de EWMA e de para monitoramento de processos autocorrelacionados

Um Estudo do Comportamento dos Gráficos de Controle Construídos Via Metodologia de Geoestatística

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DOS GRÁFICOS DE SHEWHART COM REGRA ESPECIAL DE DECISÃO VIA SIMULAÇÕES

UM MODELO DE REGRESSÃO LINEAR PARA OBTENÇÃO DO LIMITE DE CONTROLE DO GRÁFICO DE Z

PLANEJAMENTO ECONÔMICO DOS GRÁFICOS DE CONTROLE DE X PARA O MONITORAMENTO DE PROCESSOS AUTOCORRELACIONADOS

COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE DADOS AUTOCORRELACIONADOS NO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO

Proposta de uma carta de controle estatístico de dados autocorrelacionados

Título - Actas das 4. as Jornadas de Engenharia Hidrográfica Autor - Instituto Hidrográfico Tiragem exemplares Edição e paginação - Instituto

Obtenção dos projetos ótimos de gráficos de X utilizando o Matlab. Robson Silva Rossi 1 FEMEC

Aplicação do gráfico de controle por grupos em uma indústria manufatureira do estado do Ceará

Qualidade na empresa. Fundamentos de CEP. Gráfico por variáveis. Capacidade do processo. Gráficos por atributos. Processos.

Especialização em Métodos Estatísticos Computacionais

Influência do Tamanho Amostral no Planejamento Econômico para Controle On-Line de Processo por Atributo com Erros de.

Qualidade na empresa. Fundamentos de CEP. Gráfico por variáveis. Capacidade do processo. Gráficos por atributos. Gráficos com.

UMA ABORDAGEM GEOMÉTRICA PARA ILUSTRAR O EFEITO DA AUTOCORRELAÇÃO NO GRÁFICO DE CONTROLE T2 DE HOTELLING

O efeito da autocorrelação no planejamento das cartas de controle de X e EWMA

GRÁFICOS DE CONTROLE 3D APLICADOS A PROCESSOS PARALELOS EM UMA INDÚSTRIA MANUFATUREIRA DO ESTADO DO CEARÁ

REVISÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS LINHAS DE PESQUISAS SOBRE GRÁFICOS DE CONTROLE DESENVOLVIDAS NAS ÚLTIMAS DUAS DÉCADAS

GRÁFICOS X E R COM AMOSTRAGENS EM DOIS ESTÁGIOS

ANÁLISE DO DESEMPENHO DE GRÁFICOS DE CONTROLE DA VARIÂNCIA COM PARÂMETRO ESTIMADO

CONSTRUÇÃO, USO E ANÁLISE DE DESEMPENHO DE GRÁFICOS DE CONTROLE COM LIMITES ASSIMÉTRICOS E PARÂMETROS VARIADOS

Controle Estatístico de Qualidade para Processos Climatológicos Autocorrelacionados

Uma abordagem de análise para o Controle Estatístico de Processo com dados autocorrelacionados

ANÁLISE COMPARATIVA DE CARTAS DE CONTROLE PARA DADOS DE ATRIBUTOS NÃO- CONFORMES

MODELOS ARIMA PARA MONITORAÇÃO DA QUALIDADE DA PRODUÇÃO DA INDÚSTRIA TÊXTIL OESTE LTDA

EXPANSÃO DOS LIMITES DE CONTROLE DAS CARTAS DE SHEWHART CONSIDERANDO A SIGNIFICÂNCIA PRÁTICA

GRÁFICOS DE CONTROLE PARA O MONITORAMENTO DO VETOR DE MÉDIAS DE PROCESSOS BIVARIADOS AUTOCORRELACIONADOS

APLICAÇÃO DE TÉCNICAS TRADICIONAIS E D~ SÉRIES TEMPORAIS NO CONTROLE ESTATíSTICO DA QUALIDADE

Comparação entre gráficos de controle para resíduos de modelos

Eficiência do gráfico de controle EWMA em função de diferentes quantidades e posições de causas especiais

Palavras-Chave: Gráficos de Controle Especiais, Geoestatística.

USO DE NÚCLEOS ESTIMADORES NA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICOS DE CONTROLE DE SHEWHART PARA MEDIDAS INDIVIDUAIS

Qualidade na empresa. Fundamentos de CEP. Gráfico por variáveis. Capacidade do processo. Gráficos por atributos. Inspeção de qualidade

Uma Análise de Desempenho de Gráficos de Controle Multivariados. Rodrigo Luiz P. Lara 1, José Ivo Ribeiro Júnior 2, Rafael L. R.

Fundamentos do Controle Estatístico do Processo

Controle Estatístico de Processos Multicanal

COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO ENTRE OS GRÁFICOS DE CONTROLE X-BARRA E T - STUDENT VARIANDO- SE O NÚMERO E O TAMANHO DAS AMOSTRAS

Emprego de Técnicas Estatísticas para Validar a Hipótese de Independência em Gráficos de Controle

Qualidade na empresa. Fundamentos de CEP. Gráfico por variáveis. Capacidade do processo. Gráficos por atributos. Inspeção de qualidade

DESEMPENHO DE CARTAS DE CONTROLE NÃO PARAMÉTRICAS PARA MEDIDAS INDIVIDUAIS BASEADAS EM NÚCLEO ESTIMADORES

Especialização em Métodos Estatísticos Computacionais

CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO: ABORDAGEM MULTIVARIADA PARA MEDIDAS INDIVIDUAIS

Obtenção do NMA do Gráfico de Controle de Regressão

ROBERTO CAMPOS LEONI ESTUDO DO DESEMPENHO DOS GRÁFICOS DE CONTROLE QUANDO A MÉDIA DO PROCESSO OSCILA DE ACORDO COM O MODELO AR(1)

Gráficos de controle de Shewhart para o monitoramento de um processo de fixação de vidro automotivo

Cartas de controle para variáveis

4 Medida de desempenho do gráfico de controle

CONTROLE ESTATÍSTICO DE QUALIDADE

4 Análise de Desempenho dos Gráficos tipo Shewhart para o Controle Estatístico da Dispersão

Gráfico de Controle por Variáveis

PROJETO ESTATÍSTICO DO GRÁFICO DE CONTROLE DE X_BARRA COM TAMANHO DA AMOSTRA E INTERVALO VARIÁVEIS

Fundamentos do Controle Estatístico do Processo

Método de estimativa dos limites da carta de controle não paramétrica que monitora simultaneamente a média e variância

PREVISÃO E CONTROLE DE ENERGIA

Índices de capacidade do processo: comparação entre índices tradicionais e índices para gráficos de controle de regressão

CADERNOS DO IME Série Estatística

Eixo Temático: Estratégia e Internacionalização de Empresas ANÁLISE DE PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DOS GRÁFICOS CUSUM E EWMA

SIMPÓSIO BRASILEIRO DE PESQUISA OPERACIONAL 8 a 11 de novembro de 2002, Rio de Janeiro/RJ A PESQUISA OPERACIONAL E AS CIDADES

6 Referências bibliográficas

ANÁLISE DE SENSIBILIDADE DO MODELO ECONÔMICO- ESTATÍSTICO PARA O GRÁFICO X COM PARÂMETROS VARIÁVEIS

Em geral, as cartas de controle são otimizadas quando cada observação vem de uma distribuição normal, cada observação é independente e e apenas

Controle de Qualidade

Gráficos de Controle (X, R, S, CUSUM e EWMA)

Controle Estatístico de Processos - CEP

XI CONSIDERAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DO CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSOS EM EMPRESAS DE SANEAMENTO E O EFEITO DA AUTOCORRELAÇÃO

2 Controle Estatístico de Processos

UMA ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DO GRÁFICO DE CONTROLE POR GRUPOS PARA A MÉDIA EM RELAÇÃO AO MODELO DE SHEWHART, EM PROCESSOS PARALELOS E AUTOCORRELACIONADO

A cadeia de Markov no monitoramento, via inspeção por atributos, de processos autocorrelacionados: o programa SCAP- módulo AI

The use of the Exponentially Weighted Moving Average statistical for the predictive control, monitoring and adjustment processes

PLANEJAMENTO DO GRÁFICO ADAPTATIVO DE CONTROLE DE X COM APOIO DO AMBIENTE R. Roberto Campos Leoni a*

Avaliação dos processos de amostragem de inspeção para atributos no setor de matéria prima na indústria farmacêutica local

Capacidade binominal e capacidade de Poisson

BRUNO CHAVES FRANCO. Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Branco Costa Coorientadora: Prof a. Dr a. Marcela Aparecida Guerreiro Machado

Estabilidade Número de subgrupos Tamanho do subgrupo Variação esperada Neste artigo, nós investigamos como um gráfico de controle atributo se

BRUNO CHAVES FRANCO PLANEJAMENTO ECONÔMICO DE GRÁFICOS DE CONTROLE X PARA MONITORAMENTO DE PROCESSOS AUTOCORRELACIONADOS

NMA do gráfico de controle de regressão com parâmetros estimados

Probabilidade do erro do tipo I nas cartas

Especialização em Métodos Estatísticos Computacionais

ROBERTO AUGUSTO CARRÉ GRÁFICOS DE CONTROLE PARA O MONITORAMENTO DE PROCESSOS MULTIVARIADOS AUTOCORRELACIONADOS

8 Referências bibliográficas

UM ESTUDO SOBRE O DESEMPENHO E EFICIÊNCIA DO GRÁFICO DE CONTROLE POR GRUPOS EM PROCESSOS PARALELOS

Cartas de controle de atributo

Gráficos de Controle

Ajuste do modelo de regressão linear: Inferência Bayesiana, aspectos computacionais e seleção de variáveis.

Capacidade de Processo

Gráfico de Controle por Atributos

( ) Estimação do valor em risco (VaR) de uma carteira de ativos através de método bayesiano. α, é definido como:

I APLICAÇÃO DE CONTROLE ESTATÍSTICO DE PROCESSO PARA AVALIAR O PARÂMETRO TURBIDEZ EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA

Previsão e monitoramento do preço das ações do Bradesco

O EFEITO DA AUTOCORRELAÇÃO NO DESEMPENHO DO GRÁFICO T 2 DE HOTELLING: CASO BIVARIADO

Transcrição:

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010. GRÁFICOS DE CONTROLE DE XBARRA PARA O MONITORAMENTO DE PROCESSOS AUTOCORRELACIONADOS COM REGRA ESPECIAL DE DECISÃO Alex Ferrari Monteiro (FEG-UNESP) montyrex2@hotmail.com Antônio Fernando Branco Costa (FEG-UNESP) fbranco@feg.unesp.br Este trabalho tem como finalidade estudar as propriedades de uma nova geração de gráficos de Shewhart, destinados ao monitoramento de processos de produção em que a qualidade dos itens produzidos é avaliada pelos valores de uma característiica mensurável X. Para esta nova geração de gráficos de Shewhart, propoe-se que a amostragem seja realizada, em um primeiro momento, com regra especial de decisão e em um segundo momento, como um processo autocorrelacionado. Na regra especial de decisão, é feita uma média de n valores, e este valor médio é comparado com os limites do gráfico de Shewhart para observações individuais. Se este ponto médio cair fora dos limites de controle e ser menor ou igual a um L estabelecido, ocorre um alarme e o processo retorna ao início, caso contrário, o processo continua até obter este alarme. Neste projeto, propomos que o alarme ocorra apenas quando um segundo ponto cair fora dos limites de controle, e sob a condição de que este ponto seja menor ou igual a um L estabelecido. Tal estratégia de decisão observa-se na prática, pois, em geral, o usuário se sente inseguro em interromper o processo logo após a ocorrência do primeiro ponto fora dos limites de controle. No processo autocorrelacionado, o parâmetro X é dependente de um X anterior através de um coeficiente autoregressivo.neste processo os parâmetros do modelo autoregressivo são conhecidos e a autocorrelação é positiva. O desempenho das cartas de controle é medido pelo NMA - número médio de amostras até o sinal (Costa et al. 2005). Por meio de simulações, pretende-se estudar o desempenho dos gráficos de Shewhart com regra especial de decisão e autocorrelação. Palavras-chaves: Gráfico de Shewhart, Limites de Controle, Processo Autocorrelacionado, Regra Especial de Decisão

1. Introdução e Justificativa Os gráficos de controle surgiram em 1924, quando Shewhart, então funcionário da Bell Laboratories, publicou relatório técnico visando divulgar os fundamentos de uma técnica estatística destinada ao monitoramento de processos. No início, como era de se esperar, poucos acreditaram no potencial desta nova técnica. Pouco a pouco, no entanto, os gráficos de controle ganharam fama de serem ferramentas poderosas de monitoramento. A década de 70 pode ser considerada como a década dos gráficos de Shewhart; o lema da época era: só se assegurar qualidade de processos que estejam sob o monitoramento de gráficos de Shewhart. Esta intensa utilização dos gráficos de Shewhart teve seu lado bom e seu lado ruim. O lado bom foi que o uso intenso dos gráficos de controle facilitou a divulgação de diversas técnicas estatísticas, especialmente desenvolvidas para o monitoramento de processos industriais. O lado ruim foi que, em função da pressão natural gerada pelo modismo da época, os gráficos de Shewhart passaram a ser utilizados de forma indevida, ou pior, em situações desnecessárias, caindo assim no descrédito. Ainda hoje, se sente o efeito deste modismo. De acordo com os fundamentos estabelecidos por Shewhart, sempre que um ponto é plotado fora dos limites de controle do gráfico, o responsável pelo processo deve interrompê-lo imediatamente, visando encontrar causas especiais que afetam a qualidade dos produtos, exemplo, um desgaste de ferramenta que altera a dimensão dos eixos que estão sendo manufaturados. Na prática, contudo, poucos são aqueles que seguem a regra estabelecida por Shewhart, a grande maioria prefere esperar o surgimento de um segundo ponto na região de ação, e além disso, só tomam a decisão drástica de parar o processo se este ponto não estiver muito longe do primeiro. Em função desta realidade, Wu e Spedding (2000) têm proposto um gráfico de Shewhart com regra especial de decisão conhecido como Synthetic Control Chart. Quando os gráficos de Shewhart estão em uso, uma amostra de tamanho n é extraída da linha de produção a cada intervalo de tempo h. Então, para cada amostra, obtém-se um ponto que corresponde ao valor de uma estatística de monitoramento, por exemplo, a média da amostra X. O gráfico de Shewhart sinaliza uma deterioração do processo sempre quando um ponto cai em sua região de ação; alternativamente, o Synthetic Control Chart sinaliza somente quando um segundo ponto cai na região de ação, e sob a condição de que o número de amostras entre os dois pontos que caíram na região de ação, não seja superior a um L estabelecido. O Synthetic Control Chart que aqui chamaremos de Gráfico de Shewhart com Regra Especial de Decisão, tem sido objeto recente de pesquisa, ver Wu e Spedding (2000, 2000a), Wu e Yeo (2001), Wu et al. (2001), Calzada e Scariano (2001), ou Davis e Woodall (2002). As cartas de controle são habitualmente planejadas e avaliadas assumindo que observações consecutivas do processo são independentes e identicamente distribuídas (i.i.d.), entretanto esta hipótese é freqüentemente violada na prática, pois observações da variável de monitoramento de muitos processos são correlacionadas. Os processos de manufatura, em geral, são regidos por elementos inerciais, e quando o intervalo entre observações torna-se pequeno em relação a estas forças, elas se tornam correlacionadas ao longo do tempo (Montgomery, 2001). Se a autocorrelação na variável sob monitoramento é uma causa especial, deve-se tentar eliminá-la. Por outro lado, se ela é parte inerente da variabilidade resultante de causas comuns e não pode ser removida, deve-se levá-la em consideração no planejamento das cartas de controle, evitando-se estimativas incorretas de seus parâmetros, que refletem em aumento na 2

taxa de alarmes falsos ou no número de amostras necessárias para detecção de deslocamentos na média do processo (VANDER WIEL, 1996; REYNOLDS & LU, 1997; VAN BRACKLE, III & REYNOLDS, 1997; LU & REYNOLDS, 1999). 2. Descrição do Modelo e Resultados Obtidos Amostras de tamanho n são periodicamente retiradas do processo para a mensuração de uma determinada característica de qualidade X que segue o seguinte modelo de autocorrelação. X X, t=1,2,3,...,n (1) t t 1 Em processos autocorrelacionados, os limites de controle dependem diretamente do parâmetro, ou seja, quanto maior o valor deste parâmetro, os limites de controle serão mais largos, para uma mesma taxa de alarmes falsos. Neste estudo fixou-se um risco com alarmes falsos de 0,0027, ou seja, em média se tem um alarme falso a cada 370,4 amostras. Por meio de simulações (10.000 corridas) obtiveram-se os limites do gráfico de controle para n=4, e de 0,2, 0,5 e 0,7. O código computacional para a obtenção, por meio de simulações, das propriedades dos gráficos de Shewhart de X com regra especial de decisão e para processos autocorrelacionados foi desenvolvido em linguagem FORTRAN. Sem perda de generalidade consideramos o tamanho das amostras n = 4, o desvio padrão do processo = 4 e a média em controle 0 = 1000. O código foi testado por meio de comparações com resultados teóricos obtidos por Davis e Woodall (2002), para regra especial de decisão e observações independentes. Na Tabela 1 são comparados os valores de K, fator de abertura dos limites de controle do gráfico de X, obtidos teoricamente e por meio de simulações. t L k teórico k simulação Erro(%) 2 2,088 2,080 0,383 3 2,164 2,155 0,416 4 2,218 2,195 1,037 5 2,263 2,245 0,795 6 2,295 2,275 0,871 7 2,322 2,305 0,732 8 2,349 2,325 1,022 9 2,367 2,345 0,929 10 2,385 2,365 0,839 Tabela 1 Fator K de abertura dos limites de controle, obtidos teoricamente e por meio de simulações Na Tabela 2, são comparados os valores teóricos e os obtidos por simulação, dos nmas - número médio de amostras até o sinal com o processo em controle (caracterizado por uma média igual a 1000,0 e desvio padrão de 4,0). L LIC LSC Nmas teórico Nmas calculado Erro (%) 2 995,824 1004,176 376,2 370,126 1,615 4 995,564 1004,436 369,0 370,055 0,286 6 995,410 1004,590 372,5 372,584 0,023 8 995,302 1004,698 376,7 376,912 0,056 10 995,230 1004,770 370,0 372,092 0,566 Tabela 2 Valores de nmas e erro percentual para = 1000 (processo em controle) 3

Na Tabela 3, são comparados os valores teóricos e os obtidos por simulação, dos nmas - número médio de amostras até o sinal com o processo fora de controle (caracterizado por uma média igual a 1004,0 e desvio padrão de 4,0). L LIC LSC Nmas teórico Nmas calculado Erro (%) 2 995,824 1004,176 3,0 2,9531 1,563 4 995,564 1004,436 2,7 2,7535 1,981 6 995,410 1004,590 2,8 2,7406 2,121 8 995,302 1004,698 2,8 2,8115 0,411 10 995,230 1004,770 2,9 2,9142 0,490 Tabela 3 Valores de nmas e erro percentual para = 1004 De acordo com as Tabelas 1, 2 e 3, o erro percentual entre valores teóricos e os obtidos por simulação é pequeno, validando assim o uso do código computacional, e a estratégia de simulação, para o estudo do desempenho do gráfico de X com regra especial de decisão no monitoramento de processos autocorrelacionados. Cumpre informar que, para observações autocorrelacionadas, até o momento ainda não se tem expressões teóricas dos nmas. O erro percentual foi obtido da seguinte maneira: V V Erro % V T S 100 (2) sendo V T o valor teórico e V s o valor obtido por simulação. Uma vez obtidos os limites de controle para o processo independente, adota se o mesmo procedimento para obter os limites de controle para processos autocorrelacionados. Neste novo caso é necessário levar em conta o coeficiente de autocorrelação. São apresentados os limites de controle para de 0,2, 0,5, 0,7. Na Tabela 4 estão os limites de controle para o processo independente e autocorrelacionado com os valores de citados acima. = 0,0 = 0,2 = 0,5 = 0,7 L LIC LSC LIC LSC LIC LSC LIC LSC 2 995,84 1004,16 995,14 1004,86 993,5002 1006,5000 991,9506 1008,0490 3 995,69 1004,31 995,96 1005,04 993,2800 1006,7200 991,6403 1008,3590 4 995,61 1004,39 994,84 1005,16 993,1199 1006,8000 991,4501 1008,5490 5 995,51 1004,49 994,74 1005,26 992,9397 1006,9800 991,3099 1008,6890 6 995,45 1004,55 994,65 1005,35 992,8196 1007,1000 991,1697 1008,8290 7 995,39 1004,61 994,60 1005,40 992,7395 1007,1800 991,0596 1008,9390 8 995,35 1004,65 994,52 1005,48 992,6794 1007,2400 990,9695 1009,0290 9 995,31 1004,69 994,49 1005,51 992,6093 1007,3100 990,9094 1009,0890 10 995,27 1004,73 994,46 1005,54 992,5593 1007,3600 990,8293 1009,1690 Tabela 4 Limites de controle para processos independente e autocorrelacionado com = 0,2, 0,5 e 0,7 A Tabela 4 mostra quanto os limites se alargam com o valor de em relação os limites de controle para o processo independente. Pode se notar que quanto maior o maior o alargamento dos limites de controle. Obtidos os limites de controle, foi criado um novo programa que calcula o número médio de amostras até o sinal para processos autocorrelacionados. As entradas deste programa são os limites inferiores e superiores obtidos e o parâmetro. Em alguns casos foi necessário fazer um ajuste fino nos limites de controle, pois alguns nmas estavam fora do intervalo considerado como satisfatório (entre 369 e 371, com o processo ajustado). Tal ajuste fino T 4

Nmas Nmas consiste em alargar os limites de controle quando o nmas for menor que 369 e estreitar os mesmos quando o nmas for maior que 371. As Figuras 1, 2, 3 e 4 mostram os nmas para diferentes desajustes na média para cada e diferentes valores de L. Estes nmas foram obtidos com os limites ajustados. 1000 100 fi = 0,0 fi = 0,2 fi = 0,5 10 fi = 0,7 1 1000 1001 1002 1003 1004 1005 1006 1007 Média Figura 1 Nmas x Média para L = 2 1000 100 fi = 0,0 fi = 0,2 fi = 0,5 10 fi = 0,7 1 1000 1001 1002 1003 1004 1005 1006 1007 Média Figura 2 Nmas x Média para L = 4 5

Nmas Nmas 1000 100 fi = 0,0 fi = 0,2 fi = 0,5 10 fi = 0,7 1 1000 1001 1002 1003 1004 1005 1006 1007 Média Figura 3 Nmas x Média para L = 6 1000 100 fi = 0,0 fi = 0,2 fi = 0,5 10 fi = 0,7 1 1000 1001 1002 1003 1004 1005 1006 1007 Média 3. Comentários e Conclusões Figura 4 Nmas x Média para L = 8 O aumento da autocorrelação torna o gráfico de controle lento, ou seja, ele demora para detectar alterações no processo.uma maneira de reduzir este efeito da autocorrelação consiste em se trabalhar com a regra de decisão que sinaliza somente quando um segundo ponto cai na região de ação, e sob a condição de que o número de amostras entre os dois pontos que caíram na região de ação, não seja superior a um L estabelecido. Em geral, maiores valores de L tornam o gráfico mais ágil na sinalização. Referências CALZADA, M.E.; SCARIANO, S.M. The Robustness of the Synthetic Control Chart to Non-normality. Comminications in Statistics: Simulation and Computation 30, p. 311-326, 2001. 6

COSTA, A.F.B. Joint Economic Design of X and R Control Charts for Processes Subject to Two Independent Assignable Causes. IIE Transactions, v. 25, p. 27-33, 1993. COSTA, A. F. B. Joint X and R Charts with Variable Parameters. IIE Transactions, v. 30, p. 505-514, 1998. COSTA, A. F. B. Joint X and R Charts with Variable Sample Sizes and Sampling Intervals. Journal of Quality Technology, v. 31, p. 387-397, 1999. COSTA, A.F.B.; RAHIM, M. A. Economic Design of X and R Charts Under Weibull Shock Models. Quality and Reliability Engineering International, v. 16, p. 143-156, 2000. COSTA, A.F.B.; RAHIM, M. A. Economic Design of Charts with Variable Parameters: the Markov Chain Approach. Journal of Applied Statistics, v. 28, No 7, p. 875-885, 2001. COSTA, A.F.B.; RAHIM, M. A. Joint X and R Charts with Two Stage Samplings. Quality and Reliability Engineering International, v. 20, p. 699-708, 2004. COSTA, A.F.B.; RAHIM, M. A. Monitoring Process Mean and Variability with One Non-Central Qui-Square Chart. Journal of Applied Statistics, v. 31, No 10, p. 1171-1183, 2004a. COSTA, A.F.B.; RAHIM, M. A. The Non-central Chi-square Chart with Two Stage Samplings. European Journal of Operation Research, in press, 2005. COSTA, A.F.B.; De MAGALHÃES, M.S. O Uso da Estatística de Qui-quadrado no Monitoramento de Processos. Gestão&Produção, (submetido), 2005. COSTA, A.F.B; EPPRECHT E.K; CARPINETTI, L.C.R Controle Estatístico de Qualidade, Editora Atlas, 2ª edição, 2005. COSTA, A.F.B.; De MAGALHÃES, M.S.; EPPRECHT E.K. The Non-central Chi-square Chart with Double Sampling to Control the Process Parameters. Brazilian Journal of Operation and Production Management (submetido), 2005. DAVIS, R.B.; WOODALL, W.H. Evaluating and Improving the Synthetic Control Chart. Journal of Quality Technology, v. 34, p. 200-208, 2002. MONTGOMERY, D. C.; Introduction to Statistical Quality Control, 4 th ed., New York: John Wiley and Sons, 674 p., 2001. MONTGOMERY, D. C.; MASTRANGELO, C. M.; Some statistical process control methods for autocorrelated data; Journal of Quality Technology, v.23, p.179-193, 1991. RAHIM, M. A.; COSTA, A. F. B. Joint Economic Design of X and R Charts Under Weibull Shock Models. International Journal of Production Research. v. 28, p. 2871-2889, 2000. REYNOLDS, M. R.; STOUMBOS, Z.G. Monitoring the Process Mean and Variance Using Individual Observations and Variable Sampling Intervals. Journal of Quality Technology, v. 33, p. 181-205, 2001. REYNOLDS, M. R.; STOUMBOS, Z.G. Control Charts and the Efficient Allocation of Sampling Resources. Technometrics, v.46, p. 200-214, 2004. REYNOLDS, M. R. Jr., LU, C.-W.; Control charts for monitoring processes with autocorrelated data, Nonlinear Analysis, Theory, Methods & Applications, v.30, p.4059-4067, 1997. VAN BRACKLE, III, L. N., REYNOLDS, M. R. Jr., EWMA and CUSUM control charts in the presence of correlation, Communication in Statistics- Simulation and computation, v.26, p.979-1008, 1997. VANDER WIEL, S.A., Monitoring process that wander using integrated moving average models, Technometrics, v.38, p.139-151, 1996. WU, Z.; SPEDDING, T.A. A Synthetic Control Chart for Detecting Small Shifts in the Process Mean. Journal of Quality Technology, v. 32, p. 32-38, 2000. WU, Z.; SPEDDING, T.A. Implementing Synthetic Control Charts. Journal of Quality Technology, v. 32, p. 75-78, 2000a. 7

WU, Z.; YEO, S.H. Implementing Synthetic Control Charts for Attributes. Journal of Quality Technology, v. 33, p. 112-114, 2001. WU, Z.; YEO, S.H.; SPEDDING, T.A. A Synthetic Control Chart for Detecting Fraction Nonconforming Increases. Journal of Quality Technology, v. 33, p. 104-111, 2001. 8