Nº 43 - Setembro 2007 O consumo mundial de energia primária em 2006 foi um pouco inferior a onze mil milhões de toneladas (oil equivalent), repartido pelas diversas fontes a seguir ilustradas. Consumo de Energia Primária - 2006 (Repartição das Fontes) Nuclear Hidroelectricidade Carvão 28% Petróleo 3 Gás Natural 24% Nota: Exclui energia eólica, geotérmica e solar, bem como lenhas e biomassas Observando o enorme peso relativo do petróleo e do gás não é de estranhar que o conflito do Iraque e toda a sua envolvente geopolítica tenha trazido a debate, mais uma vez, a questão da dependência do petróleo e do gás natural. Av. Engº Duarte Pacheco - Amoreiras - Torre 2, 6º piso, sala 1-1070-102 LISBOA Telef. 213 844 065 Fax 213 844 075 E-mail: apetro@mail.telepac.pt
Achamos, portanto, que seria de interesse apresentar de novo alguns dados relevantes para o conhecimento da situação mundial no que respeita a: consumo produção reservas O consumo mundial de energia primária cresceu significativamente (2,4%) em 2006, em resultado do bom desempenho da economia mundial e um pouco acima da média anual dos 2,1% entre 1996 e 2006. 12.000 11.000 Consumo Mundial de Energia Primária (Evolução) Milhões de Toneladas (oil equivalente) 10.000 9.000 8.000 7.000 6.000 5.000 4.000 3.000 2.000 1.000 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 No petróleo, o crescimento do consumo foi positivo (0,7%) e as previsões de Agência Internacional de Energia apontam para crescimentos significativos na próxima década e seguintes. Isto é, passarmos dos actuais 84 milhões de barris diários para 99 milhões em 2015. O que se traduz por um aumento de cerca de 18%. 2
Consumo Mundial de Petróleo (Evolução) 90 80 Milhões de barris diários 70 60 50 40 30 20 10 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Mas não se trata de um crescimento homogéneo à escala mundial. Há vinte anos, apenas um em cada seis barris produzidos era consumido na Ásia. Agora é um em cada três. Outras regiões aumentarão também as suas necessidades devido ao efeito combinado do crescimento demográfico e do desenvolvimento económico. Simultaneamente, os países mais desenvolvidos investirão cada vez mais na utilização mais eficiente de energia, bem como na promoção do uso de combustíveis alternativos, o que contribuirá para a diminuição do seu peso relativo, mas ainda dominante, no consumo, como se ilustra a seguir. Consumo Mundial de Petróleo - 2006 por Área Geográfica América Central e do Sul Ex-URSS 5% África 3% Outras 2% Médio Oriente 7% Ásia Pacifico 30% UE 18% América do Norte 29% 3
Perante este panorama de consumo é justificável que se questione até quando podem as energias fosseis continuar a garantir as necessidades crescentes da economia mundial. Estarão ainda na lembrança alguns relatórios de fontes então consideradas muito credíveis, que apontavam para a exaustão, nomeadamente do petróleo, para finais do século XX. No entanto, os progressos notáveis da Indústria Petrolífera permitiram não só ir satisfazendo as necessidades crescentes, mas também a descoberta de novas jazidas (incluindo o shale oil descoberto no Canada) que garantem a produção continuada por mais cerca de 50 anos. As reservas conhecidas e provadas no final de 2006 eram de 1,4 mil milhões de barris e 181 triliões de metros cúbicos de gás natural. Mas mais que o seu valor absoluto, o que motiva o debate sobre este assunto é a sua localização. Distribuição das reservas mundiais 2006 ( /litro) Petróleo (%) Gás Natural (%) Médio Oriente 61 41 EU - 25 1 3 Ásia Pacífico 3 8 América Norte 5 4 Ex-União Soviética 11 32 África 10 8 América Central e Sul 9 4 Os dados mostram que um pouco menos de dois terços das reservas conhecidas de petróleo estão concentradas no Médio Oriente. Acresce a este facto, os custos de produção nesta zona serem significativamente mais baixos que noutras regiões. É também onde a flexibilização dos níveis de produção é mais fácil, devido à maturidade dos campos e à tecnologia utilizada. Daí a capacidade de países como a Arábia Saudita nivelarem a sua produção de acordo com os seus próprios interesses e as necessidades do mercado. 4
No caso do gás natural, a situação é bipolar, com os territórios correspondentes à ex-união Soviética e o Médio Oriente a repartirem quase igualmente entre si, perto de três quartos das reservas conhecidas. A Indústria Petrolífera encara tranquilamente esta questão das reservas, sendo muito importante compará-las com o ritmo de produção. Usando o exemplo já de 2006, a taxa de substituição das reservas foi próxima dos 100%, mantendo-se o rácio produção/reservas inalterável desde 1987. Não é, portanto, prevísivel que a falta de reservas energéticas fosseis possa vir a interferir de forma negativa no desenvolvimento económico mundial. A Indústria Petrolífera está empenhada em compatibilizar o crescimento económico e a melhoria dos níveis de vida com o desejo de preservar o meio ambiente. Continuaremos a trabalhar no sentido de tornar as energias renováveis economicamente viáveis e, simultaneamente, estaremos empenhados na redução do impacto ambiental da energia assente no carbono. A Indústria Petrolífera tem o compromisso de potenciar a melhor utilização dos combustíveis fosseis e, simultaneamente incentivar o desenvolvimento das energias renováveis e combustíveis alternativos. Uma última questão nesta caracterização do quadro das energias fosseis é o preço. Tendo-se mantido um equilíbrio razoável entre a oferta e a procura, e sem razão para preocupações excessivas com restrições a curto/médio prazo, são, sobretudo factores psicológicos, baseados em receios pontuais, que provocam a volatilidade dos preços. E é interessante referir que as grandes Companhias petrolíferas, muitas vezes acusadas de serem agentes dessa volatilidade, têm uma quota de produção muito modesta inferior a 10% - sem capacidade de facto de intervirem decisivamente na formação dos preços. Fonte: BP Statistical Review 2006 5