Estudo de áreas para implantação de aterro sanitário no Maciço de Baturité

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Transcrição:

Estudo de áreas para implantação de aterro sanitário no Maciço de Baturité Halline Maria Garantizado dos Santos (1) ; Luana da Silva Moreira (1) ; Márcio Henrique da Costa Freire (1) ; Rafaella da Silva Nogueira (2) (1) Estudante de graduação do curso de Agronomia; Instituto de Desenvolvimento Rural da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira-UNILAB; Redenção, Ceará, Avenida da Abolição Nº3, Centro, Brasil, CEP 62.790-000, hallinemrigs@hotmail.com; moreiraluana63@gmail.com; marciohcfreire@gmail.com. (2) Professora Adjunta do Instituto de Desenvolvimento Rural, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira-UNILAB; Redenção, Ceará, Avenida da Abolição Nº3, Centro, Brasil, CEP 62.790-000, rafaellanogueira@unilab.edu.br RESUMO: Na maioria das cidades, os resíduos sólidos têm como rumo final depósitos nos quais o lixo é simplesmente descarregado sem qualquer tratamento, e em alguns casos, também são dispostos resíduos industriais e de serviços de saúde, de forma descontrolada, e sem medidas prévias de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. O presente trabalho tem por objetivo avaliar e selecionar áreas mais adequadas para possível instalação de aterro sanitário no Maciço de Baturité utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG). Foram utilizados métodos baseados na manipulação de informações ambientais e técnicas no SIG, bem como a identificação de outras áreas propícias para a implantação de aterro sanitário, após comprovada todas as suas irregularidades. A área de estudo foi a cidade de Baturité, localizada no maciço de mesmo nome, onde o mesmo constitui um dos mais importantes enclaves da mata úmida do estado do Ceará. Ao final da elaboração dos mapas com as restrições de áreas, eles foram cruzados utilizando o SIG, gerando um mapa contendo todas as restrições, onde verificou que da área total do município apenas 2,6% está disponível para a implantação do aterro. Termos de indexação: resíduos sólidos, geoprocessamento e diagnóstico ambiental. INTRODUÇÃO Na maioria das cidades os resíduos sólidos têm como destino final depósitos nos quais o lixo é simplesmente descarregado sem qualquer tratamento, e em alguns casos, também são dispostos resíduos industriais e de serviços de saúde, de forma descontrolada, e sem medidas prévias de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública, além da poluição visual, mau cheiro e desvalorização imobiliária da região, entre outros. Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (1997), resíduo nos estados sólido e semissólido são resultantes das atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição, incluindo-se os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e esgoto, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2012), 37% do lixo coletado nas zonas urbanas são depositados em aterros sanitários, 36,2% encaminhados para aterros controlados, 22,5% em lixões a céu aberto, 2,9% em compostagem, 1% passam por coleta seletiva e 0,5% são queimados em incineradores. Conforme o CONDER (2009), os aterros sanitários são alternativas eficazes e de baixo custo, sendo definidos como equipamentos projetados para receber e tratar o lixo produzido pelos habitantes de uma cidade, com base em estudos de engenharia, para reduzir ao máximo os impactos causados ao meio ambiente. No Brasil, os critérios para localização de aterros sanitários como distâncias de rios, estradas, perímetro urbano, unidades de conservação e aeroportos, pouca ou nenhuma declividade do terreno, tamanho da área e vias de acesso em perfeitas condições, dentre outros, estão sistematizados na NBR 13.896, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT,1997). Gregório et al (2013) afirma que o Sistema de Informações Geográficas (SIG) é uma ferramenta importante para a seleção de áreas para a implantação do aterro visto que viabiliza o monitoramento e gerenciamento

deste ao permitir a combinação das diversas informações georreferenciadas, combinando a área ideal para a possível instalação de aterros sanitários de forma segura e eficaz. Doravante, o presente trabalho tem por objetivo avaliar e selecionar áreas mais adequadas para possível instalação de aterro sanitário no Maciço de Baturité utilizando o Sistema de Informação Geográfica (SIG). MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido para a cidade de Baturité (Figura 1), localizada na região do Maciço de Baturité que representa atualmente, segundo Nascimento et al. (2010), um dos mais importantes enclaves da mata úmida do estado do Ceará. Figura 1 Mapa de localização da microrregião do Maciço de Baturité no estado do Ceará. A região Maciço de Baturité possui 13 municípios divididos em 3 áreas homogêneas, são elas: a sub-região serrana, a dos vales/sertões e a sub-região de transição. Onde, na mesma, alterna-se a vegetação mata atlântica e caatinga, tendo a pluviosidade média, de aproximadamente 800mm por ano, em todo do território. A cidade de Baturité está localizada na sub-região dos vales/sertão, com solos férteis, com predominância de planossolo e podzólico vermelho-amarelo. Alguns reservatórios de água, como o açude Tijuquinha bem como rios e afluentes, como o Rio Putiú, Aracoiaba e o riacho Larges. O município de Baturité tem 308,6 km2 de extensão territorial, com densidade demográfica de 35.154 habitantes (IBGE, 2016). Na parte de serra da cidade a vegetação é perenifólia, caracterizada pela mata atlântica e protegida pela APA (Área de Proteção Ambiental) do Maciço de Baturité, já nas demais áreas do município a vegetação se dá por mata arbustiva e caducifólia, característica da caatinga. Base de dados O presente estudo foi realizado durante o período de 06 a 20 de junho de 2017, onde foi executada a coleta de dados, manipulação dos mesmos e tratamentos digitais com a utilização dos materiais necessários e disponíveis. Sendo assim, elaborado, a priori, o georreferenciamento cartográfico de toda a área da cidade de Baturité. Desse modo, obtendo os seguintes mapas: mapa da cobertura vegetal da APA (Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Ceará SEMA - CE), das redes viárias (Ministério dos transportes, portos e aviação) e áreas de drenagens (Ministério do Meio Ambiente - MMA), elevação (Missão Topográfica Radar Shuttle - SRTM Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA), dos limites municipais (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE) e do perímetro urbano (demarcação na imagem de satélite). Com o Sistema de Informação Geográfica (SIG) foi montado o banco de informações digital e foram estabelecidos critérios restritivos considerados mais relevantes para a realização deste trabalho: declividade, estradas, áreas de drenagem, unidades de conservação e perímetro urbano. A imagem de satélite do município utilizado para a verificação da ocupação do solo foi a Landsat 8, datada

de agosto de 2016 e foram utilizados dois softwares de geoprocessamento: ArcGIS, por meio do arcmap, e o QGis. Em seguida foi criado um mapa para cada plano de informações, a fim de delimitar as áreas restritas. Critérios restritivos Declividade - Em áreas com declividades muito elevadas, o material inconsolidado torna-se instável e pode ser facilmente infiltrado por percolações. Como altas declividades dificultariam o escoamento dos resíduos líquidos, estabeleceu-se restrição para declividades superiores à 10% (Figura 2), conforme metodologia adotada por Gregório et al. (2013). Áreas de drenagem - Segundo a Portaria nº124 de 20 de agosto de 1980, recomenda-se que qualquer tipo de estrutura ou local que armazena substâncias poluidoras para os recursos hídricos devem estar a uma distância mínima de 200 metros dos corpos d água mais próximos, como visto na figura 3. Estradas - De acordo com Gregório et al. (2013), deve-se respeitar uma distância mínima de 100 metros de rodovias e estradas para a implantação de um aterro sanitário (Figura 4). Figura 2 Mapa de restrição de declividade para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará. Figura 3 Mapa de restrição de áreas de drenagem para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará Perímetro urbano Na figura 5, a distância do perímetro urbano delimita o quão apto estará o local para instalação para o aterro: quanto mais distante, mais apto o local. A distância dos aterros sanitários do perímetro urbanos visa afastar os impactos ambientais gerados pelos resíduos sólidos na natureza (Rafael & Witold, 2007).

Figura 4 Mapa de restrição de estradas para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará. Figura 5 Mapa de restrição de perímetro urbano para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará. Figura 6 Mapa de restrição de unidades de conservação para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará. Unidades de conservação - Para se evitar danos à natureza nas áreas de preservação ambiental (APA), adotou-se uma distância de 10 quilômetros como restrição mínima (Figura 6), conforme adotada por Gregório et al. (2013). Ao final da elaboração dos mapas com as restrições de áreas, eles foram cruzados utilizando o SIG (Figura 7), gerando um mapa contendo todas as restrições, sendo possível avaliar a melhor área para a instalação do aterro. Logo após adicionou-se a localização da (s) área(s) mais adequada(s).

Declividade Mapa de restrição final Áreas de drenagem Estradas Perímetro urbano Unidades de conservação Figura 7 - Esquema de cruzamento dos mapas de restrição. Fonte: Santos, Moreira, Freire e Nogueira. RESULTADOS E DISCUSSÃO A área de restrição para a implantação do aterro sanitário corresponde a 300,67 km 2, o que equivale à 97,4% do total, significando que apenas 7,93 Km 2 são locais aptos para a implantação do aterro. Segundo Portella & Ribeiro (2014), um aterro sanitário deve estar adequado ás restrições, pois o mesmo refere-se a uma forma ambientalmente correta de reunir o lixo, evitando que ocorra contaminação. Logo, as limitações que são impostas são mais uma forma de proteger o meio ambiente dos gases e do chorume que são expelidos pelos resíduos. Um dos principais problemas para a implantação destas construções é a sua manutenção, que muitas vezes os governos municipais não querem se responsabilizar, já que um aterro sanitário tem sua vida útil medida pelo tamanho da população, quantidade de resíduo produzido e capacidade da área utilizada. Contudo, verifica-se que é de suma importância a implantação de um aterro no município de Baturité, assim como na cidade de Timon no Maranhão, onde de acordo com Silva (2009), o aterro na cidade de Timon foi considerado um avanço político e ambiental, tendo em vista a manutenção da saúde pública do município e da preservação ambiental. Na identificação de uma nova área para a instalação do aterro sanitário observou-se que as áreas situadas entre os pontos 38 50'26"W 4 28'23"S (área em azul claro no mapa, na Figura 8) não possuem nenhuma restrição, sendo indicadas, portanto, por serem mais planas e por apresentarem solos mais desenvolvidos, profundos e velhos, sendo estes menos afetados pelos riscos de erosão. Além de não ter proximidade dos perímetros urbanos, das áreas de drenagens e das estradas movimentadas incluindo também a distância adequada da unidade de conservação presente na cidade de Baturité. Entretanto, mesmo com a precisão acentuada dos mecanismos de georreferenciamento, sabe-se da necessidade de serem realizadas pesquisas no local no que concerne às análises das características geológicas, litológicas e pedológicas para que se determine com exatidão o local mais adequado para a instalação do aterro, necessitando de estudos mais aprofundados. Evitando assim, locais propícios para a agricultura, próximo de corpos d água ou até mesmo casas que ficam distantes dos centros urbanos.

Figura 8 Mapa de restrição final para instalação de aterro sanitário na cidade de Baturité, Ceará. CONCLUSÕES O sistema de informação geográfica é um mecanismo importante e eficiente para a identificação de áreas propicias para a instalação de aterros sanitários. Em Baturité apenas 2,6% da área do município são aptas para a instalação do aterro sanitário. Um aterro sanitário é uma construção de extrema importância devido os altos índices de descarte de resíduos, onde ele irá favorecer o armazenamento e descarte adequado protegendo o ambiente, e futuramente podendo gerar algum retorno financeiro, no que concerne a reutilização da energia por ele gerada. REFERÊNCIAS BRASIL. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13896: Aterros de resíduos não perigosos critérios para projeto, implantação e operação procedimento. Rio de Janeiro, 1997. Disponível em: <www.abnt.gov.br> Acesso em: 12 jun. 2017 Governo do Estado da Bahia. Companhia de Desenvolvimento da Bahia - CONDER. Manual de operação de aterros sanitários. Disponível em: <www.conder.ba.gov.br>. Acesso em 20 jun. 2017. GREGÓRIO, B. de S. et al. Avaliação de áreas para instalação de aterro sanitário no município de Barreiras, Bahia. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, Paraná: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE, 2013. p. 842-849. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2012. Disponível em: <http://brasilemsintese.ibge.gov.br/habitacao/características-dos-domicilios2012. > Acesso em 20 jun. 2017. Ministério do Interior. Portaria nº 124 de 20 de agosto de 1980. Disponível em: <http://www.ipef.br/legislacao/>. Acesso em 20 jun. 2017. PORTELLA, M. O. & RIBEIRO, J. C. J. Aterros sanitários: aspectos gerais e destino final dos resíduos. Revista Direito Ambiental e sociedade, 4:115-134, 2014 RAFAEL, L. F. A. & WITOLD, Z. Incorporação de aterros a áreas urbanas. Boletim técnico da escola Politécnica da USP, BT/PCC/466, 2007, 28p. SILVA, E. A. da. O aterro sanitário de Timon MA e sua importância para a conservação do meio ambiente. 2009. Disponível em: <http://www.emater.pi.gov.br/artigo.php?id=663>. Acesso em 13 jun. 2017.