AVALIAÇÃO DE UM EDIFÍCIO EXISTENTE ESTUDO DE CASO EM UM LABORATÓRIO UNIVERSITÁRIO PAULISTA

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE UM EDIFÍCIO EXISTENTE ESTUDO DE CASO EM UM LABORATÓRIO UNIVERSITÁRIO PAULISTA Carolina Pardo Miceli Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental CEATEC Carol_pardo_miceli@yahoo.com.br Resumo: O desenvolvimento do setor da construção tem impulsionado a busca de novas tecnologias para proporcionar a otimização dos sistemas envolvidos no trabalho civil. A maioria das falhas em sistemas de construção se origina nos processos de concepção e execução. A correta definição de requisitos do sistema é essencial, para o sucesso do projeto inteligente e verde. Existem alguns requisitos gerais na definição dos sistemas de construção que necessitam ser considerados, tais como: padrão de qualidade, custo, economia de insumos, nível tecnológico, durabilidade, segurança, facilidade de operação e manutenção. Na pesquisa relatada foi realizada a pesquisa bibliográfica e, a identificação da aplicabilidade de conceitos de zoneamento bioclimático e desempenho em edifícios, para torná-los mais sustentáveis. Como estudo de caso, foi analisado o edifício dos laboratórios de solos da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), localizada em Campinas - SP. I- dentificando alguns possíveis resultados com o uso das normas da ABNT-NBR 15220 Desempenho térmico de edificações e ABNT-NBR Edificações Habitacionais - Desempenho. Por fim, são sugeridas medidas a serem tomadas para obtenção de certificação ambiental, garantindo a reforma da edificação em conformidade com os critérios de sustentabilidade. Palavras-chave: Conforto Térmico, Zoneamento Bioclimático, Sustentabilidade. Área do Conhecimento: Construção Civil Engenharias I CNPq. 1. INTRODUÇÃO Pesquisas relatam que o Brasil possui um grande déficit habitacional, que gira em torno de sete milhões de habitações. Tal fato apenas reflete a necessidade urgente de moradias. Existe ainda uma parcela das moradias existentes que ainda carecem de uma readequação das condições mínimas necessárias. A necessidade constante de construção de novas moradias não deve diminuir o cuidado na fase de projeto das residências. Atualmente, ao se investigar as construções existentes, observa-se que boa parte Patricia Stella Pucharelli Fontanini Tecnologia do Ambiente Construido CEATEC patricia.stella@puc-campinas.edu.br foi realizada de maneira negligente, tanto em relação à qualidade de vida, quanto com o meio-ambiente. O acelerado crescimento da sociedade, impacta exigências ambientais, que cada vez mais estão entrelaçadas nas leis orgânicas municipais e estaduais. PINTO et al., [1], os conceitos de sustentabilidade, apresentados nos três pilares: social, econômico e ambiental, têm como objetivo diminuir o impacto ambiental e favorecer o desenvolvimento de projetos mais integrados em seu ambiente. Dessa forma, garantindo a qualidade de vida dos moradores das habitações. O artigo apresenta o conteúdo de uma pesquisa desenvolvida na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), que propõe a avaliação do conforto térmico do edifício que abriga o laboratório de solo. Essa avaliação inicial para a proposição de modificações e adaptações sustentáveis, que nem sempre exigem um grande aporte de recursos financeiros para a adequação do espaço. A pesquisa ilustra a aplicação de conhecimentos, para a adaptação do edifício, adicionados à utilização dos conceitos de sustentabilidade, para garantir o conforto, a partir de medidas simples de adaptação. A pesquisa traz estudos de métodos de análise, adequação de condições sustentáveis, minimização do consumo de energia e cálculos de desempenho térmico conforme o zoneamento bioclimático. O trabalho foi desenvolvido de forma exploratória e preliminar na forma de iniciação científica. O objetivo desse estudo de caso foi verificar a possibilidade de adaptação de uma edificação para uma certificação sustentável. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Sustentabilidade Atualmente, o projeto sustentável é um novo modelo de projeto de edificação, que já tem sua própria história e o projeto inteligente resulta de sua evolução. Uma edificação inteligente é uma edificação sustentável, porque ela atende às necessidades ambientais do futuro empreendimento e faz com que os recursos sejam aproveitados de maneira eficiente ao consumo de energia, água e materiais. Lins [2] ao definir sustentabilidade corporativa, explica o que é projeto sus-

tentável: sustentabilidade corporativa nada mais é do que a incorporação de critérios sócio-ambientais no processo de tomada de decisões, conferindo a eles peso semelhante ao de variáveis econômicofinanceiras. Em outras palavras, significa dizer que decisões de investimentos, compra e venda de ativos, mudanças no processo produtivo ou desenvolvimento de novos produtos levarão em conta aspectos como emissão de gases de efeito estufa, existência de passivos ambientais, respeito aos direitos humanos na cadeia produtiva ou pagamento pelo uso da água, dentre outros. 2.2 Edifícios Sustentáveis O conceito de edifícios sustentáveis abrange tanto os conceitos de edifícios inteligentes, como os conceitos do Lean Construction, onde existe uma preocupação com a redução dos desperdícios encontrados durante o processo de projeto, de construção e manutenção das edificações. Para Godfaurd et. al. [3], existe uma importância singular em compreender e participar dos processos de criação do ambiente construído. Na linha desse pensamento é possível buscar inspiração da natureza, não só sobre os materiais e mecanismos, mas sobre o risco e na manutenção de um projeto executado. O mesmo autor explica que a construção sustentável deve considerar toda a vida dos edifícios, que buscam a qualidade ambiental, funcionalidade e valores futuros das novas gerações. Para Godfaurd et. al. [3], a construção sustentável é, portanto, a pensativa integração da arquitetura, com todos os aspectos dos projetos, de forma integrada (projetos: elétricos, mecânicos e estruturais). Além da preocupação estética tradicional de aglomeração, orientação, escala proporcional, textura, sombra e luz. A equipe de design precisa se preocupar com custos de longo prazo: ambiental, econômico e humano. Os edifícios contribuem para o aumento de qualidade de vida dos habitantes. Segundo Martinez [4] estão sendo implantados os conceitos de sustentabilidade, na construção civil, com o intuito de reduzir o consumo de energia (desperdícios inerentes que o conceito do Lean Construction aborda), como é o caso das construções sustentáveis, conhecidas por sua denominação em língua inglesa, como Green Building. Martinez [4] ainda menciona que os edifícios ou construções verdes são concebidos dentro do conceito de que as edificações agridam o mínimo possível o meio ambiente. O conceito envolve desde a escolha dos materiais que serão utilizados durante a construção, até os custos ambientais e de manutenção do edifício ao longo de sua vida útil. 2.3 Edifícios Inteligentes Segundo Messias [5], o conceito de edifícios inteligentes tem evoluído muito e alguns estudos mostram que o mesmo caminha próximo aos conceitos de sustentabilidade em edificações. Edifícios inteligentes, assim como sugere a definição, seguindo o IBI (intelligent buildings institute dos EUA), são os edifícios que oferecem um ambiente produtivo e econômico, a partir da otimização de quatro elementos básicos: estrutura (componentes estruturais do edifício, elementos de arquitetura, acabamentos de interiores e móveis), sistemas (controle de ambiente, calefação, ventilação, ar-condicionado, luz, segurança e energia elétrica), serviços (comunicação de voz, dados, imagens e limpeza) e gerenciamento (ferramentas para controlar o edifício) das inter-relações entre eles. Edifícios inteligentes apresentam atualmente uma tendência para um custo compatível com o grande mercado de consumo, desde que planejado em projeto preliminar e projeto integrado. 3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento do trabalho foi realizada uma pesquisa para se compreender a sustentabilidade e importantes conceitos de conforto térmico aplicados ao tema. Escolheu-se analisar primeiramente o conforto térmico, devido à facilidade em se realizar o diagnóstico e promover melhorias a partir de conceitos de sustentabilidade em projetos. Foi estudado o zoneamento bioclimático da região de Campinas e realizados os cálculos de desempenho térmico para uma edificação, que tem a função de acolher os estudantes nas aulas experimentais ligadas à área de solos e de materiais de construção na PUC- Campinas. A metodologia contemplou as seguintes etapas: (i) Conhecimento sobre as normas vigentes para o aprofundamento técnico em zoneamento bioclimático; (ii) Definição de Parâmetros necessários ao projeto; (iii) Cálculos de desempenho térmico e Zoneamento bioclimático. Para atender aos itens (ii) e (iii) foram estudadas as diretrizes construtivas de forma a atender ao Zoneamento bioclimático da cidade de Campinas, onde se encontra o laboratório. A cidade de Campinas encontra-se na Zona Bioclimática Brasileira 3, de acordo com a NBR 15220 Desempenho térmico de edificações [6,7 e 8]. Carac-

terizada por ser uma zona de aquecimento solar da edificação, esta norma estabelece para a zona 3 para as seguintes diretrizes construtivas: Aberturas para ventilação de tamanho médio e sombreamento das aberturas permitindo sol durante o inverno; Vedações externas Leves e refletoras nas paredes, Leves e isoladas nas coberturas; Estratégias de condicionamento térmico passivo para o Verão: Ventilação cruzada; e para o Inverno: Aquecimento solar da edificação e Vedações internas pesadas (inércia térmica). Tabela 1 Áreas da envoltória da edificação. Materiais Bloco de Cimento Porta de Madeira Portão de Ferro Janelas de Vidro Dimensões Total em metros quadrados 281,69 m 2 2,10m x 0,90m 1,90 m 2 3,30m x 3,40m 11,22 m 2 (1,50 x 13,20)m + (2,10x13,20)m 47,52 m 2 Os parâmetros de Desempenho Térmico especificados para a Zona Bioclimática de Campinas são: Transmitância Térmica < ou = 3,60; Atraso Térmico < ou = 4,30; Fator Solar < ou = 4,00. 4. ESTUDO DE CASO Após o estudo de conceitos de sustentabilidade e das Normas de Conforto Térmico em projeto, optouse por estudar e diagnosticar uma edificação que tem como finalidade o desenvolvimento de atividades didáticas para as classes de Engenharia, no conteúdo de Solos e Geotecnia e Materiais de Construção. O laboratório de Geologia e Solos, do complexo do CEATEC fica localizado no Campus I da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, na respectiva cidade. O laboratório abriga três ambientes distintos: uma sala de aula com seis bancadas para desenvolvimento de experimentos, uma sala de aula ao fundo para o desenvolvimento de aulas expositivas e um mezanino onde existem disponíveis saletas de docentes da Faculdade. Além disso, o espaço conta com vários equipamentos, e amostras de rocha e solo (ver figuras 1, 2, 3 e 4). As dimensões do laboratório analisado foram: 11,75 metros x 13,20 metros, sendo que a envoltória da edificação é composta por vários materiais (alvenaria, portas e janelas) cujas áreas são apresentadas na Tabela 1. Figura 1 Fachada Laboratório de Solos. Figura 2 Vista Interna

Solar, a partir de novas especificações de projeto, tais como: Mudança para pintura clara (Branco) alpha = 0,20, e Redução na metragem quadrada de pano de vidro e alteração da pintura externa do laboratório. Figura 3 Vista do Mezanino Tabela 2 Áreas contribuintes e Fator Solar. Material Construtivo Área contribuinte (%) Fator Solar (FS) Bloco de Concreto 82,00% 5,06 Madeira 1,00% 0,30 Ferro 3,20% 0,27 Vidro 14,00% 1,40 TOTAL 7,03 Tabela 3 Tabela com as sugestões de projeto. CENÁRIOS Fator Solar (FS) Percepção do Conforto Melhorias Sustentáveis sugeridas Figura 4 Vista das Bancadas. Cenário Atual FS = 7,03 Conforto térmico comprometido e Iluminação Insuficiente 5. ANÁLISE DE RESULTADOS Alteração da pintura externa para branco. Os cálculos de desempenho térmico foram realizados para analisar a envoltória da edificação do laboratório em questão. Verificou-se a resistência térmica, resistência térmica total, transmitância térmica e capacidade térmica. Considerou-se a seguinte orientação solar: a frente do edifício que tem a entrada dos alunos recebe o sol da manhã, sendo a sua orientação de norte para sul. Observou-se que o parâmetro Fator solar não atende ao previsto pela NBR 15220 [7]para o zoneamento bioclimático da região de Campinas, onde o fator solar deve ser igual ou inferior a 4,0. Portanto a envoltória na forma atual em que se apresenta não atende a norma. Para obter os valores adequados à zona bioclimática, foi feita modificação nos cálculos do Fator Cenário 1 FS = 5,1 Conforto térmico com potencial de melhoria na temperatura do ambiente Redução de 10 m 2 de janelas de vidro. Legislação direcionada para a qualidade e a manutenabilidade dos materiais, para estimular a eficiência energética. Incluir benefícios fiscais em equipamentos de bens de consumo, que são utilizados nos ambientes.

CENÁRIOS Cenário 2 Fator Solar (FS) FS = 4,0 Percepção do Conforto Grande melhoria no conforto térmico e na Iluminação das salas de aula 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Melhorias Sustentáveis sugeridas Alteração da pintura externa para branco, Redução de 15 m 2 de janelas de vidro e sombreamento de 10 m 2 de janelas na parte do mezanino. Redistribuição das janelas pela edificação. Investigação e diagnóstico do problema para discussão de alternativas e tomadas de decisões, com sistemas de aproveitamento de energia. menos sol incidente no ambiente significa que a temperatura do ambiente sofrerá com umidade, fungos e não tem qualidade ambiental. Não só trata de conforto, mas sim de energia disponível e sustentável a todos os fatores envolvidos em uma construção. Como por exemplo, a implantação de coletores de energia solar, telhados verdes, posicionamento da edificação de acordo com a orientação de projeto (em relação ao reflexo dos raios solares), utilização de pátios abertos com plantas, que refrescam o ambiente. Para atender, manter e preservar um ambiente agradável a todos, a tudo que transita e habita o local construído, é necessário corrigir as falhas que agravam os problemas ambientais e assim controlar e minimizar o impacto com tecnologias viáveis adequadas a cada ambiente singular. 7. AGRADECIMENTOS A PROPESQ (Pro reitoria de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Campinas) pela bolsa FAPIC de iniciação científica, e disponibilização dos dados para a pesquisa. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS As considerações apresentadas nos dois cenários tiveram o intuito de buscar a melhoria de qualidade e conforto das atividades desenvolvidas no laboratório de solos. A ventilação cruzada também foi apontada como uma solução viável, entretanto deveria ser previsto um novo posicionamento das aberturas atualmente existentes na edificação. Além de atender as diretrizes construtivas especificadas para a zona bioclimática 3, a redução do pano de vidro no teto, a modificação da pintura nas paredes e assim como uma possível reorientação das janelas. Com isso faria o novo projeto atender os parâmetros térmicos propostos. Portanto, concluí-se que, para tornar a edificação sustentável, além de conhecer as técnicas disponíveis para a adequação da edificação, é necessária uma avaliação da edificação, com relação a sua adequação perante as normas técnicas disponíveis, para uma possível solução ambiental. A pesquisa apontou a importância da avaliação das edificações já construídas e a possibilidade de facilmente indicar mudanças, que promovam o conforto e a sustentabilidade do ambiente. Deve-se enfatizar que o conceito de conforto ambiental, corretamente aplicado em todas as obras e que ainda contemple outras tecnologias, visa a redução do consumo de energia, onde mais luz não significa que há insolação, mas [1] PINTO, L.V.C.; RODRIGUES, H.C. PIMENTEL, L.L.; LINTZ, R.C.C.L. M. J. A. Habitação de interesse social sustentável em argamassa armada. In: ELECS 2009 V Encontro Nacional e III Encontro [2] LINS, Clarissa. Sustentabilidade Corporativa: desafios Clipping - O Globo: Economia. (2011). 67f. In: Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável. II Encontro Em Boa Companhia, Rio de Janeiro, São Conrado. [3] GODFAURD, J.; CLEMENTS-CROOME, D.; JERONIMIDIS, G. Sustainable building solutions: a review of lessons from the natural world. (2004). 320 328f. The University of Reading, UK. [4] MARTINEZ, M. F. B. Avaliação Energética visando a certificação verde. (2009). 126f. Dissertação (Mestre) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. [5] MESSIAS, A. F.. Edifícios Inteligentes : A domótica aplicada à realidade brasileira. (2007). 43f. Monografia Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto.

[6] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC- NICAS (ABNT). NBR 15220: Desempenho térmico de edificações: CB-02. Setembro 2003. Parte 1. 7p. [7] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15220: Desempenho térmico de edificações: CB-02. Setembro 2003. Parte 2. 21p. [8] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉC- NICAS (ABNT). NBR 15220: Desempenho térmico de edificações: CB-02. Setembro 2003. Parte 3. 24p.