PARLAMENTO EUROPEU 2009-2014 Documento de sessão 2.12.2013 B7-0000/2013 PROPOSTA DE RESOLUÇÃO apresentada na sequência de uma declaração do Conselho nos termos do artigo 110.º, n.º 2, do Regimento referente ao projeto de decisão do Conselho relativa à aplicação do Tratado sobre o Comércio de Armas no âmbito da competência exclusiva da UE (2013/2973(RSP)) David Martin em nome da Comissão do Comércio Internacional RE\1013093.doc PE524.684v02-00 Unida na diversidade
B7-0000/2013 Resolução do Parlamento Europeu referente ao projeto de decisão do Conselho relativa à aplicação do Tratado sobre o Comércio de Armas no âmbito da competência exclusiva da UE (2013/2973(RSP)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta o projeto de decisão do Conselho (12178/2013), Tendo em conta o pedido de aprovação apresentado pelo Conselho nos termos do artigo 207.º, n.º 3.º, e do artigo 218.º, n.º 6, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (C7-0000//2013), Tendo em conta a sua Resolução, de 13 de junho de 2012, referente às negociações do Tratado sobre o Comércio de Armas (TCA) (2012/2636(RSP)), Tendo em conta a sua Resolução, de 21 de junho de 2007, sobre o estabelecimento de normas internacionais comuns para a importação, exportação e transferência de armamento tradicional, e a sua Resolução, de 13 de março de 2008, sobre o Código de Conduta da UE relativo à Exportação de Armas, Tendo em conta a sua Resolução, de 4 de julho de 2013, sobre as exportações de armamento: aplicação da posição comum 2008/944/PESC do Conselho (2013/2657(RSP)), Tendo em conta o artigo 21.º do Tratado da União Europeia, Tendo em conta a Diretiva 2009/43/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de maio de 2009, relativa à simplificação das condições das transferências de produtos relacionados com a defesa na Comunidade, o Regulamento (UE) n. 258/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de março de 2012, que aplica o artigo 10. do Protocolo das Nações Unidas contra o fabrico e o tráfico ilícitos de armas de fogo, das suas partes e componentes e de munições, adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Protocolo das Nações Unidas sobre as armas de fogo), e estabelece autorizações de exportação e medidas de importação e de trânsito de armas de fogo, suas partes, componentes e munições, Tendo em conta o artigo 110.º, n.º 2, do seu Regimento, A. Considerando que, desde a adoção da Diretiva 2009/43/CE, um sistema global comum de licenciamento da UE rege o comércio de equipamento militar na UE e que esta está habilitada a celebrar acordos internacionais em domínios que sejam da sua competência exclusiva; B. Considerando que, de acordo com Instituto Internacional de Estocolmo para a Investigação sobre a Paz, a UE é responsável por 26 % das exportações de armamento à PE524.684v02-00 2/5 RE\1013093.doc
escala mundial e que 61 % destas exportações têm como destino países fora da UE; C. Considerando o quadro juridicamente vinculativo existente a nível da UE, que estabelece quatro critérios vinculativos que podem levar à recusa de pedidos de licenças de exportação e outros quatro critérios que devem ser tidos em conta; que estes critérios não impedem que os Estados-Membros tomem medidas mais restritivas em matéria de controlo de armamento; D. Considerando que o respeito pelos Direitos Humanos constitui a pedra angular dos valores comuns em que se funda a União Europeia e que, de acordo com os Tratados, a política comercial, enquanto parte da ação externa da UE, deve contribuir para o respeito pelos Direitos Humanos; E. Considerando que a exportação de armamento afeta não só a segurança, mas também o comércio e o desenvolvimento, já que a instabilidade militar gerada por uma maior disponibilidade de armamento redunda em abrandamento económico e em pobreza; que o comércio internacional apenas pode cumprir plenamente o seu potencial de criação de emprego, crescimento e desenvolvimento num ambiente de paz, segurança e estabilidade à escala internacional; 1. Solicita ao Conselho que tenha em conta as seguintes recomendações: Aplicação e monitorização a) Exorta os Estados-Membros a aplicarem o TCA de forma rápida, eficaz e uniforme na União Europeia, sem perder de vista a posição comum do Conselho relativa à exportação de armamento, enquanto maior denominador comum europeu no controlo da exportação de armamento; b) Recorda aos Estados-Membros a sua responsabilidade conjunta de aplicar e interpretar a posição comum do Conselho relativa à exportação de armamento de modo uniforme e com o mesmo grau de rigor; c) Insta a Comissão Europeia a apresentar uma proposta ambiciosa, tendo em vista uma decisão do Conselho relativa a um mecanismo de apoio da UE para a aplicação do TCA; d) Salienta que os esforços empreendidos para a aplicação do TCA devem ser estreitamente coordenados com as atividades de outros doadores, de institutos de investigação e de organizações da sociedade civil, tais como as financiadas ao abrigo do Mecanismo Fiduciário das Nações Unidas de Apoio à Cooperação na Regulamentação dos Armamentos (UNSCAR), proporcionando uma grande oportunidade para a participação das sociedades civis locais; RE\1013093.doc 3/5 PE524.684v02-00
Alcance e) Assinala que alguns acordos comerciais incluem «cláusulas relativas às armas de destruição maciça» e, por conseguinte, convida a Comissão Europeia a estudar em que medida os atuais e futuros instrumentos comerciais podem ser usados para promover a ratificação e a aplicação do TCA; f) Apela à Comissão Europeia para que conceba e aplique um programa coerente de aproximação do TCA, que integre e dê continuidade às atividades existentes que sejam promissoras e viáveis, harmonizando e coordenando os seus esforços com as iniciativas de apoio locais de organizações da sociedade civil e com as atividades de aproximação de outros doadores e de outras organizações da sociedade civil, tendo em conta os conhecimentos adquiridos neste domínio; Setor privado g) Saúda o Tratado sobre o Comércio de Armas enquanto instrumento que cria condições de concorrência equitativas entre a exportação de armamento da UE e a exportação de armamento de países terceiros, que tende a estar sujeita a regras menos estritas; lamenta, contudo, que o Tratado apenas seja aplicável a um número limitado de equipamento militar e não a equipamento militar que já se encontre abrangido pelos regimes europeus de controlo da exportação; h) Lamenta que no Tratado sobre o Comércio de Armas não se faça qualquer menção ao papel do setor privado no comércio de armamento e insta a UE a promover códigos voluntários para os intervenientes do setor privado ativos no comércio de equipamento militar, a fim de promover a responsabilidade das empresas no que toca ao respeito pelos Direitos Humanos e a aplicar os procedimentos com vista a aplicar o princípio da devida diligência, tal como definido pelos Princípios Orientadores na ONU sobre Empresas e Direitos Humanos; encoraja vivamente a indústria do armamento europeia a contribuir para os esforços de apoio à aplicação de modo aberto e transparente através de parcerias público-privadas, da cooperação com institutos de investigação e de fundos de apoio à aplicação; Coerência dos instrumentos da UE e da representação da UE i) Exorta a Comissão e o Conselho a assegurarem maior coerência entre os diferentes instrumentos europeus que regem a circulação (exportações, transferências, corretagem e de trânsito) de armamento e de equipamento estratégico tais como a posição comum 2008/944/CFSP, o Regulamento (CE) n.º 428/2009 do Conselho relativo aos produtos de dupla utilização, o Regulamento (UE) n.º 258/2012 que aplica o artigo 10.º do Protocolo das Nações Unidas sobre as armas de fogo e medidas específicas nos termos do artigo 218.º do Tratado em termos da estrutura institucional a nível europeu e dos mecanismos de aplicação; PE524.684v02-00 4/5 RE\1013093.doc
j) Congratula-se com o papel ativo desempenhado pela UE nas negociações do Tratado sobre o Comércio de Armas; lamenta, todavia, que o Tratado sobre o Comércio de Armas não contenha disposições que permitam à UE ou a outras organizações regionais serem Parte no Tratado; 2. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente Resolução ao Conselho, à Comissão, aos Governos e Parlamentos dos Estados-Membros e ao Secretariado da Conferência das Nações Unidas sobre o Tratado de Comércio de Armas. RE\1013093.doc 5/5 PE524.684v02-00