Boletim Informativo das Pesquisas do Projeto Paleotocas Número 23 Setembro de 2012 Site: www.ufrgs.br/paleotocas Distribuição Dirigida Responsável: Prof. Heinrich Frank Contato: paleotocas@gmail.com Fone: 51.30320382 EDITORIAL Imaginávamos que a descoberta das magníficas câmaras preservadas na Gruta de Santa Cruz do Sul (veja TocaNews n o 22) fosse a maior descoberta do ano, pela sua importância e pela repercussão que gerou. Mas nestes últimos dois meses descobrimos uma ocorrência tão ou mais importante. Trata-se de uma paleotoca gigante em Vale Real (RS) que, apesar de muito desabada e escavada, foi facilmente reconhecida como uma ocorrência similar à Gruta de Santa Cruz do Sul, mas com o dobro do tamanho (leia matéria neste Boletim). Lista de Cavernas Atualizada Atualizamos a lista de Cavernas Gaúchas disponível no site do Projeto. Agora com mais de 200 registros, é uma listagem de grutas, furnas, cavernas, fendas e outros nomes de cavidades, porque alguns acabam se revelando como paleotocas. A lista está no seguinte endereço: www.ufrgs.br/paleotocas/cavernasgauchas.pdf PALEOTOCAS NA UFRGS-TV Em julho uma equipe da UFRGS-TV realizou uma visita às paleotocas da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre e, em seguida, entrevistou vários participantes do Projeto Paleotocas. No dia 30 de julho a equipe deslocou-se para Boqueirão do Leão, onde filmou na paleotoca da propriedade Laudir Ogliari, sob o guiamento da Turismóloga Diuly Mahler. O relato da filmagem está aqui: http://www.cipaeg8.com.br/php/noticias_detal hes.php?id=52. Agora, saiu no Jornal da Universidade a chamada para a exibição do programa:http://issuu.com/jornaldauniversida de/docs/ju_152_-_setembro_2012. Portanto, a partir do dia 25 de setembro a reportagem poderá ser assistida no canal da UFRGS-TV no YouTube: www.youtube.com/user/ufrgstv. PALEOTOCAS TURÍSTICAS As paleotocas estão sendo cada vez mais conhecidas e reconhecidas: http://www.blog.gpme.org.br/?p=3214 http://imbituvao.blogspot.com.br/2012/03/cav erna-da-carvorite.html
Projeto Paleotocas apresenta trabalhos científicos - 1 O Projeto Paleotocas apresentou três trabalhos inéditos na VIII Jornada de Iniciação Científica - Meio Ambiente, FEPAM/FZB-RS (Fundação Estadual de Proteção Ambiental e Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul). Para cada um dos trabalhos foi desenvolvido o Resumo, um Minipôster e uma Apresentação Oral, que foram avaliados por uma banca formada por 3 pesquisadores. Foi uma excelente oportunidade de apresentar e discutir as novidades. Todos os resumos e as pôsters estão disponíveis para download em www.ufrgs.br/paleotocas/producao.htm Projeto Paleotocas apresenta trabalhos científicos - 2 Os integrantes do Projeto Paleotocas também se mobilizaram para participar de um outro evento científico, o II Congresso de Iniciação Científica e Pós-Graduação, que transcorreu entre 3 e 5 de setembro de 2012 na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, a UNISINOS. Foi um evento de grande porte, que contou com mais de 1200 trabalhos inscritos. Os dois Resumos apresentados pelo Projeto Paleotocas foram apresentados na forma de pôsters, que foram avaliados por uma Comissão Julgadora para a qual os participantes tinham que expor seu Projeto de Pesquisa e os resultados de sua investigação. Foi um evento muito interessante, uma grande oportunidade de participação.
Outra caverna no meio do caminho A primeira informação era promissora: em Formosa, distrito de Santa Cruz do Sul, uma caverna que você entra caminhando e que termina em dois túneis. Seria uma paleotoca? Combinamos os detalhes da visita com os envolvidos os dois guias e fomos investigar a ocorrência. Tivemos que deixar o carro lá embaixo, na estrada, em função do forte declive e do gado curioso que costuma cutucar os carros estranhos com os chifres, estragando a lataria. Depois de chegar à casa do guia, mais meia hora subindo o morro. Quanto mais para cima, menores as chances de paleotoca, porque a rocha era basalto, a conhecida pedra-ferro. E realmente, estava lá a caverna: Aspecto da caverna, vista de dentro para fora. É uma grande cavidade dentro da rocha basáltica. E lá estão os dois túneis no fundo da caverna, cada um com meio metro de altura (setas). Então: mais uma caverna mas não foi paleotoca desta vez... Tem um vespeiro enorme cheio de vespas grandes e agressivas logo do lado da caverna (seta). Ainda bem que o dia estava frio...
A Megapaleotoca de Barra do Ouro, Vale Real, RS Durante a atualização da lista de cavernas gaúchas (arquivo está disponível em www.ufrgs.br/paleotocas/cavernasgauchas.pdf), em meio a mais de 35 Grutas de Nossa Senhora de Lourdes e dezenas de outras grutas artificiais, focamos a Toca dos Índios de Vale Real. No site do INEMA (http://inema.com.br/mat/idmat100691.htm ) tem uma série de fotos que transmitem uma boa idéia da caverna e aquele pilar que se vê em uma das fotos decididamente nos chamou a atenção. E no Youtube tem um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=9bhs6iulhwa) que fornece as coordenadas geográficas da caverna. Deixamos o carro perto do morro, fomos nos informando pelo caminho e chegamos à Toca dos Índios. No início da subida, uma feição suspeita no barranco: essa coisa arredondada marrom dentro da camada horizontal amarelada para mim é o resto de uma enorme paleotoca... Subindo mais um pouco, outra feição suspeita: o arenito rosa é interrompido por um material terroso e os limites do material terroso são côncavos. Paranóia ou não, mas eu acho que isso é o que sobrou de outra paleotoca gigante: desabada, entupida e destruída...mas pode ser que não.
Bem, chegamos à caverna, um buraco enorme que de fora não permite maiores conclusões. Não tem cascata por perto, não sai água de dentro, não tem arroio por perto, não é fratura na pedra... A cavidade é enorme: tem uma forma de J, com uma extensão total de 60 metros. A altura varia entre 1,5 e 3 metros, é um salão subterrâneo. E a coluna está lá: Mas não parece uma paleotoca...
Entretanto, ao adentrar na caverna, há umas reentrâncias suspeitas nas paredes de ambos os lados. Paredes curvas e feições elípticas, que já conhecemos da Gruta de Santa Cruz do Sul: Lado esquerdo de quem entra Lado direito de quem entra Essas reentrâncias são o que sobrou das câmaras que formavam a paleotoca. As câmaras aqui estão entulhadas pela metade com as rochas que caíram do teto, mas seu formato e suas dimensões são altamente diagnósticos. Muito interessante neste contexto foram os comentários do proprietário da área e dos vizinhos, de que na gruta, originalmente, havia quartinhos para os dois lados. Vamos agora investigar o que sobrou na Gruta das feições originais da paleotoca, depois de muita escavação pelos caçadores de tesouros (sempre eles com suas ilusões...) e dos arqueólogos de plantão (chamando isso de Gruta dos Índios e revirando tudo à procura de artefatos indígenas...). Além disso, milhares de turistas ao longo dos anos com aquela mania idiota de riscar seus nomes nas paredes das cavernas. Um deles nós pegamos: identificamos seu nome na caverna, encontramos seu email na internet e reclamamos de forma veemente de seu ato de vandalismo. Até o final do ano produziremos uma comunicação científica com os dados desta paleotoca. Este trabalho, como todos os outros, estará no site do Projeto, em Produção Científica. Obrigado pela leitura.